Sobre almas em extinção

Sobre almas em extinção

Se alcancei alguma glória nessa vida é a de sempre encontrar encantos, motivos que me despertam e instigam, acho que nunca soube o que é sentir tédio ou monotonia. Não me falta vontade, paixão, coragem. Com pesar, sinto que o que me falta é tempo. Por isso filtro sentimentos, gerencio importâncias, presto atenção nas levezas e esqueço os pesos. Por isso desenho a vida do meu jeito, do jeito que acho significativo. Por isso me demoro mais nos sorrisos e me entrego aos abraços apertados. Sei escolher com quem vou passar a tarde toda ao lado.  Por isso, falo mais de poesia do que de política, tenho sempre ouvidos para amigos, sede para um bom vinho, coração para um amor bonito. Tenho sempre imaginação para me perder nos livros e lágrimas para me derramar nos filmes. Sempre tenho espaço para um bom papo, e um caminho longo de aprendizado e a noção de que o tempo é tão curto, porque das coisas que me interessam nesse mundo eu estou apenas engatinhando e talvez eu morra antes de começar a dar os primeiros passos.

Mas sigo tendo sempre um olhar que se perde nas esquinas esquecidas do mundo. E muita curiosidade e vontade de empatia pelas pessoas que não têm voz e vez. E uma alma que aprendeu a se inspirar como respirar.

Que a vida em essência é mais importante que todos os medos, que a vontade de vive-la genuinamente é mais forte que as preocupações com o futuro, que o respeito com as pessoas e com o nosso resistente planeja é maior do que a vontade de comprar, ganhar, consumir. Sinto que as almas que sabem viver e amar com sutileza estão em extinção, que pessoas de verdade não se encontram em qualquer bar, escritório, ponto de ônibus ou rede social. E que as forças sutis que movem meu coração se escondem (ou se revelam) num poema, numa flor, num olhar, num violão. E enquanto a força bruta, as diferenças, o consumismo, a ganância estiverem gritando nos meios de comunicação, as sutilezas continuarão a ocupar os lugares que só as almas atentas notam. Sutilezas não batem à nossa porta,  insistentemente, querendo entrar, elas pousam e voam.

Mas as sutilezas enchem a vida de encantos e estão em cada canto. As sutilezas são tantas e me protegem do tédio. Tornam a vida uma maravilha.

E pelos dias, eu ando tentando não esquecer que da vida o mais importante é viver, do sonho o mais importante é sonhar, do amor o mais importante é amar. E por perseguir sutilezas e ignorar importâncias talvez eu envelheça pobre e esquecida, mas sei que nunca morrei de solidão ou monotonia. Pois meus olhos sofrem de excesso de graça e a vida é muito rara e vasta para perder o sentido.

O valioso silêncio

O valioso silêncio

Nunca saberemos em que momento, exatamente, nós passamos a acreditar que tudo o que precisamos está contido em coisas que precisamos adquirir; conquistar; comprar. Jamais teremos a dimensão exata do subjugo a que nos submetemos durante anos e anos, em busca de recompensas que justifiquem tamanho sacrifício. Talvez, passemos toda uma vida sem nos darmos conta de que é lá dentro de nós que acontecem as vitórias. E elas não têm relação alguma com nenhum objeto que por ventura viermos a conquistar; seja ele um bem grandioso ou uma pequena extravagância.

De todas as coisas que perdemos na vida, enquanto andamos por aí feito andróides programados para acumular bens, a mais valiosa é a nossa capacidade de perceber o limiar entre o que é maravilhoso e o que é só uma ilusão. Andamos a procura de fogos de artifício que têm sua beleza atrelada a pouquíssimos minutos reservados ao seu espetáculo no céu. Vivemos o tempo todo reagindo, sem refletir, aos estímulos que recebemos. Somos ratinhos brancos correndo dentro de uma rodinha que nunca para.

A perda da capacidade de perceber que somos manipulados por nossos próprios desejos nos transforma em reféns de nós mesmos. Vivemos acorrentados às verdades pelas quais pagamos muito caro. Vivemos amordaçados, impedidos de ouvir de nossa própria boca o que, afinal de contas, temos realmente para dizer.

Enquanto permanecemos reagindo aos estímulos, vamos perdendo de vista a pessoa inteira que mora dentro de nós. Em algum lugar escondido há um ser que anseia por respirar, tirar a cabeça para fora desse mergulho em águas estrangeiras. Vivemos muito mais as vidas que esperam de nós do que a vida que desejamos viver.

Curiosa contradição é o que somos. Exatamente por nos preocuparmos tanto com o que irão pensar de nós, nos esquecemos de considerar o impacto de nossas ações em nossa vida, na vida do nosso próximo e na vida dos nossos distantes. E, quantos dos nossos próximos acabaram se transformando em pessoas distantes? Gente querida que amamos tanto um dia e agora nem reconhecemos mais; perdemos o contato, o vínculo, a proximidade.

É bem verdade que muitas vezes somos apenas um capítulo no livro da vida de alguém, assim como o contrário. No entanto, se formos congelando cada capítulo escrito, ao final do caminho teremos um livro superficial, raso, desconexo. Deveríamos honrar cada capítulo com a mesma reverência. Não importa que tenhamos acolhido com amor alguém que nos trouxe sofrimento depois. O sofrimento é aprendizado também. O sofrimento é parte do processo; é inevitável e altamente educativo. Quem dera um dia fôssemos capazes de não apenas doer; mas incluir na dor algo que nos humanize mais, algo que nos faça enxergar além do óbvio.

Somos tão afoitos, ansiosos e vorazes que estamos nos tornando personagens isolados em torres altamente seguras e seletivas. Quando conversamos, não conseguimos silenciar a boca e a mente para tentar entender o que, de fato, o outro tem a nos dizer; o que ele deixou de nos dizer, por cautela ou malícia; o que está dito nas entrelinhas, ilustrado no piscar dos olhos, na expressão do rosto, na movimentação do corpo. Nossas mentes barulhentas e inquietas nos aprisionam num mundo paralelo, onde todas as pessoas vivem automaticamente. Quem sabe, agora que nós estamos parados aqui, eu desse lado, você aí do outro, não posamos nos ajudar a encontrar o real significado disso tudo. Quem sabe não acabemos por entender que todas as pequenas e valiosas pessoas e momentos que deixamos para trás, merecem, enfim, um minuto de silêncio.

Ana Macarini

Há esperança para a Humanidade. A bondade é “contagiosa”

Há esperança para a Humanidade. A bondade é “contagiosa”

A bondade já tem um “sítio” – foi localizada no cérebro, assim como o sentimento que lhe é associado quando essa área regista atividade: “elevação moral”. Além disso, percebeu-se que esta é “contagiosa” – ou seja, ao assistirmos a atos de bondade, somos impelidos a fazer o mesmo –e ajudar.

Publicado na revista “Biological Psychiatry”, um estudo levado a cabo pela psicóloga Sarina Saturn, da universidade de State Oregon (EUA), mediu a atividade cerebral e o ritmo cardíaco de estudantes universitários enquanto assistiam a vídeos com imagens de atos heróicos ou humorísticos.

Quando viam as imagens heróicas, os sistemas nervosos simpático e parassimpático dos estudantes atingia um pico, o que constitui “um padrão muito invulgar” segundo a psicóloga. “Os dois sistemas são recrutados para uma só emoção” – e isso é incomum, porque combinam uma reação de luta, e outra, posterior, de acalmia.

Isto pode explicar-se assim: assistir a um ato de compaixão implica testemunhar o sofrimento de outra pessoa – o que desencadeia uma resposta de stresse, e ativa o sistema nervoso simpático. Depois, ao vermos esse sofrimento aliviado acalmamos, e o sistema parassimpático é ativado. Na zona média do córtex pré-frontal (a área relacionada com a empatia), também foi registada atividade. E é nessa área precisamente que o neurocirurgião João Lobo Antunes julga poder residir o cerne da questão.

