Se você quer um título universitário para compensar um complexo de inferioridade, abra mão do complexo

Se você quer um título universitário para compensar um complexo de inferioridade, abra mão do complexo

REFLEXÕES SOBRE A ARTE DE VIVER” [TRECHO]
Por Joseph Campbell

Se você quer um título universitário para compensar um complexo de inferioridade, abra mão do complexo, pois ele é algo artificial.

Quando você cursa uma universidade, não faz aquilo que você quer fazer. Você descobre o que o professor quer que você faça para receber o diploma e faz isto. Se você quer o título para dar aulas, o ideal é fazer o curso da maneira mais rápida e fácil. Tendo recebido o diploma, aí você expande a sua educação.

Recebi uma bolsa de estudos na Europa, e fui cursar a Universidade de Paris. Estava dedicando-me ao francês e ao provençal medievais e à poesia dos trovadores. Quando cheguei à Europa, descobri a Arte Moderna: James Joyce, Picasso, Mondrian – toda aquela turma. Paris, em 1927-1928, era outra coisa. Depois, fui à Alemanha, comecei a estudar Sânscrito e me envolvi com o hinduismo. Depois Jung enquanto estudava na Alemanha. Tudo estava se abrindo – deste lado, daquele lado. Bem, a minha dúvida na época foi: “Devo voltar para aquela garrafa?” Meu interesse pelo romance celta se fora.

Fui à universidade e disse: “Olha, não quero voltar para aquela garrafa”. Tinha feito todas as matérias necessárias para o título; só precisava redigir a maldita tese. Não me deixavam ir para outro lugar e dar prosseguimento aos estudos, e por isto eu disse, vão para o inferno. Mudei-me para o campo e passei cinco anos lendo. Nunca tirei meu Ph.D. Aprendi a viver com absolutamente nada. Estava livre e não tinha responsabilidades. Foi maravilhoso.

É preciso coragem para fazer aquilo que você deseja.

Outras pessoas têm um monte de planos para você.

Ninguém quer que você faça o que você quer fazer.

Eles querem que você embarque na viagem deles, mas você pode fazer o que quiser.

Eu fiz isto. Fui para o mato e li durante cinco anos.

Foi entre 1929 e 1934, cinco anos. Fui para uma pequena cabana em Woodstock, Nova York, e mergulhei. Tudo que fazia era ler, ler, ler, e tomar notas. Foi na época da Grande Depressão. Eu não tinha dinheiro, mas havia uma importante distribuidora de livros em Nova York chamada Stechert – Hafner, e eu escrevia e pedia livros para eles – os livros de Frobenius eram caros – e eles me mandavam alguns exemplares, e eu não pagava. Era assim que as pessoas agiam durante a Depressão. Eles esperaram até eu conseguir um emprego, e então eu os paguei. Foi um gesto muito nobre. Fiquei realmente grato por eles.

Li Joyce, e Mann e Spengler. Spengler fala de Nietzsche. Vou a Nietzsche. Então, descubro que não se pode ler Nietzche sem ter lido Schopenhauer, e por isso vou a Schopenhauer. Descubro que não se pode ler Schopenhauer sem ter lido Kant. Então, vou a Kant.- bem, concordo, você pode começar daqui, mas é bem difícil. Depois Goethe.

Era excitante ver que Joyce estava na verdade, lidando com o mesmo material. Ele nunca menciona o nome de Schopenhauer, mas posso provar que esse foi uma figura importante na forma como Joyce construiu seu sistema.

Depois leio Jung e vejo que a estrutura de seu pensamento é basicamente a mesma de Spengler, e fico reunindo todo este material.

Não sei como passei esses cinco anos, mas estava convencido de que ainda sobreviveria a mais alguns. Lembro-me de uma ocasião em que tinha uma nota de um dólar na gaveta de uma cômoda, e eu sabia que enquanto ela estivesse ali, eu ainda contaria com meus recursos. Foi bárbaro. Eu não tinha responsabilidade, nenhuma. Era excitante – escrever meus comentários no diário, tentar descobrir o que eu queria. Ainda tenho tudo isto. Quando leio esse material hoje, não consigo acreditar. Na verdade, houve momentos em que quase pensei – quase pensei – “Caramba, gostaria que alguém me dissesse o que eu tenho de fazer”, algo assim Ser livre, implica tomar decisões, e cada decisão é uma decisão que altera o destino. É muito difícil encontrar alguma coisa no mundo exterior que se ajuste ao que o sistema dentro de você tanto anseia. Hoje, sinto que tive uma vida perfeita: aquilo de que precisava apareceu justamente quando eu precisava. Na época, eu precisava viver sem emprego durante cinco anos. Isso foi fundamental.

Como diz Schopenhauer, quando você analisa sua vida em retrospecto, tem a impressão de que seguiu um enredo, mas, no momento da ação, parece o caos: uma surpresa atrás da outra. Depois, mais tarde, você vê que foi perfeito. E tem uma teoria: se você estiver seguindo seu próprio caminho, as coisas virão até você. Como é seu próprio caminho, e ninguém o percorreu antes, não existe um precedente; logo, tudo que acontece é uma surpresa, e na hora certa.

Trecho do livro”Reflexões sobre a Arte de Viver” publicado pelo site Terra Mística e reproduzido pelo blog Dharmalog.

10 sinais de aviso da doença de Alzheimer e de demências em geral

10 sinais de aviso da doença de Alzheimer e de demências em geral

Por  Travis Jon Allison

Como é que você sabe se os seus pais idosos sofrem da doença de Alzheimer ou de outras demências? Se eles se esquecem onde colocam as chaves de casa ou se confundem os dias da semana? Isso não é suficiente, existem outros sinais de aviso que podem ser determinantes na descoberta da doença. Conheça 10 sinais de aviso da doença de Alzheimer e de demência e observe-os com a máxima atenção.

A demência e a doença de Alzheimer são desordens que afetam o correto funcionamento do cérebro e provocam uma deterioração lenta e progressiva de diversas funções do conhecimento. Os médicos são as únicas pessoas que conseguem diagnosticar estas perturbações, mas os cuidadores podem exercer um papel muito importante ao detetar os sinais de aviso principais. Dos mais importantes, destacam-se os 10 seguintes:

1. Esquecimento e perda de memória

Dos vários sintomas que a doença de Alzheimer apresenta, um dos mais comuns é a perda de memória. No entanto, se a pessoa idosa não se recordar onde colocou os seus sapatos, isso não quer dizer que sofra de Alzheimer ou de demência. Qualquer pessoa pode, por vezes, esquecer os detalhes de uma conversa, isso faz parte do processo natural de envelhecimento. Porém, o que não é normal, é esquecer-se de uma conversa inteira quando ela teve lugar há momentos atrás. A doença de Alzheimer e a demência são perturbações que afetam, em primeiro lugar, a memória de curto prazo, o que significa que a pessoa afetada se esquece de toda a informação recente que aprendeu. Por outro lado, também existe uma enorme dificuldade em fixar datas, aniversários ou outros eventos importantes. As pessoas afetadas estão constantemente a fazer as mesmas perguntas e, muitas vezes, esquecem por completo os rostos dos amigos e dos familiares mais próximos.

2. Falta de concentração e confusão

Ficar confuso sobre os tempos e os lugares é um sinal de demência e da doença de Alzheimer. Geralmente, as pessoas afetadas têm muitas dificuldades de concentração e demoram mais tempo a tomar medidas e decisões. Como consequência dessa situação, esquecem-se frequentemente do local onde se encontram e de como lá foram parar. Têm muitas dificuldades em perceber e distinguir um evento passado de um presente ou de um futuro, pois não conseguem ter a noção e a consciência do espaço e do tempo em que vivem.

