Você já deu ouvidos à “voz do preconceito”?

Você já deu ouvidos à “voz do preconceito”?

Muitos nem percebem, mas recorrentemente julgam os outros levando em conta as suas características físicas, as sua sexualidade, a sua origem… Mal sabemos o quanto pequenas atitudes preconceituosas podem causar graves prejuízos de toda ordem a terceiros, especialmente prejuízos morais.

Nos dias em que vivemos, em virtude da crise migratória, pessoas são obrigadas a saírem de seus países e a tentarem a sobrevivência em outras terras. Assim, faz-se ainda mais notório o preconceito contra estrangeiros.

O preconceito, seja ele expresso ou mascarado, mostra o quanto a humanidade ainda carece percorrer os caminhos do autoconhecimento e da auto-iluminação.

A enfermeira candidata a miss que realmente sabe o que é o Alzheimer

A enfermeira candidata a miss que realmente sabe o que é o Alzheimer

Um concurso de miss envolve diversas etapas. Uma delas é o concurso de talentos. Nele, maioria das candidatas apresenta canto, dança ou se veste com roupas típicas de sua região. Contudo, a Miss Colorado, Kelley, ao concorrer ao “Miss America”, quebrou o protocolo. Vestiu-se de enfermeira e emocionou a todos ao falar sobre a sua profissão:

“Toda enfermeira tem um paciente que a faz lembrar o motivo de ter-se tornado enfermeira. O meu é Joe.”

Veja o vídeo e saiba o porquê. Afinal, antes de qualquer doença, existe um ser humano.

No amor, é melhor um fim horroroso que um horror sem fim.

No amor, é melhor um fim horroroso que um horror sem fim.

De todas as máximas sobre o amor, a que mais me fala e mais me cala é esta. “Melhor um fim horroroso que um horror sem fim”. Tudo bem, compreendo se você prefere aquele outro chavão: “amor de verdade não acaba, se acabou é porque não era amor”. Respeito, mas sigo achando que lá pelas tantas, vira e mexe, o amor pode acabar, sim. Fazer o quê?

Certo é que ninguém em pleno gozo de suas faculdades amorosas embarca numa história de amor já pensando em pular fora no primeiro solavanco. A gente tenta, mas de quando em vez acontece de a locomotiva enguiçar, do barco furar, do avião cair. De vez em quando acaba mesmo. E quando acaba, é melhor que acabe logo, de uma vez, no susto. No pulo, da noite pro dia, num piscar de olhos, na volta da feira, como a sacola que rasga no fundo e espalha tomates e laranjas, limões e mexericas na descida. Sem volta.

Porque há pouca coisa mais triste na vida, minha gente, há pouca coisa mais miserável e aborrecida que amor definhando. Amor que morre aos poucos, agoniza moribundo, sofre exaurido, semimorto, matando sua sede a conta-gotas onde ontem mesmo jorravam emoção, interesse, entusiasmo, fascínio. Coisa horrível de tão triste o amor que adoece e vai partindo aos pouquinhos, diminuindo, rareando, minguando, se despedindo.

Amor é para ser inteiro, repleto. Mesmo na calma e na doçura tranquila que sucedem uma paixão louca, o amor carece de inteireza. No sossego de uma tarde sem programa, sem projeto, no arroz e feijão requentado de dois dias atrás, na falta de assunto que uma hora acomete toda gente, no silêncio bom da convivência mansa, quem ama precisa saber e sentir que o faz de verdade. Não que apenas cumpre tabela ou quer tão somente agradar o outro enquanto tenta se convencer de que está feliz.

É triste, mas vontade de sentir amor não é amor. É só vontade de sentir amor. É só uma velha e boa intenção. E de boas intenções também andam cheios os corações devolutos.

Não basta. Tentar resgatar o que se foi, a alegria do começo, o frio na barriga inicial, a paixão louca, tudo isso é não se dar conta de que o caminho acabou. Vem o desgosto, se instala horroroso e a gente nem percebe. É preciso encontrar uma outra via. Juntos ou separados, amantes na agonia do fim devem seguir, encontrar outras veredas. Mas não. Quase sempre, em vez de fazer isso rápido, prolongam seu sofrimento inútil como quem procura castigar o espírito e purgar a culpa de ir embora.

Quando nos achamos no controle do amor é que somos ridiculamente controlados. Porque o amor não se controla. A gente cuida bem dele, rega sua sede, ouve suas queixas, alimenta suas fomes, leva ao passeio, ajeita sua coberta que cai da cama durante a noite. Mas a despeito de tudo isso o amor também se acabrunha sem mais. E quando adoece nem sempre resiste.

O amor também sucumbe.

É injusto, doloroso e insuportável assistir a um amor que foi tudo se tornar nada. Dói na alma ver a ternura enfraquecer até inexistir, como um doente velho e fraco que se acaba na cama de um hospital, pendurado no fim da linha pela misericórdia fria das máquinas, a vida escorregando de seus olhos, a morte distorcendo sua face. A gente evita, e quanto mais a gente nega, mais sente dor.

Para os seres amorosos, não corresponder a um amor é tão dolorido quanto não ter o seu amor correspondido. Amor quando acaba, ou quando não é, dói mesmo. Dói nos amantes e em quem estiver perto. É dor para todo lado. Então é melhor que doa muito mas que doa logo. E que acabe depressa com isso. No amor, é melhor um fim horroroso que um horror sem fim.

Depois, sempre ajuda ter por perto aquele outro clichê. Só o tempo. Só o tempo cura. Só o tempo há de fazer a dor passar. Só o tempo. Só o tempo.

Mania de ver o outro

Mania de ver o outro

Tudo manifesta essa mania de ver o outro. Sabemos, no fundo, que temos esse lado observador, perscrutador da presa fácil que se mostra sem saber a quem. Acontece em qualquer lugar, é só alguém estar lá – isso é fato! Mesmo que não percebam, os observados, muitas vezes nos deixam extasiados diante de qualquer coisa que eles fazem, às vezes nos tiram do chão por um simples olhar que lançam ao acaso, são infinitas as ocasiões.

