Falar com estranhos te deixa mais feliz

Falar com estranhos te deixa mais feliz

Se você é daquelas pessoas mal-humoradas que não faz contato visual com velhinhos no metrô e que vira os olhos quando alguém puxa papo com você, atenção: você pode estar perdendo uma dose diária de felicidade. É o que indica um novo estudo feito no transporte público de Chicago. Passageiros tiveram que falar com estranhos em um trem, sentarem-se sozinhos e calados, ou então fazer o que fariam normalmente. Em seguida, eles responderam um questionário falando como se sentiam.

Aqueles que conversaram com estranhos relataram ter experiências mais prazerosas do que aqueles que ficaram sozinhos e caladinhos (esses, aliás, relataram as piores experiências). As respostas foram comparadas com um grupo que não fez nada, mas teve que imaginar como se sentiria em situações parecidas. A maioria concordou que conversar com estranhos no metrô faria os dias delas bem mais feliz.

Se falar com estranhos faz bem, porque tanta gente foge desse tipo de situação como diabo foge da cruz? É que aparentemente, ainda de acordo com esse estudo, a gente acha que os outros não têm vontade de conversar. Pois bem, não é verdade: talvez com exceção dos mal-humorados ou dos que tiveram um dia ruim, parece que bater um papo com estranhos na rua deixa melhor o dia de qualquer um.

Via Scientific American, Fonte indicada: Galileu

9 características das pessoas altamente sensíveis (PAS)

9 características das pessoas altamente sensíveis (PAS)

Cada pessoa tem seu próprio dom, ainda que não consigamos identificá-lo. Muitas vezes, ao examinar com atenção nossa própria história de vida, percebemos que nossas feridas podem se converter em dons, desde que possamos percebê-las assim. Elas aparecem quando nossa sensibilidade é ferida, e algumas pessoas mostram-se mais sensíveis do que a maioria, sentindo as dores emocionais com mais intensidade.

Assim, podemos perceber que há vários dons diferentes entre nós, há quem sabe escutar, quem gosta de tomar a iniciativa, quem gosta de liderar, quem é criativo, quem é perseverante, quem tem o dom do humor etc. E há quem sente de maneira excepcional, que são as Pessoas Altamente Sensíveis, ou PAS.

Também chamadas de introvertidas, essas pessoas podem se revoltar contra a própria natureza, considerando-a mais uma maldição do que uma virtude. Afinal, nossa sociedade valoriza o extrovertido, o despojado, o chamativo. Quem fala mais alto geralmente consegue o que quer em um mundo barulhento, em que vale a lei do “mais forte”.

As pessoas muito sensíveis podem se sentir acuadas e fracas, achando que deveriam ser “mais isso ou aquilo” para poder se enturmar, se relacionar com os outros e ter sucesso na vida.

Mas quem é muito sensível geralmente é mais empático, intuitivo e tem grande capacidade de compaixão, entre várias outras características. Se você for assim, não precisa se esconder ou tentar ser alguém que não é.

Características das pessoas altamente sensíveis (PAS)

“Ser vulnerável não tem que dar medo. Temos que ter a coragem de ser sinceros, abertos e honestos. Isso cria a oportunidade de uma relação mais profunda. Cria força pessoal e o tipo de conexões com os outros que buscamos na vida. Falar a partir do coração nos libera dos segredos que nos oprimem. São os segredos que nos adoecem e nos tornam medrosos. Dizer a verdade ajudará você a obter clareza sobre a autêntica direção do seu coração”.
Sara Paddison

Ser altamente sensível pode não ser fácil, mas lembremos que a vida de ninguém é. A hiper-sensibilidade tem seu poder e beleza.

Você pode viver em sintonia com o resto do mundo. Pode encontrar pessoas tão ou mais sensíveis do que você e também aprender a se relacionar melhor consigo e com os outros, mesmo com pessoas menos sensíveis que você. Conheça abaixo algumas características das pessoas PAS e veja se pode se identificar com algumas ou com todas elas:

1. São muito intuitivas

Além de contarem com um raciocínio afiado, as pessoas altamente sensíveis contam com uma intuição bem desenvolvida. Assim, podem perceber o que se passa ao seu redor, ainda que não haja um motivo lógico para o que percebem.

Por exemplo, ao entrar em contato com outra pessoa ou grupos de pessoas, podem pressentir com facilidade qual o estado de ânimo no ambiente ou que tipo de conversa estava se realizando logo antes de chegar ao local.

2. Apreciam as sutilezas com facilidade

Esse tipo de pessoa é realmente perspicaz, podendo perceber o que a maioria não pode. Por exemplo, podem “sentir” quando alguém está mentindo ou escondendo algo. Além disso, podem encontrar a beleza em lugares inesperados, e apreciar pequenos gestos de bondade e gentileza, que poderiam passar desapercebidos. Em resumo, se há uma característica que define as pessoas hiper-sensíveis é sua percepção de tudo aquilo que parece sutil demais para os outros.

3. Têm capacidade de empatia altamente desenvolvida

Sua conexão emocional com os outros é extraordinária, pois demonstram grande habilidade na hora de estabelecer esse tipo de relação com os demais. Para compreender isso, podemos recorrer às palavras de Peter F. Druncker: “Os verdadeiros ouvintes empáticos podem ouvir até o que se diz em silêncio. O mais importante na comunicação é ouvir o que não se está dizendo”.

4. Experimentam sensações extraordinárias

Transmitem e captam as emoções de maneira verdadeiramente mágica. Geralmente, as trocas emocionais se realizam de maneira sutil; assim, sua intensidade é, às vezes, praticamente imperceptível. Entretanto, as pessoas altamente sensíveis têm uma grande capacidade de captar as sensações e emoções do ambiente em que se encontram, de maneira mais intensa que os demais.

Isso pode parecer algo muito agradável, mas nem sempre. Imagine por exemplo, uma criança (as crianças já são, por natureza, mais sensíveis do que os adultos) que tenha sensibilidade elevada e que viva em um ambiente em que há um excesso de emoções negativas como preocupação, tristeza, raiva etc. Ela se deixará influenciar e absorverá, como uma esponja, as emoções dos adultos ao seu redor. O que pode inclusive prejudicar a saúde do seu corpo, seu aprendizado e desenvolvimento emocional.

5. São capazes de expressar sentimentos facilmente

Dada a natureza de sua sensibilidade, essas pessoas são capazes de utilizar com graça e elegância seus recursos na hora de descrever experiências e momentos emocionalmente intensos em sua vida. Isso faz com que muitas pessoas se identifiquem com o que estão comunicando. É comum que a maioria de nós não consiga expressar bem como se sente, através de palavras ou de outro meio de comunicação.

6. Se sentem bem quando estão sozinhas

Geralmente, estar só é algo visto como desagradável, pois todos nós temos medo da solidão. Entretanto, precisamos de momentos a sós para nos conectarmos com nosso eu interior, para rezar, meditar, contemplar nossos desafios na vida e buscar soluções, longe do barulho exterior.

Quem tem a sensibilidade elevada sabe disso mais do que ninguém e procura oportunidades de ficar só consigo. São pessoas que gostam, por exemplo, de viajar sozinhas ou de ter um período só seu durante o dia, para se conectar com suas emoções. Essas pessoas muitas vezes são conhecidas como introvertidas, pois ao invés de se voltarem para o exterior buscam no seu interior.

7. São pessoas dispostas a ajudar

Pessoas altamente sensíveis geralmente têm muito amor disponível, e podem canalizá-lo para trabalhos humanitários e voluntários. O seu objetivo é fazer do mundo um melhor lugar para todos, facilitando a vida dos demais. A única advertência é que não se deve esquecer de si para ajudar os outros.