3. Perder as coisas e trocar-lhes o lugar

Uma pessoa que sofre deste tipo de desordens pode colocar as coisas em locais incomuns. Por exemplo, pôr as chaves de casa fora do seu local habitual pode acontecer a qualquer um, mas colocá-las no interior do forno na cozinha pode ser um dos sintomas da doença de Alzheimer. Um paciente com demência ou Alzheimer pode perder um objeto e ser incapaz de refazer os passos dados para o tentar encontrar. Também é muito comum acusarem outras pessoas de roubo quando determinados objetos estão perdidos ou fora do seu local habitual.

4. Dificuldade em realizar tarefas familiares

Uma pessoa que sofre de demência ou da doença de Alzheimer tem muitas dificuldades na realização das tarefas mais básicas do dia-a-dia, como cuidar da sua higiene pessoal, saber que roupa vestir ou que alimentação seguir. As pessoas podem ter problemas em lembrar-se de como conduzir um automóvel, como cozinhar o seu prato favorito ou como jogar às cartas. Podem começar a confiar mais no cônjuge ou num membro da família para fazer as coisas por eles.

5. Problemas de fala e de linguagem

A repetição frequente de palavras, frases, perguntas ou atividades é uma característica da demência e da doença de Alzheimer. Uma pessoa que sofre destas perturbações tem muita dificuldade em se lembrar do nome correto das coisas e da maneira como elas são apelidadas. Por exemplo, é normal utilizarem expressões como “aquelas coisas de ver” quando se querem referir aos óculos ou “aquilo que dá música” quando falam do rádio.

6. A não resolução de exercícios simples de matemática

Quando as pessoas estão num estágio inicial de demência e da doença de Alzheimer podem ter muitas dificuldades em trabalhar com números e não conseguem resolver exercícios simples de matemática. Podem existir muitos problemas na realização de operações bancárias e no pagamento de contas e de prestações. Além da matemática, a doença de Alzheimer também pode agravar os problemas de visão de uma pessoa, nomeadamente a perceção de profundidade e de distância e a nitidez das cores.

7. Incapacidade de julgar corretamente

Uma pessoa que sofre de demência ou da doença de Alzheimer tem tendência a tomar decisões menos racionais. No entanto, isso não significa que uma pessoa que tenha seguido determinadas opções erradas sofra necessariamente destas perturbações. A incapacidade de julgar corretamente é visível quando alguém ponderado começa a decidir de uma forma mais impetuosa e radical. Por norma, as primeiras mudanças que ocorrem no julgamento de uma pessoa estão relacionadas com a má gestão das suas próprias finanças.

8. Mudanças de personalidade e de humor

As pessoas que sofrem da doença de Alzheimer ou de demência podem apresentar mudanças repentinas de personalidade e fortes alterações de humor. Podem ficar com medo, desconfiadas, deprimidas, medrosas e até ansiosas. Uma pessoa autoconfiante pode tornar-se hesitante e tímida e rejeitar qualquer tipo de interação social. Elas podem ficar aborrecidas ao sair de casa, pois sentem-se fora da sua zona de conforto.

9. Alterações na higiene pessoal e na limpeza da casa

A súbita falta de atenção para a higiene pessoal e o descuido nas limpezas gerais da casa podem ser um dos sinais de aviso mais evidentes da doença de Alzheimer ou de demência. Todos os pacientes que sofrem destas desordens têm tendência para serem desleixados com a sua aparência e higiene, e esquecem-se, na maioria das vezes, de escovar os dentes, cortar as unhas, tomar banho e até utilizar a casa de banho/banheiro para a realização das suas necessidades. As atividades de limpeza de uma casa também ficam comprometidas, uma vez que não existe qualquer tipo de interesse na sua realização.

10. O afastar-se de amigos ou de familiares próximos

De uma forma geral, as pessoas esquecem-se e afastam-se de amigos ou familiares próximos e de todo o tipo de atividades que faziam em conjunto. Mais do que chamar a atenção para as falhas de memória ou para as dificuldades de comunicação, as pessoas afetadas evitam qualquer tipo de interação e convívio social. Elas ficam embaraçadas e constrangidas quando estão na presença de outras pessoas, especialmente quando têm de comunicar ou realizar algum tipo de tarefa social. Este é um dos sinais de aviso de uma depressão que conduz à solidão e ao afastamento da vida social.

A doença de Alzheimer e a demência só são diagnosticadas quando o relatório médico determinar que existem duas ou mais funções do cérebro afetadas como, por exemplo, a memória e a capacidade de comunicação. Contudo, se detetar que a pessoa que está a seu cargo apresenta algum dos sinais de aviso apresentados, é preciso contactar o seu médico de família imediatamente para fazer um exame mais detalhado.

Fonte indicada: Cuidamos.com

12 causas surpreendentes de depressão

12 causas surpreendentes de depressão

Por Évila Campos de Sant’Ana

Sofrimento, problemas familiares e financeiros, traumas e até desemprego são fatores que podem desencadear a depressão. No entanto, sentir-se deprimido não se restringe apenas a esses fatos. Há uma série de outros motivos que podem desencadear o quadro e são pouco conhecidos. Confira cada um e fique atento:

  • 1. Mudanças no clima

    Muitas pessoas são afetadas por mudanças de clima, principalmente quando há mudanças drásticas na estação, como entre o verão e o inverno. As pessoas demoram para se adaptar à nova estação. De acordo com Alfred Lewy, Professor Doutor de Psiquiatria da Oregon Health and Science University, em Portland, o nosso corpo pode encontrar dificuldades para se ajustar e o motivo pode ser a um desequilíbrio químico no cérebro e na produção do hormônio melatonina.

  • 2. Uso de cigarro

    Já sabemos o quão prejudicial o cigarro é para nossa saúde. Ele traz uma série de problemas graves e contribui e muito para a depressão. Como suas substâncias alteram a química do cérebro, o fumante sente as mudanças constantes de humor. Então, não caia nessa armadilha. Por que muitos acabam se viciando quando estão em quadro depressivo, e na verdade o cigarro por si só leva você a desenvolver depressão, pois altera o controle do seu cérebro sobre as emoções, tornando-o vulnerável.

  • 3. Problemas na glândula tireoide

    Essa glândula localizada na região do pescoço é responsável entre outras coisas por regular os níveis de serotonina no corpo. Quando o hormônio não é produzido corretamente, desenvolve-se o hipertireoidismo. Se você sentir um desses sintomas, sensibilidade ao frio, constipação e fadiga, juntamente com depressão, deve então procurar um endocrinologista e fazer os exames necessários.

  • 4. Dormir pouco

    O cérebro precisa descansar e seu corpo repor as energias. É durante o sono que o cérebro repõe suas células e se isso não acontece, o cérebro não funciona bem e sua irritabilidade aumenta, levando ao risco de depressão.

  • 5. Overdose de Facebook e outras redes sociais

    Estudos já sugerem que passar muito tempo na internet está associado a depressão. Geralmente são pessoas que têm dificuldade para relacionar-se e preferem uma interação virtual ao invés de uma interação na vida real. Essas pessoas apresentam quadro depressivo de moderado a grave. Nenhum estudo chegou ainda a uma conclusão, mas podemos notar que pessoas deprimidas são mais propensas a se fecharam no mundo virtual.