“É possível que a capacidade de responder positivamente aos bons exemplos, como a generosidade ou altruísmo, conduzindo ao que alguns chamam ‘elevação moral’, dependa também da porção mais ‘social’ do cérebro humano, particularmente o córtex pré-frontal (como tem sido proposto por vários neurocientistas, entre os quais António Damásio)”, defende. O professor recorda que, em termos muito simples, “as experiências emocionais são apreciadas por áreas anteriores do lobo frontal, particularmente no córtex pré-frontal (o sítio que Egas Moniz elegeu como alvo no tratamento de certas doenças mentais); mas também na amígdala, que permite reconhecer os vários tipos de expressão facial, amigável ou não”, e acaba por ser muito importante no relacionamento social entre pessoas.

“Muito mais complexa é a questão do juízo moral, que é estudado através dos modelos experimentais, como o célebre ‘caso das linhas de comboio e do homem gordo'”. Lobo Antunes explica “estes dois dilemas”. No primeiro, um comboio percorre um trajeto que depois se bifurca – num sentido irá atropelar uma pessoa, no outro três pessoas. Nós temos a capacidade de mudar o trajeto por meio de uma alavanca (“agulha”). Conseguiríamos causar a morte de uma, para salvar três?

No segundo dilema, a vida de três pessoas seria salva se empurrássemos para a linha um homem gordo que se encontra na ponte sob a qual passa o comboio. Seríamos capazes de o fazer? De facto, a maior parte de nós não teria hesitação em manejar a “agulha”, mas já não seria capaz de empurrar o homem gordo, e as áreas cerebrais envolvidas nesta decisão não são idênticas”.

“Curiosamente, as áreas envolvidas em juízos morais são também áreas integradoras das emoções”, continua Lobo Antunes. “Esta teoria tem sido particularmente defendida por Haidt, que considera que o juízo moral é primariamente intuitivo ou emocional. Ele distingue dois sistemas, um antigo, rápido, automático, que instintivamente nos faz julgar se um ato é “bom” ou “mau” – e neste caso, inspira-nos “repugnância”. A este sistema antigo, com mais de 5 a 7 milhões de anos, junta-se outro mais recente (100.000 anos), mais lento e que implica um juízo mais deliberado”. O médico conclui que “sim, a bondade é contagiosa – o problema é haver tanta gente vacinada contra ela…”

Por KATYA DELIMBEUF

Fonte indicada: Expresso

Escolas transformadoras

Escolas transformadoras

Sou jornalista. Não sou educadora. Mas tenho 3 filhos para educar. E tenho 3 filhos no sistema de educação. Um sistema que está fora do que chamamos de ensino tradicional. Porque baseia-se na pedagogia Waldorf. E, sempre que me perguntam “E aí, você não tem medo do vestibular?”, digo que não. Não tenho medo. Primeiro porque a escola forma bons alunos. Alunos que constroem conhecimento e que apreendem conhecimento. Segundo, e mais importante, porque a escola forma seres humanos. Isso pra mim é o maior ganho que eles podem ter na – e para – vida. Aprenderem o que, de fato, tem valor. Porque, além de todo conteúdo teórico, aprendem com o corpo e com o coração. Fazem uso da emoção e da alma pra trabalhar essências do ser humano. Isso, pra mim, é o cerne da educação moderna. Porque está baseada na formação de seres humanos íntegros, sensíveis e capazes de atuar por um mundo melhor. E isso só é possível se a escola, ou o sistema de educação, se perguntar: que alunos queremos formar para o mundo? Que futuro queremos?

Estão aí as duas grandes perguntas que deveriam nortear toda discussão que permeia o sistema educacional, não só o brasileiro, como o mundial. Que futuro queremos dar a nossos filhos? Que crianças queremos formar? Em que pilares a educação deveria se basear, se sustentar, para formar esse aluno que é um cidadão? As escolas premiam os que tiram as melhores notas, quando deveriam premiar a gentileza, a empatia, o companheirismo, a tentativa, o trabalho em equipe. É o olhar para o potencial da criança na escola, e na sociedade, além do curriculum tradicional. Porque no futuro terá espaço para os que vivem em sociedade, e não para os que vivem centrados no próprio umbigo. Ou nos próprios louros. O mundo já está cheio de louros, e olhe bem como estamos. Alguma evolução? Algum ganho que realmente preencha a alma? Não. O sistema educacional hoje forma alunos em série. Que saem preparados para o vestibular, mas não preparados para a vida. Precisamos colher frutos e não louros.

Em visita recente ao Brasil, o educador português José Pacheco, criador da Escola da Ponte, contou por que é contra o método tradicional de ensino e nos lembrou que a escola foi, formalmente, sistematizada na época da Revolução Industrial. Quando se produzia em série e era preciso formar trabalhadores em série. Daí os anos se chamarem 1a série, as cadeiras enfileiradas, e assim por diante. Mas que bom que existem escolas e educadores remando contra a maré e buscando não só novas formas de educar, como conteúdos relevantes e questionando o sistema que, nada mais, nada menos, reproduz o que era importante séculos atrás. E quanto mais remamos contra a maré, mais nos aproximamos da fonte. Ou seja, daquilo que é essência, e vamos recuperando os valores da vida, do ser humano.

E, para reforçar e dar anda mais coro a tudo isso, semana passada foi lançado no Brasil o projeto Escolas Transformadoras. Uma parceria entre o Instituto Alana e Ashoka, que buscam dar luz a escolas que se preocupam com todas essas questões que eu levantei no texto. Já são 200 escolas por 26 países, sendo 10 delas brasileiras. Escolas que valorizam competências, fortalecendo uma visão comum de que todos nós podemos ser transformadores do mundo. Onde a criança tem um papel de coautora na escola, tem escuta. Ela também é protagonista. Porque a criança, ou o adolescente, cria para ser, e fazer, a diferença, junto à escola. Num sistema que preenche o sentimento de pertencimento. Quase numa proposta de derrubar os muros para impactar e transformar a comunidade.

São escolas que criam para transformar versus escolas que reproduzem o sistema, ou o método. Escolas que contribuem para a construção de conhecimento. Escolas que se preocupam em formar seres humanos versus bons alunos que tiram boas notas. Escolas que se preocupam em responder questões do mundo e da sociedade versus “o profissional que eu quero ser quando crescer”. Escolas que vão além do português e da matemática, porque a vida é mais do que conteúdo na lousa. Escolas que acreditam que empoderam a força transformadora de cada um. Porque acreditam que a mudança começa internamente, em cada indivíduo. E somos todos uma unidade comum, somos comunidade, porque somos seres humanos e vivemos em sociedade.

Para saber mais sobre o Escolas Transformadoras, acesse o site do projeto acessando aqui 

Por Carolina Delboni

Fonte indicada: Estadão

Sobre escolhas que não queremos e caminhos que não sonhamos

Sobre escolhas que não queremos e caminhos que não sonhamos

Ser adulto é muito complicado. Temos que trabalhar, estudar. Temos responsabilidades. Temos que ser “alguém”. E, quando estamos nessa fase, é quase geral aquela crise de identidade; passamos a nos relacionar com o tempo de maneira totalmente diferente, uma vez que sabemos que estamos, pouco a pouco, deixando de existir e que inexoravelmente morreremos.

O desespero, muitas vezes, começa a fazer parte do cotidiano. Questionamos a vida e nos perguntamos se chegamos onde sonhávamos, se somos felizes com nossas escolhas. Questionamos a nós mesmos, se o que fazemos reflete o que somos ou se nos deixamos levar pela maré, pelo efeito manada. Ainda que seja difícil prever as consequências das nossas escolhas, é necessário que tenhamos coragem para tomá-las e não seguir à risca o que a sociedade determina que devemos fazer.