8. Choram e riem facilmente

Suas emoções vivem à flor da pele, e podem ser acionadas rapidamente ante acontecimentos, pessoas ou coisas que suscitem emoção. Isso é saudável, mas é preciso prestar atenção para não se deixar mergulhar muito profundamente na tristeza (e ficar por lá), nem se embriagar pela euforia, deixando de prestar atenção a aspectos importantes da vida. Mas, de maneira geral, a liberação de emoções reprimidas faz bem para o corpo e para a alma.

9. São pensadores profundos

Por essa razão, trabalham muito bem em equipe e conseguem realizar grande parte das metas e objetivos que possuem. Essas pessoas tendem a dar tudo de si aos projetos em que participam.

Fonte indicada: Melhor com Saúde

Confira 11 sites para baixar livros de graça

Confira 11 sites para baixar livros de graça

Pensando em ampliar a sua experiência de leitura, selecionamos 11 sites nacionais e internacionais em que é possível baixar  livros e ler online de maneira legal, sem complicações e, o melhor, de graça.

Ler para aprender, ler para expandir a mente, ler para estimular a memória.  Não importa o porquê você dedica tempo para essa atividade, o que vale é aproveitar todos os seus benefícios, seja no papel ou nos modernos leitores digitais.

Confira as opções de leitura gratuita.

1. Universia – Reúne mais de 1000 arquivos, incluindo biografias de cineastas, textos científicos sobre comunicação e clássicos da literatura universal.

2. Open Library – Projeto que pretende catalogar todos os livros publicados no mundo, já tem 1 milhão de títulos disponíveis para download. Podem ser encontrados livros em cerca idiomas.

3. Brasiliana – O site da Universidade de São Paulo (USP) disponibiliza cerca de 3000 mil livros para download de forma legal. Há livros raros e documentos históricos, manuscritos e imagens.

4. Biblioteca Digital de Obras Raras – O site idealizado pela Universidade de São Paulo (USP) é direcionado a pesquisadores. Oferece mais de 30 obras completas em diferentes idiomas.

5. Portal Domínio Público – Biblioteca virtual criada para divulgar clássicos da literatura mundial, oferece download gratuito de mais de 350 obras.

6. Biblioteca Nacional de Portugal – Entre os destaques do portal está um site dedicado do escritor José Saramago. Nele, estão disponíveis manuscritos do autor.

7. Machado de Assis – Criado pelo MEC, o site do escritor oferece sua obra completa – em pdf ou html – para leitura online. Estão lá crônicas, romances, contos, poesias, peças de teatro, críticas e traduções.

8. Biblioteca Mundial Digital – Oferece milhares documentos históricos de diferentes partes do mundo. Multilingue, o material está disponível para leitura online.

11. Dear Reader – Esse é um clube virtual que envia por e-mail trechos de livros. Após o cadastro, o usuário passa a receber  diariamente um trecho, cerca de dois a três capítulos de livros.

9. eBooks Brasil – Oferece livros eletrônicos gratuitamente em diversos formatos.

10. Projeto Gutenberg – Tem mais de 100 mil livros digitais que podem ser baixados e lidos em diferentes plataformas eletrônicas.

11.  Unesp Aberta – Criado pela reitoria da Universidade Estadual Paulista “Júlio Mesquita”, o site disponibiliza material pedagógico gratuitamente. Desenvolvidos para os cursos da universidade, o material está aberto s para consulta em diversos formatos.

Boa leitura!

Fonte indicada: Canal do Ensino

O perigo de silenciar os sentimentos

O perigo de silenciar os sentimentos

Quantas coisas você internaliza todos os dias? Quantos sentimentos e pensamentos você guarda para si mesmo, tentando não causar danos ou ofender a quem você deveria enfrentar? Vá com cuidado! Pois no final quem estará sofrendo danos será você. Explicaremos por que isso acontece a seguir.

1. Quem cala consente, mas tudo tem um limite

O silêncio é sábio, disso não há dúvidas, e é sempre muito bom que ante algumas palavras ignorantes, ante um comentário fora do lugar ou ante uma expressão um pouco inadequada, optemos sempre por fechar a boca e agir com mais inteligência do que aquele que fala sem pensar.

Bom, porém devemos saber manter um equilíbrio entre guardar silêncio e defender nossas necessidades:

  • Silenciar nossos sentimentos ou nossos pensamentos deixa que, a pessoa que está na nossa frente, não saiba que está nos machucando, ou que está ultrapassando alguns limites. Ninguém consegue adivinhar o pensamento dos outros, por isso se não dissermos aquilo que nos faz mal ou que nos ofende, as outras pessoas não o saberão.
  • Existem silêncios sábios e palavras sábias. Saber quando se calar e quando falar é, possivelmente, a melhor habilidade que podemos aprender a desenvolver. Não se trata, de modo algum, de estar sempre caldo ou de dizer aquilo que temos em mente. Os extremos nunca são bons. Mantenha o equilíbrio, mas lembre-se sempre que esconder os sentimentos pode nos machucar. Você permite que outros invadam seu espaço pessoal, que atravessem os limites e que falem por você ou que escolham por você. No final, você será quase uma marionete guiada por fios alheios.

2. As palavras silenciadas convertem-se em doenças psicossomáticas

Você não ficará surpreso em saber que a mente e o corpo estão intimamente relacionados e conectados. A conexão é tão grande que os especialistas advertem que quase 40% da população sofre ou sofreu em sua vida com alguma doença psicossomática.

O nervosismo, por exemplo, altera nossas digestões, causa diarreias ou a clássica dor de cabeça. Muitos herpes labiais são desencadeados por processos de estresse elevados, de nervosismo e febre. Logo, ficar calado todos os dias e internalizar o que sentimos e o que pensamos gera em nosso organismo uma alta carga de ansiedade.

Pense em todas aquelas palavras que não deseja dizer aos seus pais ou aos seus amigos para não ferir seus sentimentos. Eles fazem as coisas por você pensando que estão ajudando, quando na verdade não estão contribuindo. Por que você não conta a verdade?

Tudo isso, no final, irá originar doenças psicossomáticas, enxaquecas, pressão alta, cansaço crônico.

3. Dizer em voz alta suas palavras: a chave do desabafo emocional

Não tenha medo de escutar sua própria voz, e muito menos que os outros também o façam. É algo tão necessário como respirar, como comer, dormir. A comunicação emocional é ideal para o nosso dia a dia, para estabelecer relações mais saudáveis com os demais e, logicamente, com nós mesmos.

Aqui vão algumas dicas básicas para obter sucesso:

– Pense que tudo tem um limite. Se não dizermos em voz alta tudo aquilo que pensamos e sentimos, não estaremos atuando com dignidade, perderemos nossa autoestima e o controle de nossa vida. Primeiramente, tome consciência de que dizer o que está pensando e precisando é um direito.
Dizer o que você pensa não é causar danos a ninguém. Significa se defender e, por sua vez, informar aos demais de uma realidade que deveriam conhecer.

Não fique preocupado com a reação das outras pessoas, não tenha medo. Porém, se você se preocupa muito com o que pode acontecer, pode se preparar ante as possíveis reações. Um exemplo: está cansado do fato de que seus pais apareçam em sua casa todos os finais de semana e que não está tendo relações com seu companheiro. De que maneira você acredita que irão reagir? Se você acredita que eles irão ficar chateados, prepare-se para justificar que não existe razão para magoas. Caso você pense que eles ficarão machucados, prepare também o modo como irá argumentar, para não feri-los.