  • 6. O final de um filme ou programa de TV

    Emily Moyer-Gusé, PhD, Professora Assistente de Comunicação na Ohio State University, em Columbus, afirmou que as pessoas se envolvem nas histórias a tal ponto que se esquecem de sua realidade. E esse envolvimento intenso pode torná-las depressivas quando percebem que a vida real não é como no mundo ficcional que elas acompanharam.

  • 7. O local onde você mora

    É comprovado que pessoas que moram na zona urbana são mais propensas a desenvolverem transtornos psicóticos, ao contrário daquelas que vivem na zona rural. E isso porque nosso cérebro fica mais ativo quando moramos nas cidades, na parte que regula o stress. E além dessa questão, quadros depressivos variam entre países e estados. E também a altitude influencia muito, com riscos altos quando o assunto é homicídio.

  • 8. Perfeccionismo

    Entrar num supermercado e ao se deparar com uma grande oferta de opções de um mesmo produto pode parecer uma tarefa fácil. É fácil se você consegue definir o que realmente atende suas necessidades. Mas, para algumas pessoas, isso torna-se um grande desafio e demanda uma sobrecarga, e pode deixar o cérebro exausto ao tentar buscar o melhor item. Pessoas perfeccionistas apresentam quadros comportamentais que podem levar ao estresse.

  • 9. A falta de peixe na alimentação

    Nosso corpo precisa de ômega-3. Os ácidos graxos regulam neurotransmissores como a serotonina. A falta de peixe no organismo pode estar associada ao aumento de risco de depressão. Um estudo finlandês, em 2004, revelou que mulheres que consumiam menos peixe apresentaram quadros depressivos.

  • 10. O relacionamento entre irmãos

    Todo relacionamento infeliz pode tornar-se um causador de depressão. No entanto, estudos mostram que a relação entre irmãos pode influenciar o desenvolvimento de depressão na vida adulta. Quando os irmãos não constroem uma boa relação na infância e adolescência, os adultos tendem a desenvolver depressão antes dos 50 anos.

  • 11. Pílulas anticoncepcionais

    Nenhum estudo chegou a uma conclusão ainda. Mas, é fato que essas pílulas apresentam efeitos secundários. Algumas mulheres apresentam depressão ao fazerem uso de pílulas enquanto outras não. É preciso avaliar bem os efeitos no organismo e se houver alterações, optar por um contraceptivo que não apresente uso de hormônios, como o diafragma.

  • 12. Medicamentos

    Há uma série de medicamentos que apresentam entre seus efeitos colaterais, a depressão. Alguns podem levar até a pensamentos suicidas. Então sempre confira na bula do medicamento as reações que ele pode ocasionar no seu organismo e consulte seu médico sobre os riscos.

    A depressão é algo para ser levado a sério. Quando se está deprimido é indicado procurar ajuda de um profissional que conseguirá orientar a melhor forma de tratamento. Em tempos de grande correria e no qual o estresse tem sido um companheiro diário de muitas pessoas, precisamos ficar atentos, para que o cansaço e estresse não se tornem uma doença incapacitante como a depressão.

Fonte indicada: Família

12 sintomas de um possível despertar da consciência

12 sintomas de um possível despertar da consciência

Por  Tales Luciano Duarte

Segundo Jiddu Krisnhamurti – um dos maiores filósofos e pensadores do século 20 – uma pessoa que está próxima de um despertar da consciência, experimenta alguns desses sintomas.

O blog Yogui.co inspirou-se em seres especiais que são conhecidos por inspirar milhões de pessoas ao longo da história e ilustrou os “sintomas” com suas fotos numa justa homanagem.

#1 – Uma tendência crescente de deixar as coisas acontecerem ao invés de tentar controlá-las;

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Jiddu Krisnhamurti

#2 – Ataques frequentes de alegria, sorrisos sem explicação e explosões de risos a qualquer momento;

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Chico Xavier

#3 – Sensações de estar intimamente conectado aos outros e à natureza;

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Chico Mendes

#4 – Episódios frequentes de apreciação e admiração das coisas simples;

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Leon Tólstoi

#5 – Uma tendência de pensar e agir espontaneamente com amor, no lugar do medo baseado na experiência passada;

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Amma

#6 – Uma nítida habilidade de viver cada momento;

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Dalai Lama

#7 – Uma perda da habilidade de se preocupar;

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Nisargadatta Maharaj

#8 – Uma perda do desejo por conflito;

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Ghandi

#9 – Uma perda de interesse por tomar as coisas como pessoais;

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Nelson Mandela

#10 – Uma perda de apetite em julgar o outro;

contioutra.com - 12 sintomas de um possível despertar da consciência
Yogananda

#11 – Uma perda de interesse em julgar a si mesmo;

contioutra.com - 12 sintomas de um possível despertar da consciência
Sri Ramana Maharshi

#12 – Uma inclinação em dar sem esperar nada em troca.”

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Madre Teresa Calcutá

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Fonte indicada da matéria: Yogui.co

Sabe aquele dia em que você amanhece diferente, como se fosse outra pessoa?

Sabe aquele dia em que você amanhece diferente, como se fosse outra pessoa?

Pensamentos estranhos, atitudes incomuns… mas ainda assim é você.

Pode ter sido um sonho bom, um pesadelo terrível, o jantar que não caiu bem, ou simplesmente, você amanheceu diferente. Não outra pessoa, mas uma versão sua até então desconhecida.

Hoje eu amanheci assim. Acordei no horário certo, sabia o que tinha para fazer, estava tudo organizado mas… resolvi fazer diferente, ou melhor, não fiz nada.

-Gente, essa não sou eu. O que está acontecendo?

Incrível como a gente se espanta com a espontaneidade. Perdemos o costume quando somos espontâneos. Assustamos e nos assustamos.

Mas, voltando aos dias diferentes, quem nunca acordou com uma vontade irresistível de arrumar uma mala e sair no mundo? Quem nunca se vestiu diferente do jeito habitual, trocou o café da manhã por um pastel com caldo de cana, chegou tarde no trabalho porque sentou no banco do parque e fez nada por meia hora? Quem nunca acordou diferente, fez tudo diferente, pensou diferente e enxergou a vida de modo diferente? Isso é pura mágica!

Como se ao abrir os olhos, enxergasse de primeira uma placa dizendo: Lamentamos, mas hoje você não pode ser a mesma pessoa de sempre!

E  gente se assusta, mas deveria aproveitar. Certamente é uma chance e tanto de se reinventar, se variar, se experimentar fora do quadrado habitual.

Tão bom sentir que brotam ideias e ações diferentes das que estamos acostumados a selecionar dos arquivos rotineiros! Tão  gostosa a sensação de novas sensações, gostos,  preferências… Talvez sejamos assim todos os dias, talvez uma vez ou outra, mas tem dias em que isso é tão gritante que por pouco não vira lenda: O dia em que eu acordei diferente.

De repente é alguma variação energética, não entendo muito disso, mas também não ouso duvidar. E ninguém pode negar que existem aqueles dias em que a gente se sente na onda verde, tudo fluindo, sem contrariedades, portas se abrindo, os mais difíceis até sorrindo! Ai de nós se não soubermos aproveitar!

Como tenho mania de comparar, diria que os dias diferentes são aquelas estradas impecáveis, de paisagem perfeita e nenhum trânsito para empatar.

Diferente dos dias comuns, onde nos atropelamos e ficamos por muito tempo estacionados e engarrafados na própria rotina.

Se amanhã você amanhecer diferente, não ouse não desfrutar!

Ganhar a vida é aprender a perder.

Ganhar a vida é aprender a perder.

“Papai! Perdi a roda do meu carrinho!”