Qualquer escolha que fizermos nos trará dificuldades. Sempre haverá o imprevisível, o incontrolável, estes são amálgamas indissolúveis da vida. Então, não adianta querer ser advogado ou médico pela vontade dos pais, ou simplesmente porque há segurança sendo um “doutor”. Como também viver sem medo de arriscar não renderá necessariamente uma vida feliz.

Em cada oportunidade que temos, é preciso deixar a nossa marca, ser o que somos, pois a vida é breve e não comporta reprises. As opções mais “seguras” lhe levarão a caminhos que nada têm a ver com você. Caminhos em que não consegue enxergar os seus passos. Caminhos vazios e tristes; depressões distantes das montanhas. E aí, eu pergunto: as opções “seguras” deixaram de trazer dificuldades?

Qualquer escolha que se faz traz dificuldades, como já disse, mas, quando essa escolha é feita por nós, quando nos enxergamos naquilo que fazemos, sentimo-nos vivos e mais fortes para superar as dificuldades que são inerentes a qualquer escolha que fazemos.

Entretanto, tenho percebido que temos nos acovardado diante dos outros e cada vez mais estamos seguindo o rebanho. Concomitante a isso, sonhos são deixados para trás e indivíduos apenas sobrevivem, sem ânimo no que fazem. Ser feliz é mais do que passar os dias fazendo planilhas no Excel, mesmo que isso “renda” bem. Viver uma vida clichê, com adoçante e café descafeinado, não é a receita do sucesso, simplesmente porque esta não existe. Cada pessoa carrega uma história dentro de si, sonhos, vontades e, sim, tem o direito de realizá-los.

Adequar-se a uma sociedade doente não é o melhor caminho, pois, além de ser apenas mais um entre tantos iguais, preocupados com formação técnica e uma vidinha burocrática que lhe “renda” um belo salário, serão indivíduos vazios, sem memórias que permitam lhes definir, cheios de hiatos existenciais, como um forasteiro que não sabe de onde veio ou quem é.

Enquanto fizermos escolhas por pressão social ou por medo de nos arriscarmos, nunca conseguiremos nos permitir abrilhantar o mundo com o nosso melhor; seremos estrelas sem brilho que não iluminam o céu. Isto é, estaremos lá, mas não seremos percebidos. Seremos marionetes de um espetáculo caminhando por caminhos ocultos ao nosso coração.

Presos numa relação nebulosa com o tempo, talvez não consigamos nos encontrar. E, talvez, nem precisemos, pois seremos apenas pele morta de sentimentos que um dia pulsaram por águas diferentes. Tão diferentes, que lhe disseram para remar em sentido contrário. E você foi. Não é um vitorioso nem um derrotado. É viajante de um lugar desconhecido a que outrora disseram para ir. Sente-se triste e tem vontade de voltar, mas não se lembra dos antigos caminhos que queria seguir. Então, continua. Sem ânimo, alma ou vontade. Não é um vitorioso nem um derrotado. Uma vez que,

“Aquilo que não é consequência de uma escolha não pode ser considerado nem mérito nem fracasso.”

Tão humana quanto nós: Monja Coen e sua surpreendente história de vida.

Tão humana quanto nós: Monja Coen e sua surpreendente história de vida.

Nesse vídeo exclusivo para o  Yahoo, A Monja Coen conta sua tragetória de vida. Prima dos Mutantes, foi casada com um rocheiro e já usou drogas.

Teve filhos e netos. Morou em outros paises e hoje nos conta, tão humana quanto nós, sobre como trilhou seus caminhps e amadureceu até encontrar o Zen e mudar completamente suas prioridades e sentido de vida.

“Uma das coisas mais bonitas que conheci no budismo foi a adequação….Não queira ser especial, você é especial!” Monja Coen

Vídeo incorporado na página com link disponível em Persona- Monja Coen. Visite essa área do Yahoo e conheça outros depoimentos com esse.

Livro bom é aquele que você gosta de ler

Livro bom é aquele que você gosta de ler

Por João Marcelino

Recentemente em uma ida à biblioteca aluguei a obra Palomino, da americana Danielle Steel (foto). O livro, em inglês era conservado, mas bem antigo. Como fã de obras de romance, e por ter gostado de outros livros da escritora que possui uma lista enorme de obras publicadas, estava ansioso para iniciar a leitura. Mas, ao abrí-lo, um fato cômico: Caiu, do livro, uma nota datada de 22 de dezembro de 1995, com a seguinte escrita: “Truly one of her most boring books” (verdadeiramente um de seus livros mais entediantes).

Achei a nota hilária porque muitos leitores não gostam das obras de Danielle, considerada pioneira das histórias de romance “melodramáticas”. A nota, um tanto crítica acabou suscitando para mim um tema que particularmente considero importante: Por que as pessoas se acham aptas a julgar alguém pelo seu tipo favorito de leitura?

Gosto de ficção e romance. Li Crepúsculo e não o odiei, diferente da grande parte opinativa da internet (aliás, poucos desses realmente tiraram seu tempo para ler). As pessoas se preocupam demais com a leitura alheia em um país que simplesmente já não gosta de praticar o hábito.

A hipocrisia é imensa, e os números são assustadores. Provavelmente a metade das pessoas que dizem para você que leem assiduamente, não tocam nas páginas por dias. Uma pesquisa realizada em 2009 apontou que 77 milhões de brasileiros não leem livros regularmente. 77 milhões de pessoas preferem assistir sua novelinha, possuir hobbies bem menos úteis e/ou interessantes ou simplesmente encontram uma justificativa para si mesmas sobre a ausência de leituras regulares.

“Não tenho tempo” é a mais comum delas, e a minha favorita. Porque todo mundo que quer, tem tempo. Há dias em que leio poucas páginas, ou um capítulo. Se a necessidade exigir, até menos. Mas sempre tiro um tempo para ler um pouco. Sempre há tempo.

Ao mencionar a nota encontrada em Palomino, não pretendi necessariamente criticar o indivíduo que a escreveu simplesmente pois discordo do gosto literário dele. Pelo contrário. Encontrei-a numa página bem perto do final do mesmo, então posso acreditar que ele ao menos se deu ao trabalho de ler antes de xingar. E é essa a questão. Poder falar com argumentos. A gente não vê isso na grande maioria, infelizmente.

Mas agora: Num país que visivelmente tem preguiça de exercer um dos hábitos mais importantes para o desenvolvimento social e intelectual, por que tanta gente se mete na leitura alheia? Não vejo outra forma de colocar a pergunta.

Xingar sem necessidade um livro, ou o autor, por pior que o mesmo seja, é estupidez. O tempo que se gasta pra fazer piadinhas com a americana Stephenie Meyer (criadora da série Crepúsculo) e suas obras, por exemplo, ia ser muito melhor aproveitado se usado pra incentivar alguém a ler.

Não criei este texto para defender assiduamente obras mais impopulares entre leitores (ou pseudo-leitores), e sim defender aqueles que, assim como eu, as apreciam. Foi graças a séries como esta que muita gente se iniciou na leitura, e leitura sempre vai ser cultura, não importa se é uma revista, um jornal, ou um romance adolescente.

Enquanto terminava este texto, lia Palomino, o livro onde encontrei a nota. Para a minha surpresa, era bom. Como disse anteriormente, o cidadão que escreveu a nota não gostou, mas provavelmente o leu.

Antes de criticar certos livros, todos poderiam fazer o mesmo.

