O analfabetismo emocional

O analfabetismo emocional

Por Daniela Ávila Malagoli

Você já ouviu falar em Alexitimia? O termo provém do grego, e significa A = ausência; lei = palavra e thymos = emoção ou sentimento. Mesmo o conceito sendo recente, (Sifneos, 1973), na década de 1940 esse distúrbio já era estudado por neurocientistas e pesquisadores. Trata-se da dificuldade ou mesmo ausência de expressão de sentimentos e emoções; isto é, os alexitímicos não identificam suas emoções e acabam por reagir com sintomas físicos, como dores e taquicardia. A alexitimia constitui, dessa forma, grande dificuldade para usar uma linguagem apropriada para descrever os sentimentos e emoções, além de uma capacidade de imaginação e fantasia pobre.

A alexitimia é mais comum do que parece

Estimativas americanas recentes mostram que, a cada sete pessoas, ao menos uma, em geral, homem, possui sintomas desse transtorno. Reportagem de 2013 sobre o assunto publicada na Revista “Mente Cérebro” mostra que, geralmente, indivíduos com esse distúrbio são mais fechados, racionais, frios e indiferentes. O que acontece é que o indivíduo não sabe lidar com os sentimentos e emoções, assim ocorre um desvio para os sintomas físicos, que se manifestam por meio de dores no estômago, cabeça, dentre outros. Em geral, a pessoa entra em desespero, se perguntando “o que há de errado comigo?”.

Diversas pesquisas têm sido feitas para descobrir a causa da Alexitimia. As descobertas associam o distúrbio a traumas neurológicos, defeitos na formação neurológica, influências sócioculturais, traumas na formação infanto-juvenil, dentre outras causas. Além disso, existem vários métodos para identificar e medir esse distúrbio, dos quais o mais utilizado é a Escala de Alexitimia de Toronto, com 20 questões específicas.

Pesquisas buscam entender como o cérebro processa as emoções

Outros estudos têm se dedicado a descobrir de que maneira as emoções são processadas no cérebro. Em termos gerais, “para um sentimento ser percebido de forma consciente, primeiro é preciso que o córtex frontal (lobo frontal) analise as informações enviadas pelo sistema límbico” (Reportagem da Revista Mente Cérebro).

Estudos do Instituto Mutualiste Montsouris também demonstraram que os dois hemisférios cerebrais de pacientes com esse transtorno trabalham de maneira precária. Por meio de exames de ressonância magnética, realizados em 16 pacientes (oito pessoas de controle e 8 com sintomas do distúrbio), foi observado que a região do giro do cíngulo anterior (pertencente ao sistema límbico) trabalhava de maneira mais intensa do que a mesma região em pessoas sadias, quando submetidos a imagens positivas. Quanto àquelas negativas, não houve alterações na região cerebral dos alexitímicos.

Há hipóteses que sugerem que as sinapses neuronais são construídas e passam por diversas modificações: são moldadas, atenuadas, podadas, aguçadas, de acordo com as experiências cotidianas, de modo a construir os processos de identificação e reação ao mundo exterior. Assim, várias dessas conexões, segundo pesquisas, precisam ser aprendidas na infância, para que se desenvolva uma vida adulta normal, do ponto de vista emocional.

A alexitimia pode estar ligada a outras doenças

A alexitimia também pode estar ligada, conforme estudos, a outras doenças, como câncer, hipertensão e doenças psicossomáticas. Além disso, os alexitímicos também estão associados a pessoas com transtornos de personalidade e vícios como alcoolismo, uso abusivo de drogas e desordens alimentares.

Pesquisas à parte, fato é que a descoberta dos sentimentos e emoções faz parte de um processo de aprendizagem, por meio de aparatos cerebrais, desenvolvido pelo ser humano desde o momento do seu nascimento. O caminho para o controle e a possível cura da Alexitimia é a busca por um especialista, para que seja feita uma análise e um treinamento emocional do indivíduo.

Fonte indicada: Meu cérebro

Na cozinha com Marlena de Blasi

Na cozinha com Marlena de Blasi
Ontem levei Marlena comigo para a cozinha. Não que eu a tivesse convidado, mas ela veio livre e espontânea. Arregaçou as mangas e me perguntou sobre os temperos. Temperos? Oh Deus, tenho essa mistura pronta de salsinha, coentro, alho e pimenta.

Serve! Ela abriu a geladeira, retirou de um pote três fatias gordas de filé mignon e me pediu uma tábua e um martelo. Ela se pôs então a bater determinada os pedaços de carne que de gordos nacos se transformaram em delicadas fatias repletas de ondulações sedentas por tempero.

E o arroz, que tal colocarmos um pouco de cenoura ralada para dar mais cor e sabor? – perguntou. Seria ótimo, respondi sorrindo, já tomando de sua mão a cebola e o alho, picando-os com a faca que nem de longe era a mais apropriada para isso.

Deixe a cenoura comigo e não se incomode com a faca, faça com amor, do seu jeito, da forma que achar mais cômodo. No seu tempo.

Geralmente o tempo na cozinha para mim sempre parece deveras apressado. Mas ontem não era eu na cozinha, era Marlena. Existia uma calma imensurável em mim a qual não disponho comumente para cozinhar e eu me lembrei então que tenho tido como companhia o livro “Mil Dias Na Toscana” escrito por ela.

Marlena de Blasi é uma americana que aos cinquenta anos, ao passear por Veneza, tocou intimamente o coração de um homem. Ele se apaixonou por ela à primeira vista, mesmo sem saber quem essa mulher era e de onde vinha.

Divorciada, mãe de dois filhos adultos e uma amante da cozinha, Marlena sempre que podia viajava para Veneza para escrever sobre culinária para algumas revistas e foi em um desses retornos que o italiano a viu pela segunda vez em um restaurante.

Sem coragem de se apresentar e sem falar inglês, ele telefonou para o estabelecimento e pediu para falar com ela. Nenhum dos dois entendeu muito bem o que o outro dizia, mas…existe uma língua específica para as palavras do coração?

Resumidamente, eles se apaixonaram, ela se mudou para Veneza e passou a contar sobre o amor, a Itália e a comida em uma sequência de romances autobiográficos: Mil Dias em Veneza, Mil Dias na Toscana, Um Certo Verão na Sicília e A Doce Vida na Úmbria.

Cada livro é como um diário no qual uma suave voz feminina destrincha a vida e suas belezas cotidianas com a sutileza de uma fada. E para quem gosta de receitas, ela ensina alguns pratos entre uma confissão e outra.

E eu fui encantada por essa doce mulher, por suas pequenas descobertas e grandes lições de vida. Fui encantada a ponto de enxergar ela em mim. Acho que é isso que acontece quando lemos um bom livro. Enxergamos a vida como se aquele que escreve tivesse um farol nas mãos a nos apontar exatamente para onde olhar.

Se eu pudesse dizer uma boa palavra a um amigo, diria para escolher com carinho seus escritores. Diria para puxá-los pela mão como companheiros, pois eles inevitavelmente nos habitam quando passeamos por seus enredos.

A janta de ontem ficou deveras saborosa. Ela tinha muito de um ingrediente especial, ela tinha muito de uma mulher marcante, ela tinha muito de Marlena.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna

( Imagem de capa meramente ilustrativa)

 

Canto honesto para a alegria da gente.

Canto honesto para a alegria da gente.