O pai, a um segundo de se despedir do filho e voltar correndo ao trabalho como todos os dias, escuta o apelo de seu pequeno como uma revelação. De olhar seu menino ali, os joelhos no chão, os olhinhos úmidos rastreando espaços sob a mesa em busca de um pedaço de seu brinquedo de plástico chinês, o homem estremece sobre as pernas.

De repente, nada mais faz sentido. As crises econômicas, a violência urbana, as guerras civis, a ameaça da inflação, as taxas de juros. Nada pode ser mais importante que resgatar a rodinha perdida. Parem o mundo! Chamem a SWAT, o Serviço Secreto, a Legião Estrangeira. Tem um carrinho quebrado paralisando o trânsito da vida.

Um minuto antes, o menino acelerava seu veículo voador sobre a terra grandiosa dos homens, saltava abismos intransponíveis, flutuava sobre estradas infinitas e amansava a velocidade dolorosa do universo até fazê-lo girar em câmera lenta, preenchendo de sonho o vazio concreto do mundo. Agora, tudo se reduz à frustração da perda e à procura objetiva do que se perdeu.

O pai abandona seus afazeres práticos e mergulha na busca implacável ao lado de seu filho. Arrasta o sofá, levanta cadeiras, se enfia sob a mesa. Sem um único sinal da roda extraviada. Então, submerso em sua expedição doméstica, pensa em contar ao pequeno sobre as tantas coisas que ele ainda haverá de perder. Porque, como todos os seres que caminham sobre a terra, seu menino também há de deixar muito mais coisas do que será capaz de lembrar. Ali, farejando como um cão de caça o assoalho da casa, o pai se perde em uma corrente violenta de pensamentos sobre quanta coisa já perdeu por aí.

Desde seus primeiros brinquedos desaparecidos na terra do quintal e as figurinhas engolidas pelos vãos do sofá, ele relembra suas perdas da vida inteira. Pensa em cada lugar esquecido, revisita planos abandonados, acena para amores passados, desculpa-se com amigos preteridos. E outra vez se dá conta de que, muito mais do que seus ganhos poucos, um homem se constrói a partir de suas tantas perdas.

Perde tempo e perde a chance. Perde a força, a saúde, a sanidade. Perde a vergonha, os ímpetos e os pudores. Perde o dinheiro, a paciência, o caminho de volta para casa, perde a conta, a vez, a linha e o fio da meada. Perde o jeito, a mão e a classe. Companheiros e parentes. Perde peso e perde amores. Perde, enfim, as rodas de seus carrinhos pela vida.

Ali, ao lado do filho, o homem se dá conta de que só não perdeu uma única coisa: o medo que o acompanha desde sempre. Ele tem medo. Como tantas outras vezes, o homem tem muito medo de perder barato o que lhe é mais caro.

Então, o menino interrompe sua busca sem mais o quê.

“Papai, tudo bem. Eu perdi a roda do meu carrinho pra sempre.”

Pronto. O filho aprendeu a lição. O pai já pode voltar ao trabalho. O trânsito da vida retoma seu fluxo.

Essa noite, cada um em sua cama, pai e filho vão perder o sono pensando na aventura da tarde, pouco antes de reencontrá-lo entre um canto e outro da casa. Depois vão dormir profundos, pesados como dois cargueiros descendo o oceano, até perder a hora de acordar na manhã seguinte. Assim eles caminham pela vida. Perdendo, ganhando.

E um dia, daqui a muitos anos, quando um e outro já tiverem concluído seus caminhos por aqui, um arqueólogo haverá de achar, nos escombros de uma antiga construção, a pequena roda de um carrinho de brinquedo. Girando a relíquia entre os dedos, ele anotará em sua caderneta do futuro que, em alguma hora distante, ali terá existido o que os antigos chamavam de lar. Um canto suspenso do mundo onde um filho brincava de carrinho na companhia de seu pai sem jeito.

O arqueólogo será um homem de visões generosas, e das folhagens alaranjadas de sua imaginação há de saltar a figura de um menino lindo e feliz em seu carro voador. Fazendo o som do motor com a boca, o pequeno piloto acelera sobre a terra grandiosa dos homens, salta abismos intransponíveis, flutua sobre estradas sinuosas e amansa a velocidade dolorosa do universo até fazê-lo girar em câmera lenta, preenchendo de sonho o vazio concreto do mundo, sob o olhar dolorido de um pai cheio de pressa, de amor e de medo de perder barato o que lhe é mais caro.

Não deixe para amanhã o que você pode SER hoje.

Não deixe para amanhã o que você pode SER hoje.

‘Não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje.’

Acho engraçado como esta frase geralmente possui uma conotação prática, comercial, protocolar. Ela parece significar: não deixe para amanhã o trabalho extra que você pode fazer hoje, a caixa cheia de e-mails que você pode responder, a ligação chata, o treino na academia, a visita ao salão de beleza, a aula de alemão, as contas a pagar, as burocracias e papeladas, a lista de compras, o sapato para a festa, a cerveja rápida no fim do dia, as mensagens no whatsApp, a foto no Instagram. Não deixe para amanhã as atividades que cabem neste dia, muitas vezes elas entram espremidas – num intervalo de almoço, numa sobreposição com outra tarefa – mas cabem. Nos tornamos maratonistas, quase sem fôlego, com tempo para tudo, mesmo que seja um tempinho curto e sem qualidade, mas com tempo para tudo o que devemos fazer, e muitas vezes sem tempo para o que poderia ser chamado de ‘nós mesmos’ ou ‘o que realmente importa’.

As milhares de atividades, que insistimos em não deixar para amanhã, consomem o nosso tempo por inteiro.

Mas para mim existe nesta frase ‘não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje’ uma ideia totalmente diferente. A ideia de que a vida é hoje, de que o tempo é curto, de que não quero gastar meus dias correndo, provando para mim mesma ou para o mundo que dou conta de fazer um monte de tarefas, se eu tenho em minhas mãos a possibilidade de escolha. E até certo ponto eu posso sim escolher o que eu posso fazer hoje e o que não quero deixar para amanhã. É como disse Rubem Alves ‘(…) é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo (…). É necessário aprender a arte de ‘abrir mão’ – a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial.’

Eu sei que posso deixar para amanhã a conta que não vence hoje, as compras que vão entulhar ainda mais o meu guarda-roupa, as mensagens bobas de um grupo do whatsapp, a irritação de um e-mail pouco importante. Mas não posso deixar para amanhã um poema que me surge quando perco (ganho!) 10 minutos olhando para uma árvore da janela. Não posso deixar para amanhã a conversa por telefone com minha mãe, a leitura de um livro, a vontade de um sorriso. Não dá para deixar para amanhã um sonho, um amigo que precisa de apoio, um texto bem escrito, uma refeição bem feita. Não posso deixar para amanhã o que quero que a vida seja, hoje!

Eu não deixo para amanhã o que eu posso SER hoje. Na medida do meu possível, hoje eu abro mão de atividades não essenciais, de bagagens pesadas, de encontros superficiais. Hoje eu abro mão de tudo que preenche essa minha curta existência neste mundo com coisas que não acrescentam e que me fazem estagnar. Hoje eu lapido meus dias e limpo minhas horas.

Sinto assim, como disse o poeta Mario Quintana:

‘Se me fosse dado, um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada  e inútil das horas. (…)’. Pois ‘a única falta que teremos será a desse tempo que, infelizmente, nunca mais voltará’.

Então, espero que nossas vidas sejam compostas de ‘hojes’ repletos de coisas essenciais e ‘amanhãs’ (que nunca chegam) guardando as sobras inúteis dos dias.