Já manifestei esse meu lado através da escrita. Minha mania é de longa data, nem saberia dizer ao certo, mas faz tempo que brinco com o que acontece dentro de mim – esse bendito mal da observação do outro. O outro que me cerca e prende, onde eu estiver. É que desse outro, como falo, não me canso nunca. E peco demasiado por ele, pois penso também por ele, mas não dá para viver a vida de ninguém, ainda que seja no mais sublime romance.

De uns tempos para cá – também não saberia dizer quando começou essa angústia – não desejo mais escrever uma linha de um poema sequer, algo me esgotou nesse caleidoscópio de dores – sempre a dor do outro misturada à minha delicada atração do olhar. Vou partir para outras formas de expor o que vejo. Não deixarei de escrever jamais, mas meus poemas, só poucos saberão deles. Eles existem e ficarão guardados, pois não tenho mais necessidade de revê-los, pelo menos, não agora, talvez lá no futuro.

Mas a loucura de enxergar alguém ultrapassa qualquer experiência, sabe? Ver alguém, um desconhecido praticamente nu, mostrando tudo o que sua vida lhe dá. Às vezes eu não entendo, mas me esforço e desejo sobretudo continuar suas histórias. É sobre isso que falo e gostaria que muitos entendessem: nossa forma de conquistar o mundo, como um personagem trilhando os caminhos do roteiro que alguém lhe passou, sem saber o desfecho, muito menos o final.

Por tudo isso escrevemos, para dar formas ao que existe e até ao que criamos, às nossas fantasias e histórias inventadas.

Pude ver, mesmo antes dessa conversa toda, que escrevo somente pela minha curiosidade que tantas vezes ultrapassa a vida do outro para ganhar uma vida própria, diferente de tudo o que existe. Se posso dar formas a muitas vidas e brinco com esse poder que me estilhaça toda, também posso esconder um pouco desse mistério da minha criação, pois acredito que nem sempre é bom mostrar tudo o que se tem, pode ser trágico demais. Prefiro esse atrevimento do olhar às escondidas, que revela sem perceber.

***

Nota: A imagem de capa é uma homenagem ao filme “As horas”

Você está criando um filho materialista?

Você está criando um filho materialista?

Toda vez que o seu filho se sai bem em alguma tarefa você oferece um presentinho como recompensa? E quando ele se comporta mal? O castigo é sempre ficar sem algumbrinquedo ou eletrônico? Pois saiba que esse tipo de estratégia pode estimular o materialismo e fazer com que ele passe a relacionar o sucesso na vida com a qualidade e a quantidade de seus bens materiais. A conclusão é de um estudo feito nas universidades de Missouri e de Illinois, nos Estados Unidos. Na ocasião, os pesquisadores perguntaram a 700 adultos que tipo de recompensa e punição eles receberam durante a infância.

Com base nas respostas, foi possível apontar três comportamentos dos pais que contribuem para formar um adulto materialista:

– Dar presentes quando a criança conquista algo, como ganhar um jogo de futebol ou ir bem na escola;

– Usar presentes como prova de afeto;

– Tirar um bem material como forma de castigo.

“Essa questão vem sendo apontada há algum tempo na história da pedagogia. Já na década de 40, a educadora Maria Montessori dizia que a maior recompensa que a criança tem é o próprio êxito”, diz Edimara de Lima, diretora pedagógica da Prima-Escola Montessori de São Paulo, destacando que essas crianças acabam sendo também mais imediatistas e ansiosas.

Para a especialista, não há problema em presentear a criança no caso de comemorações importantes, mas é preciso haver uma medida, até para não usar o presente como chantagem disfarçada. O mesmo vale para a punição, que precisa ser coerente e proporcional para funcionar de maneira adequada. “Não pode ser algo aleatório, tem que haver uma relação lógica e direta com o que aconteceu”, afirma Edimara.

O mais importante é não usar bens materiais como moeda de troca na hora de educar e se relacionar com os filhos. Você pode ensiná-lo a valorizar o que já tem e a consumir de maneira adequada. “O bom comportamento pode e deve ser premiado com afeto no lugar de produtos. Vale um abraço dos pais ou uma palavra carinhosa. A criança precisa perceber que contribuiu de alguma forma”, explica Gabriela Yamaguchi, especialista do Instituto Akatu, ONG que trabalha pelo consumo consciente.

A presença ainda é o melhor presente. Deixe bilhetes e recados, verbalize seu orgulho e alegria com as conquistas dele e separe um tempo para desenvolver atividades em família. Pode ser uma brincadeira que ele goste, um momento de contação de histórias ou até um banquete em casa, organizado por vocês com a comida favorita dele. Quando for época de aniversário ou Natal, converse sobre o excesso de pertences e organize uma limpeza no armário para abrir espaço para as novas aquisições. Separem juntos o que vai para a doação e para a reciclagem. A ideia é aproveitar esses momentos para reforçar os valores da família. “Sem perceber, os pais muitas vezes acabam construindo um vocabulário voltado para o valor exacerbado do consumo “, diz Gabriela. Pense nisso!

Por Fernanda Carpegiani, via Revista Crescer.