Fonte indicada: Brasil Post

Leia também: E aí, sumida? Por que você jamais deve usar essa frase

Refúgios

Refúgios

Foto Sebastião Salgado

As baleias francas sempre migram para Santa Catarina no inverno, em busca das temperaturas mais adequadas para dar à luz seus filhotes, amamentá-los e nadar lindamente na costa, encantando a todos. Biólogos de outros países, repórteres, estudiosos e turistas se reúnem para ver, ao menos, um pedacinho de suas caudas fluindo pelas águas. Mas nem sempre foi assim. Houve um tempo em que, ao chegar por aqui, eram capturadas e mortas pelos pescadores. Seus imensos ossos serviam até mesmo para construir casas e móveis. O óleo de baleia era comercializado, e a matança era uma prática comum. Hoje, quem visita a paradisíaca Praia do Matadeiro, no Sul da Ilha, pode perguntar a um nativo e saberá sobre isso.

Os movimentos migratórios sempre existiram. De certa forma, somos todos frutos desses tortuosos caminhos. Pude ouvir histórias de meus ancestrais alemães que vieram para o Rio Grande do Sul. Os tempos eram outros, ainda puderam fugir da guerra em grandes navios, carregando baús com seus pertences e até mesmo materiais de construção para as novas casas. Trouxeram suas relíquias e sua cultura, mas sempre com medo. Aqui chegados, nem podiam falar em alemão, porque eram perseguidos. Mas construíram uma rica história e aqui estamos nós, brasileiros, com as raças europeias fluindo no sangue.

Sempre lembro-me do fantástico fotógrafo Sebastião Salgado, quando ouço notícias sobre movimentos migratórios. Na década de 90, ele registrou o fenômeno global de desalojamento em massa de pessoas, no trabalho que chamou de “Êxodos” e “Retratos de Crianças do Êxodo”, publicados em 2000 e aclamados internacionalmente. Com sua sensibilidade e rara dedicação, criou as imagens que mostraram o significado mais amplo do que ocorre nas migrações. “Pessoas fogem das guerras para escapar da morte, migram para melhorar sua sorte, constroem novas vidas em terras estrangeiras, adaptam-se a situações extremas…”, declarava o fotógrafo. “Mais do que nunca, sinto que a raça humana é somente uma. Há diferenças de cores, línguas, culturas e oportunidades, mas os sentimentos e reações das pessoas são semelhantes”, escreveu, na introdução à obra.

Diante das notícias das migrações na atualidade, especialmente do povo sírio buscando melhor sorte na Europa, permito-me voltar a sonhar com meu mundo ideal. Algo que amenize a dor de ver estes seres à deriva, sem dignidade, vítimas de tamanha crueldade e injustiças. Nos meus sonhos, a Terra não tem fronteiras, os lugares não têm donos e todos compartilham o que têm, há um equilíbrio social, baseado unicamente na condição humana. Somos uma mesma raça, a humana, na mesma casa, o planeta. Temos os mesmos sonhos, necessidades, desejos e sentimentos. Um dia, nos meus sonhos, todos encontrarão seu lugar, sem precisar desses tortuosos e mortais caminhos para, então, florescer.

Depois a gente se fala

Depois a gente se fala

Se eu soubesse que não nos falaríamos mais teria me despedido com mais presença. Sairia por completo daquele velho automatismo. Enxergar-te-ia por inteiro. Daria aquele abraço curativo, bem no estilo da guru Amma. Agora só restam lembranças.

Se eu soubesse que você já tinha se decidido pela partida antes de nos conhecermos, teria feito tudo a meu alcance para dissuadi-lo. Teria buscado ajuda. Mesmo sem seu consentimento. Eu não sabia o quanto você estava sofrendo. Na última vez que nos vimos você estava cheio de planos para o futuro. Eu vi esperança em seus olhos. Será que eu me enganei?

A chegada da primavera fez desabrochar mais do que flores em nossa paisagem. Ressurgiu aquele sentimento suprimido há anos, desde que você se foi. Como transmutar a dor de uma perda brutal? Quem pode pressentir o inimaginável?

O suicídio em nossa sociedade ainda é um mistério. Durante o mês de setembro, campanhas públicas e privadas ressaltam a importância de se falar sobre o tema. Alguns informativos versam sobre a importância de identificar os sinais de uma possível tendência suicida em alguém próximo. Outros tratam de listar grupos de ajuda para os familiares e amigos, uma vez que eles são as principais vítimas dessa crescente epidemia social.

Pensemos, por um momento, no suicídio como uma espécie de explosão atômica. Quanto mais próximos do suicida, mais atingidos seremos pelos seus efeitos nefastos. É uma experiência que não passa sem deixar feridas profundas naqueles que ficam.

O que pode ser dito que contribua para que todas as vítimas (inclusive o autor) sejam vistas por nossa sociedade com mais compaixão? Quem passou pela experiência de perder alguém próximo que cometeu suicídio, sabe que o pacto de silêncio será seu novo companheiro. Sempre que a história for mencionada, será por meio de sussurros. Num canto da sala. Por que não podemos falar abertamente sobre aquele parente, amigo, companheiro ou até mesmo colega de trabalho, que tirou a própria vida?

Que fique claro que não se trata de exposição indevida da intimidade das vítimas. A compaixão permite que o suicídio seja entendido como parte de todos nós. Não se trataria mais de um problema do outro. Implicaria em abrir mão de nosso ideal de sociedade com pessoas bem ajustadas e saudáveis. Émile Durkheim, no campo da sociologia, relacionou o suicídio a fatores produzidos pela própria sociedade, em cada época. Ora se os gatilhos são criados por nós mesmos, por que não conseguimos desarmá-los? Qual a razão para se cometer esse ato tão difícil de ser digerido?

O importante não é somente descobrir os motivos que levam alguém a tomar essa decisão final e sim como gerar uma cultura que trate aos seus semelhantes com mais amorosidade. De como uma escuta atenciosa ou nossa simples presença pode contribuir para mudar uma vida.

Osho, em seu livro chamado “Why is love so painful“, descreve um tipo de suicídio que se processa aos poucos no indivíduo. O suicídio lento. É pesaroso imaginar que a pessoa já estava morrendo antes de cometer o suicídio. Osho entende que a coragem de cada um para embarcar na aventura chamada amor seria a solução. Amor em seu sentido amplo.

Que não precisemos nos falar depois. Que possamos falar agora o que está guardado em nossos corações. Que não causemos mais feridas a nós e aos outros com nosso silêncio. Que todos os seres possam ser tratados com compaixão e assim se verem livres do sofrimento.

***

Qual a sua o pinião sobre o suicídio? veja o que as pessoas disseram no Yahoo respostas.

Brasil prorroga regra que facilita concessão de visto a refugiados sírios

Brasil prorroga regra que facilita concessão de visto a refugiados sírios

Diante do agravamento da crise humanitária na Síria, o governo brasileiro decidiu prorrogar a medida que flexibiliza o ingresso de refugiados daquele país no Brasil, segundo apurou a BBC Brasil.

A regra facilita a concessão de visto. Uma vez em território nacional, eles podem dar entrada no pedido de refúgio.

A prorrogação da medida, por mais dois anos (até 2017), foi decidida após reunião do colegiado do Conare (Comitê Nacional para os Refugiados), órgão ligado ao Ministério da Justiça, ocorrida nesta segunda-feira (21) em Brasília.

Em vigor há aproximadamente dois anos, a regra expiraria no próximo dia 24 de setembro.

“Diante do agravamento do conflito, o governo federal optou pela prorrogação e continuidade de uma importante medida humanitária que vinha adotando nos últimos anos”, afirmou à BBC Brasil o secretário nacional de Justiça, Beto Vasconcelos.

“Trata-se de um passo importante para o reconhecimento dos refugiados sírios que chegam a nosso país”, acrescentou ele.

‘Razões humanitárias’
Em 2013, dois anos após o início do conflito na Síria, o Conare autorizou a concessão de visto a essa população por “razões humanitárias”.