Pense que as palavras, dizer em voz alta aquilo que sentimos e pensamos é, na verdade, o melhor modo de liberação emocional que existe. Pratique-o com sabedoria, cuide de si mesmo.

Fonte indicada: Melhor com Saúde

Ensaio sobre a lucidez – fragmentos da obra de José Saramago

Ensaio sobre a lucidez – fragmentos da obra de José Saramago

Há pessoas incapazes de ler sem que seus livros fiquem grifados, com páginas marcadas ou mesmo repletos de anotações. A inquietação causada por certas palavras é tanta que precisa de destaque ou mesmo de repetição.

Abaixo alguns dos belos e inquietantes trechos do livro “Ensaio sobre a Lucidez” de José Saramago.

“…os humanos são universalmente conhecidos como os únicos animais capazes de mentir, sendo certo que se às vezes o fazem por medo, e às vezes por interesse, também às vezes o fazem porque perceberam a tempo que essa era a única maneira ao seu alcance de defenderem a verdade.”

“…talvez, antes de ti, o teu corpo saiba já que vão te matar.”

“…a isto pode ser reduzida a tão badalada suprema dignidade da pessoa humana, afinal tanto como um papel molhado.”

“…em toda a verdade humana há sempre algo de angustioso, de aflito, nós somos, e não estou a referir-me simplesmente à fragilidade da vida, somos uma pequena e trêmula chama que a cada instante ameaça apagar-se, e temos medo, acima de tudo temos medo.”

“Sempre chega a hora em que descobrimos que sabíamos muito mais do que antes julgávamos…”

“Sentiu a nostalgia da capital, do tempo feliz em que os votos eram obedientes ao mando, do monótono passar das horas e dos dias entre a pequeno-burguesa residência oficial dos chefes de governo e o parlamento da nação, das agitadas e não raras vezes joviais crises políticas que eram como fogachos de duração prevista e intensidade vigiada, quase sempre a fazer de conta, e com as quais se aprendia, não só a não dizer a verdade como fazê-la coincidir, ponto por ponto, quando fosse útil, com a mentira, da mesma maneira que o avesso, com toda a naturalidade é o outro lado do direito.”

“…o incompreensível pode ser desprezado, mas nunca o será se houver maneira de o usarem como pretexto.”

“Que monstruosas coisas é capaz de gerar o cérebro…”

“…as verdades há que repeti-las muitas vezes para que não venham, pobres delas, a cair no esquecimento.”

“O cão tinha se aproximado quase a tocar com o focinho os joelhos do comissário. Olhava para ele e os seus olhos diziam, Não te faço mal, não tenhas medo, ela também não o teve naquele dia. Então o comissário estendeu a mão devagar e tocou-lhe na cabeça. Apetecia-lhe chorar, deixar que as lágrimas lhe escorregassem pela cara abaixo, talvez o prodígio se repetisse. A mulher do médico guardou o livro na bolsa e disse, Vamos, Aonde, perguntou o comissário, Almoçará conosco se não tem nada mais importante que fazer, Tem a certeza, De quê, De querer sentar-me à sua mesa, Sim, tenho a certeza, E não tem medo de que eu esteja a enganá-la, Com essas lágrimas nos olhos, não.”

“Aprendi neste ofício que os que mandam não só não se detêm diante do que nós chamamos absurdos, como se servem deles para entorpecer as consciências e aniquilar a razão.”

“Nascemos, e nesse momento é como se tivéssemos firmado um pacto para toda a vida, mas o dia pode chegar em que nos perguntemos Quem assinou isto por mim.”

“…há que ter o máximo de cuidado com aquilo que se julga saber, porque por detrás se encontra escondida uma cadeia interminável de incógnitas, a última das quais, provavelmente, não terá solução.”

Os registros são provenientes do blog Gus Fragmentos.

“O PSICANALISTA NÃO FALA, SÓ ESCUTA” – Verdade?

“O PSICANALISTA NÃO FALA, SÓ ESCUTA” – Verdade?

Por Flavia Bonfim

A ideia do analista sempre silencioso é uma caricatura. Isso não quer dizer, contudo, que o silêncio não tenha sua função no processo analítico. Se fosse “verdade” que o analista não fala, ainda assim teríamos aí uma questão que mereceria melhores esclarecimentos. Pois como a “verdade é sempre não-toda“, nos diz Lacan, essa afirmativa por si não seria capaz de dar conta de dizer tudo sobre a práxis do analista. Por outro lado, vale dizer que “escutar”, ou melhor “a escuta de um psicanalista” em si já não é pouca coisa, pois permite ao sujeito falar daquilo que há de mais íntimo, sem ser censurado e julgado segundo critérios morais: do bem e do mal, do certo ou errado, além de contar com o sigilo de seus maiores segredos.

Escutar o paciente, antes de falar e fazer suposições, trata-se de uma posição ética, que supõe um saber do lado do analisando a respeito de si próprio (mesmo que ele ainda não saiba) a ser construído no processo analítico. Além disso, isso aponta para o fato de que qualquer intervenção e interpretação do analista só é mediante a prévia escuta do paciente.

Não se trabalha com um saber pronto, produzido de ante-mão, que caberia para todo sujeito. A teoria psicanalítica orienta e jamais o analista pode prescindir dela, mas ela não substitue o singular e só se confirma e se autentifica medicante o caso a caso. A psicanálise é a clínica do particular.

Desse modo, o analista trabalha essencialmente com a fala do paciente, pois é na fala que o inconsciente pode emergir. É isto que Lacan quer assinalar com seu famoso aforismo, que marcou sua releitura da obra freudiana: “O inconsciente é estruturado como uma linguagem”. O inconsciente não está dentro, nem fora, mas se encontra na própria fala do analisando, cabendo ao analista intervir para que o inconsciente exista. É o analista que enfatiza aquilo que o analisando desconsidera (as manifestações do inconsciente: atos falhos, chistes, sonhos, sintoma) e aponta para seu estatuto de representante da verdade do sujeito. Daí, a tese de Lacan: O inconsciente não é sem o analista.

De modo mais preciso, afirmamos que a psicanálise trabalha com os ditos do paciente, questionando a posição do sujeito frente a eles, o lugar do enunciante frente ao seu enunciado,–  permitindo reformular sua queixa e introduzir o mal-entendido. Isso o guia ao encontro do inconsciente, levando-o ao questionamento de seu desejo e do que pretende dizer quando fala.  O ato analítico consiste em implicar o sujeito em sua queixa, de modo que possa avançar, deslizando da queixa a respeito do outro, para a pergunta: “Qual minha parte nisto?”, produzindo, então, uma retificação subjetiva, uma responsabilização do sujeito sobre seu sintoma. Convém destacar que responsabilizar não é de modo algum culpabilizar o paciente pelo seu sofrimento. Responsabilizar é o primeiro passo para permitir que o analisando – apesar do assujeitamento do Outro, do determinismo inconsciente e dos dramas pessoais – possa se autorizar pelas escolhas de sua vida e encontrar outras vias de se posicionar frente ao mundo, bem como outros modos de satisfação, construindo, assim, soluções inéditas para si.

Finalizando, devo dizer que  ética da psicanálise é regulada pelo desejo e toda intervenção/interpretação analítica incide na tentativa de apontar para a dimensão desejante do sujeito. Logo, o psicanalista fala. O que ele não fala é sobre si, já que isso produz apenas identificações imaginárias que só tendem a contribuir ainda mais para a alienação do sujeito – indo na contramão do processo analítico. Ele também não diz ao paciente como agir, pois quem pode dizer o que é melhor para o outro? Quanto a isso, Freud há tempos nos alertou , escrevendo que “A felicidade constitui um “problema da economia da libido do indivíduo.” Não existe uma “regra de ouro” para todos. Cada sujeito deve descobrir o seu caminho que conduz ao prazer.” Nesse sentido, Lacan, por sua vez, foi bem claro ao formalizar que o analista dirige o tratamento, não o paciente.