A música do silêncio

A música do silêncio

Por Carlos Cardoso Aveline

Os sábios pitagóricos diziam que o universo é musical. De fato, cada som e cada silêncio parecem ter um efeito especial sobre o ser humano. Seu significado específico pode ser libertador ou não, trazendo alívio, paz, serenidade, ou talvez inquietação. Por isso o excesso de ruídos – a moderna poluição sonora – está longe de ser um problema sem importância.
Sabe-se, por exemplo, que o lixo é apenas uma matéria-prima potencialmente útil, colocada em lugar errado. Do mesmo modo, o barulho é um som, em si mesmo inofensivo, que evoca fragmentação e desarmonia porque foi emitido no momento, no tom e no volume errados.
Os sons da natureza são, geralmente, musicais. É certo que às vezes – como durante uma tempestade – podem parecer terríveis para quem não os entende. Um cachorro doméstico, por exemplo, sempre irá para debaixo da cama, assustado, ao ouvir trovões. Mas, no conjunto, do ponto de vista sonoro, a natureza é silenciosa e harmônica. Essa percepção se reforça quando a comparamos a uma cidade moderna. Basta imaginar, por um momento, o ruído das ondas do mar batendo numa praia deserta, o canto dos pássaros no alto das árvores, o barulho do vento provocando o farfalhar das folhas, e de outro lado o buzinar dos veículos, o ronco dos motores e o ruído das sirenes. Mesmo nossas paisagens rurais são cortadas atualmente pelo ronco de tratores e moto-serras.
O ruído ameaça não só o silêncio e a musicalidade presentes na natureza, mas também a saúde do ser humano. A surdez física não é o único resultado do excesso de barulho. Submetido à poluição sonora, o cidadão apresenta uma variedade de sintomas. O sistema nervoso periférico sofre, e provoca vasoconstrição; os vasos sanguíneos se comprimem. O batimento cardíaco fica alterado. As pupilas se dilatam. Quando o problema é constante, a perda de audição aparece como uma defesa do organismo. O organismo surdo se fecha para o meio ambiente: ele declara uma paz interior unilateral, cujo preço é a incomunicação definitiva. Quem hoje ouve “rock” a todo volume, em alguns anos poderá não ouvir, nem mesmo querendo, os acordes mais suaves da música clássica.
O ruído excessivo é uma espécie de exteriorização forçada da consciência, e pode ser buscado como meio para evitar o confronto com a ansiedade. É o caso de certo tipo de música. O barulho também pode ser imposto ao homem desde fora, transformando-o em vítima de um processo de contaminação ambiental.
Todo ser humano precisa do silêncio para viver bem, e é na ausência de barulho que ocorrem e são compreendidas as coisas mais importantes. “O silêncio não deve ser buscado como uma maneira de evitar a vida”, escreve Nicolas Caballero, das Filipinas. “Não pode ser apenas um refúgio da agitação, ou do que nós chamamos de estar cansado da vida. O silêncio é o contexto em que nós reconstruímos a interioridade e a exterioridade.” Para Caballero, devemos aprender a produzir silêncio em nossas    vidas. [1]
O barulho e a desarmonia, de um lado, e o silêncio e o equilíbrio, de outro, podem   ocorrer simultaneamente em três níveis de consciência: físico, emocional e mental. Estas três instâncias formam uma tela vital única, cuja qualidade devemos aumentar de modo gradativo e constante.
“O ruído é uma desinteriorização que me separa das coisas ou das pessoas”, alerta Caballero. Ele faz com que se distorça a percepção da realidade. Investigando a fonte do ruído na mente e na vida humana, o autor filipino chega ao que se chama de “falsa espiritualidade”: o problema da pessoa não-religiosa é, essencialmente, um problema de barulho. A pessoa barulhenta é egocêntrica, mesmo que aparentemente religiosa. O importante, neste caso, não é o mundo divino, mas suas ideias sobre ele, porque o egocêntrico só consegue enxergar a si mesmo. Esse egoísmo é a fonte do barulho, isto é, daquela aparente ausência de uma musicalidade natural que deve expressar-se livremente em cada processo vivo.
O ser egocêntrico é incapaz de ouvir, mas quer ser escutado; e para isso ele faz barulho, físico e emocional.
Alguém escreveu que a capacidade de suportar ruídos está na razão inversa da inteligência das pessoas. A afirmativa é verdadeira,   mas não deve ser superestimada. Os idosos, por exemplo, não gostam de barulho, independentemente do seu grau maior ou menor de inteligência. No entanto, é verdade que um idoso quase sempre tem uma certa sabedoria interior.
Através do cultivo do silêncio, a pessoa desenvolve o desapego em relação ao que parece agradável ou desagradável. Inversamente, o desapego torna possível ter paz e silêncio interiores. O tema é vasto e complexo: a produção de silêncio e paz no mundo psicológico é um processo que precisa ser estudado, diz Caballero.
O silêncio pode mostrar-se como um vazio, ou como uma plenitude. Nos dois casos, está ligado à observação do que é real, a partir de uma consciência que não se abala com os altos e baixos da vida cotidiana.
O significado da existência e o caminho do autoaperfeiçoamento acelerado são compreendidos em silêncio, com o corpo físico, a percepção mental e o centro emocional serenos, se não imóveis.
A luta entre o silêncio – onde se expressam os significados interiores – e o barulho (que provoca confusão mental) se desdobra em todos os níveis e momentos do cotidiano. Inclusive sociologicamente.
Os veículos automotores, a construção civil, os aeroportos, os bares noturnas e as grandes indústrias são algumas das principais fontes de poluição sonora em nossas cidades. O processo de conscientização em relação ao problema é complexo e não começou há pouco.
“A juventude paga para se ensurdecer nas discotecas”,  já disse décadas atrás um técnico encarregado de combater o ruído. [2]
Já em 9 de maio de 1939 era publicado no Rio de Janeiro um decreto-lei autorizando o prefeito da então capital brasileira “a adotar medidas necessárias para coibir o excesso de ruídos urbanos”.[3]    As infrações seriam punidas com multas mínimas de 100 mil réis, dobradas na reincidência. As aeronaves também foram proibidas de passar pela cidade a menos de 200 metros de altitude, exceto quando em manobra de pouso ou decolagem.
De certo modo, a Constituição Federal de 1988 contempla o problema da poluição sonora ao estabelecer em seu artigo 5º, parágrafo 10, que é “inviolável a intimidade (…) das pessoas, assegurando o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação.” Já o artigo 225 da Constituição brasileira afirma que “todos têm direito ao ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum ao povo e essencial à sadia qualidade de vida”.   O parágrafo 5º do mesmo artigo estabelece o poder e o dever do Poder Público de evitar toda ameaça “à vida, à qualidade de vida e ao meio ambiente”.
No início dos anos 90, o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) aprovou diversas resoluções específicas de combate à poluição sonora. Uma delas estabeleceu limites para ruídos de origem industrial, comercial ou de atividades sociais e recreativas, inclusive as de propaganda política.[4] O objetivo expresso da resolução é defender a saúde pública e o sossego da pessoa humana.
As cidades dos países mais ricos controlam com rigor crescente as fontes de poluição sonora. Seus carros e máquinas silenciosos são um exemplo disso. No Brasil, o trânsito se torna gradualmente mais silencioso.
Para alguns, o ruído é sinônimo de intensidade vital. Certas motos, por exemplo, são intencionalmente adaptadas para causar mais barulho.   Há uma explicação para isso: uma característica da mente barulhenta é a sua necessidade de chamar a atenção dos outros, ainda que perturbando o sossego público. Tais exageros são relativamente raros. Mesmo assim, a poluição sonora causa níveis cada vez maiores de preocupação pública. Os decibelímetros – medidores de ruído – vão deixando de ser raridades, e tornam-se instrumentos úteis na luta de moradores incomodados por fábricas barulhentas, ou de promotores públicos que defendem o sossego de um bairro.
Uma atitude mais vigilante tende a espalhar-se – e é indispensável que isso ocorra; mas ela não será suficiente. É recomendável atacar também a causa interna da poluição sonora. Esta causa está na mente humana, e escapa à mera análise ecológica, econômica ou legal da questão. Por falta de autoconhecimento, o ser humano sente necessidade de fugir do seu próprio ruído interior e psicológico. Para isso, provoca barulhos externos que distraiam sua atenção para o mundo externo.   É o caso da dependência psicológica da televisão. Para não ver suas próprias angústias e incertezas, rodeia-se de sons (ou imagens) que o prendem momentaneamente a este ou aquele aspecto do mundo exterior. A verdadeira solução não é esta.
O primeiro passo é aprender a calar por completo e então ouvir a voz da consciência. Quando a voz do silêncio pode ser ouvida, a paz ilumina os diferentes aspectos do mundo. A fonte da felicidade está, de um lado em obedecer à alma presente em nosso interior, e, de outro lado, em perceber a alma do universo. A música das esferas, de que falavam os pitagóricos, é escutada quando a nossa vida física, emocional e mental está em consonância com o grande processo vital do planeta e do cosmo. “Ora, direis, ouvir estrelas” – escreveu Olavo Bilac, antecipando o desprezo dos céticos. E, no entanto, sabemos que é possível ouvir as estrelas, e que elas não necessitam de palavras para falar. Basta que haja silêncio mental da parte de quem escuta.
No caminho do autoconhecimento, a ausência de ruídos constitui, pois, uma  condição essencial. Alfred de Vigny afirmou:
“Só o silêncio é grande: todo o resto é fraqueza”.
Helena P. Blavatsky pensa de modo semelhante. Ao abordar o estudo e a percepção da sabedoria divina, ela escreveu:
“Em suas horas de meditação silenciosa, o estudante descobrirá que há um espaço de silêncio dentro de si, em que ele pode se refugiar dos pensamentos e desejos, do turbilhão dos sentidos, e das ilusões da mente. Mergulhando sua consciência profundamente em seu coração, ele pode alcançar este lugar – a princípio, somente quando ele está sozinho em silêncio e na escuridão. Mas quando a necessidade de silêncio cresce, ele o procurará mesmo no meio da batalha com o eu, e o encontrará. Ele apenas não deve abandonar seu eu exterior nem seu corpo. Deve aprender a retirar-se em sua cidadela quando a batalha se torna árdua; mas precisa fazê-lo sem perder de vista a batalha; sem se permitir fantasiar que assim ele vencerá. Essa vitória só se conquista quando tudo é silêncio fora e dentro da cidadela interior.” [5]
NOTAS:
[1] “Silence and the Liberation of Consciousness”, por Nicolas Caballero, “Theosophical Digest”, Philippines, quarto trimestre de 1991, pp. 95 a 123.
[2] “Revista Dirigente Municipal”, agosto 1992, pp. 42 a 44.
[3] Decreto-Lei 1259, de 09/05/1939, na “Coletânea da Legislação Federal do Meio Ambiente”, IBAMA, Brasília, 1992, p. 342.
[4] “Resoluções Conama – 1984 a 1991”, IBAMA, Conama, 1992, pp. 195 a 199. Veja a Resolução nº 001, de 8 de março de 1990.
[5] “O Grande Paradoxo”, H. P. Blavatsky. O artigo está disponível em www.FilosofiaEsoterica.com e seus websites associados.
Fonte indicada: Filosofia Esotérica