Até então, eles deveriam atender os mesmos pré-requisitos exigidos dos demais estrangeiros, como comprovação de emprego fixo e condições financeiras para permanecer no Brasil.

Desde que a medida entrou em vigor, foram concedidos cerca de 7.000 vistos a refugiados sírios, segundo o Ministério das Relações Exteriores.

Desses, segundo dados do Conare, 2.077 receberam refúgio do governo brasileiro de 2011 até agosto deste ano, ou cerca de um quarto do total de refugiados no país (8.400). Trata-se da nacionalidade com mais refugiados reconhecidos, à frente da angolana e da congolesa.

O número é superior ao dos Estados Unidos (1.243) e ao de países do sul da Europa que recebem grandes levas de refugiados –não apenas sírios, mas também de todo o Oriente Médio e da África– que atravessam o Mar Mediterrâneo em busca de asilo, como Grécia (1.275), Espanha (1.335), Itália (1.005) e Portugal (15). Os dados da Eurostat, a agência de estatísticas da União Europeia, referem-se ao total de sírios que receberam refúgio, e não aos que o solicitaram.

A emissão do documento está concentrada principalmente nas embaixadas brasileiras em Beirute (Líbano), Amã (Jordânia) e Istambul (Turquia). A representação diplomática em Damasco (Síria) foi fechada em 2012 por motivos de segurança.

“A medida é importante pois facilita a concessão de vistos a quem mais precisa. Muitas pessoas chegam aqui só com a roupa do corpo, pois abandonaram suas casas às pressas”, afirmou à BBC Brasil um diplomata brasileiro que atua no Oriente Médio e pediu para não ser identificado.

Segundo ele, apenas na embaixada onde trabalha, o número de vistos concedidos por mês a cidadãos sírios é hoje quatro vezes maior do que antes da crise, em 2011.

Naquele ano, grupos rebeldes iniciaram protestos contra o governo do presidente Bashar al-Assad, e os confrontos com suas tropas (e agora também com o grupo autodenominado “Estado Islâmico”) se arrastam até hoje.

A regra que facilita a concessão de vistos para refugiados sírios fez com que o Brasil se tornasse uma opção à tradicional rota de fuga dessa população, que, em sua maioria, ruma à Europa.

Parceria
Com a prorrogação da regra, o Brasil espera poder conceder refúgio a mais sírios, afirmou Vasconcelos. Ele, no entanto, não soube precisar quantos refugiados o país deve receber.

“Por ora, nosso objetivo é manter o mesmo patamar que mantivemos até agora. Estamos implementando novas iniciativas. E à medida que elas se consolidem, vamos implementar alterações no volume de emissão”, disse ele.

Entre elas está uma parceria inédita com o Acnur, o braço da ONU para refugiados. Segundo Vasconcelos, a agência vai atuar em conjunto com as representações diplomáticas do Brasil nos países vizinhos à Síria para ajudar na identificação e documentação de mais refugiados, especialmente de “casos mais sensíveis”, além de agilizar a emissão de vistos.

“A partir dessa parceria, esperamos garantir uma maior eficiência dessa política humanitária. Aproveitaremos a expertise incomparável do Acnur nessa área para que mais pessoas possam ser beneficiadas”, afirmou.

Segundo Vasconcelos, o governo brasileiro já iniciou conversas com a sede da agência em Genebra, na Suíça, para concretizar a colaboração.

Além disso, acrescentou ele, o Conare fará, nos próximos dias, reuniões com Estados e municípios e entidades da sociedade civil para avaliar “outros mecanismos de melhoria nas políticas de acolhimento e assistência” a refugiados sírios.

“Esperamos que ao melhor identificar, processar e preparar o ambiente de recepção, possamos avaliar iniciativas distintas das que já tomamos até agora”, afirmou.

Por Luis Barrucho

Fonte indicada: Uol Notícias

Só tem valor aquilo que pesa

Só tem valor aquilo que pesa

“Quanto mais pesado o fardo, mais próxima da terra está a nossa vida, e mais ela é real e verdadeira. Por outro lado, a ausência total de fardo faz com que o ser humano se torne mais leve do que o ar, com que ele voe, se distancie da terra, do ser terrestre, faz com que ele se torne semi-real, que seus movimentos sejam tão livres quanto insignificantes. Então, o que escolher? O peso ou a leveza?”

Ontem assisti o novo filme do Woody Allen, em minha opinião não é um de seus melhores trabalhos, mas não dá para fazer pouco caso de um gênio como Woody Allen. Para não estragar a experiência de ninguém, não contarei sobre o filme, mas uma passagem que me marcou é a comparação que o personagem faz dos contrastes entre analises filosóficas e vida real. A verdade é que podemos filosofar e analisar e racionalizar sobre todo e qualquer tema, acredite sou boa nisso, mas de maneira bem simplificada, o fato é que na prática a teoria é outra e as analises não passam de uma grande verborragia. Inclusive essa aqui. Em uma passagem o personagem principal cita grandes filósofos como Schopenhauer e Nietzsche, trazendo um certo pessimismo em suas análises e abordagens sobre o sentido da vida.

A complexidade do viver e dos conceitos morais não é assunto novo nem pouco abordado, os próprios Schopenhauer e Nietzsche passaram longos períodos analisando esses temas e se destacaram como pensadores também por isso. Assim como Woody Allen, outro gênio, Milan Kundera também inicia um de seus maiores romances citando Nietzsche. “A insustentável leveza do ser” é um romance complexo e denso, ao mesmo tempo que leve, abordando com genialidade a existência humana e a impossibilidade de plenitude a partir dos valores que a regem.

O livro nos apresenta quatro personagens, todos perdidos diante da contradição entre valores que alguns consideram anacrônicos, de cujos pesos, querem ver-se livres, e os valores que criam para si mesmos a fim de darem sustentação aos seus seres. Pois uma vida que se pretende mais leve pode ser tão opressora à existência quanto uma em que são incontáveis os fardos. Kundera era gênio e sábio, ele sabia que grandes experiências, de fato, tornam a vida pesada.

A verdade é que a vida real é bagunçada, complicada, densa. Sim, life is messy. Existe de um lado tudo que é considerado moral e que nossa mente tenta racionalmente entender e processar; e do outro lado existem os sentimentos, as incontroláveis emoções que fazem a gente perder o ar e a vida valer a pena, ao mesmo tempo que complicam tudo aquilo que nossa mente racional tenta (em vão) manter organizado, limpo, descomplicado, leve.

Na vida, principalmente na vida adulta, a vida real é bem diferente daquilo que planejamos, que sonhamos, que desejamos, porque nós somos complicados. Então, com o passar dos anos, os problemas vão ficando mais densos, as raízes mais profundas. O fundo do poço torna-se cada mais mais fundo. E o buraco é sempre mais embaixo. E por mais que tentemos viver a vida com leveza, tem certas coisas que merecem seu devido peso e importância

Tenho pensado muito nisso, porque em dezembro do ano passado fiz uma lista de tudo que precisava fazer para deixar minha vida mais leve e desde então, nove meses depois, ainda estou tentando aliviar a carga e fechar ciclos e não posso dizer que fui bem sucedida nesse quesito. Nem eu mesma fazia ideia do quanto estava enterrada, afundada, afogada em situações complicadas. Life is messy.

E se eu fosse a única pessoa a vivenciar isso já estaria de bom tamanho, mas para todos os lugares que olho, vejo pessoas que iguais a mim, também estão afogadas, emaranhadas, tentando sair da areia movediça enquanto nela se afundam ainda mais.

Eu tenho essa terrível mania de racionalizar sobre tudo e ter a (falsa) impressão que tenho comando total da minha vida e de minhas escolhas. Com certeza sou responsável por minhas escolhas, mas aprendi tarde que a vida não é (e não deve ser) tão “preto no branco” como eu teimo em acreditar. Porque o “preto no branco” é muito leve, não dá espaço para o peso do colorido.