Fonte indicada: Flávia Bonfim Psicanálise

Se você não existisse, que falta faria?

Se você não existisse, que falta faria?

De todos os seres vivos terrestres somos os únicos que possuem a consciência da própria finitude. Nascer e morrer são duas prerrogativas sabidamente irrevogáveis para todos nós, contudo durante a vida caminhamos quase sempre evitando pensar nisso.

Ninguém quer morrer, mas todo mundo vai, contudo vivemos como se fossemos imortais. Colocamos sobre o colo milhares de pequenos afazeres e nos esquecemos de contemplar o tempo e onde estamos no espaço-tempo da nossa própria vida.

Dessa forma, antes de mais nada, é preciso dizer aqui em alto e bom tom que a vida humana é lamentavelmente curta. E pior, é ainda mais curta para os que não acordam para o real sentido dela. E nesse ponto preciso concordar com Benjamin Disraeli “a vida é muito curta para ser pequena”.

Mas quando uma vida é pequena mesmo?

Uma vida é pequena quando nossa presença nela não faz diferença alguma. Quando vivemos de forma banal, fútil, inútil e superficial. Quando de acordo com o filósofo e escritor Mário Sérgio Cortella nos tornamos “mornos”.

Morna é aquela pessoa “mais ou menos”. Mais ou menos amiga, mais ou menos profissional, mais ou menos amante. Morna é a pessoa que adora ditar o velho chavão do “eu faço o que posso”. Morna é a pessoa que não acredita no melhor, nem na aplicação dele para melhoria da vida de todos. Morna é aquela pessoa que não faz falta.

E, de acordo com Cortella, para fazer falta é preciso ser importante. Entretanto, diferente do que podemos imaginar, para ser importante não é necessário ser famoso (haja visto que a fama é efêmera), basta apenas que sejamos importados para dentro do coração daqueles que nos cercam e que são tocados pelas nossas iniciativas e atitudes.

E talvez depois disso, depois de nos tornarmos importantes para os que estão ao nosso lado, possamos pensar na possível “não morte”.

A “não morte” não diz respeito à negação da morte física, mas à sobrevida do nosso Eu. Dessa forma só morremos mesmo quando somos definitivamente esquecidos.

Assim, quando vou até a cozinha e me lembro do cheiro delicioso da farofa molhada da minha avó, a torno viva através de meus pensamentos e memórias. Quando cito um filósofo do século passado, puxo a manta do esquecimento que dedilha sua lápide. Quando entoo uma canção de Vinicius de Moraes, o reavivo, prolongando sua vida para além dela mesma.
Sabe aquele ditado que nos diz sobre “plantar uma árvore, escrever um livro e fazer um filho”? Ele tem muito a ver com esse sentido de “não morte”.

Quando planto uma árvore e cuido para que ela se fortaleça e sobreviva a mim, ela levará consigo um pouco do que sou e de minha iniciativa e atitude. Ela será como uma lembrança minha a acenar para os que contornam seu tronco que eu em corpo um dia lá estive e ideologicamente ainda estou.

Com um filho também é assim, se eu não apequenar minha vida e dar a ele o tempo necessário para que aprenda comigo, ele levará consigo o que sou não só nos traços e genes, mas em sua ideologia e caráter também.

Dizer de um livro é o mesmo, pois se minhas palavras e pensamentos compilados forem de importância significativa para a vida dos que vierem a me ler, o que foi escrito por mim ficará e transcenderá o tempo.

Mas o que estamos fazendo hoje com nossas vidas? Estamos nos dando tempo para plantar e regar uma árvore ou estamos apenas jogando uma muda de qualquer jeito dentro de um buraco raso?

Estamos criando vínculos com nossos filhos ou protelando a outros questões que só nos dizem respeito?

Somos movidos por reflexões profundas, recheadas de sentido, que partilhadas podem fazer florescer o melhor em outros corações ou estamos apenas preocupados com aforismos dedilhados rapidamente em alguma conversa superficial?

Fazemos o nosso melhor dentro das possibilidades que nos foram dadas ou nos contentamos com o comedido e desmotivante “faço o que posso”?

Somos pessoas repletas de amor e de importância para nossa família, amigos e comunidade ou resmungões solitários que esperam o mundo dar errado para dizer “eu falei”?

Seremos lembrados apenas durante nossos anos de vida ou tomaremos tento para esse tempo curto no qual enchemos os pulmões de ar e faremos dele o ponto de partida para o que pode transbordar para um tempo além do nosso?

É esse o momento para verdadeiramente ser, para verdadeiramente amar e para verdadeiramente proclamar o melhor que carregamos em nós.

Apenas sendo de verdade, dando o melhor de nós, podemos enfim ganhar um lugar cativo no coração daqueles que sinceramente tocamos e dessa forma não nos rasgaremos em temores quando uma voz sabiamente nos indagar: “Se você não existisse, que falta faria?”

> Para os que buscam saber mais acerca do tema eu indico que assistam ao escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella aqui.

(Imagem de Capa Meramente Ilustrativa)

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Ninguém precisa ser grosseiro para ser sincero. Gentileza é bom e todo mundo gosta.

Ninguém precisa ser grosseiro para ser sincero. Gentileza é bom e todo mundo gosta.

Não, eu não concordo com essa grossura toda, não. Esse negócio de achar que truculência e competência são a mesma coisa, esse estrabismo de enxergar eficiência onde só há intolerância, essa história de aceitar e elogiar a grosseria em nome do resultado. Para mim, não dá. Eu não aceito.

Vão me desculpar os autointitulados “sinceros”, mas cuspir nossas verdades pessoais na cara dos outros assim sem mais, sem pedir licença, sem jeito e sem pudor não é sinceridade. É falta de educação mesmo. Pretexto para humilhar, subjugar e acabrunhar alguém que, em nossa lógica perversa de autoproteção, precisa ficar em seu lugar.

Quase sempre, na esteira de um dissimulado “desculpe a sinceridade” vem uma enxurrada de afrontas, preconceitos e ofensas proferidos com falso desprendimento. A cada crítica forçada e opinião venenosa, o sujeito muito orgulhoso de sua “sinceridade” pisa com selvageria disfarçada as cabeças de suas vítimas enquanto festeja sua “personalidade forte”. E eu aqui me pergunto se isso não passa de fraqueza de caráter, insegurança profunda e essas coisas que ninguém assume.

Tem até quem ofenda e magoe alguém com a desculpa de tentar ajudá-lo. Balela. Mentira. Não está ajudando. Truculência não é boa intenção. É mal gosto mesmo. Digamos a verdade com firmeza mas com doçura. Por que não?

Sim, senhor! É claro que se pode ser sincero sem ser agressivo. Todos podemos declarar nossa versão da verdade sem vociferar e agredir. Mas tem gente por aí acusando pessoas de bom senso e almas cuidadosas de hipocrisia, frescura, falsidade e outros acintes pelo simples fato de elas ainda usarem o tato e a cautela para lidar com os outros.

É estranho, mas a incrível inversão de valores que nos assola transformou em “fingido” o sujeito de bons modos. Reduziu à condição de “sonso” o cidadão que ousa dizer o que pensa com firmeza, sim, mas com toda a delicadeza que lhe cabe. Na ótica míope dos hostis, o ser gentil é um molenga, um banana e um fingido. E a gentileza, veja só, é uma farsa.