Ah… gente amiga. E eu lá sei explicar? Não sei como acontece. Sei lá de onde vem, não desconfio como chega. É um mistério. Por que vem? Boa pergunta. Eu não sei. Só tenho a impressão de que chega na hora certa, chega para nos salvar.

É. Quando a linha do trem parece embaralhar com outras vias, o caminho se torna incerto e o desastre se faz inevitável, ele chega dizendo “alto lá!”. E quando o vazio se mostra insuportável e obtuso, lá vem ele a preencher todo espaço sem nada, sem mais. Ele vem que vem. Chega chegando.

Sorte nossa. Para fortuna dos nossos dias, quando duas pessoas desconhecidas, paradas no trânsito, trocam um inexplicável olhar de ternura por dois segundos para em seguida partirem acelerando rumo a destinos diferentes, com a certeza de nunca mais se encontrarem, ele está lá. Montado num instante de eternidade, sorrindo ensolarado.

Ele vem, acredite. Mas não espere, não. Deixe estar. Vá viver que na hora certa ele chega. Ele chega pra todo mundo. Até para aqueles que insistem no ofício maldito de entristecer os outros, investidores da estupidez, da grosseria e da maldade nas bolsas de desvalores. Chega derrubando velhos muros de pintura descascada, libertando toda gente dos pregões que nos colam à parede feito moscas cinzas de pesar.

Quando ele vier, não estranhe, gente amiga. Não estranhe se encontrar nas ruas uma multidão de pessoas sorrindo livres. Porque sorrir, ah… sorrir é um exercício de liberdade. Sorrir sem cordas nem freios nem farsas. Sorrir solto apenas, como aquela gente que ainda toma sorvete depois do almoço, voltando para o trabalho, sorrindo honestamente. Essa gente que economiza dinheiro e energia para as férias, que faz um filho pelo prazer imenso de criar pessoa nova para um mundo que precisa tanto ser melhor. Gente que não guarda só os dias santos, mas vive cada santo dia na maior fé de que pode fazer as coisas melhorarem. Gente que levanta da cama à noite para conferir se passou as chaves na porta. Gente. Gente.

Viu ali? Na festa do rabo agitado do cachorro? É ele. É ele que está chegando. Esse velho e imprevisível sentimento de alegria que nos arrebata, nos toma pela mão e nos leva para a vida. Não sei como acontece. Sei lá de onde vem. Mas ele veio de novo, veio numa esperança. Veio na brisa fresca do encantamento. Chegou para nos salvar. Vai, gente amiga. Aproveite, aproveite que a vida é a maior alegria da gente.

Para que servem as lágrimas

Para que servem as lágrimas

O choro é como a chuva: necessário, purificador, catártico. Chorar é manifestação legítima de sentimentos dolorosos ou não. Há quem chore de alegria, de raiva, de cansaço, de solidão, inclusive de tristeza. Talvez seja a nossa alma que, diante da inexistência de palavras para expressar o que sente, torna-se líquida. Escoa. Verte. Vaza pelos olhos o que a boca não foi capaz de traduzir.

Analisando o aspecto fisiológico, descobrimos que as lágrimas comovidas são praticamente as mesmas que derramamos quando estamos cortando uma cebola e ficamos com os olhos irritados. Elas não passam de gotinhas produzidas pela glândula lacrimal e formadas por três camadas: uma película de gordura, mais externa, envolvendo o recheio de água, que fica sobre um filete de muco. São assim também as lágrimas lubrificantes ou basais, que servem para umedecer, nutrir e limpar a córnea. Mas há alguma diferença entre as lágrimas com função lubrificante, as que surgem como reflexo a um cisco, e as lágrimas emocionais, como as derramadas por nós em situações de emoção extrema?

Sim! Estudiosos de Antropologia acreditam que os nossos ancestrais aprenderam a chorar como recurso de comunicação. A partir do esgotamento das diferentes expressões faciais, precisaram encontrar um meio de atingir os semelhantes com as suas mensagens, seus pedidos de socorro. Portanto, quando os olhares e as caretas falharam, foi preciso aprender a chorar. A diferença entre as lágrimas basais, as reflexas e as emocionais é que essas últimas não trazem nenhum benefício à córnea ou à superfície ocular. Chorar é apenas um recurso mímico para expressar o que sentimos, em especial, a nossa dor.

O choro como forma de pedir ajuda, pode ter surgido como complemento ao desenvolvimento da linguagem. No entanto, o choro de doação ou de ajuda, que requer estados psíquicos mais evoluídos e, sobretudo, empatia – a faculdade mental e emocional de se colocar no lugar do outro, surgiu milhares de anos depois. É impressionante como a nossa história evolutiva confirma a nossa pouca capacidade de olhar pra fora de nós. Todos os nossos movimentos de evolução ocorrem em função de necessidades individuais. Somos egoístas por natureza!

Estudos realizados na Universidade de Alcalá, em Madri, voltados para a ocorrência do choro entre jovens universitários do Curso de Medicina, revelaram que garotas e garotos, entre 20 e 25 anos choram pelos mais variados motivos que vão desde uma briga com o parceiro, até a exaustão diante de uma rotina intensa de estudos. Os garotos confessaram fazê-lo quase sempre em particular, enquanto as garotas garantiram ser mais reconfortante chorar em companhia de alguém com quem se tenha proximidade afetiva. O mesmo estudo revelou que chora-se mais às sextas-feiras e aos sábados, porque são os dias em que as relações interpessoais se intensificam. Chorar também é mais comum à noite, quando as pessoas saem do trabalho, encontram a família, veem os parceiros e mergulham em sua vida pessoal.contioutra.com - Para que servem as lágrimas

As lágrimas são um poderoso instrumento de comunicação com os outros. Até mesmo aquele choro reservado para acontecer debaixo do chuveiro, quando na solidão damos vazão ao nosso sofrimento, serve para comunicar a si mesmo a existência de um limite. Até mesmo o choro silencioso, de lágrimas educadinhas que correm pela face sem que ninguém as perceba, é uma forma de traduzir em reação corporal uma situação que já não se pode conter. Até mesmo o choro engolido e adiado, é uma confirmação da nossa capacidade de contenção, enfrentamento e resiliência.

Choram os bebês para manifestar sua necessidade de alimento, água, higiene ou companhia. Choram os idosos, presos em suas camas, vítimas das limitações que a idade avançada pode trazer. Choram as crianças, porque levaram um tombo, porque brigaram com os colegas, porque não receberam atenção suficiente pelos adultos, ou simplesmente porque querem chamar a atenção. Choram os jovens, pela ansiedade de alcançar tudo em tempo recorde, com o mínimo esforço possível. Choram os casais recém-ligados diante do altar, choram os que se veem diante do amor desfeito. O choro é lícito, adequado e democrático; é necessário chorar quando não há mais nada a se fazer, a não ser deixar que as lágrimas ganhem a liberdade do peito e escorram por aí.

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O choro é, inclusive, terapêutico. Muitos distúrbios psicossomáticos e episódios de depressão originam-se de choros e emoções reprimidas. Expressar emoções não é apenas uma forma de demonstrar o que se necessita, mas também um jeito de preencher a necessidade de alívio. E libertar as lágrimas é uma manifestação orgânica; uma descarga emocional que ocorre não no ápice da emoção, mas como forma de restabelecer algum equilíbrio ao corpo e à mente.