A incrível história das pessoas que se doam demais

A incrível história das pessoas que se doam demais

Não sei vocês, mas nasci e cresci rodeado de adultos. Fui aquela criança que sempre teve amigos mais velhos, que viveu toda uma infância ouvindo ser maduro demais para a pouca idade. No fundo, isso era motivo de orgulho: mesmo novo, já entendia o valor e o poder de um bom elogio – e lutava contra mim mesmo para que nenhuma glória fosse vangloriada.

Claro que na escola os amigos tinham os mesmos sete anos que eu. E talvez minha insistência em liderar tudo e todos fosse algo bom e, por que não, horrível ao mesmo tempo. Bom enquanto durou. Horrível por ter me tornado um cigarro para quem não fuma: intragável.

Não demorou muito para que eu me sentisse sozinho e enxergasse que meu ego engoliu até quem verdadeiramente sentia-se bem ao meu lado. Ao perceber que o mundo era feito de mim, pra mim e por minha causa, usei da maturidade adquirida de um jeito tão imaturo para, finalmente, perceber que só haveria um jeito de me rodear de gente do bem. Sendo um deles também.

Autodefesa minha ou não, acho pertinente perguntar: será que é tão difícil ser legal e se doar sem dor às pessoas? Responda você, enquanto vou um pouco mais longe e me lembro de que talvez sua vida não seja como a minha, talvez você seja legal por natureza, se doe sem ver a quem e, claro, ache que o melhor da vida é ver o próximo amparado e feliz – por você, mas nem sempre com você e ao seu lado. Sim, afinal existe uma história quase obscura, que os chatos e os legais preferem não contar, sobre as incríveis pessoas que se doam demais.