E que não deixemos para amanhã o que podemos fazer A VIDA ser hoje.

Traição: rota de fuga para o fim do amor perfeito

Traição: rota de fuga para o fim do amor perfeito

Inúmeras vezes vemo-nos expostos a situações limítrofes na vida as quais revelam facetas de nossa alma que jamais suspeitávamos possuir. A rejeição é um poderoso combustível inflamável; primeiro incendeia; depois, transforma tudo em cinzas, frias e mortas. Frias?! Mortas?! Nem sempre. A rejeição pode provocar o surgimento de alguém que sobreviveu às cinzas e age por conta própria, à revelia da nossa lógica. A rejeição é a ressaca moral da traição. A traição é o golpe pelas costas no que há de mais nobre em qualquer relação, a confiança.

Quando nos envolvemos amorosamente, é inevitável que projetemos nessa pessoa o nosso ideal romântico. No momento em que nos interessamos por alguém, é porque algo naquela pessoa veio ao encontro de nossas expectativas e necessidades emocionais, sejam elas conscientes ou não. No período inicial de um relacionamento, ocorre uma espécie de encantamento. Como num truque de mágica, nossos olhos ganham um misterioso e invisível equipamento que nos impede de enxergar no outro qualquer traço de imperfeição ou fraqueza. Caso isso não fosse verdade, a maioria dos relacionamentos amorosos não passaria do primeiro encontro.

Ocorre que o aparato genial não dura muito tempo. No decorrer da relação, nossa visão apaixonada vai voltando a adquirir a antiga capacidade de ver. E, diante de nossos perplexos olhos, vai se descortinando um ser desconhecido. Aquela aura aventureira que nos atraiu no início, agora parece mais com um comportamento infantil e irresponsável. Aquele jeito irresistível de “animalzinho sem dono” que derreteu nosso coração, agora soa apelativo e lamurioso, revela uma pessoa frágil e dependente. Aquela capacidade de atrair a atenção de todos sem fazer esforço, que nos pareceu tão sedutora, agora nos magoa; parece que estamos sempre em segundo plano. Sim, somos todos nós seres muito estranhos!

Até que ponto, fazemos escolhas racionais quando se trata de nossa vida amorosa? Difícil saber. A verdade é que fica muito evidente que apaixonar-se não tem nada de racional. É um acontecimento físico, químico e biológico que dispensa a participação da razão. Manda o bom senso dar uma volta e se joga!

O fato é que, algumas pessoas ao experimentarem a inebriante experiência da paixão, ousam dar um próximo passo na estrada das relações amorosas e se dispõem a compartilhar alguns momentos, espaços e vivências de suas individuais existências com o outro. Assim nasce um casal; cheio de expectativas, projeções, sonhos, borboletas no estômago, projetos e desejos concretos. Os casais iniciantes veem coisas que nem existem. Coincidências, sincronismos, planejamentos dos astros. Alguns se arriscam a dizer que encontraram sua “alma gêmea”. Mas, afinal, por que diabos alguém iria ser feliz com sua alma gêmea?! Por definição, alma gêmea é uma coisa recortada; é a outra metade de nós. Acontece que nós não somos metades. Somos inteiros. E inteiros procuramos nos encaixar com outro ser inteiro. Nós sonhamos que o outro seja metade e o outro sonha que nós sejamos metade. Ou seja, esperamos que o outro abra mão de metade dele para que a nossa metade possa caber. É uma loucura! É um absurdo! Mas, fazemos isso o tempo todo.

O mito do amor perfeito é auto-explicativo: é um mito! O alvo do amor perfeito é visto, de forma consciente ou não, como o principal responsável pela satisfação dos nossos desejos e necessidades mais íntimos. Sonhamos com um parceiro que seja quase um vidente, uma pitonisa que tem o poder de adivinhar nossos anseios e sonhos mais secretos. E corremos o risco de passarmos a tratar o alvo de nosso afeto como algo descartável, caso não corresponda às nossas projeções.

No mito do amor romântico, só há espaço para o sofrimento no início do encontro, na fase da conquista. Na sua continuidade, só pode haver beleza, felicidade e contemplação dos desejos. A expressão “felizes para sempre” encerra a história; desconsiderando que, é a partir daquele momento que virão os desafios da relação. A idealização da felicidade a dois, ignora o empenho de ambos para continuar a ser inteiro, e não metade, e a partir disso dispor-se a acolher o outro sem aglutiná-lo, anular seus desejos ou moldá-lo à sua imagem e semelhança. O processo humano na busca pelo amor é doloroso, requer abrir mão da fantasia, tirar o outro do altar e descer do pedestal.

A vida nos mostra que as transformações mágicas não acontecem. Abóboras não se transformam em carruagens. O outro não se transforma naquilo que idealizamos como par ideal. O outro é quem ele é. Com suas imperfeições e áreas fascinantes, com seus medos e coragens, com suas mazelas e virtudes. O tempo é que vai tirando o brilho do que era fascinante e colocando luz de holofote nas imperfeições. À medida que o outro não corresponde ao nosso ideal, ficamos magoados e amargos. O pior é que, muito provavelmente, o nosso viço também pode ter se perdido no tempo aos olhos do outro.

E é nesse limiar do desencontro que já foi encontro que corremos o enorme risco de jogar fora a maior virtude que podemos oferecer e esperar de um parceiro: a lealdade. Em nosso precário senso de justiça, nos sentimos ludibriados pela fantasia que não se realizou. Vamos deixando a nossa história virar passado quando ela ainda é presente. Queremos de novo a emoção. Queremos sentir outra vez a expectativa de encontrar o amor perfeito. Abrimos a guarda e fechamos os olhos para o que é ético. Nossa satisfação precisa ser contemplada acima de tudo, afinal! É nesse cenário que, muitas vezes, acabamos embarcando numa outra história e acreditando em um novo “felizes para sempre”, sem nos lembrarmos de avisar ao outro que ele não é mais o personagem principal.

Aquele que trai, nunca vai ser capaz de mensurar a dor daquele que foi traído. A traição é a saída fácil para o mito do amor perfeito que não se concretizou. É uma escolha covarde, desonesta e vil. O fim de uma relação não pode acontecer aprisionada numa cela fria, úmida e mal cheirosa como essa. O fim de uma relação merece a presença inteira de duas pessoas que um dia ousaram viver uma experiência de amor. Não éramos metades antes, não somos metades agora. E, precisamos estar inteiros para compreendermos que não somos perfeitos. Somos seres possíveis à procura de outros seres possíveis, que estejam dispostos a se aventurar pela vida conosco na difícil missão de construir uma relação verdadeira.

Amor pelos livros: sírios constroem biblioteca subterrânea para proteger os livros da guerra

Amor pelos livros: sírios constroem biblioteca subterrânea para proteger os livros da guerra

Um grupo de jovens sírios constroem uma biblioteca sob a terra com a ideia de preservar a passagem do Estado Islâmico, que destruiu monumentos, bibliotecas e locais antigos, em geral, desde que começou sua ofensiva no país.

A ideia nasceu em 2012, quando os jovens tiveram de abandonar os estudos por causa da guerra. Foi então que a ideia de recuperar os livros que estavam sob os escombros.

“Os jovens como eu que tiveram que deixar a escola, graduados e jovens tiveram a ideia de recuperar os livros que estavam sob os escombros de casas demolidas. Tivemos o cuidado de classificar as casas destruídas e a identificação de seus proprietários. Uma vez que a guerra acabar, nós devolveremos aos seus donos. Também coletamos livros que não foram queimados em bibliotecas e livrarias da cidade. Era uma maneira de salvar o nosso patrimônio cultural “.