Uma coisa é a nossa dificuldade de ouvir “a verdade” alheia, nosso embaraço em aceitar críticas e receber opiniões diversas. Isso se trata e se corrige. Outra coisa é o nosso direito de ouvir o outro com o mínimo de jeito e delicadeza. Isso não se negocia.

Sigamos assim, exaltando os grosseirões autointitulados “sinceros” e julgando como hipócritas, frouxos, covardes de personalidade fraca os bem educados, e estaremos cada vez mais distantes uns dos outros, rolando ladeira abaixo no caminho para o nada.

Nessas horas eu sinto saudade de minha bisavó, Benedita Rosa, que me visita com a brisa da tarde, na Hora da Ave Maria, Hora do Ângelus, “Hora da Rosa”. Pensar nela me faz bem. Olhando em nossos olhos durante uma bronca, tinha a firmeza e a direção das locomotivas. Mas nunca perdeu a doçura dos anjos e dos sonhos de padaria. Valei-me, Vovó. Valei-nos Deus! Com toda a sinceridade, está faltando sua gentileza aqui embaixo.

A arte de conviver com sabichões

A arte de conviver com sabichões

Sabichão é aquele sujeito ou sujeita que não tem a menor sombra de dúvida sobre nada ou ninguém. O sabichão sabe – e na maioria das vezes não sabe – tudo a respeito das notícias atuais, sabe historia como ninguém, sabe sobre leis, direitos, deveres, regras sociais, moda, estilo, cinema, artes, composição do chiclete, quantas pernas tem um piolho e muito mais.

O sabichão domina a conversa, interrompe as pessoas, ignora os bocejos entediados e continua o discurso com a mesma empolgação.

Até esse ponto, poderia ser só um chato. Mas tem chatos mais bacanas, que de vez em quando param para respirar e depois dizem: Isso eu não sei. O sabichão nunca vai pronunciar isso.

Quem convive com um ou mais sabichões sabe do que estou falando.  É uma verdadeira arte conviver com personalidades tão vaidosas, arrogantes,  irascíveis. Não há diálogo, não há troca, não há prazer.

E quando uma pessoa dessas é contrariada, quando alguém ousar discordar, o mundo vem abaixo, sob diversas formas: uma saraivada de argumentos, teorias exaltadas, defesas apaixonadas, socos na mesa, qualquer coisa vale para quem não sabe ficar sem os créditos de uma razão.

Mas como se faz para conseguir conviver com tamanha sabedoria? Submissão? Indiferença? Provocação?

E quando ainda assim temos afeto, gostamos tanto dessa pessoa insuportável  que somos capazes de encarar todas os capítulos da história do mundo que ela sabe de trás para frente?

O truque de dar bastante comida para que ocupe a boca não funciona bem, o sabichão não tem dó de deixar a comida esfriar em troca de longos e detalhadas explicações.

Tampouco levantar um assunto que teoricamente ele não domina, pois o efeito desse desafio pode ser uma enxurrada de teorias e hipóteses.

Solução definitiva não sei se há, mas se um sabichão entrou na sua vida, ou você na vida dele, de qualquer forma que for, a melhor experiência que posso compartilhar é de propor tréguas de sabedoria – O dia em que nenhum de nós nada sabe – é um exercício no mínimo engraçado, mas cuidado, você corre o risco de descobrir que o verdadeiro sabichão pode ser você.

Afinal,  poucos são os que não reclamam a verdade e sabedoria para si próprios.

Por um mundo com mais curiosidade e menos certezas!

Abençoados sejam os inimigos que nos fortalecem

Abençoados sejam os inimigos que nos fortalecem

A cada escolha que fazemos, abrimos mão de algo que também nos era valioso; é uma questão de atribuir valor à escolha. A cada decisão que tomamos, angariamos a admiração de uns e o repúdio de outros; é o preço que pagamos por sermos fiéis ao que acreditamos. A cada opinião que emitimos, encontramos eco nos semelhantes e críticas nos divergentes; é a consequência imediata por admitirmos uma posição, por não cabermos no conforto da alienação. Jamais estaremos em acordo completo com todos. E, muitas vezes, o simples fato de existirmos dentro de um conceito social e humano, pode despertar a ira alheia. Que venha a ira! É melhor sermos odiados do que sermos ignorados.

A citação “Os amigos dizem-se sinceros; os inimigos são-nos”, de autoria do Filósofo alemão Arthur Schopenhauer (1788 – 1860), serve como um espinho sobre as nossas mais profundas idealizações acerca dos relacionamentos sócio-afetivos. Cercamo-nos da proteção daqueles que se declaram nossos amigos, afetos e amores, apoiados na crença de que, dessa forma, estaremos protegidos do mal e da maldade. Difícil saber. O ser humano é movido pelas paixões e não é capaz de amar a ninguém mais, na mesma medida que ama a si mesmo. Salvo o amor aos descendentes, consanguíneos ou não, todo o resto fica menor diante da necessidade de auto-preservação e da ameaça à felicidade, ao sucesso e à segurança. Os amigos utilizam-se da sinceridade em doses calculadas, cujo limite é o nosso ponto de aceitação em relação ao pensamento despido do outro. Na verdade, não estamos de fato interessados em sinceridades sem limite. Estamos? Quantas vezes jogamos no colo do outro, questionamentos referentes ao nosso modo de agir, pensar ou nos apresentar, apenas interessados em uma opinião que venha ao encontro da nossa? A sinceridade é a verdade sem maquiagem. A sinceridade é ferramenta útil nas mãos do inimigo. Sem nos confrontarmos com ela, tornamo-nos pessoas gelatinosas e mornas, no conforto das “mentiras sinceras” que brotam das bocas, olhos e abraços daqueles que nos querem bem. Precisamos da sinceridade do inimigo para nos atiçar o desejo do bom combate, para nos despertar diante do opositor. Amigos não são sinceros o suficiente para nos fortalecer; os inimigos, sim.

Mahatma Gandhi, foi o maior líder pacifista de toda a História da humanidade. Embora usassem de atos violentos contra a população da Índia, os ingleses evitavam o confronto aberto contra Gandhi. O líder expressava seu desacordo contra a ocupação inglesa por meio de jejuns, marchas e desobediência civil, incentivando o não pagamento de impostos e o boicote a produtos ingleses. Em 1922, Gandhi foi detido em virtude de uma greve contra o aumento de impostos, que culminou com uma multidão incendiando um posto policial. Gandhi foi julgado e condenado a seis anos de prisão. Libertado em 1924, Gandhi continuou a orientar a população a posicionar-se contra a opressão inglesa de forma pacífica. Em 1930, liderou a marcha para o mar, na qual milhares de pessoas caminharam mais de 320 quilômetros para protestar contra o imposto sobre o sal. Para complicar ainda mais o cenário, as rivalidades existentes entre hindus e muçulmanos na Índia, retardaram o processo de independência. Com o início da Segunda Guerra Mundial, Gandhi voltou à luta pela retirada imediata dos britânicos do seu país. Por fim em 1947 os ingleses reconheceram a independência da Índia, contudo mantiveram seus interesses econômicos. As divisões internas levaram o governo a criar duas nações, a União Indiana, governada pelo primeiro ministro Nehru, e o Paquistão, de população muçulmana. A divisão interna gerou violenta migração de hindus e muçulmanos em direções opostas da fronteira, o que resultou em sérios conflitos. Gandhi aceitou a divisão do país e atraiu o ódio dos nacionalistas. Um ano após conquistar a independência, foi morto a tiros por um hindu rebelde, quando se encontrava em Nova Délhi, capital indiana, no dia 30 de janeiro de 1948. Suas cinzas foram jogadas no Rio Ganges, local sagrado para os hindus. É dele a citação “O fraco jamais perdoa; o perdão é uma das características do forte”. Gandhi tinha profundo respeito por seus inimigos. Ele não os temia, mas era temido por eles. E pagou com sua vida pela insurgência contra o sistema de opressão política e intolerância religiosa.