E já que, curiosamente somos os únicos animais que choram emocionalmente, poderíamos experimentar olhar para o choro alheio com alguma compaixão. Poderíamos tentar sair do nosso canto, do nosso esconderijo afetivo e entender que não nos cabe julgar se o choro do outro é cabido ou descabido. Poderíamos avaliar menos e evoluir mais. Aproveitar para reconhecer no choro do nosso irmão uma dor que pode ser aliviada se for dividida. Aprender a chorar junto é tão importante quanto secar as lágrimas. Secar as lágrimas vem depois do choro, e junto com a inclusão do outro na nossa vida, fazendo da sua dificuldade uma questão de extrema importância para todos nós.

O amor e seus fragmentos…

O amor e seus fragmentos…

Por Aline Andrade

Vinícius de Moraes já dizia: “A vida é a arte dos encontros, embora haja tantos desencontros pela vida”. Sim! Acredito que ele tenha plena razão em suas palavras, pois nunca se sabe o que a vida nos reserva. Se em uma viagem, em uma caminhada pelas ruas, passeio no parque, ou naquela festa que você nem estava muito afim de ir, você se esbarra com a pessoa que pode ser a pessoa de sua vida (não que eu acredite em alma gêmea, mas a pessoa exata para um determinado momento da sua vida: Ah essa sim, ela existe!), aquela pessoa que lhe proporcionará um friozinho na barriga, a sensação de estar pisando em nuvens, de enxergar a vida mais colorida e diga-se de passagem “há coisa mais boa do que isso?”.

A vida tem dessas coisas, você encontra aquela pessoa que mexe com você, que deixa os seus dias mais alegres e lhe proporciona incríveis memórias, mas que nem sempre é possível manter a sintonia e seja lá por qual desavença do destino, vocês começam a se afastar. No meu caso, foram as malditas fronteiras artificiais, à distância e o descompasso de tentar algo que era um passo no escuro. O fato é: relacionamentos são assim, não é uma garantia de “felizes para sempre”, às vezes ou por força do destino ou por vontade própria aquela relação que era linda, acaba por se findar. Com o término além de fragmentos de memórias doloridos (porque dói, ah como dói o término de um relacionamento), ficam também as boas lembranças, os momentos felizes e lindos que vocês passaram juntos e todo o aprendizado; pois, relacionamentos não são para nos completar e sim, para somar, para acrescentar, uma troca mútua de carinho, afeto e experiências. Fragmentos esses que nunca serão apagados e fazem parte da nossa bagagem emocional.

Depois de um porre de livros ou de cachaça e com o passar do tempo, o que doía não irá doer mais, às vezes até as más lembranças são esquecidas, guarda-se o que foi bom, proveitoso… E como somos seres afetivos, que estamos sempre prontos para amar e prontos para outra, aí vamos nós pelos caminhos da vida esperando uma nova esbarrada, outra nova experiência que faça nossos corações baterem mais fortes.

Fragmentos de amor… Ah esses nunca passaram!

Sobre a autoria:

Aline Andrade, 23 anos, estudante de Direito e apaixonada pela vida.

Os psicopatas estão bem mais próximos do que você imagina

Os psicopatas estão bem mais próximos do que você imagina

A psiquiatra Kátia Mecler prepara a segunda edição do seu livro “Psicopatas do Cotidiano“, lançado em agosto deste ano. Eles não são os temíveis assassinos em série. São pessoas aparentemente normais que estão no trabalho, em casa ou na escola e têm em comum algum transtorno de personalidade

A própria definição de “psicopatas do cotidiano” não existe na Organização Mundial da Saúde (OMS). Como a senhora mesma disse em entrevistas anteriores, é um termo resgatado do psiquiatra alemão Kurt Schneider na década de 40. Por que escolheu esse tema? Algum caso específico a motivou?

A OMS realmente não considera a psicopatia como uma categoria médica. Schneider, no livro “As Personalidades Psicopáticas”, de 1923, tratou de pessoas cuja personalidade foge à média normal e que sofre ou causa sofrimento por causa de sua anormalidade. Essa definição é bastante próxima daquilo que tanto a OMS quanto a Associação Americana de Psiquiatria consideram hoje um transtorno de personalidade e comportamento. A principal motivação para escrever o livro foi perceber o sofrimento dos pacientes que lidam com indivíduos que têm transtornos de personalidade. Muitos chegam com a autoestima arrasada, num grau de estresse emocional inimaginável. Procuraram ajuda especializada por considerarem que têm algum problema, quando, na verdade, o problema está no outro.

A senhora pode citar alguns desses casos de muito sofrimento?

Os casos são muitos. Os psicopatas do cotidiano injetam sentimento de culpa, impotência e inadequação naqueles que estão no seu entorno. Pais que sufocam os filhos com uma vigilância sem limites, homens e mulheres envolvidos em relações amorosas excessivamente dependentes, pessoas que sofrem com parceiros manipuladores e transgressores, funcionários sufocados por chefes abusivos, enfim, um universo de situações que podem se repetir na sua casa, na sua escola, no seu trabalho.

Pela sua definição, os psicopatas do cotidiano são pessoas com transtorno de personalidade, que é um jeito de ser inflexível, rígido, que envolve sentimentos ou sensações, pensamentos ou comportamentos repetitivos que acarretam disfunção em alguma área da vida. A senhora pode traduzir essa definição?

Imagine que você tenha se casado com uma pessoa muito dependente, desse tipo que popularmente chamamos de “chiclete”. Ela está sempre exigindo a sua atenção, sofre por achar que não tem o cuidado que merece (mesmo que você nada faça além de tentar agradá-la) e acredita que é questão de tempo ser abandonada. Em algum tempo, você estará exausto emocionalmente. Outra situação comum: a mãe que faz cenas dramáticas cada vez que é contestada ou criticada pelos filhos, que chega a ter sintomas físicos de algum mal-estar para chamar a atenção. Pense ainda naquele vizinho que está sempre arrumando encrenca no prédio. Desconfia de tudo e de todos e não perde uma chance de comprar briga com quem quer que seja. São tipos com que todos nós convivemos, que exibem traços patológicos de transtorno de personalidade. Ou seja: sempre agem da mesma maneira, não admitem ser confrontados, não enxergam problemas em si.

Quando a senhora diz que o grupo B, daqueles com tendência à perversão, é o grupo da moda, o que significa? Pode explicar melhor isso?

Estamos vivendo uma época de superexposição da vida pessoal, da intimidade. De ter é melhor do que ser. As pessoas estão conectadas 24 horas por dia, exibindo seus corpos, seus bens materiais, seus relacionamentos. O conceito de privacidade mudou. Nesse contexto, pessoas com tendências ao egocentrismo, à vaidade excessiva, à manipulação, à mentira, à sedução sentem-se muito à vontade. São características que perpassam os quatro tipos do grupo B. Porém, cada um deles tem traços próprios.

Pode falar um pouco sobre esses quatro subitens (antissociais, borderlines, narcisistas e histriônicos)?

No caso dos antissociais, estamos falando de pessoas manipuladoras, transgressoras, que botam seus desejos e necessidades acima de qualquer coisa. Agem como parasitas sociais, sugando as energias emocionais do outro. E não têm constrangimento em usar e descartar quem quer que seja. Os borderlines são instáveis, passam do amor ao ódio em segundos. Podem assumir comportamentos de risco em relação a sexo e drogas, por exemplo, e tendem à automutilação e ao pensamento suicida. O narcisista, de maneira bem simples, é aquele cidadão que chega e pergunta: “Sabe com quem está falando?” É alguém que se considera acima do bem e do mal, tão especial que não precisa seguir regras. Já o indivíduo com transtorno de personalidade histriônico poderá ser reconhecido pela tendência à dramaticidade, à necessidade de estar sempre sob os holofotes.