Aos poucos, o lugar, concebido como um armazém de livros, estava se tornando uma biblioteca pública que já conta com mais de 11.000 títulos, e onde as pessoas podem vir, sentar e desfrutar de algum texto. O local está localizado em um porão na cidade de Daraya.

“Temos obras árabes e de literatura estrangeira, filosofia, teologia. E nós criamos um espaço para leitura e estudo, através da instalação de mesas e cadeiras dentro da biblioteca “, disse Abu Malek, um dos fundadores deste espaço.

O projeto não só promoveu a revitalização de uma pequena parte da vida cultural da população síria afetada pela guerra, mas também motivou jovens a criaram um olhar para o além da guerra.

“Eu encontrei um propósito na minha vida com a criação desta biblioteca. Eu não aguentaria passar dias inteiros entre o tédio e o medo de novos ataques. Agora, eu aconselho aqueles que vêm para pedir um livro, discutirmos todas as nossas últimas leituras. Nosso próximo passo é completar a nossa coleção de filmes de documentários que podem ser vistos no site. Mas ainda nos falta dinheiro. ”

Fonte indicada: Economia Brasil

“Pássaro azul”, um poema de Cecília Meireles

“Pássaro azul”, um poema de Cecília Meireles

 

contioutra.com - "Pássaro azul", um poema de Cecília Meireles

Pássaro azul

Tua estirpe habitara alcândoras divinas.
Com os pés de prata e anil desceste antigos tempos.
E em minhas mãos pousaste, e o silêncio explicou-se,
por tua voz, que era de nunca e era de sempre.

Nomes de estrelas vinham sobre as tuas asas,
e era o teu corpo uma ampulheta pressurosa.
Entre as nuvens procuro o último azul que foste …
Mas, de tanto saber, nada mais se deplora.

Como te penso tanto, e tão longe procuro
tua música além das nuvens, não te esqueças
que posso estar um dia, em lágrima extraviada,
pólen do céu brilhando entre os altos planetas.

Mas não voltes aqui, pois é pesado e triste
o humano clima, para o teu destino aéreo.
Eu mal te posso amar, com o sonho do meu corpo,
condenado a este chão e sem gosto terrestre.

Cecília Meireles
in Mar Absoluto

Aos professores sobreviventes

Aos professores sobreviventes

Hoje, 15 de outubro, é Dia do Professor e sabemos que homenagens vãs cansam e incomodam. Quando a matéria é Educação, na maioria das vezes, não há o que se comemorar.

Nossos filhos são passarinhos coloridos que nascem e são engaiolados para que suas asas se atrofiem lentamente. Não voam mais em suas casas, não voam em suas brincadeiras e os pais não estão mais por trás para segurá-los ou empurrar suas bicicletas. Quando caem, a queda é fria e faltam braços para estimular seus próximos passos e tentativas. Falta educação, falta beleza na educação, falta encanto e falta afeto. Faltam também educados e educadores, mas há sobreviventes.

Assim, embora a data mereça comemoração, não é todo e qualquer professor que merece os nossos cumprimentos. Cumprimentamos, aqui, aqueles professores que estimulam a reabilitação das asas atrofiadas de nossas crianças. Aqueles que, sejam eles quem forem, tenham eles títulos ou não, se dediquem a  perpetuar a esperança dos seres em formação. Estes, sim, são professores de verdade.

Ler é fácil, difícil é saber o que escrever numa folha em branco.

Professor de verdade é aquele que consegue sobreviver às regras da escola tradicional e mostra ao aluno que educação não é algo a que se obrigue, que valoriza mais o acerto do que o erro do aluno e que, mais do que quantidade de conteúdo, ensina que para se viver é necessário que se aprenda a olhar, independente da direção escolhida…

Reproduzir conteúdo é fácil, difícil é humanizar.

Professor de verdade é aquele que ensina pelo exemplo, superando-se em face de seus  próprios erros. Provavelmente quando o lado mais fraco aparece é que as maiores lições podem ser tiradas. É aquele que disciplina a rotina ao mesmo tempo que indisciplina a alma do aluno, levando-o sempre ao questionamento.

Professor de verdade é aquele que ama o conhecimento, porém, mais do que a cultura, ama o ser humano que por ela deverá ser seduzido. Num tempo em que as regras e o respeito não são comportamentos esperados, é necessário descontruir barreiras, implodir redomas de autodefesa de quem tantas vezes nem aprendeu a receber afeto de forma construtiva.

Bem sabemos que amar não é fácil, mas que o futuro só é possível se a humanidade puder valer-se de professores que amam.

A vocês, a nossa homenagem: aos professores que amam.

“O terror que nos traz a onda da imigração”, por Bauman

“O terror que nos traz a onda da imigração”, por Bauman

Zygmunt Bauman, hoje um dos pensadores mais influentes do mundo, foi forçado ao exílio em várias ocasiões. A primeira vez em 1939, quando ele fugiu da Polônia para a Rússia, sendo um jovem judeu, semelhante aos refugiados que depois de sobreviver a guerras e atravessar o Mediterrâneo são agora objeto de nossos medos, ao invés de nossas condições de solidariedade. E a dialética da integração e expulsão de grupos sociais da modernidade é uma das questões que mais tem estudado.

Parece que não somos capazes de resolver a questão dos imigrantes.

O volume e a velocidade da onda atual de migração é uma novidade e um fenômeno. Não é de admirar que tenha encontrado os cidadãos e políticos desavisados: material e espiritualmente. A imagem de milhares de pessoas desenraizadas acampadas nas estações provoca um choque moral e um sentido de alarme e angústia, como sempre acontece em situações em que temos a impressão de que “coisas que estão além do nosso controle.” Mas se olharmos de perto os modelos sociais e políticos que respondem à “crise” na “emergência de imigração”, há poucas novidades. Desde o início da modernidade, refugiados da brutalidade da guerra e despotismo, da vida sem esperança, ter atingido as nossas portas. Para as pessoas desse lado da porta, essas pessoas eram sempre “estranhos”, “outros”.

Então, nós estamos com medo. Por que razão?

Porque parecem terrivelmente imprevisíveis em seus comportamentos, ao contrário das pessoas com quem nos relacionamos em nossas vidas diárias e que sabem o que esperar. Os estrangeiros poderiam destruir as coisas que gostamos e comprometer nosso modo de vida. Dos estrangeiros sabemos muito pouco para ler seus modos de comportamento, adivinhar suas intenções e o que eles vão fazer amanhã. Nossa ignorância sobre o que fazer em uma situação que não controlamos é a maior razão para o nosso medo.

-O medo leva a buscar bodes expiatórios? É por isso que se fala deles como portadores de doenças? Será que as doenças seriam metáforas de nosso desconforto social?”

Em tempos de uma acentuada falta de certezas existenciais, cada vez mais precárias, em um mundo à beira da desregulamentação, os novos imigrantes são vistos como portadores de más notícias. Eles nos lembram do que teríamos preferido esquecer: nos apresentam até que ponto forças poderosas, globais, distantes das que ouvimos falar, mas que permanecem indescritíveis para nós; em que medida estas forças misteriosas são capazes de determinar nossas vidas, independentemente de nossas próprias escolhas não sabemos. Agora, os novos nômades, imigrantes, vítimas colaterais dessas forças, por uma espécie de lógica perversa acabam sendo percebidos como a vanguarda de um exército hostil a serviço das forças misteriosas que estão colocando suas tendas no meio de nós. Os imigrantes lembram-nos de maneira irritante como é frágil nosso bem-estar, parece que temos um monte de trabalho. E para responder à pergunta, bode expiatório: é um hábito, um uso humano, demasiado humano, processar e punir o mensageiro pela mensagem de ódio que ele carrega. Nós desviamos nossa raiva das forças indescritíveis e distantes da globalização ao assunto, por assim dizer, “vigários” para com os imigrantes de forma justa.