Eu precisei mudar de escola, de faculdade, de emprego e de cidade para entender que gente do bem só atrai coisa boa – e que se doar a essas pessoas é sempre uma boa ideia. Por isso, hoje acredito piamente ser um bom amigo, daqueles que todo mundo pode contar a hora que for – mesmo de madrugada, de ressaca e sem grana. E tanta preocupação não se resume só aos amigos de longa data: se você me conheceu hoje e o santo bateu, nem esquente, você logo será convidado pra almoços aqui em casa, regados de muito vinho e conversas sem fim. E logo será amparado se o namoro acabar, se o emprego chegar ao fim ou se precisar de um acompanhante depois de uma endoscopia qualquer. É coisa minha. Eu gosto de ter gente por perto tanto quanto curto meus momentos a só. Mas aí vive um problema: ser legal com tanta gente faz com que toda essa gente seja necessariamente legal com você?

Foram tantas as frustrações que só depois de muita análise deu pra alcançar um denominador comum. É difícil não se apegar à lei da reciprocidade. Ela serve pra relacionamentos amorosos, pra amigos de anos e pra colegas de trabalho. Serve pra família, pro chefe, pro porteiro e até pra dona do restaurante que, todo dia, você cumprimenta sorrindo antes de pagar com seu ticket alimentação. No entanto, mesmo quando não se vê uma via de mão dupla a cada abraço apertado, encontro marcado e check in realizado, há diversos momentos em que o certo é não deixar de ser quem se é. E insistir em ser assim.

Eu demorei pra descobrir que possuo amigos dos mais diferentes tipos. Há os que não me procuram de forma alguma, mas, a cada vez que mando um alô, a conversa rende horas e se estende a drinks deliciosos. Outros são do tipo que precisam de tempo: não adianta chamar pro happy hour de toda quinta, o melhor encontro é aquele trimestral, quando sem querer a gente se esbarra no shopping e emenda um jantar. Ainda há os que moram pertinho, mas a gente só vê quando os caminhos se cruzam pelas esquinas da vida, e não se pode esquecer dos amigos de todo dia, dos que moram longe e dos que, mesmo depois de anos sem se ver, você morre de saudade e só deseja o que é bom.

No fundo, amigo é quem a gente pode ver todo dia ou de vez em nunca, mas que cada despedida pareça ter sido poucas horas atrás e que cada sorriso, desconcertado, de canto ou desenfreado, seja com absoluta sinceridade. Talvez se doar a estas pessoas nunca seja demais, porque o bem que elas nos proporcionam independe de reciprocidade, de horário ou data marcada.

Foi preciso passar por cima de tudo que eu achava certo pra perceber o quão relativa pode ser uma certeza. Por isso, desvendar o segredo dessas pessoas que se doam demais talvez não seja tão difícil. Difícil é ser como elas, felizes por natureza e por entenderem, de um jeito tão singular, que reciprocidade não é intensidade, que amizade não é cobrança e que carinho é bom sem medidas. E que cada pessoa que estaciona em nossa vida é uma oportunidade de deixar uma marca só nossa, às vezes indelével, noutras invisível, de alguém que, sem querer, nunca se cansou de se doar demais.

Por Milton Schubert, via Brasil Post

Instantes

Instantes

Existem lugares em que você só pode ir uma única vez na vida. Porque, quando sai de lá, já não é mais a mesma pessoa. Aquela paisagem inesquecível. Aquela vista que os seus olhos quase se recusaram a acreditar. Aquela emoção que você mal consegue explicar. Frio na barriga, arrepio na pele, adrenalina na veia, lágrimas nos olhos. Aquela felicidade que transborda a alma. Lugares em que você vai e não volta nunca mais. Lugares estes que sugam todo o seu “eu”, e devolvem uma outra pessoa. Quase sempre, uma pessoa melhor. Mais pronta. Menos egoísta. Mais madura. Menos frágil. Você volta para o seu mundo e tudo parece menor. E a saudade é cada vez maior. Já passou por algo assim? Aquela experiência que você viveu, e que viverá eternamente dentro de você. A vida é feita de instantes. Uma viagem, uma paisagem, um abraço, um por do sol, um beijo, um sorriso, um segundo, e a vida nunca mais será a mesma. É um momento que se aproxima da imortalidade. E, se alguém tiver vivido aquilo junto de você, também se tornará imortal. Trata-se de um ponto do passado em que sua mente nunca se cansará de visitar. Porque, mesmo que o tempo passe, quando você fechar os olhos, ainda conseguirá sentir aquele cheiro, aquelas luzes clareando o seu rosto, aquele vento, aquela sensação de que, só por ter passado por aquilo, a vida já terá feito todo o sentido. E viver é exatamente isso. Olha, se você tiver muita sorte e conseguir atingir os 80 anos de idade, um dia o seu netinho vai sentar no seu colo e te perguntar sobre a vida. Nesse instante, você vai sorrir e tentar viajar em suas memórias. E sabe o que vai encontrar ao mergulhar nestes 80 anos de história? Somente alguns instantes. Aqueles que foram responsáveis por você ter conseguido chegar até ali. Aqueles que terão feito todo o resto valer a pena.

Por Rafael Magalhães

Fonte indicada: Precisava Escrever

Escritor brasileiro percorre África em busca de histórias infantis

Escritor brasileiro percorre África em busca de histórias infantis

O escritor brasileiro Rogério Andrade Barbosa percorre, há mais de 25 anos, o continente africano para recolher histórias infantis e preservar a tradição oral, e tem vários livros dedicados aos países de expressão portuguesa.

Com mais de 90 livros publicados e vários prêmios literários, incluindo o prêmio da Academia Brasileira de Letras na categoria de literatura infanto-juvenil, atribuído em 2005, o escritor publicou já vários contos infantis da Guiné-Bissau, Angola, Cabo Verde e Moçambique, e lançou em Julho um livro sobre São Tomé e Príncipe, o último país de expressão portuguesa que visitou.

“Dos países de língua portuguesa, só falta Timor, mas eu chego lá”, disse o escritor à Agência Lusa.