Já vi estimativas de que 5% da população seria, de forma mais leve ou mais grave, psicopata. Existe alguma estimativa de quanto desse total seria de psicopatas do cotidiano?

Tanto a OMS quanto a Associação Americana de Psiquiatria estimam que cerca de 10% da população têm um ou mais traços patológicos de transtornos de personalidade. A mera presença de uma característica (típica de um problema psíquico), sem trazer tantos prejuízos, não é suficiente para definir a doença.

Se no trabalho você tem colegas ou um chefe psicopata do cotidiano, como se “defender” dele? Tem um jeito de agir com que você “neutraliza” a influência negativa na sua vida?

No trabalho, em família ou na sociedade, há alguns caminhos para conviver de maneira menos traumática com um psicopata do cotidiano. O primeiro passo é entender que você não é a única vítima. Pessoas com esses traços agem da mesma forma com todos. Saiba também que confrontá-lo não vai adiantar. Dificilmente uma pessoa com essas características compreende que tem um problema – ela acredita que o problema são os outros. Quando você compreende que seu chefe é daquele jeito e que não vai mudar, você aprende a se defender e a reagir melhor.

Fonte indicada: O tempo

Encontre o livro “Psicopatas do cotidinao” aqui.

Os 7 grandes inimigos do cérebro

Os 7 grandes inimigos do cérebro

Por Leonardo Faria

O cérebro é um órgão extremamente sensível à agressões. Apesar de possuir uma boa capacidade de adaptar-se às novas condições a ele impostas, é preciso ficar muito atento já que muitos desses agravos podem resultar em prejuízos permanentes.

1. O sedentarismo

Uma causa tem sido diretamente determinante para que nos tornássemos homens e mulheres sedentários: a tecnologia. Por outro lado, por meio dela, temos tido acesso constante a informações que nos alertam sobre a importância de mudar o estilo de vida e deixarmos de lado as vidas sedentárias. O sedentarismo está associado à hipertensão arterial, maior risco de doenças cerebrovasculares, maior ocorrência de demência vascular, diminuição do feedback proprioceptivo e sensorial que ocorre quando nos exercitamos, e muito mais. Vários estudos já evidenciaram os benefícios cognitivos, sensitivos e motores da atividade física regular;

2. Os distúrbios do sono

O cérebro necessita de descanso, tempo para se organizar, descartar coisas supérfluas e consolidar memórias úteis. O sono tem muito a ver com isso. Privar-se de uma boa noite de sono pode significar privar o cérebro de uma ótima oportunidade para desenvolver da melhor forma possível suas funções mentais;

3. Uma educação deficiente

O cérebro é o órgão da criatividade, da resolução de problemas. O cérebro avalia o ambiente e determina as melhores ações tomando como base as memórias armazenadas em seu “arquivo interno”. Se vivemos em um ambiente monótono, o cérebro padece de estímulos, novas memórias perdem a oportunidade de se formar e o cérebro certamente tende a atrofiar aquelas áreas menos utilizadas. Uma educação de qualidade e que constantemente se renova à luz do desenvolvimento pedagógico-científico é imprescindível;

4. Uma má alimentação

Devido à grande variedade de funções executadas e o enorme gasto de energia e nutrientes, o cérebro requer um aporte otimizado destes. Uma alimentação balanceada e rica em nutrientes essenciais para o desenvolvimento do sistema nervoso é fundamental. Um exemplo seria a deficiência de ácido fólico para as gestantes, o que pode determinar o nascimento de bebês com sérios problemas neurológicos;

5. A imprudência

A imprudência é um dos fatores que mais indiretamente danificam o cérebro e a mente. Se tomamos consciência dos malefícios que algo pode nos causar e, mesmo assim, o fazemos, somos imprudentes. Motoristas imprudentes podem sofrer traumatismos cranioencefálicos graves, usuários de álcool imprudentes podem “entrar em coma” ao ingerirem doses excessivas, pessoas com epilepsia podem sofrer sérias lesões cerebrais se, por imprudência, deixarem de tomar suas medicações prescritas. A imprudência deve ser combatida de forma consciente, tomando como base estudos científicos e exemplos sociais;

6. A arrogância

A falta de humildade é um dos maiores inimigos da deficiência de aprendizado. Quem não tem dúvidas ou não questiona suas cegas convicções, certamente deixará de aprender muito, se tornará mais imprudente em suas ações e menos versátil na resolução de problemas. A arrogância e a ignorância tendem a caminhar juntas;

7. A solidão

Ficar sozinho de vez em quando é mais do que natural, até necessário em alguns momentos. Entretanto, a solidão é a maior privação pela qual um cérebro supersensível pode estar submetido. Acreditamos nisso porque uma pessoa com quem interagir é certamente a maior fonte de estímulos variados que um cérebro pode dispor.

Fonte indicada: Meu cérebro

Estou em uma etapa da vida na qual não preciso impressionar ninguém

Estou em uma etapa da vida na qual não preciso impressionar ninguém

Nós não existimos para impressionar o mundo, mas sim para sermos felizes e realizados. Agora, há etapas em nossas vidas nas quais precisamos priorizar, pensar que vamos surpreender esta ou aquela pessoa, ou que as pessoas terão inveja ou vão nos admirar.

Estou num ponto da minha vida no qual já não preciso impressionar ninguém. Sou como sou, sem que me importe o que os demais pensam de mim.
Não preciso de disfarces, não preciso enganar nem fingir. Porque posso ser quem sou na realidade.
Não preciso fazer ninguém rir ou acreditar que eu nunca choro. Não preciso ser sempre forte nem ser sempre agradável.
Não preciso ser igual a ninguém e, acima de tudo, me aceito tal e como sou. Com minhas virtudes, mas também com meus defeitos.
Porque posso não ser perfeita, mas sou sempre eu.
Aceito e amo quem sou, e quem posso chegar a ser.

Anônimo

Há momentos nos quais desejamos captar a atenção e sermos os reis da festa. No entanto, com o passar dos anos, o que de verdade importa para nós é viver nossa vida sem destacá-la para os demais, só para nós mesmos e nosso entorno.

Alguém disse, uma vez, que é bonito ter dinheiro para comprar as coisas que desejamos, mas é mais bonito ter coisas que o dinheiro não pode comprar.

O que a vida vai ensinando a você…

Há pessoas que passam a vida fazendo coisas que detestam para conseguir um dinheiro que não precisam, para comprar coisas que não querem, para impressionar pessoas de quem não gostam.- Autor desconhecido

Dizem que a vida vai ensinando “quem não, quem sim e quem nunca”. Não são necessárias mais experiências nem ressentimentos, somente vamos aprendendo que, quem espera, se decepciona.

Já nos decepcionamos muitas vezes, depositamos nossa confiança em várias ocasiões, e a verdade é que nem sempre conseguimos obter o resultado que esperávamos.

Assim, da mesma maneira que você deixa de esperar algo dos demais, você começa a se dar conta de que deve deixar de se preocupar com o que os demais esperam de você.