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Meu pai dizia que eu tinha uma ingenuidade que ele não compreendia, uma maneira de enxergar o mundo melhor do que é, de encontrar poesia nas amarguras; um ar sonhador que me fazia sempre equivocar-me ao medir a altura do tombo, ou simplesmente esquecer de medi-la. Uma inocência imatura que não parece ter acompanhando os meus anos de vida. Eu sei que ele temia por mim, que ele no fundo sabia que isso ainda me partiria muitas vezes o coração até que eu aprendendesse a criar uma casquinha que me protegesse dos “tapas na cara” que a vida me daria. Mas o que ele não sabia é que eu não queria criar essa casquinha e que tem tombos que quero levar, tem pesos que quero carregar.

Life is heavy. Viver  é pesado. A vida não é um mar de rosas para ninguém, a vida é complicada, bagunçada, complexa nas mais inconcebiveis proporções. As pessoas têm processos diferentes e muitas vezes esqueço disso, elas não vêm prontas porque somos todos seres inacabados, imperfeitos. E carregamos bagagens grandes, com cargas pesadas. Pois, assim como escreveu Kundera, não existe leveza, onde há profundidade de alma, de sentimentos, de experiências. Somos todos complicados, complicando tudo, travando nossas próprias batalhas, sonhando com oportunidades melhores enquanto o peso de nossas escolhas nos afunda ainda mais na areia movediça.

O que nos resta é saber o que podemos absorver de tudo isso e o que vai ficar de fora. Podemos aprender a traçar linhas, criar barreiras, delimitar fronteiras. Mas, é preciso ter em mente que se queremos experiências significativas, às vezes ,precisamos cruzar essas linhas, derrubar barreiras, construir pontes no lugar de muros. Resta saber qual é o limite do emaranhado, para quem jogamos a bóia, quem a jogará por nós. Qual areia queremos nos atolar e quando é hora de seguir em frente. Qual é a força de cada nó, quando devemos desatá-lo e quando devemos apertá-lo. E mais importante, quando devemos criar laços no lugar de nós. Nós. Encontros são feitos de nós. E encontros são pontos de chegada ou são pontos de partida. Resta agora tentar saber quando essa partida é o início da caminhada ou quando a partida é, de fato, partir.

“Tudo na vida tem a ver com as linhas que delimitamos. Não é aconselhável criar muita intimidade com os outros. Fazer amigos, fazer amantes. Precisamos de fronteiras, entre nós e o resto do mundo, porque os outros são muito complicados. E tudo tem a ver com as linhas. Limites. Fronteiras. Barreiras. Podemos passar a vida desenhando essas linhas e torcendo para que ninguém as cruze ou, em alguns momentos, podemos escolher cruzá-las. É preciso decidir. Mas, saiba que muitas vezes as fronteiras não deixam os outros para fora, elas nos engaiolam dentro. A vida é complicada. Nós somos complicados. É assim que somos feitos. Cheios de desejos, sentimentos e emoções. Então podemos escolher passar toda uma vida delimitando fronteiras, desenhando linhas, ou, podemos escolher viver a vida cruzando essas fronteiras, apagando linhas. Mesmo sabendo que algumas dessas fronteiras são muito perigosas para serem cruzadas. Mas isso é o que eu sei: se vez ou outra você optar por jogar no vento toda essa cautela e dar uma chance ao complicado, a vista do outro lado pode ser espetacular.”

Adaptado de Grey’s Anatomy S. 01 E. 02 – The first cut is the deepest

Seu filho pode ser autista

Seu filho pode ser autista

Ouvir de uma pedagoga experiente a frase “seu filho pode ser autista” é uma experiência muito difícil de assimilar e mais ainda de escrever.

Já tentei começar este artigo várias vezes, mas confesso que ainda não consegui encontrar as palavras corretas para expressar como me senti naquele momento…

Na realidade, acho que foi uma mistura de sentimentos. Como se alguém tivesse colocado dentro de um liquidificador o medo, a ansiedade, o desconhecido e a negação e eu estivesse tentando digerir isso tudo.

Dentro da minha ignorância sobre o assunto, a imagem mental que eu fazia de uma criança com autismo era a de uma pessoa totalmente apática, isolada dos demais, num eterno balançar para frente e para trás. E, definitivamente, meu filho não era nada disso!

Eu já tinha observado como ele era diferente dos irmãos (muito mais quietinho), e estava realmente preocupada por ele ainda não falar (apesar de já estar com 2 anos e meio). Mas autismo era, naquele momento, para mim uma palavra muito forte.

Passado o choque inicial, eu precisava de ajuda. Marquei uma consulta com uma neuropediatra e, como consegui horário somente para depois de 30 dias, passei a pesquisar muito sobre o assunto.

Quando o dia da consulta finalmente chegou, eu esperava sair do consultório com apenas uma resposta: é ou não é autista. Mas descobri que essa avaliação é muito mais complexa do que eu supunha e envolve o trabalho de vários profissionais, como fonoaudiólogos, psicólogos e terapeutas ocupacionais. Nossa jornada estava apenas começando…

Apesar do transtorno do espectro autista apresentar uma variedade muito grande de manifestações, que vão do nível mais grave até o mais leve, existe um conjunto de características que podem ser observadas em todos os casos.

A primeira é a dificuldade de socialização, a segunda é a dificuldade de comunicação (verbal e não verbal) e a terceira pode ser caracterizada como uma série de comportamentos inadequados.

Veja a seguir uma lista de alguns comportamentos comuns relacionados a essas 3 características:

Dificuldades de socialização

Fazem pouco ou nenhum contato visual.
Não apontam objetos de seu interesse.
Não trazem um objeto de seu interesse para mostrar para os pais ou cuidadores.
Não fazem questão de participar de brincadeiras em grupo.
Se interessam mais por objetos e animais do que por pessoas.
Podem dar risadas e até mesmo gargalhadas sem motivo aparente ou totalmente fora de contexto na tentativa de interagir com os demais.
Podem usar as outras pessoas como “ferramentas” para atingir um determinado objetivo. Por exemplo, usar a mão da mãe para pegar um brinquedo.

Dificuldades de comunicação

Atraso na fala ou início da fala muito anterior ao esperado e com uso de linguagem rebuscada e imprópria para a idade.
Decoram trechos de programas de TV ou livros e repetem esses trechos em situações totalmente fora de contexto, ou repetem coisas que acabaram de ouvir (isso é chamado de ecolalia).
Não conseguem brincar de faz de conta (de casinha, escolinha) porque têm dificuldade de imaginar o papel a ser representado.
Dificuldade de compreender figuras de linguagem ou ironias. Levam tudo ao “pé da letra”.
Crianças e adultos com autismo não têm muita capacidade de mentir, fingir ou dizer coisas que não representem a verdade. Em geral, são extremamente sinceras em qualquer situação.
Algumas usam música para se comunicar.
Gritam frequentemente.
Comportamentos inapropriados

Têm interesses muito restritos.
São apegados à rotina.
Apresentam movimentos estereotipados, como agitar os braços, andar em círculos, bater palmas ou balançar para frente e para trás.
Geralmente não gostam de contato físico, em alguns casos até a roupa incomoda (hipersensibilidade).
Andar na ponta dos pés quando estão eufóricas ou ansiosas.
Medo de mudanças.
Autoagressão como morder-se ou bater a própria cabeça na parede, sem reclamar de dor.
Gostam de brincadeiras de movimento repetitivo como balançar ou girar.
Em geral, gostam muito de brincar com água.
Aversão a barulhos e gritos.
Têm insônia, sono agitado ou trocam o dia pela noite.
Apresentam uma atração especial pela música.
Podem tolerar dor, fome ou frio sem reclamar.
Período de atenção bem curto. Mas podem ficar horas em uma determinada atividade de seu interesse.
Leia: Sinais de autismo que você deve estar ciente
É importante saber que para que uma criança seja diagnosticada dentro do espectro autista não é necessário que apresente todos os comportamentos citados.