Considerado um líder universal, para quem não havia causa que não coubesse em seus braços, Martin Luther King, levou uma vida complexa de luta contra a opressão. Em sua obstinada missão de alimentar e vestir os pobres e famintos; lutar contra a discriminação de qualquer espécie e servir a humanidade, Luther King angariou uma multidão de admiradores e uma legião de inimigos. Líder religioso, King ficou à frente de um boicote contra as empresas de transporte em defesa de Rosa Parks, uma costureira negra que foi hostilizada por não concordar em ceder seu lugar no ônibus para uma passageira branca. O boicote teve grande adesão da população e durou mais de 300 dias, culminando em uma determinação da Suprema Corte que instituiu a dessegregação nos ônibus de Montgomery. Tendo obtido notoriedade para sua causa, King passou a ser citado como referência na busca pela igualdade racial. Nos anos seguintes, participou de inúmeros protestos, marchas e passeatas, sempre lutando pelas liberdades civis dos negros, de forma pacífica (à luz da filosofia pacifista de Gandhi). Luther King foi preso e torturado diversas vezes, e sua casa chegou a ser atacada por bombas. Em 1963, conseguiu que mais de 200.000 pessoas marchassem pelo fim da segregação racial em Washington. Nesta ocasião proferiu seu discurso mais conhecido, “Eu Tenho um Sonho”. Dessas manifestações nasceram a lei dos Direitos Civis, de 1964, e a lei dos Direitos de Voto, de 1965. Em 1964, Martin Luther King recebeu o Prêmio Nobel da Paz. No início de 1967, King uniu-se aos movimentos contra a Guerra do Vietnã. Em abril de 1968, foi assassinado a tiros por um opositor, num hotel na cidade de Memphis, onde estava em apoio a uma greve de coletores de lixo. É dele a citação “No final, não nos lembraremos das palavras dos nossos inimigos, mas do silêncio dos nossos amigos”.

Existe sempre a possibilidade de nos refugiarmos nas sombras da mediocridade. Sendo medíocres, jamais incomodaremos ninguém. Se não nos opusermos de forma direta ao que consideramos indigno, desumano, incorreto ou injusto, temos a chance de não sermos vistos; tornamo-nos invisíveis aos olhos dos opositores. A falta de posicionamento é uma poderosa arma contra a notoriedade e a vigilância dos divergentes. No entanto, se houver algo de vivo correndo dentro de nós; algo que nos mova na direção de um ideal humano de igualdade e justiça, acabaremos por entender que os inimigos são necessários. Os inimigos são o nosso contraponto; a referência daquilo que não aceitamos como legítimo. Aprendamos, então, a respeitar os inimigos; temos muito que aprender com a dureza de seus sinceros posicionamentos, ainda que venham na forma de atos e palavras mais agressivas. Olhemos nos olhos do inimigo, se quisermos conhecer a verdade sobre nós mesmos. Ouçamos a voz do inimigo, se quisermos, enfim, testar o quanto somos fiéis àquilo que nossa própria boca ousa proferir como verdade.

18 livros grátis que você precisa ler antes de morrer

18 livros grátis que você precisa ler antes de morrer

Confira uma lista com os livros clássicos que não podem ficar de fora das suas leituras mesmo que você tenha um estilo muito pessoal. Clássicos como Machado de Assis e Franz Kafka estão no ranking.

Você tem um tipo preferido de leitura? Romances? Mistério? Ficção? Auto-ajuda? Seja lá qual for o seu tipo de leitura, você não pode deixar de lado os grandes clássicos da literatura.

Mas é claro que esses clássicos não incluem somente os grandes autores brasileiros. Entre eles você até vai encontrar grandes nomes da literatura nacional, como Machado de Assis e Euclides da Cunha, mas nós não deixamos de fora os grandes autores da literatura espanhola, como Miguel de Cervantes, e inglesa, como Shakespeare e Jane Austen.

Confira a seguir uma lista com os principais títulos que você precisa ler antes de morrer:

1. Do Livro do Desassossego, de Fernando Pessoa

2. A Divina Comédia, de Dante Alighieri

3. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

4. Fausto, de Goethe

5. Madame Bovary, de Gustave Flaubert

6. Os Sertões, de Euclides da Cunha

7. O Príncipe, de Maquiavel

8. As Viagens de Guliver, de Jonathan Swift

9. Dom Quixote – (Volume I), de Miguel de Cervantes

10.Dom Quixote – (Volume II), de Miguel de Cervantes

11. Robinson Crusoé, de Daniel Defoe

12. Moby Dick, de Herman Melville

13. O Processo, de Franz Kafka

14. Crime e Castigo, de Fiódor Dostoiévski

15. Coração das Trevas, de Joseph Conrad

16. Hamlet, de William Shakespeare

17. Os Miseráveis, de Victor Hugo

18. Orgulho e Preconceito, de Jane Austen

E aí, você concorda com a lista acima? Tem outras sugestões de livros para ler antes de morrer? Compartilhe sua opinião no campo de comentários e nos ajude a incrementar essa lista!

Fonte indicada: Canal do Ensino

Bastam 66 dias para mudar um hábito

Bastam 66 dias para mudar um hábito

Mudar alguns hábitos está ao alcance de todos. Para isso, são necessários dois ingredientes importantes: escolher uma mudança que seja coerente com sua escala de valores e treinar até que se torne um hábito. Pouco além disso.

Nada é “obrigatoriamente” para sempre, sequer o que se escolheu como hobby, profissão ou local de residência. A ideia de que podemos ser quem desejamos, praticar novos esportes, aprender outras culturas, experimentar todas as gastronomias, ter outros círculos de amigos… transforma uma vida parada em outra, rica em oportunidades e variedade.

O cérebro é plástico. As pessoas evoluem, desejamos mudar, crescer interiormente, e estamos capacitados para isso. Ficaram para trás as teorias sobre a morte dos neurônios e os processos cognitivos degenerativos. Hoje sabemos que os neurônios geram novas conexões que permitem aprender até o dia em que morremos. A plasticidade cerebral demonstrou que o cérebro é uma esponja, moldável, e que continuamente vamos reconfigurando nosso mapa cerebral. Foi o que disse William James, um dos pais da psicologia, em 1890, e todos os neuropsicólogos hoje em dia confirmam as mesmas teorias.

O próprio interesse por querer mudar de hábitos, a atitude e a motivação, assim como sair da zona de conforto, convidam o cérebro a uma reorganização constante. Esse processo está presente nas pessoas desde o nascimento até a morte.

Nesta sociedade impaciente, baseada na cultura do “quero tudo já e sem esforço”, mudar de hábitos se tornou um suplício. Não porque seja difícil, mas porque não abrimos espaço suficiente para que se torne um hábito. Não lhe passou pela cabeça alguma vez que, ao começar uma dieta, as primeiras semanas são mais difíceis de do que quando já está praticando há algum tempo? É resultado desse processo. No início seu cérebro lembra o que já está automatizado, o hábito de beliscar, comer doce ou não praticar exercício, até que se “educa” e acaba adquirindo as novas regras e formas de se comportar em relação à comida.