Este é o momento no qual você toma as rédeas de seus desejos, guia a sua vida, tem iniciativas próprias, não elogia os demais em excesso e compartilha seus pensamentos livremente. Digamos que não somente é o começo de sua liberdade emocional, mas também de sua identidade.

Por que não precisamos impressionar ninguém mais que nós mesmos?

As pessoas mais infelizes neste mundo são as pessoas que se preocupam muito com o que os demais pensam.

Não precisamos satisfazer ninguém, apenas a nós mesmos. E isso obedece a uma simples regra que todos podemos entender: se tentamos impressionar a todo custo, nos disfarçamos. E se nos disfarçamos, nossa essência morre.

Cada um é único e excepcional. Nada nem ninguém merece que escondamos nossa verdadeira forma de ser, nossas emoções ou nossos pensamentos. Agora, também é a verdade que tudo tem um limite: você não pode dizer ou fazer a primeira coisa que vier à cabeça, você precisa ter cuidado para não ferir os demais.

Chega para quase todos esse momento vital no qual o que os demais pensam deixa de nos importar, pois nos damos conta de que o que é verdadeiramente importante somos nós mesmos.

Entretanto, é paradoxal que uma pessoa segura de si mesma e despreocupada “com o que os demais dirão” é a que realmente deixa marcas. Digamos que quem presta atenção a si mesmo se torna alguém mais puro, mais real, mais pleno.

Definitivamente, a única maneira de ser uma pessoa de aço é não tentando. Ser natural e trabalhar nossos verdadeiros desejos é o segredo para sermos mais felizes.

Texto original em espanhol de Raquel Aldana.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Mais informação, menos conhecimento – Mario Vargas Llosa

Mais informação, menos conhecimento – Mario Vargas Llosa

Nicholas Carr estudou Literatura no Dartmouth College e na Universidade de Harvard, e tudo indica que na juventude foi um leitor voraz de bons livros. Depois, tal como ocorreu com toda a sua geração, descobriu o computador, a internet, os prodígios da grande revolução informática de nosso tempo, e não só dedicou boa parte da vida a usar todos os serviços on-line e a navegar o dia inteiro pela rede, como também se tornou um profissional e especialista nas novas tecnologias da comunicação, sobre as quais escreveu extensamente em prestigiosas publicações dos Estados Unidos e da Inglaterra.

Um belo dia ele descobriu que tinha deixado de ser bom leitor e, quase quase, leitor. Sua concentração se dissipava depois de uma ou duas páginas de um livro; e, sobretudo se o que lia era complexo e demandava muita atenção e reflexão, surgia em sua mente algo como uma recôndita rejeição a continuar com aquele esforço intelectual. É assim que ele conta: “Perco a calma e o fio da meada, começo a pensar em outra coisa para fazer. Sinto-me como se estivesse sempre arrastando meu cérebro desconcentrado de volta para o texto. A leitura profunda, que costumava vir naturalmente, transformou-se em esforço.”

Preocupado, tomou uma decisão radical. No final de 2007, ele e a esposa abandonaram suas ultramodernas instalações em Boston e foram morar numa cabana das montanhas do Colorado, onde não havia telefonia móvel, e a internet era melhor que não aparecesse. Ali, ao longo de dois anos, escreveu o polêmico livro que o tornou famoso. Intitula-se em inglês The Shallows: What the Internet is Doing to Our Brains e em espanhol: Superficiales: ¿Qué está haciendo Internet con nuetras mentes? (Taurus, 2011). Acabo de lê-lo de uma tacada só e fiquei fascinado, assustado e entristecido. (No Brasil: A geração superficial – o que a internet está fazendo com nossos cérebros, trad. Mônica Gagliotti Fortunato Friaça. Rio de Janeiro: Agir, 2011.)

Carr não é um renegado da informática, não se tornou um ludista contemporâneo que gostaria de acabar com todos os computadores, de modo algum. Em seu livro reconhece a extraordinária contribuição que serviços como Google, Twitter, Facebook ou Skype dão à informação e à comunicação, o tempo que poupam, a facilidade com que uma imensa quantidade de seres humanos podem compartilhar experiências, os benefícios que tudo isso acarreta às empresas, à investigação científica e ao desenvolvimento econômico das nações.

Mas tudo isso tem um preço e, em última análise, significará uma transformação tão grande em nossa vida cultural e no modo de funcionamento do cérebro humano quanto foi a descoberta da imprensa por Johannes Gutenberg no século XV, que generalizou a leitura de livros, até então confinada a uma minoria insignificante de clérigos, intelectuais e aristocratas. O livro de Carr é uma reivindicação das teorias do agora esquecido Marshall McLuhan, de quem ninguém fez muito caso quando, há mais de meio século, ele afirmou que os meios não são nunca meros veículos de um conteúdo, que eles exercem uma influência subliminar sobre este, e que, no longo prazo, modificam nossa maneira de pensar e agir. McLuhan referia-se sobretudo à televisão, mas a argumentação do livro de Carr e os abundantes experimentos e testemunhos citados para apoiá-la indicam que semelhante tese tem extraordinária atualidade no que se refere ao mundo da internet.

Os defensores recalcitrantes do software alegam que se trata de uma ferramenta que está a serviço de quem a usa e, evidentemente, há abundantes experimentos que parecem corroborar essa afirmação, desde que essas provas sejam feitas no campo da ação, em que os benefícios dessa tecnologia são indiscutíveis: quem poderia negar que representa um avanço quase milagroso o fato de, agora, em poucos segundos e com um pequeno clique do mouse, um internauta conseguir uma informação que há poucos anos exigia semanas ou meses de consultas em biblioteca e a especialistas? Mas também há provas concludentes de que, ao deixar de se exercitar por contar com o arquivo infinito posto ao seu alcance por um computador, a memória de uma pessoa se entorpece e debilita tal como os músculos que deixam de ser usados.

Não é verdade que a internet é apenas uma ferramenta. É um utensílio que passa a ser um prolongamento de nosso próprio corpo, de nosso próprio cérebro, que, também de maneira discreta, vai se adaptando pouco a pouco a esse sistema de informa-se e de pensar, renunciando devagar às funções que esse sistema desempenha por ele e, às vezes, melhor que ele. Não é uma metáfora poética dizer que a “inteligência artificial” que está a seu serviço suborna e sensualiza nossos órgãos pensantes, que, de maneira paulatina, vão se tornando dependentes dessas ferramentas e, por fim, seus escravos. Para que manter fresca e ativa a memória se toda ela está armazenada em algo que um programador de sistemas chamou de “a melhor e maior biblioteca do mundo”? E para que aguçar a atenção se, apertando as teclas adequadas, as lembranças de que necessito vêm até mim, ressuscitadas por essas diligentes máquinas?

Não é estranho, por isso, que alguns fanáticos da web, como o professor Joe O’Shea, filósofo da Universidade da Flórida, afirmem: “Sentar-se e ler um livro de cabo a rabo não tem sentido. Não é um bom uso de meu tempo, já que posso ter toda a informação que quiser com maior rapidez através da web. Quando alguém se torna caçador experiente na internet, os livros são supérfluos.” O que há de atroz nessa frase não é a afirmação final, mas o fato de o filósofo em questão acreditar que as pessoas leem livros só para “informar-se”. Esse é um dos estragos que vício frenético na telinha pode causar. Daí a patética confissão da doutora Katherine Hayles, professora de Literatura da Universidade de Duke: “Já não consigo fazer meus alunos lerem livros inteiros.”