O diagnóstico e a intervenção precoce com terapias indicadas por um profissional qualificado permitem que essas crianças tenham muito mais condições de se desenvolver para uma vida autônoma. O ideal é que o diagnóstico seja feito antes dos 3 anos de idade.

Se você identificou traços de autismo em seu filho, não perca tempo!

Procure se informar bastante e anote todas as suas dúvidas para conversar com os profissionais que forem trabalhar com o seu filho.

Se você desejar se aprofundar mais no assunto, recomendo fortemente a leitura do livro “Mundo Singular”, da psicóloga Ana Beatriz Barbosa Silva, e o documentário francês “O Cérebro de Hugo”. Ambos contêm informações valiosas e diversos casos práticos que serão muito úteis em sua jornada.

Por Marilia de Andrade Conde Aguilar
Fonte indicada: Família.com

Conheça o grupo Autistas no Brasil

Como a internet das coisas vai atropelar o capitalismo

Como a internet das coisas vai atropelar o capitalismo

Nos últimos 300 anos, o mundo passou por duas revoluções industriais: a primeira liderada pela Inglaterra no fim do século XVIII, e a segunda, pelos Estados Unidos, algumas décadas depois. O pioneirismo transformou esses paí­ses em potências mundiais.

De acordo com o pensamento do economista norte-americano Jeremy Rifkin, foi dada a largada para uma nova corrida industrial entre as nações, e desta vez a Alemanha saiu na frente. Guru de executivos e chefes de estado, como a alemã Angela Merkel, Rifkin explica em seu último livro, The Zero Marginal Cost Society: The Internet of Things, the Collaborative Commons, and the Eclipse of Capitalism (A sociedade do custo marginal zero: a internet das coisas, os bens comuns colaborativos e o eclipse do capitalismo), como a internet das coisas está dando origem à economia do compartilhamento, que deverá superar o capitalismo até a metade do século.

P: O senhor diz que o capitalismo vai ser colocado em segundo plano pela economia colaborativa. Muita gente se assusta com a ideia de um mundo onde o capitalismo não é o único caminho?
Sim, mas talvez o mesmo tanto de pessoas ache essa possibilidade intrigante e mesmo esperançosa. O capitalismo está dando à luz uma espécie de filho, que é a economia do compartilhamento e dos bens comuns colaborativos. Ela é o primeiro sistema econômico a emergir do capitalismo desde o socialismo no século XX. Nós viveremos em um sistema econômico híbrido, composto pela economia de troca no mercado capitalista, e pela economia do compartilhamento.

P: O senhor considera o capitalismo obsoleto para as necessidades atuais?
De tempos em tempos, novas revoluções tecnológicas emergem para gerenciar mais eficientemente a atividade econômica. Creio que agora estejamos em um longo e perigoso “fim de jogo”, um pôr do sol da segunda revolução industrial. Em 1905, 3% da energia era utilizada na cadeia de produção e 97% era perdida. Em 1980 tivemos um pico de 18% de eficiência, e parou nisso. Estamos empacados. O que está acontecendo agora é que estamos no curso de uma terceira revolução industrial. A internet das coisas vai conectar campos de agricultura, linhas de produção de fábricas, lojas de varejo e armazéns, veículos autônomos e casas inteligentes. É uma transição épica, que pode conectar a raça humana inteira em tempo real e nos mover para uma produtividade extrema, com custo marginal baixo ou mesmo zero em todos os setores da economia.

P: O senhor acha que os Estados Unidos continuarão sendo a maior potência nesse novo sistema?
Os líderes agora são a Alemanha e a China. Os chineses entenderam que os britânicos lideraram a primeira revolução, e os norte-americanos, a segunda, e que essa era a chance deles.

P: O senhor sugere que essa transição de paradigma do capitalismo para os bens comuns colaborativos vai ocorrer de maneira suave, e não como as grandes revoluções políticas que já acompanhamos. Não existem pessoas e instituições interessadas em estancar esse processo de mudança?
Há interesses poderosos, governos e indústrias querem ter voz, mas o que realmente me preocupa são as companhias de internet. Eu adoro o Google, uso todos os dias, mas ele já assume a forma de um monopólio global. O mesmo acontece com o Facebook. A pergunta é: o que fazer? No século XX, mantivemos no mercado privado companhias de eletricidade, telefônicas, gasodutos, coisas de que todos precisavam – mas regulamos suas atividades por meio do governo. Seria ingênuo acreditar que essas empresas privadas tão grandes e importantes, que estabeleceram bens de que gostamos e que queremos, não serão reguladas por alguma forma de autoridade global.

P: No livro, o senhor concebe essa nova sociedade como uma “civilização empática global”. Por quê?
O que está acontecendo é uma mudança fundamental na forma como as gerações mais novas pensam. Não se trata apenas de os jovens estarem produzindo e compartilhando seu próprio entretenimento, notícias e informações, eles também estão começando a compartilhar todo o resto – carros, roupas, apartamentos. A internet permite que eles eliminem os agentes intermediários e criem uma cultura do compartilhamento. As gerações mais novas não querem ter um carro, isso é coisa do vovô. Os millenials das gerações mais novas querem acesso, e não posse. Eles estão realmente começando a ver a si próprios como parte de uma grande família humana, e as outras criaturas em certa medida também como parte dessa mesma família.

DICIONÁRIO RIFKIN
Entenda alguns dos conceitos mais usados pelo economista:
TERCEIRA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL: processo desencadea­do pela internet das coisas, liderado pela Alemanha e pela China. Deve promover níveis de produtividade e eficiência energética sem precedentes, reduzindo os custos de bens e serviços e consolidando a economia do compartilhamento e dos bens comuns colaborativos.

CUSTO MARGINAL: conceito econômico que se refere à variação no custo total de produção quando se aumenta a quantidade produzida de bens. O custo marginal zero representa uma situa­ção ideal de produtividade, na qual se pode fabricar mais objetos sem pagar mais por isso, reduzindo drasticamente o valor final do produto, que pode até ser compartilhado gratuitamente.

CIVILIZAÇÃO EMPÁTICA: termo criado para se referir à nova civilização que Rifkin acredita que deverá surgir a partir do processo de transição pelo qual estamos passando. Trata-se de uma mentalidade não mais adaptada ao capitalismo, mas à economia do compartilhamento. É uma visão que concebe a humanidade como uma única família e o planeta ou a biosfera como a comunidade que se compartilha.

Por ANDRÉ JORGE DE OLIVEIRA

Fonte indicada: Revista Galileu

11 livros que vão mudar seu ponto de vista sobre doenças mentais

11 livros que vão mudar seu ponto de vista sobre doenças mentais

Por Caio Delcolli

Pat Peoples está sozinho e quer voltar para sua esposa. Pat Peoples pratica exercícios físicos todo dia. Pat Peoples ama sua família e quer ser bom para ela.

Você se identificou com ele?

Pat Peoples acaba de sair de um hospital psiquiátrico, está obcecado por exercícios físicos e não se lembra de como ou por que foi parar no hospital. Tudo o que o jovem professor tem em mente são flashes dos eventos que antecederam sua internação e foco em sua recuperação, a fim de reatar o casamento.

Ele é o protagonista do livro O Lado Bom da Vida, de Matthew Quick (Intrínseca, 2013). A tocante e cômica história de Pat poderia ser a sua, mas é semelhante a de muita gente que tem doenças e transtornos mentais.

Tratamentos, melhorias e pioras, dificuldades diárias e superação do passado são alguns dos temas do romance. É o dia a dia de pessoas que têm objetivos, questões, relacionamentos e obstáculos como qualquer um.