– Fala do mecanismo graças ao qual cresce o consenso de forças políticas racistas e xenófobas. Há partidos acostumados a usar seu capital eleitoral fazendo oposição à “redistribuição de dificuldades” (ou benefícios), e isto rejeitando compartilhar o bem-estar de seus eleitores com a parte menos afortunada da nação, o país, o continente (por exemplo Liga do Norte). Esta é a tendência entrevista, ou melhor, preanunciada há muito tempo no filme Napoletani para Milano, de 1953, de Eduardo De Filippo, e manifestada nos últimos anos, na recusa de compartilhar o bem-estar dos lombardos com as partes menos afortunados país.

-Uma vez na Europa, foi a esquerda a que se integrava aos imigrantes, através de organizações no território, sindicatos, trabalho político … e agora não há mais bairros operários, faltando instituições e as formas de integrar os trabalhadores. Mas, principalmente, a esquerda, em seu programa faz um aceno de cabeça para a direita com uma promessa: nós faremos o que você faz, mas melhor. Todas estas reações estão longe de ser as verdadeiras causas da tragédia que estamos testemunhando. Eu estou falando, na verdade, uma retórica que não nos ajuda a evitar afundando cada vez mais nas águas turvas da indiferença e da desumanidade. Tudo isto é contrário ao imperativo kantiano de não fazer aos outros aquilo que não queremos que nos façam.

O que agora o que se deve fazer?

Necessita-se de nós que podemos nos unir, não dividir. Seja qual for o preço da solidariedade com garantia real e vítimas diretas das forças da globalização que prevalecem sobre o princípio “divide et impera”, seja qual for o preço dos sacrifícios que terão de pagar por isso imediatamente, solidariedade a longo prazo continua a ser a única maneira de dar uma esperança realista de conter futuros desastres e não piorar a catástrofe contínua.

Fonte indicada: Blog A Crítica

A alegria de ser professor

A alegria de ser professor
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Muito se ouve sobre o sofrimento dos professores. Eu, que ando sempre na direção oposta, quero falar sobre o contrário: a alegria de ser professor. A despeito de estar batendo de frente já há algum tempo com esse sistema educacional que não passa de uma máquina absurda pela qual nossas crianças e jovens são forçados a entrar em nome da educação, eu simplesmente me deleito não somente por ensinar, mas muito mais por todos os dias deixar muitas dúvidas na cabeça de meus alunos no lugar das certezas e sair de sala de aula, também, entendendo menos por discutir tanto com eles. Explico-me.

Ando horrorizada com a maioria das escolas. Dentre tantos problemas da cultura moderna, o que mais me preocupa é a educação não somente no Brasil como no resto do mundo. No espaço onde deveria ser usado para o aprendizado, é feito um treinamento brutal com o propósito de preparar vastos números de jovens, no menor espaço e tempo possível, para se tornarem usáveis e abusáveis por um sistema econômico. Nessa esteira, as escolas do Japão para mim são as piores , pois são o modelo de fábrica de abelhas ou formigas trabalhadoras e eu me recuso a desejar isso para meus filhos. Se ao menos tivéssemos alguma evidência de que os operários do mês – desses que tem foto na parede e tudo – são felizes, vá lá. O contrário, porém, já se evidencia, a dizer, a infelicidade de quem se torna um escravo do trabalho – ainda que bem remunerado. É significativo que países que muito produzem e consomem bens materiais e cujas escolas são consideradas um exemplo de disciplina e respeito ao professor sejam hoje locais com a mais alta taxa de suicídios no mundo, inclusive o de crianças. A eficiência dessa máquina educacional, a meu ver, está não na formação e sim na deformação que ela produz.

Os melhores alunos são aqueles que tiram as melhores notas e passam nas melhores Universidades nesse modelo educacional vigente. Contudo, dentro de um curto espaço de tempo, grande parte do conhecimento que adquiriu na escola não será mais lembrado, pois, o próprio corpo não aguenta tanta gordura inútil acumulada em forma de equações e nomes que jamais serão usados ou sequer ouvidos novamente. Eu mesma, como professora de física, só uso as equações de Torricelli nas minhas aulas. Nunca precisei usá-la aqui fora. Aliás!, quando tive dúvida se ia bater ou não com meu carro no poste, se tivesse a capacidade de fazer cálculos na velocidade maior que o “takimóvel” se locomovia talvez, naquele momento, usaria a equação que serviria somente para, segundos antes de bater, saber que iria bater. Não sei até que ponto isso seria uma vantagem. Fora isso, devo confessar, nunca precisei.

Lembro-me que nunca tirei A nas redações por escrever sempre na primeira pessoa. “Penso que…”, “Acho que…”, “Percebi que…”, … todas essas expressões eram circuladas com caneta vermelha e sempre que recebia a redação corrigida os professores me avisavam que era errado eu falar no meu referencial. Como assim? Não conseguia fazer diferente! Demorei muito para ter coragem de voltar a escrever depois que saí da escola. Somente com mais de trinta anos, com muito receio, coloquei minhas ideias no papel cheias de eu para cá e eu para lá. E daí, meu irmão, foi um caminho sem volta. Criei meu blog onde publico há mais de dez anos crônicas sobre minha visão do mundo e tive um livro (que foi uma seleção de vinte e seis crônicas de mais de trezentas já escritas) premiado na categoria literatura em um concurso promovido em todo Brasil pela Editora Saraiva, uma das maiores editoras do país. Minha Vida é um Blog Aberto só tem contos e crônicas narrados em primeira pessoa. Não acho que o mundo ficou melhor com meus escritos, longe de mim querer dizer isso. Mas ‘eu’ estaria com toda certeza muito menor. Sendo mais clara: a escola quase acabou com o que é hoje um dos meus principais alicerces.

Crianças e jovens que fazem diferente do que o professor manda são castigados como eu sempre fui. O que o sistema quer é que façamos dos alunos um eco do que nós, professores, emitimos. Por outro lado, a maioria dos professores também não sabe e talvez nem queira fazer diferente. Aquele que representa teoricamente a nata intelectual da sociedade sequer se dá conta que ele também é uma marionete do sistema. E ainda que sejam alertados, muitos dão de ombro, pois o tal saber sedimentado nos poupa dos riscos e do trabalho da aventura de pensar. São esses os professores, de uma forma geral, que mais reclamam da profissão usando e abusando no discurso nostálgico dizendo que antigamente os alunos eram diferentes, mais obedientes, não existia o celular e bababá bububú. São esses professores que querem dar a mesma aula que expunham há dez anos atrás. Mas tem um detalhe: a aula hoje desse profissional do ensino se encontra facilmente na internet. Qual a solução? Obrigar a presença em sala sob a pena do aluno perder ponto caso tenha muitas faltas. E o inferno está instaurado. Não é sem motivo que vejo manchetes dizendo que nunca os professores andaram tão doentes e depressivos como agora.