Nas histórias recolhidas por Rogério Andrade Barbosa, cruzam-se lendas e narrativas da cultura oral africana, povoadas por animais e seres mitológicos como o lubu, a hiena guineense, Kianda, a sereia dos rios e dos mares em Angola, ou “Sun Tataluga”, a tartaruga que é a heroína da maioria das histórias infantis de São Tomé e Príncipe.

Para recolher os contos, o escritor, que vive no Rio de Janeiro, viaja com frequência para vários países africanos, onde visita escolas, pedindo às crianças que lhe contem as histórias ouvidas aos pais e avós.

“A partir daí faço uma seleção e reescrevo as histórias com uma forma literária”, explicou o escritor, que foi professor e é especialista em literatura afro-brasileira.

Os contos, escritos em português, incluem quase sempre frases e expressões dos dialetos locais, como o “changana” de Moçambique, o “forro” de São Tomé, o quimbundo de Angola ou os vários crioulos falados nos países africanos de expressão portuguesa, que o escritor aprendeu quando foi voluntário da ONU na Guiné-Bissau, em 1979.

“Eu falo crioulo da Guiné-Bissau, e isso ajudou-me muito. Em Angola e Moçambique, que não têm crioulo, todos falavam português na escola, ao contrário da Guiné, de Cabo Verde e São Tomé. Muitas crianças começam a contar a história em português e continuam em crioulo”, disse à Lusa o escritor.

Foi na Guiné-Bissau, país onde foi professor de português de 1979 a 1980, que começou a paixão de Rogério Andrade Barbosa pelas narrativas africanas.

Quando regressou ao Brasil, após dois anos no país, tinha “dois grossos diários” com histórias e lendas guineenses, e decidiu passar a escrito os contos que recolheu.

“Nessa altura não havia nada para crianças e jovens sobre os contos tradicionais africanos. Eu tinha visto tanta coisa que resolvi criar um avô africano que contava histórias aos netos, e mandei para várias editoras”, recordou.

Bichos da África“, publicado pela editora Melhoramentos em 1988, foi finalista do Prémio Jabuti, o mais importante prémio literário do Brasil, e venceu o prémio para melhor ilustração, tendo sido traduzido para inglês, alemão e espanhol.

“Isso abriu-me as portas. Fui pesquisando mais e voltei a África outras vezes para recolher histórias”, contou Rogério Andrade Barbosa, que desde então publicou cerca de uma centena de livros, a maioria dedicados às histórias do continente africano.

O mais recente livro do escritor, sobre São Tomé e Príncipe, foi publicado em Julho.
Para o escritor, a televisão e a internet ameaçam a tradição de contar histórias em África, o que torna mais urgente a recolha dos contos tradicionais e a preservação da cultura oral africana, defende.

No Príncipe, onde esteve pela primeira vez em 2013, ainda encontrou “muitas crianças que mantêm o hábito de contar histórias”, fruto do isolamento e da falta de recursos, numa ilha onde até a eletricidade é racionada.

“Como no Príncipe a luz se apaga à meia-noite, encontrei muitas crianças a contar histórias, porque as pessoas mantêm esse hábito”, explicou.

Foi aliás em São Tomé que o escritor ouviu uma nova variação de uma história tradicional com a tartaruga, um conto comum noutros países do continente africano, incluindo no Quénia ou na Tanzânia.

“Muitas vezes, a mesma história é contada noutros lugares, mas com variações. Em São Tomé e Príncipe, um menino de oito anos contou-me uma versão da história da tartaruga que eu nunca tinha escutado”, disse à Lusa.

O livro, intitulado “Histórias de Sun Tataluga que as crianças me contaram em São Tomé”, já está à venda no Brasil.

Paula Telo Alves / Lusa

Foto de Capa:Foto: Chris Karaba / CONTACTO

Fonte indicada: Contacto

Encontre os livros do autor AQUI.

Dica de Livro: A estrela de prata

Dica de Livro: A estrela de prata

De Jeannette Walls, a mesma autora do livro “O Castelo de vidro“.

Duas irmãs abandonadas pela mãe declaram uma guerra particular contra inimigos sem rosto: a crueldade, o preconceito e a hipocrisia que vivem à espreita no chamado mundo adulto.
Liz e Bean são duas irmãs inseparáveis, filhas de uma artística mãe solteira, Charlotte, aspirante a cantora e atriz na efervescente Califórnia dos anos 1970. De súbito, as meninas se veem forçadas a enfrentar um evento decisivo: em busca da realização de seu ideal artístico, Charlote abandona as filhas, deixando-lhes dinheiro suficiente apenas para que sobrevivam por pouco mais de um mês.

Aqueles leitores que já travaram contato com as memórias da premiada best-seller Jeanette Walls em O Castelo de Vidro, reconhecerão em A Estrela de Prata alguns temas muito caros à autora. Temos o olhar agudo sobre a infância, vivida em famílias pouco convencionais, às margens da sociedade, enfrentando a dureza da luta diária pela sobrevivência.
Em A Estrela de Prata, acompanhamos a aventura de Liz e Bean em busca de amor, solidariedade, e, no limite, do pão diário. Tornadas órfãs, embora a mãe esteja viva, a situação-limite exige um esforço inaudito de superação.

Encontre

Saraiva

Submarino

Americanas

Cultura

 

Sem vontade de viver? Espere o próximo amanhecer.

Sem vontade de viver? Espere o próximo amanhecer.

É chegado o momento em que parece não existir outra saída! Tenho a sensação de que meu corpo está sem pele e todas as coisas me atingem, ferindo diretamente a minha carne! As coisas não fazem mais sentido! Sinto-me em pedaços, sem pertencimento a este mundo hostil que tanto me feriu. Se eu fechar meus olhos para sempre, toda a dor terá fim e não mais haverá desespero diante dessa insuportabilidade de existir!