Outros livros, de ficção e não ficção – alguns são verdadeiros clássicos –, desempenham um bom papel para combater o preconceito com doenças e transtornos mentais, além de serem leituras informativas, envolventes ou até mesmo divertidas.

Você pode conhecer alguns destes títulos abaixo:

1- ‘O Demônio do Meio-dia: uma Anatomia da Depressão’, de Andrew Solomon

Considerado um dos mais importantes livros sobre depressão, O Demônio do Meio-dia, do jornalista Andrew Solomon, traz relatos da experiência do próprio autor com a doença e uma profunda pesquisa sobre o tema. Mitos, tratamentos e depoimentos de diversas pessoas que têm depressão são abrangidas por esta grande e cultuada obra, ganhadora do National Book Award e finalista do Pulitzer. Você pode ter uma amostra do trabalho de Solomon e sua experiência com a doença pela elucidativa (e famosa) palestra dele no Ted.

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2- ‘O Lado Bom da Vida‘, de Matthew Quick

O divertido romance de Matthew Quick, que deu origem ao filme homônimo de 2012, conta a história de Pat, um jovem professor que acaba de deixar um hospital psiquiátrico. Ele não se lembra o motivo pelo qual foi parar lá, só sabe que precisa reatar o casamento com sua esposa e reorganizar a vida e a mente. Determinado, seu caminho cruza com o de Tiffany, deprimida e instável após a morte do marido. Ambos decidem se ajudar e ela convence o teimoso Pat a participar de um concurso de dança de salão para ter disciplina. O Lado Bom da Vida consegue transmitir com bom humor e momentos tocantes o dia a dia repleto de dificuldades de quem quer seguir em frente em meio a depressão, ansiedade, obsessões e bruscas oscilações de humor.

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3-Sua Voz Dentro de Mim‘, de Emma Forrest

Neste livro de memórias, a jornalista inglesa Emma Forrest relata com crueza sua experiência com depressão, transtornos alimentares, comportamentos autodestrutivos e até uma tentativa de suicídio. O término de um intenso namoro e a inesperada morte de seu psiquiatra pressionam Emma a ter forças para enfrentar sozinha seus problemas. Sua Voz Dentro de Mim propõe ao leitor uma reflexão sobre o relacionamento que ele tem consigo próprio.

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4- ”Meus Tempos de Ansiedade‘, de Scott Stossel’, de Scott Stossel

Neste livro, parte memória e parte reportagem, o jornalista norte-americano Scott Stossel se abre com coragem para contar seus episódios mais agudos de ansiedade e oferecer uma pesquisa profunda e consistente sobre o tema. “Enfrentar e compreender a ansiedade é enfrentar e compreender a condição humana”, disse o autor.

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5- ‘A Redoma de Vidro‘, de Sylvia Plath

Este clássico da literatura norte-americana, lançado originalmente em 1963, é considerado um dos principais livros sobre depressão já escritos. Sob o pseudônimo “Victoria Lucas”, Sylvia Plath, mais conhecida pela poesia, escreveu seu primeiro e único romance. Autobiográfico, ele narra a trajetória de Esther Greenwood, jovem escritora que entra em depressão ao não conseguir se adaptar à nova vida como jornalista em Nova York. Plath cometeu suicídio aos 30 anos, um mês após a publicação do livro no Reino Unido. A Redoma de Vidro se tornou um ícone pop e de estudos feministas e literários.

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6- ‘Afluentes do Rio Silencioso‘, de John Wray

Aos 16 anos, William Heller decide fugir do hospital psiquiátrico em que está internado e se aventurar pelos labirintos subterrâneos do metrô de Nova York. A mãe do adolescente esquizofrênico, superprotetora, contrata um policial para encontrar William. Estar no subsolo da metrópole serve como metáfora (elogiada pela crítica) para o retrato da mente não medicada do protagonista. Afluentes é narrado do ponto de vista de William. John Wray é considerado um dos jovens talentos promissores da literatura norte-americana contemporânea.

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7- ‘O Homem que Confundiu Sua Mulher com um Chapéu’, de Oliver Sacks

Em um de seus livros mais famosos, o neurologista britânico Oliver Sacks narra com texto acessível para leigos casos de pacientes que têm deficiências cerebrais, como P., professor de música que confunde sua própria esposa com um chapéu.

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8- ‘Mrs. Dalloway‘, de Virginia Woolf

Inglaterra, década de 1920. A dona de casa da alta sociedade londrina Clarissa Dalloway está ansiosa. Escolhas que ela fez décadas atrás estão sob avaliação e amigos de uma vida inteira aparecerão naquela noite para uma festa que ela prepara. Paralelamente, Septimus, um veterano da I Guerra Mundial, sofre de stress pós-traumático e tem alucinações. Com sensibilidade, a escritora inglesa Virginia Woolf narra um dia na vida da Sra. Dalloway e dos coadjuvantes. Todos em crises repletas de nuances psicológicas, eles vivem momentos decisivos em suas vidas. O personagem Septimus carrega uma crítica aos métodos médicos para tratamentos de doenças mentais daquela época. Mrs. Dalloway é considerada uma das principais obras da escritora. Woolf cometeu suicídio afogando-se num rio aos 59 anos. Questionadora de padrões sociais, ela entrou para a história como ícone literário, feminista e LGBT, além de ela própria ter sofrido intensamente com bipolaridade e episódios de profunda depressão.

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9- ‘O Apanhador no Campo de Centeio‘, de J.D. Salinger

A angústia, rebeldia e melancolia do adolescente Holden Caulfield estão evidentes em seu ponto de vista, adotado pelo autor J.D. Salinger para o protagonista narrar alguns dias de sua vida. Indignado com a hipocrisia em comportamentos humanos e com os efeitos destrutivos da II Guerra Mundial, o sensível Holden dá diversos sinais de que está deprimido e se sente deslocado. Suicídio, saudades e frustrações passam pelos devaneios do protagonista, que dá indícios de se internar em uma clínica psiquiátrica no fim do livro. Clássico imortal da literatura norte-americana, O Apanhador no Campo de Centeio, lançado em 1951, retrata como a sociedade caótica e problemática afeta mentes sensíveis, seja causando depressão e ansiedade, ou apenas contribuindo para a construção de uma visão de mundo.

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10- ‘As Horas’, de Michael Cunningham

Em 1923, a aclamada escritora inglesa Virginia Woolf escreve Mrs. Dalloway, um de seus principais romances. Em 1949, a dona de casa Sra. Brown, deprimida e infeliz, lê o livro de Woolf e se sente motivada a fazer mudanças em sua vida. Em 2001, Clarissa planeja uma festa para um ex-namorado, que está morrendo de complicações causadas pelo vírus da aids. Ela vive, basicamente, o imortal romance escrito por Woolf na década de 1920. Desafiando tempos narrativos, misturando ficção e não ficção, o autor Michael Cunningham escreveu um livro que expõe com humanidade a relação de seus personagens com transtornos como depressão e ansiedade, além da presença do suicídio em suas vidas – tudo condensado em apenas um (porém, decisivo) dia na vida das três protagonistas. As Horas ganhou o Pulitzer e uma igualmente cultuada adaptação para cinema em 2002.

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11- ‘O Homem que Não Conseguia Parar‘, de David Adam

O jornalista David Adam, editor da revista Nature, aborda o transtorno obsessivo-compulsivo (TOC) pelo questionamento: preconceitos são desconstruídos, e o entendimento da doença é o que ele busca. O autor já teve o transtorno e demorou para ir em busca de tratamento. O Homem que Não Conseguia Parar traz histórias emocionantes e engraçadas de pessoas que têm TOC, além de ter um texto acessível para leigos.

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Fonte indicada: Brasil Post

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