Esses alunos não tem culpa de serem agora incapazes de ler Guerra e paz ou Dom Quixote. Acostumados a pescar informações nos computadores, sem precisarem fazer esforços prolongados de concentração, foram perdendo o hábito e até a faculdade de se concentrar e se condicionaram a contentar-se com esse borboleteio cognitivo a que a rede os acostuma, com suas infinitas conexões e saltos para acréscimos e complementos, de modo que ficaram de certa forma vacinados contra o tipo de atenção, reflexão, paciência e prolongada dedicação àquilo que lê, que é a única maneira de ler, com prazer, a grande literatura. Mas não acredito que seja só a literatura que a internet tornou supérflua: toda obra de criação gratuita, não subordinada a utilização pragmática, fica fora do tipo de conhecimento e cultura que a web propicia. Sem dúvida esta armazenará com facilidade Proust, Homero, Popper e Platão, mas dificilmente suas obras terão muitos leitores. Para que ter o trabalho de lê-las se no Google posso encontrar sínteses simplificadas, claras e amenas daquilo que foi inventado naqueles livrinhos arrevesados que os leitores pré-históricos liam?

A revolução da informação está longe de terminar. Ao contrário, nesse campo surgem a cada dia novas possibilidades e novos sucessos, e o impossível vai retrocedendo velozmente. Devemos ficar alegres? Se o tipo de cultura que está substituindo a antiga nos parecer um progresso, sem dúvida sim. Mas devemos nos preocupar se esse progresso significar aquilo que um erudito estudioso dos efeitos da internet em nossos cérebros e em nossos costumes, Van Nimwegen, deduziu depois de um de seus experimentos: que deixar por conta dos computadores a solução de todos os problemas cognitivos reduz “a capacidade do cérebro de construir estruturas estáveis de conhecimentos.” Em outras palavras: quanto mais inteligente nosso computador, mais burros seremos.

Talvez haja exageros no livro de Nicholas Carr, como sempre ocorre com os argumentos que defendem teses controvertidas. Careço de conhecimentos neurológicos e de informática para julgar até que ponto são confiáveis as provas e as experiências científicas descritas em seu livro. Mas este me dá a impressão de ser rigoroso e sensato, uma advertência que – não nos enganemos – não será ouvida. Isso significa, se ele tiver razão, que a robotização de uma humanidade organizada em função da “inteligência artificial” é irrefreável. A menos, claro, que um cataclismo nuclear, por obra de uma acidente ou uma ação terrorista, nos faça regredir às cavernas. Então, seria preciso começar de novo, para ver se dessa segunda vez fazemos as coisas melhor.

Texto de Mario Vargas Llosa, publicado em sua coluna mensal no jornal espanhol El País em julho de 2011. Publicado também em seu livro A civilização do espetáculo – uma radiografia do nosso tempo e da nossa cultura, trad. Ivone Benedetti. Rio de Janeiro: Objetiva, 2013.

Fonte: El País

Quando o amor machuca…

Quando o amor machuca…

Existem relacionamentos que podem ser chamados de tudo, menos de amorosos, visto estarem impregnados de violência – física e verbal -, de rancor, competição e castração. Se um dos parceiros anula-se, avilta-se, machuca-se, sofre, é hora de se separarem, urgentemente. E, embora a necessidade de sobrevivência clame pelo afastamento, muitas vezes a dependência doentia do outro nos impede de nos libertarmos daquilo que nos faz mal.

É inevitável: o ser humano foge à solidão a vida toda e visa à constituição de uma família, partindo à procura do amor de sua vida, de sua cara-metade, pois a maioria de nós não suporta encontrar-se acompanhada somente de si própria. A sociedade, por sua vez, cobra-nos um parceiro, um casamento, um filho, e por aí vai. Acuados, partimos em busca do amor, muitas vezes sem estarmos preparados emocionalmente.

Infelizmente, essa busca por um relacionamento pode se antecipar ao nosso amadurecimento pessoal, atropelando o fortalecimento de nossa personalidade e da resolução de nossas pendências sentimentais; ou seja, ainda vulneráveis e inseguros quanto a nossos próprios objetivos e desejos, entregamo-nos ao compartilhamento de vida com o outro. Como compartilhar incertezas e convicções frágeis? Ao darmos as mãos trêmulas, abrimos a guarda para que as certezas alheias – ainda que nocivas – instalem-se, passando por cima do que é nosso de maneira rápida e muitas vezes cruel.

Nessas situações, acabamos por deixar de lado o que temos aqui dentro, para abraçarmos o que o outro traz, uma vez que ele o traz com tanta certeza e propriedade, que aquilo nos convence facilmente. Tomamos como nossas as verdades do parceiro, anulando-nos em tudo o que nos define, tornando-nos dependentes e, cada vez mais inseguros – e quanto mais nos esvaziamos daquilo que é nosso, mais o outro se fortalece -, colocamos nossas vidas nas mãos de nosso amante, numa crescente anulação daquilo que costumávamos ser – de uma forma tímida e titubeante, que fosse, mas éramos! Com isso, o outro toma as rédeas de nossas vidas e sentimentos, controlando-nos, cerceando-nos, sufocando-nos.

Uma vez projetada nossa vida no nosso parceiro, fora de nós, passamos a não mais existir, passamos a depender de algo sobre o qual não temos controle. Deixamos de lado o que somos, o que queremos, o que sonhamos, para ceder tão somente, mas isso machuca, violenta, diminui, dói fundo. Essa não existência em vida nos fragiliza a ponto de sermos obrigados a aceitar tudo aquilo que o outro tem a nos oferecer, mesmo que passando por cima de nossa dignidade. Somos violentados, ouvimos ofensas, suportamos olhares frios, gestos humilhantes, escapadas infiéis de quem justamente deveria nos completar, somar vida à nossa, numa equação equilibrada com saldo positivo.

Mas não; expostos em toda nossa vulnerabilidade, somos, afinal, vistos como seres sem vida, sem personalidade, sem verdades, sem nada, nada mais do que um vazio a ser preenchido como aprouver ao parceiro. E não ousamos nos separar da aparente fonte de vida única que temos; falta-nos o ar sem a presença do outro, falta-nos dignidade suficiente para sabermos o que queremos e percebermos que aquela relação está nos matando aos poucos, a despeito dos aconselhamentos de familiares e amigos, dos machucados internos e/ou externos, da miséria estampada em nosso semblante, da tristeza que acorda e dorme conosco. Porque matar esse amor significaria tirar a própria vida, afinal, a essa altura, nós já somos o outro, o outro somente.

A libertação, nesses casos, é muito sofrida, pois já nos perdemos de nós mesmos, não sabemos quem somos ou onde estivemos todo esse tempo. Tomarmos uma decisão sozinhos então requer renascimento e reconstrução, fortalecimento e motivação, pois teremos de nos olhar no espelho e enxergar alguém que estava dormente e esquecido aqui dentro de nós. Teremos que voltar a existir por nós próprios, a andar com nossas próprias pernas, a escolher, a ouvir a nossa própria voz.

O reencontro consigo mesmo é tarefa árdua, sofrida, lenta, à medida que implica o enfrentamento de fantasmas adormecidos. Por isso mesmo, anular-se em favor do outro muitas vezes nos é conveniente, porque não é fácil termos a responsabilidade de decidir e escolher, encarando, nessa dinâmica, o pior de nós mesmos. Deixarmos o parceiro decidir e agir pode parecer cômodo de início, mas inevitavelmente pagaremos um alto preço por abrirmos mão de existir – acredite, não vale a pena.