Muitos de nós poderemos ter em algum momento da jornada um desejo imenso de desistir de nossas próprias vidas por sentirmo-nos impotentes diante de um sofrimento incomensurável ou de situações aparentemente sem saída. Mas afinal, “o que quer a alma ao imaginar, ou ao realizar em ato irreversível, diante do mundo, essa possibilidade simultânea de matar e de morrer?” (James Hillman)

A morte, ao contrário do que podemos pensar, não somente é o fim da vida, mas algo que nos acompanha desde o nascimento. Quando deixamos de ser crianças e nos tornamos adolescentes, por exemplo, muitas coisas morrem e outras nascem nessa transição. Assim, também acontece quando iniciamos e terminamos etapas e relacionamentos ou quando decidimos mudar coisas em nós. Do ponto de vista psicológico a morte é tida como um caminho necessário à transformação; a vida nova brota da morte e a partir dela é que nos desenvolvemos como ser humano.

Mas é claro que, todos nós, durante nossa trajetória, vivemos algumas coisas e outras deixamos de viver. Primeiro porque certamente somos incapazes de viver todas as experiências possíveis e, segundo, porque muitas das coisas que teríamos que viver nos serão negadas por situações diversas e que estão fora do nosso controle: pais negligentes ou cuidadosos demais, fome, excessos, pobreza, riqueza, doenças, abusos, traumas, perdas, exigências sociais e etc. Enfim, dentre tudo aquilo que somos, existe uma série de coisas que nunca deveríamos ter sido ou nunca seremos.

Nem sempre as condições que vivemos serão capazes de desenvolver em nós a flexibilidade necessária para lidarmos com as questões relegadas e que cobrarão seu espaço de modo avassalador em algum momento da vida em que não estaremos prontos para suportar.

O desejo suicida, quando não for fruto de uma desordem realmente química do corpo, virá frente à impotência para lidar com questões da vida, à falta de alternativas para lidar com o que o mundo externo causa em nosso mundo interno, às mortes simbólicas que precisaríamos realizar, mas que, por algum motivo, não demos conta.

Quando a morte é ignorada na realidade psíquica, em seu simbolismo, ela se projeta de modo concreto sobre a pessoa, podendo de fato ser consumada para aliviar o desespero e a dor. A pessoa não quer morrer realmente e sim, parar de sofrer.

No dia a dia, as fantasias suicidas que atormentam nossa consciência são pistas que nos levam a um “assassino interno” que se torna cada vez mais ameaçador quanto mais não é “ouvido”. Ele nos convoca a uma transformação que nos fará, na experiência da sombra, alcançar a luz. Desse modo, podemos pensar que a morte simbólica, diferente do suicídio, resgata-nos para a vida e sua continuidade.

“Hoje acordei e o sol estava lindo! Sentei para almoçar e à mesa recordamos com carinho e saudade do meu primo que perdeu a vida aos dezenove anos por um câncer. Minha avó chorou e pude dar-lhe um abraço apertado. Depois fomos ao teatro. Depois ri de uma piada engraçada que postaram no meu perfil. Fui ao mercado. Tomei banho. Fui à Igreja. Fiz amor. Briguei com meu irmão. Fui ao casamento da minha irmã.

 Me formei na faculdade…

Poderia não ter vivido nada disso se não tivesse entendido ontem que aquele desejo de morte só queria me dizer que, apesar de toda dor, a vida seguiria e encontraria outros caminhos! Ah se eu não tivesse esperado o próximo amanhecer!”

Maternidade real: mãe compartilha foto do pós-parto e viraliza na internet

Maternidade real: mãe compartilha foto do pós-parto e viraliza na internet

Danielle Haines deu à luz um menino em novembro de 2014. Três dias após o nascimento, estava exausta: não dormia, tinha os olhos inchados, os mamilos sangravam e ela se sentia sozinha sem o marido, que havia voltado a trabalhar naquele dia. Quase um ano depois, ela compartilhou o retrato em seu perfil no Facebook e inspirou várias mulheres a fazerem o mesmo.

Com um depoimento sincero e emocionante, ela relata o amor pelo bebê, a falta do pai da criança, uma mistura de emoções em relação à própria mãe e à sua história pessoal, além dos desconfortos físicos. “Eu estava a ponto de perder a razão”, escreveu.

A foto foi tirada por sua irmã, que a escutou, lhe deu suporte e enxergou ali uma beleza real. O post já teve mais de 20 mil compartilhamentos e abriu o diálogo sobre a realidade do pós-parto. Confira, abaixo, o depoimento na íntegra:

contioutra.com - Maternidade real: mãe compartilha foto do pós-parto e viraliza na internet
Danielle Haines: honestidade pós-parto (Foto: Reprodução/ Facebook)

“Esta é uma foto minha três dias depois do parto. Eu estava tão crua e tão aberta, eu estava uma bagunça. Eu amava o meu bebê, eu sentia falta do pai dele (ele voltou a trabalhar naquele dia), eu estava brava com a miha mãe, meu coração doía pelo meu irmão porque minha mãe nos deixou e agora eu tinha um menininho que parecia com ele, meus mamilos estavam rachados e sangrando, meu leite estava quase descendo, meu bebê estava ficando realmente com fome, eu estava me sentindo triste porque as pessoas matam bebês, tipo, de propósito, eu não dormia desde o momento em que entrei em trabalho de parto, eu não sabia como tirar meus seios, minha vagina doia porque eu ficava sentada muito tempo enquanto amamentava, eu estava quase enlouquecendo. Katie veio para a minha casa e me alimentou na manhã em que esta foto foi tirada. Ela deveria ter parado ali para me dar almoço. Então uma de minhas sete irmãs veio naquela noite para trazer jantar para a família, Sarah. Sarah tirou esta foto de mim. Ela entrou com a comida e disse: ‘Oi! Como você está?’ Eu disse: ‘Estou uma bagunça’. Conversamos, ela escutou, ela disse, ‘Eu estive bem aí onde você está’. Me ajudou saber que ela ficou louca um dia também!!! Então ela disse: ‘Eu sei que isso pode parecer meio maluco, mas, você tem uma câmera? Você está tão crua e tão bonita’. Estou feliz que ela tenha tirado essa foto. Ela estava apenas planejando deixar a comida. Ela acabou ficando por muito mais tempo. Eu precisava dela. Ela sabia disso. Eu liguei para Rachel, eu precisei dela. Eu precisava dela para amamentar meu bebê, eu precisei de mais ajuda com a alimentação. Eu liguei para Shell. Eu precisava que ele me dissesse que meu bebê estava bem. Este é o pós-parto real, mamães. Aquelas de vocês que passaram por isso antes… poderiam compartilhar o que sentiram imediatamente depois do parto? Eu tive um pós-parto mágico. Não foi fácil, mas tive tanto apoio e fui alimentada e lembrada de que outras mães passaram por essa parte da maternidade antes de mim e de que eu sairia disso bem também”.