A neurogênese é o processo pelo qual novos neurônios são gerados. Uma das atividades que retardam o envelhecimento do cérebro é a atividade física. Sim, não só se deve praticar exercícios pelos benefícios emocionais, como o bem-estar e a redução da ansiedade, ou para ficar mais atraente e forte, mas porque seu cérebro se manterá jovem por mais tempo. Um estudo do doutor Kwok Fai-so, da Universidade de Hong Kong, correlacionou a corrida com a neurogênese. O exercício ajuda a divisão das células-tronco, que são as que permitem o surgimento de novas células nervosas.

Existem outras práticas, como a meditação, o tipo de alimentação e a atividade sexual que também favorecem a criação de novas células nervosas.

Uma vez que a reorganização cerebral é estimulada ao longo de toda a vida, não há uma única etapa em que não possamos aprender algo novo. A idade de aposentadoria não determina uma queda, nem completar 40 ou 50 anos deveria ser deprimente. Todos que tiverem interesse e atitude em relação a algo estão em boa hora, poderão aprender, treinar e tornar-se especialistas independentemente da idade. Se você é dessas pessoas que se dedicaram durante a vida a uma profissão com a qual viveram relativamente bem, mas ficaram com o desejo de estudar Antropologia, História, Exatas, Artes Plásticas ou o que for, pode começar agora. Não há limite de idade nem de tempo para o saber.

Não deixe que sua idade o limite quando seu cérebro está preparado para tudo. A mente se renova constantemente graças à plasticidade neuronal.

Até há pouco tempo pensava-se que modificar e automatizar um hábito exigia 21 dias. Otimismo demais! Um estudo recente de Jane Wardle, do University College de Londres, publicado no European Journal of Social Psychology, afirma que para transformar um novo objetivo ou atividade em algo automático, de tal forma que não tenhamos de ter força de vontade, precisamos de 66 dias.

Sinceramente, tanto faz se forem 21 ou 66! O interessante é que somos capazes de aprender, treinar e modificar o que desejarmos. O número de dias é relativo. Depende de fatores como insistência, perseverança, habilidades, das variáveis psicológicas da personalidade e do interesse. A mudança está em torno de dois meses e pouco. O que são dois meses no ciclo de nossa vida? Nada. Esse tempo é necessário para sermos capazes de fazer a mudança que desejamos. E isso nos torna livres e poderosos.

Dez conselhos para começar o que se deseja:

1. Eleja seu propósito e o transforme em seu projeto. É certo que, se fizer uma lista, se dará conta de que tem muitas inquietações. Mas não podemos mudar ou tentar fazer tudo de uma vez. Esqueça seu cérebro multitarefa e não queira modificar tudo em um instante. Quando conseguir automatizar o primeiro, passe ao segundo.

2. Reflita sobre sua meta. Se responder às seguintes perguntas em relação a seu objetivo, seu compromisso com ele aumentará: O que quero? Por quê? Para quê? Com quê? O “com que” refere-se aos seus pontos fortes, valores e atitudes para consegui-lo. Quando enfrentar algo novo, e tendo em vista que isso implica em sair da zona de conforto, é recomendável ter a segurança e a confiança de que está preparado, que tem capacidade e que irá conseguir. Mesmo que seja difícil.

3. Faça com que ele caiba no seu dia-a-dia. Não importa o que deseja iniciar, é preciso tempo. Se não abrir um espaço em sua agenda e o transformar em rotina, o normal é que termine postergando o que agora não faz parte de sua vida.

4. Ressalte seu objetivo. Tudo aquilo que não faz parte de nossa ordem habitual é fácil de ser esquecido. Se tem uma agenda, marque com caneta marca-texto. Se utiliza o alerta do celular, crie um diário com o novo objetivo. Não abuse de sua memória e do “deveria ter me lembrado”.

5. Cerque-se de todo o necessário, assim não terá desculpas para não começar. Por exemplo, se está de dieta, compre os alimentos do regime; se começou a praticar esportes, busque a roupa que irá usar, ou se começou a tirar fotos, prepare o material.

6. Comece hoje. Não existe nenhum estudo com rigor científico que relacione a segunda-feira ou o primeiro dia de janeiro exclusivamente com o começo de um novo hábito. A terça-feira e a quinta são dias tão bons como qualquer outro. Deixar tudo para a segunda é outra maneira de postergar e deixar que a preguiça vença sua força de vontade. O melhor dia para começar algo é hoje.

7. Emocione-se. As emoções avivam a lembrança, produzem bem-estar, e estar apaixonado pelo que se faz fideliza o hábito. Busque como se sente, o que irá conseguir, como irá melhorar sua vida pessoal e profissional. Aproveite e esteja presente.

8. Não escute a voz interior que lhe diz que está cansado, qual o sentido disso e que a vida é muito curta para não ser aproveitada. Nosso cérebro está muito treinado para criar desculpas e continuar na zona de conforto. Essa voz interior é muito forte e pode ser muito convincente.

9. Seja disciplinado. Leve seu hábito a sério. E levá-lo a sério não significa se tornar sério, mas que seja uma prioridade, algo para dedicar seu valioso tempo. E que tenha um lugar especial em sua agenda.

10. Transforme seu novo hábito em sua filosofia de vida. Isso lhe dará outra dimensão e calma. Não se trata de aprender algo agora, mas aproveitar e saber que tem toda a vida para praticá-lo. Se, por exemplo, decidiu começar com a atividade física, não se sinta mal se pular um dia. Tem amanhã, o dia depois dele e toda a vida para fazê-lo. Não se trata de sentir-se culpado. Essa emoção não agrega nada. Só é preciso ser disciplinado e ter seriedade. Se for realmente algo importante, amanhã voltará a fazê-lo. Não é tudo ou nada. É incorporar algo bom para cada um e encaixá-lo na vida para aproveitar, não para que seja mais um sofrimento no caso de não poder realizá-lo um dia.

Fonte indicada: El País

“A ÚLTIMA PEDRA”, um texto de grande sensibilidade de Joilson Kariri

“A ÚLTIMA PEDRA”, um texto de grande sensibilidade de Joilson Kariri

A ÚLTIMA PEDRA

Daqui não se vê o céu
e a piteira de lata,
deixa um gosto que arde,
da fumaça que invade e faz na mente um véu.
Minha vontade se acaba, o tempo acabou,
o corpo desaba, a sorte está feita,
na minha boca o fel, o gosto ruim da sarjeta.
Daqui não se vê o céu
não se vê o céu, não se vê a luz
e lá se vem dona morte fazer a colheita
de machado e capuz.
Arranca madeira, faz mais uma cruz,
crucifica esse otário que perdeu a razão,
no mesmo calvário um terceiro ladrão.
Meu corpo desaba, a garganta está seca,
de tanta pressão o meu peito arrebenta.
Não me peça uma prece, não me dê sua unção,
minha sede não passa com sua água benta.
Daqui não se vê o céu,
não vê anjo no céu, tem um homem no chão.
Estou pregado de cravo na sua calçada
e no ofício de escravo, serviçal do meu vício,
não fui quase nada, meu pecado é a ilusão.
Daqui não se vê o céu,
não tem caminho pro céu,
minha alma se esvai, meu corpo padece,
sou um anjo que cai enquanto faço uma prece:
deus me livre e me valha
do meus pensamentos, do fio da navalha
do frio dessa vala,
dos homens e das leis do mundo canalha.
Daqui não se vê o céu,
não se vê a lua,
só meu corpo encolhido num canto da rua.
E se o mundo se acaba,
antes que anoiteça
terei sete palmos de chão na cabeça.