Entregar-se sem se impor como uma pessoa que pensa, vive e sente, é como lançar-se de encontro à própria morte, ao esvaziamento de si, ao deixar de existir. Esse espaço vazio que nos tornamos será fatalmente preenchido pela tirania alheia. Antes de nos entregarmos, portanto, devemos estar prontos, seguros do que somos e queremos, pois amar nunca é uma via de mão única. Os relacionamentos amorosos necessitam de compartilhamento, troca, aceitação e renúncias de ambas as partes. Se não trouxermos nada aos encontros da vida, para oferecermos como câmbio, estaremos fadados à dependência do outro e seremos obrigados a aceitar o prazer e a dor alheia em sua totalidade, na maioria das vezes em detrimento da nossa dignidade.

Entraremos, paulatinamente, em franca decadência emocional, o que nos deixará enfraquecidos e nulos, distantes de nossas verdades, achatados em nossa existência, tolhidos na busca pela felicidade. Libertar-se, nesses casos, será tão essencial quanto aparentemente impossível. Contudo – e felizmente -, é possível, sim; como tudo o mais nessa vida, dependerá principalmente de nós mesmos. Porque todos temos direito a um relacionamento que soma, acrescenta, acalenta e liberta. Porque todos temos o direito ao amor  que cura.

“Ambivertido” é aquele que é extrovertido e introvertido ao mesmo tempo

“Ambivertido” é aquele que é extrovertido e introvertido ao mesmo tempo

Até recentemente, as pessoas eram divididas em dois times: o dos extrovertidos e o dos introvertidos. Os termos foram cunhados por Carl Jung em 1921 com a publicação do livro Tipos Psicológicos. Segundo o psiquiatra, na extroversão, o indivíduo vai confiante em direção ao mundo externo, enquanto na introversão, o indivíduo busca o que há internamente.

Jung, inclusive, identificou um terceiro grupo, mas não chegou a nomeá-lo ou escrever muito sobre ele. Foi só na década de 40 que os psicólogos começaram a pensar nessa nova categoria, a dos “ambivertidos”.

Trata-se do grupo que não fica nos extremos, mas no meio do caminho. Por conta disso, os ambivertidos costumam ter personalidades mais equilibradas: eles vão de sociais a solitários, de falantes a ouvintes, sem problema algum. “É como se eles fossem bilíngues”, diz Daniel Pink, especialista no assunto. “Eles possuem uma grande variedade de habilidades e conseguem se conectar com vários tipos de pessoas do mesmo jeito que alguém que fala inglês e espanhol consegue se comunicar com um maior número de pessoas.”

Um estudo realizado em 2013 mostra que os ambivertidos podem usar essa flexibilidade social e emocional a seu favor. Os pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, reuniram 340 atendentes de telemarketing e pediram pra que eles fizessem um teste de personalidade. Após três meses, os responsáveis pelo estudo analisaram os resultados de vendas do grupo. Foi constatado que os participantes cujas personalidades ficavam entre a extroversão e introversão tiveram os melhores resultados no trabalho.

“Um ambivertido pode ir em duas direções, basta ele analisar a situação e ver qual comportamento será mais benéfico para ele naquele cenário”, diz Laurie Helgoe, do departamento de psicologia da Faculdade Davis & Elkins, nos Estados Unidos.

“Pense em introversão e extroversão como se fossem dois verbos. Dependendo da situação, você pode escolher a introversão (virar para dentro) ou a extroversão (virar em direção ao exterior)”, afirma a especialista Beth Buelow. Fica a dica.

Via The Wall Street Journal

Fonte indicada: Galileu

“RUIM DO FÍGADO”

“RUIM DO FÍGADO”

Doenças psicossomáticas são aquelas causadas por reações emocionais como tristeza, medo, etc. Elas afetam diretamente o corpo, produzindo doenças físicas. Algumas são comuns, dentre elas: úlceras, câncer, hipertensão e doenças do fígado. A Medicina Tradicional Chinesa acredita que não exista divisão entre o que é físico e o que é emocional. Para o oriental são coisas inseparáveis e por isso adoecem simultaneamente. Se observarmos vamos perceber que há muito fundamento nisso.

O fígado é o maior órgão interno do corpo humano, pesando cerca de um quilo e meio, só perdendo para a pele que é o maior órgão externo ao corpo.  O fígado desenvolve mais de quinhentas importantes funções no organismo. Participa do processo de digestão, armazena e metaboliza vitaminas, anula o efeito de drogas, estoca energia, produz compostos necessários à coagulação do sangue, promove eliminação de toxinas químicas produzidas pelo organismo e absorvidas por ele, efetua a filtragem mecânica de bactérias e controla o equilíbrio da água e do sal ideais para o bom funcionamento do corpo. Segundo a Medicina Chinesa a emoção que mais afeta e prejudica o Fígado é a raiva. A própria característica da personalidade da pessoa que vivencia uma raiva fora dos padrões normais sugere que a pessoa sofre de algum problema do Fígado.

A raiva, na verdade guarda outras emoções como a frustração e a mágoa. Ao sentir raiva busque sempre o que te frustrou. Toda frustração gera agressividade. Muitos indivíduos carregam raivas por anos, sem nem sequer manifestá-las. Isso pode causar depressão, apatia e doenças hepáticas. Se o fígado for afetado, outros órgãos também poderão ser, visto que as funções dele se refletem em todo o organismo.

Raiva não se guarda. Não se deve guardar nem engolir nem “mandar para dentro” nenhum sentimento que não seja bom. Mágoa, medo, tristeza, culpa… Todos eles devem sair, caso entrem. Há também como transformar essa energia ruim em algo bom. Pessoas mais propensas a ter raiva são pessoas mais dinâmicas, mais criativas e mais generosas, ou seja, pode-se mudar a polaridade desse impulso transformando-o em algo positivo.

Uma das principais formas de não sentir raiva é não se frustrar. Muitas vezes nos frustramos com eventos e com pessoas que não veem de encontro às nossas expectativas. Vive melhor quem controla seus anseios em relação ao outro e ao mundo. A intolerância generalizada que se vê na sociedade atual vem da frustração. Estamos tendo muita dificuldade em aceitar o que é diferente de nós em todos os aspectos, isso tem gerado muita raiva e ela pode se refletir no que temos de mais fraco: o nosso corpo. Como descrevi acima, uma das principais funções do fígado é a filtragem de praticamente tudo que entra no nosso organismo. Se muita coisa ruim entrar, haverá uma sobrecarga no órgão e isso pode terminar nos adoecendo. O que é ruim não pode entrar. Assim como o álcool é considerado um dos maiores inimigos da função hepática (imaginem a força que o fígado faz para eliminar uma substância tão estranha e tóxica como essa), talvez a raiva venha logo em seguida. Todos nós já sentimos raiva, o que muitas vezes não percebemos é o quanto ela desorganiza e prejudica todo o nosso equilíbrio. Muitos relatam sentirem dores abdominais, outros tremem, outros necessitam descarregar o alto nível de adrenalina esmurrando portar, atirando coisas, batendo em outras pessoas e outros choram catarticamente. Enfim não é um sentimento bom, só guardamos o que nos serve e o que nos presta – concluindo: raiva não se guarda. Se você decidir guardar, vai guardá-la no fígado e isso vai acabar dando errado.