Fonte indicada: Revista Crescer

Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura

Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura

Susan Beatrice é uma artista que recicla peças de relógio antigo que para alguns podem ser consideradas “sucata”. O que ela faz com elas? Ela as transforma em fantásticas esculturas em miniaturas que lá fora são conhecidas como steampunk. Beatrice descreve que suas esculturas recicladas são “Obras de arte ‘amigas do meio ambiente’, sensíveis aos limites de nossos recursos naturais.”

Nós reunimos a seguir algumas de suas obras, mas existem muitas outras em sua página no Facebook. Se você curtir, certifique-se de verificar a página dela também! Veja as imagens a seguir:

contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura

contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura

contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura contioutra.com - Artista transforma sucata de metal em fantásticas esculturas em miniatura

Fonte indicada: Rock’n Tech

Médico enumera sete pecados capitais cometidos contra a infância

Médico enumera sete pecados capitais cometidos contra a infância

Por Bruna Ramos – Portal EBC

Fonte:TEDx Talks

“O verdadeiro caráter de uma sociedade é revelado pela forma com que ela trata suas crianças.” A frase, de Nelson Mandela, foi escolhida pelo médico pediatra Daniel Becker para introduzir uma lista onde ele aponta os sete pecados capitais cometidos contra a infância.

Daniel falou sobre o assunto no evento TEDx Laçador, realizado em Porto Alegre, em junho. Segundo o palestrante, as crianças brasileiras vêm sendo muito maltratadas pela sociedade. “Além de o país não oferecer boas condições de saúde, moradia, educação e segurança, os pais e cuidadores das crianças têm cometido pecados ao longo de sua criação”, afirma.

O médico enumera:

1 – Privação do nascimento natural e do aleitamento materno

“A cultura da cesárea faz com que as mulheres acreditem que o parto normal deve ser a cesárea. Que o parto normal é nocivo, doloroso, perigoso. Isso gera diversos malefícios para as crianças.” “Da mesma forma acontece com o leite materno. A mulher quer amamentar sua filha, mas (muitas vezes) em dois meses esta criança está desmamada. Isso vem, em grande parte, por causa da indústria, que faz propaganda pelo nome que dá às suas fórmulas: “premium”, “supreme”, e a propaganda que ela faz com o médico.”

2 – Terceirização da infância

Por causa da falta de tempo dos pais, que têm que trabalhar para sustentar a família, as crianças estão sendo deixadas em creches ou com babás. “Perdemos o que é mais precioso na infância: o convívio com os filhos. Convívio é aquilo que nos dá a intimidade, a capacidade de estar junto, o amor, a sensação de estar cuidando de alguém, a sensação de conhecer profundamente alguém”.

3  – Intoxicação da infância

Também pela falta de tempo, é mais acessível trocar a comida tradicional brasileira por uma alimentação rica em gordura, sal e açúcar, que vem da comida congelada e industrializada. “Obesidade e diabetes estão explodindo na infância”.

4 – Confinamento e distração permanente

As crianças passam até oito horas por dia conectadas em aparelhos eletrônicos. Esse confinamento impede que elas tenham um momento de consciência, de vazio, de tédio. “O tédio é fundamental na infância. Porque o tédio e o vazio são berço daquilo que é mais importante para nós, a criatividade e imaginação. Nós estamos amputando isso dos nossos filhos.”

5 – Mercantilização da Infância e Consumismo Infantil

Assistindo muita televisão durante o dia, as crianças são massacradas pela publicidade, por valores de consumismo. “E essa publicidade é covarde, explora a incapacidade da criança de distinguir fantasia de realidade, explora o amor dela por personagens e instiga nela valores como consumismo obscessivo, hipervalorização da aparência, a futilidade e coisas piores”.

6 – Adultização e erotização precoce

“Existe uma erotização que usa a criança de 7, 8 anos para vender produtos de moda, uma erotização baseada no machismo, na objetificação das meninas e das mulheres, na valorização excessiva da aparência.”

7 – Entronização e superproteção da infância

Para compensar a ausência, muitos pais tornam-se permissivos e acabam perdendo a autoridade sobre seus filhos. Mas a criança precisa de gente que conduza a vida dela. “A gente sabe que a importância dos limites do não são formas fundamentais de amor. A gente precisa dar para os nossos filhos, mas a gente tá perdendo a capacidade. Em vez disso, a gente se interpõe entre as experiências dos filhos e do mundo fazendo justamente que eles não tenham experiência da vida e portanto não desenvolvam mecanismos de lidar com a frustração, com a dor e com a dificuldade. E certamente o mundo vai entregar para eles mais tarde.”

 

Como forma de enfrentar estes pecados, Daniel propõe uma solução que passa por mudanças em apenas dois fatores: tempo e espaço. No caso do tempo, o médico sugere que os pais estejam presentes na vida do filho em pelo menos 10% do tempo em que estão acordados. Em uma conta geral, isso representa 1h40 por dia de dedicação aos filhos. Em relação ao espaço, a orientação é estar perto da natureza. “O convívio com o espaço aberto vai afastar a gente das telas, vai reduzir o consumismo e o materialismo excessivos, vai promover o livre brincar (que, por sua vez, vai gerar inteligência, humor e criatividade), vai gerar convívio entre as famílias, vai promover o contato com o ar, o sol e o verde e vai reduzir todos os problemas da infância.”

Assista à palestra na íntegra:

INDICADOS