Dizem por aí que quem não estuda não consegue ser alguém na vida. Pergunto-me o que é “ser alguém”? É uma pessoa bem sucedida profissionalmente e que, claro, ganha muito dinheiro, responderiam. Um médico, por exemplo. Um doutor em nossa sociedade, ainda que reclame, tem muito mais sucesso, financeiramente falando, do que, mais um exemplo, um filósofo, não? Bens materiais medem quem somos? E quando não conseguimos um saldo gordo na conta? Somos menores como seres humanos por causa disso? Somos intelectualmente inferiores que os que vestem jaleco branco e nos entopem de remédio? Oras, pelo que observo, não importa o retorno econômico que se possa obter ao fim deste processo. Permanece, a meu ver, um fato fundamental: que ele, em geral, só se realiza ao preço da morte de diversas potencialidades que um dia viveram no corpo em nós quando crianças. Não é de se estranhar, portanto, que as pessoas passem as suas vidas com a estranha sensação de que não são hoje bem aquilo que desejavam ser quando bem mais jovens. Elas foram transformadas em alguma coisa diferente dos seus sonhos. São essas várias amputações ao longo desse processo – quase criminoso – que nos condenam à infelicidade, essa tal tão íntima de tantos de nós. Vide a quantidade de adultos que consomem anti-depressivos e anti-ansiolíticos e que fazem terapia para sobreviver nesse “mundo mundo vasto mundo”. Groddeck, um dos inventores da psicanálise, afirmava que apenas o artista, o poeta e a criança conhecem o segredo da harmonia com a vida. O artista e o poeta são aqueles que foram, se não considerados rebeldes, expulsos da escola e a criança é aquela cuja curiosidade ainda não foi destruída pelo sistema.

Corrijam-me se falo alguma grande besteira: Criar é voar. Voar com o pensamento é sonhar. A criatividade é o trabalho que faz viver em nós aquilo que não existe. E, pergunto-vos, quem somos nós sem sonhos que, por definição, é aquilo que não faz parte da realidade? É o poder de criar e, portanto, o sonhar que nos torna humanos, acho eu. Somos mais do que ossos cobertos de carne, somos metafísicos, extrapolamos a matéria. Somos o que não existe: sonhos. Por isto que, diferente dos médicos, que apalpam, olham, examinam e medem os sintomas físicos do corpo, os artistas, os poetas e as crianças são sensíveis ao que transcende em nós. Pois é nesse impalpável onde se localiza os pensamentos que nos fazem voar.

O nosso corpo é um espaço onde cabem infinitos universos. Percebo que quanto mais semeados forem estes universos maior será a nossa capacidade de criar, de compreender e de amar. E de brincar. Muitos adultos não sabem (mais) e grande parte dos professores não percebeu ainda que a vida não é para ser levada tão a sério. É para ser brincada. Se não for divertido, nada vale à pena. E tudo o que ensinamos nas escolas, geografia, história, física, química, biologia, matemática, se não forem objetos de prazer, joguem no lixo, por favor. Quando brincamos, acredito eu, temos uma amostra do paraíso e, em verdade vos digo, a minha sala de aula é o Meu Paraíso.

Dizem que o trabalho enobrece. Mas não é que vemos por aí. Temos uma sociedade plena de adultos cansados, com preguiça de ler e de pensar e incapazes de criar. Que lindo seria se a única finalidade do saber adulto fosse permitir que a criança que mora em nós continue a se divertir, não? Pois então, não tenho absolutamente nada a reclamar de minha profissão e de meus alunos. Tenho me divertido um tanto dentro de sala de aula e quebrado, grazadeus, muitos paradigmas. A criatividade é muito estimulada em meus alunos e com eles sinto-me dentro de um parque de diversão.

Então, quando enuncio uma teoria, por exemplo, mostrando o quão criativo foi o trabalho do cientista ou do filósofo natural que a elaborou, geralmente, um aluno sempre me pergunta: Mas isso é verdade? É assim mesmo que acontece? E eu lá que vou saber?, respondo sempre. Está lhe parecendo razoável tudo isso?, provoco. Nesta hora, o aluno tem dúvidas e mais perguntas. Que bom. O aluno está pensando, refletindo.

Por fim, sou atéia, mas sugiro que inspiremo-nos em Jesus e parafraseemo-lo: Ame o seu aluno como a si mesmo e não faça com ele o que você não gostaria que fizessem com você.  Assim seguindo, concluo que não estou mais aqui para ensinar a tarefa sem brilho e sem graça de repetir respostas e sim para estimulá-los a perguntar. De uma certa forma, mostrar que, em geral, a ciência é construída pela ousadia dos que sonham. O conhecimento, para mim, tem que ser um mergulho pelo mar do desconhecido e não uma marcha em solos firmes. E são nas perguntas e nas dúvidas que se começa essa maravilhosa apnéia.

Feliz dia dos professores para todos que, como eu, são felizes todos os dias diante de seus alunos.

Cortem a energia mais vezes, por favor!

Cortem a energia mais vezes, por favor!

Quase sempre o tempo é curto e a ansiedade de viver tantas coisas juntas nos faz postergar o essencial.

Postergamos até que um dia nos cortam a energia da casa, da escola, do escritório, da academia e do prédio no qual moramos, fazendo, por vezes, parar o elevador que nos acolhe também.

E ao nos vermos no escuro, passado o pânico inicial, desencadeado pela surpresa do inesperado, uma luz se acende em nós.

Vai-se a televisão, adormece o computador, morre a máquina de lavar pratos e roupas e nós acordamos. Despertamos de um transe profundo e as tarefas antes urgentes tem então que ser adiadas.

Vai-se a energia, cortam a força e ficamos nós.

Em desespero há os que sacodem os filhos para as camas, a fim de que fechem os olhos sem sono, para que se evadam da realidade, daquela da proximidade, saciada por palavras, gestos e brincadeiras, para enfim acordarem em uma outra, em uma na qual o convívio e a atenção não recebem a devida medida.

Alguns se esquecem que, ao resistirmos à vontade de adormecer, podemos enfim contemplar um céu estrelado, exercitar a reflexão de nossas idéias, encontrar respostas particulares e buscar, na tênue penumbra, dois ou mais pares de olhos para compartilhar o nosso eu.

Puxemos então a cadeira no trabalho e em círculo, ladeando as margens de uma lanterna, entoemos palavras melódicas de esquecidos versos. Chamemos os filhos para perto de nós e contemos as mais belas histórias dos que antes de nós vieram. Puxemos os amigos da academia e conversemos sobre a saúde do corpo e como ela é importante no auxílio da saúde da alma. Enlacemos os braços dos colegas na escola e voltemos a brincar de roda, de dominó, de jogo da velha ao som de cantigas infantis.

O mundo desperta sem luz, o mundo redescobre a delícia de partilhar boas recordações, boas informações, boas soluções.

O estranho no elevador não é tão estranho. Ele também tem uma vida como a nossa, também tem preocupações infundadas e medos bobos. Ele estava adormecido e tinha se esquecido, assim como nós, de como é bom buscar no outro o melhor de si.

Que se apaguem as luzes mais vezes, para que possamos sentir as chamas das velas tremularem por nossas moradas e para que um inédito teatro de sombras possa ser encenado por nós e pelos nossos filhos, fazendo-os esquecer do vídeo game e do tablet recheado de avisos comerciais.

Cortem a energia mais vezes, por favor, para que nos lembremos que existe uma vida bonita por trás de toda a parafernália tecnológica, sem a qual erroneamente imaginamos não conseguir viver.

Cortem a força sempre que puderem, para que não nos sobrem desculpas para deixarmos de ser o melhor que podemos ser, no presente. No tempo do agora, no tempo em que somos tão belamente tudo de nós.

“Palavras são mágicas, são como encantamentos sublimes que nos levam para onde quisermos, seja esse onde um lugar ou uma pessoa”. Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

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