Para nos livrarmos da raiva precisamos estar dispostos a nos ajudar. A ajuda vai vir da psicoterapia e vai vir dos amigos. Não se envergonhe em buscá-los, buscar ajuda é sinal de humildade, mas vale lembrar que a maior ajuda vai vir de você. Quem esconde a raiva não aceita que de alguma forma errou, nem que precisa mudar e que precisa melhorar e corre o risco de adoecer seriamente por orgulho e teimosia. Se livre de tudo que lhe faz mal.

IMPORTANTE: Se você anda “ruim do fígado”, procure ajuda. Procure ajuda psicológica, procure os seus amigos e lembre-se que existem médicos especialistas no diagnóstico e tratamento das doenças hepáticas. Nosso corpo e nossa mente são, na verdade, uma só coisa.

O que aprendi com a morte do meu pai

O que aprendi com a morte do meu pai

Por Georgina Munaier

Nunca fui o tipo de pessoa que precisou perder algo pra valorizar. Sempre soube dar importância às pessoas ao meu redor e cuidar para que permanecessem na minha vida. Mas nem sempre isso dependeu de mim. Perder meu pai, por exemplo, não dependeu. Como morávamos em cidades diferentes, a relação ficava restrita a viagens planejadas, telefonemas, mensagens e emails.

Hoje me pergunto se deveria ter ligado mais, abraçado mais, paparicado mais, feito mais favores, ter visto mais filmes quando ele queria ficar junto de mim, ter mandado mais mensagens de “bom dia” e “saudades”. Me pergunto se eu podia ter feito diferente, ter sido uma filha melhor, ter tirado notas melhores na escola para deixá-lo feliz por se sacrificar tanto para me manter no melhor colégio de minha cidade. Me pergunto se eu deveria ter discutido menos, feito menos drama, cedido mais, ter almoçado mais vezes na cozinha junto com ele e não na sala vendo televisão. Me pergunto tanto sobre tantas coisas…

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Mas a verdade é que ele sabia. Ah, sabia! Ele sempre soube o quanto era amado e admirado por mim. Ele sabia que eu pensava nele todos os dias, sabia que eu mandava energias positivas antes de dormir, sabia que eu o queria por perto! Ele, assim como eu, era sempre o dono da razão e das certezas. E o que me motiva todos os dias a ser uma pessoa melhor é saber que ele tinha certeza da mulher “formidável” que eu me tornaria. E quem sou eu pra contrariá-lo, né? Se é fácil? Não. Se dá medo? Sim. Mas o interessante é que com o passar do tempo, a dor da perda começou a se aconchegar no meu corpo e aos poucos transformou-se em força, coragem, determinação e fé.

Hoje penso nele como parte de mim, a parte que me motiva, que me acalma e que acredita no meu potencial; aquilo que me sustenta e me equilibra. A base. O conforto. A segurança. A imensidão. Uma energia capaz de controlar a saudade deixada pela ausência das ligações, dos abraços e sorrisos. Uma energia que se renova a cada manhã. Uma energia que me encaminha para a direção certa, para o tão sonhado (e não presenciado) futuro que ele tanto planejou pra mim.

E escrevendo este texto, me lembrei da frase de um filme que costumávamos assistir juntos: “ELA APRENDEU A VIVER, ELE APRENDEU A AMAR”. Qualquer semelhança com a vida real, não é mera coincidência!

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Sobre a autora:

Georgina Munaier tem 19 anos, é estudante e apaixonada por livros, café e música. Encontrou na escrita um modo de tornar a vida um pouco mais leve e especial.

O CONTI outra agradece a Georgina pelo envio e autorização da postagem.

Dica de livro: “Amizades Tóxicas”, de Mireille Bourret

Dica de livro: “Amizades Tóxicas”, de Mireille Bourret

Decepcionarmo-nos com amigos, num ou noutro momento da vida, todos já nos deparámos com essa situação. Nos tempos actuais, em que temos mais amigos virtuais do que reais, é mais fácil rompermos uma amizade através de um simples clique: ‘remover amizade’. Muitas vezes o dito amigo, só passados uns tempos é que se dá conta que nos seus contactos de Facebook já não encontra o nome do amigo lá. Na realidade, o verdadeiro significado de uma amizade não possui nada de virtual: implica presença física, disponibilidade, partilha, solidariedade e atenção recíprocas. Contudo, quando não nos sentimos bem numa relação de amizade, antes de a terminarmos, convém pôr a relação à prova, dedicar-lhe alguma reflexão, elencando-lhe os prós e contras; ao fim e ao cabo: identificar o nível de toxidade que da amizade emana.

A socióloga Mireille Bourret, explica em ‘Les Amitiés Toxiques’ (título original do livro) o por quê de algumas amizades se desfazerem com o tempo. Na primeira parte da obra, ‘Identificar as Amizades Tóxicas’, a autora canadiana dá-nos conta que “é geralmente a dinâmica, a relação que é tóxica, e não a natureza das pessoas que a vivem” e que, por norma, as problemáticas advindas de uma má relacção desenvolve-se no que não se diz, na insegurança e na falta de consideração para com o outro. A importância de estarmos atentos à linguagem não-verbal que um amigo revela (o tom de voz, os gestos, o olhar, etc.) diz-nos Bourret, é fundamental para evitarmos surpresas constrangedoras, a curto e médio prazo.

contioutra.com - Dica de livro: “Amizades Tóxicas”, de Mireille BourretA partir da página 59 de ‘Amizades Tóxicas’, a especialista descreve seis tipos de “personalidades tóxicas” (como as que possuem os narcisistas, os negativistas e os histriónicos) com que convivemos e mostra-nos como podemos afastá-las e assumir o controlo da nossa vida.

Depois de fornecer ao leitor ferramentas e técnicas úteis para que ele consiga identificar esses tipos de personalidades, saber como reagir em determinados casos e decidir o futuro da relacção, a especialista em Sociologia, na última parte do livro, compila uma série de emoções negativistas que fazem com que os laços entre duas pessoas possa se dilacerar. São exemplos: a frustração, a irritação, a troça, a avareza e a inveja. No final da leitura da terceira parte, estaremos mais capazes de lidar com os amigos que nos atraiçoam, abandonam ou magoam, pois estaremos mais consciencializados de que todas as perdas do passado que ainda não resolvemos transformam-se num peso que não nos deixa levantar voo, numa emoção tóxica que não nos deixa avançar. Uma das mensagens do livro é a de que quanto mais protegidos das pessoas tóxicas estamos, mais felizes seremos.

‘Amizades Tóxicas’ é um livro de leitura simples (sem jargões) e esclarecedora, dirigido a todos os que buscam respostas para poderem manter uma amizade que esteja em vias de extinção, ou para ultrapassar de uma vez por todas o sofrimento que adveio de uma outra. Este é um livro de auto-ajuda que pode servir de guia para muitos leitores que acreditam que tudo o que nos acontece, até a dor de uma amizade dilacerada, pode ser transformado em aprendizagem.

Excertos

“Seja qual for o resultado da amizade que o levou à tristeza, faça de maneira a sair mais enriquecido, mais atento a si e aos outros.” (p. 154)

“Convença-se de que os diferendos são muitas vezes fundados no orgulho e na soberba, que nos fazem esquecer a humanidade do outro.” (p. 161)

A indicação de leitura é do nosso blog parceiro Silêncios Que Falam (Site; Facebook)

INDICADOS