Texto de Joilson Kariri


Se você muda, tudo muda

Se você muda, tudo muda

Por FRANCESC MIRALLES

Acostumados a acompanhar as mudanças do mundo pelas notícias, podemos até acreditar que as coisas que acontecem são totalmente alheias a nós, e que a única coisa a fazer é aceitar as circunstâncias. Se são adversas, então só cabe esperar que mudem. Esta espera de tempos melhores evidencia um fato relevante: cada pessoa, com seus pensamentos e atos, tem um poder notável para configurar a própria realidade.

Como reza uma lei do mítico Hermes Trimegisto, “se você muda, tudo muda”. Em nossas mãos está decidir nossas expectativas e o tipo de relação que estabelecemos com o mundo, o que acaba definindo em grande parte como será nossa vida. Em um nível inconsciente, nossa mente guia nossos atos para permitir que aquilo em que acreditamos que acontecerá possa se tornar realidade. Consequentemente, a pessoa que está convencida de que vai seduzir alguém ou realizar uma venda, para dar dois exemplos, tem uma probabilidade muito maior do que quem tem a expectativa oposta.

É o que o sociólogo Robert K. Merton chamou de profecia autorrealizável. Nossa conduta está condicionada pelo que prevemos que vai acontecer. Assim, tomando um dos exemplos anteriores, o vendedor que está seguro de poder fechar a venda age com uma serenidade e uma convicção que dão a confiança necessária ao cliente para aceitar o acordo, enquanto que quem se programa esperando o fracasso agirá de forma duvidosa e nervosa, transmitindo essa mesma mensagem ao comprador, que ficará na defensiva.

Em seu livro ¿Y tú qué crees?, Eva Sandoval explica deste modo como age nossa programação para o sucesso ou o fracasso: “Há muitas pessoas que não veem seus desejos satisfeitos, que vivem um projeto falido depois do outro, que, apesar de fazer terapia, ler livros e assistir seminários, sentem como se estivessem no início. Chegam a pensar que têm má sorte, que lhes falta algo que outros têm… No entanto, a sorte delas raramente mudará a menos que tomem consciência das crenças limitadoras que condicionam suas vidas”.
Algumas dessas crenças limitadoras, ocultas no inconsciente mas ativas, seriam:

– Não mereço que as coisas funcionem bem para mim.

– Há outras pessoas muito mais capacitadas do que eu para isso.

– Se eu conseguir, os outros terão inveja e não gostarão mais de mim.

Há inúmeras mensagens de autoboicote como estas que condicionam o que dizemos e fazemos e que, portanto, nos trazem resultados negativos. Apesar disso, se tomamos consciência delas, temos a oportunidade de mudá-las e, assim, dar uma virada em nosso destino.

Há duas maneiras básicas de compreender nossa existência: no âmbito das carências (o que nos falta) ou no âmbito das oportunidades (aquilo que nos é oferecido). Dependendo do ponto de vista, estaremos permitindo que aconteça um ou outro tipo de coisas.

Segundo o escritor e palestrante Brian Tracy, “uma pessoa não obtém na vida o que quer, mas o que espera. Nunca podemos nos colocar acima das expectativas que temos de nós mesmos. E a boa notícia é que podemos construir as nossas próprias expectativa. Uma atitude de expectativa positiva é a marca da personalidade superior”.

Um enfoque favorável sobre os acontecimentos implica não só em confiar em si mesmo, mas também na disposição dos demais para colaborar conosco e nos ajudar em nosso caminho.

Por trás de muitas experiências de fracasso está a profecia autorrealizada de que não encontraremos apoio para o que nos propusemos ou, pior ainda, que o resto do mundo fará o impossível para tentar nos deter. Mas antes que isso aconteça, a mente inconsciente já se encarrega de dinamitar o caminho no sentido da realização de nossa meta. Assim, podemos dizer a nós mesmos e aos outros: ‘Está vendo? Eu disse que isso ia acontecer’.”

Essa atitude de autoboicote é inconsciente, mas suficiente para nos darmos conta de que agimos por meio dela para contornar nossa programação. Como afirma Brian Tracy em seu livro Way to Wealth (a caminho da riqueza, sem edição em português), “como só você pode dominar seus pensamentos, está no controle total de sua vida. Se quiser mudá-la no plano exterior, só tem de se por a trabalhar para mudar seu interior. Segundo as leis universais da mente, à medida que seu mundo interior muda, o mundo exterior também mudará para se adaptar ao primeiro”.

Um relato tradicional comentado por Paulo Coelho conta que Caim e Abel chegaram a um grande lago e se aproximaram da margem para contemplar suas águas.

— Tem alguém aí dentro — comentou Abel ao irmão, sem se dar conta de que estava vendo o próprio reflexo.

Em alerta, pensando se tratar de uma criatura ameaçadora, Caim levantou seu bastão e se aproximou das águas. Ao ver que a imagem fazia o mesmo, permaneceu muito quieto esperando o golpe.

Ao seu lado, Abel olhava a própria imagem no lago, que lhe deu um sorriso. Isso provocou uma gargalhada, e o ser do lago fez o mesmo.

Ao afastarem-se dali, cada um dos irmãos saiu com uma experiência oposta. Caim se dizia: “Que violentos são os seres que vivem no lago!”

Já Abel pensava: “Que lugar agradável! No lago vivem seres amáveis e risonhos”.

Esta fábula ilustra de forma reveladora como nossas relações com os demais estão marcadas por nossas ideias preconcebidas. A pessoa que vê todo mundo como uma ameaça age com tal desconfiança e agressividade que provoca essas mesmas atitudes da parte dos demais. Por sua vez, se mostramos uma expectativa de bondade e colaboração, atrairemos pessoas do mesmo tipo.

Para transformar nossa existência em algo muito melhor não basta modelar apenas nossa mente, confiando tudo à lei da atração. Essa mudança fundamental não produzirá frutos se não a acompanhamos da criação de novas circunstâncias.

É como explicou Álex Rovira ao analisar as chaves de seu primeiro best-seller: “Se agora não temos boa sorte, talvez seja porque as circunstâncias são as mesmas de sempre. Para que apareça a boa sorte é conveniente criar novas circunstâncias e o melhor para isso é fixar-se nos erros. O erro é a base da mudança, e isso é importantíssimo. Charles Darwin, por exemplo, sempre carregava uma caderneta para anotar tudo aquilo com que não concordava. Sabia que, do contrário, o subconsciente faria com que esquecesse. Darwin entendeu que inspirando-se no erro poderia conseguir seu objetivo. Dessa caderneta saíram as ideias de seu livro A origem das espécies”.

Além de optar por um enfoque positivo da realidade, estando atentos às oportunidades, se nos comunicamos e agimos melhor, estaremos criando novas circunstâncias que nos trarão resultados mais favoráveis.

Para aumentar a qualidade de nossa vida temos de começar mudando o cenário de nossos pensamentos e atos, em vez de perder tempo e energia escolhendo inimigos ou tentando mudar os outros.

A lei da correspondência: No livro O Caibalion, atribuído ao misterioso mestre Hermes Trismegisto, há um princípio que diz: “Como acima é abaixo, e como abaixo é acima”. Pode ser entendido de muitas formas, mas alguns autores o interpretam como a relação entre a mente (acima) e o mundo (abaixo). Segundo esta lei, nossa mente é um espelho do que vivemos na realidade exterior e não só porque armazenamos nela nossas experiências. O que nos acontece também depende do que a mente espera encontrar, como a mulher grávida que de repente começa a ver grávidas em toda parte. Da mesma forma, segundo esta lei, se mudamos nosso pensamento, mudaremos também as experiências que viveremos.

Fonte indicada: El País

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