As 4 leis do desapego para a liberação emocional

As 4 leis do desapego para a liberação emocional

É possível que a palavra desapego lhe cause uma sensação de frieza e egoísmo. Nada está mais longe da realidade. A palavra desapego, compreendida dentro do contexto do crescimento pessoal, é um valor interno precioso que todos nós devemos aprender a desenvolver.

Praticar o desapego não significa abrir mão de tudo o que é importante para nós, rompendo vínculos afetivos ou relacionamentos pessoais com aqueles que fazem parte do nosso cotidiano.

“Desapego significa saber amar, apreciar e se envolver nos relacionamentos com uma visão mais equilibrada e saudável, libertando-se dos excessos que o prendem”.

Liberação emocional é viver mais honestamente, de acordo com as suas necessidades. Crescer, progredir com conhecimento de causa, sem prejudicar ninguém e não deixando ninguém o limitar.

Conheça abaixo as 4 leis do desapego para a liberação emocional. Vamos praticar?

1- Você é responsável por si mesmo

Ninguém pode viver por você. Ninguém pode respirar por você, se oferecer como voluntário para carregar suas tristezas ou sentir suas dores. Você é o arquiteto da sua própria vida e de cada passo que dá em seu caminhar.

Portanto, a primeira lei que deve ter em mente para praticar o desapego é tomar consciência de que você é totalmente responsável por si mesmo.

Não responsabilize os outros pela sua felicidade. Não imagine que para ser feliz é necessário encontrar o parceiro ideal ou ter o reconhecimento de toda sua família.

Se a opinião dos outros é a sua medida de satisfação e felicidade, você não vai conseguir nada além de sofrimento. Raramente os outros suprirão as nossas necessidades.

Cultive sua própria felicidade, seja responsável, maduro, conscientize-se das suas escolhas e consequências e nunca deixe que seu bem-estar dependa da opinião alheia.

2- Viva no presente, aceite e assuma a sua realidade

Muitas vezes, não conseguimos aceitar que nesta vida nada é eterno, nada permanece sempre igual; tudo flui e retoma seu caminho. Muitas pessoas estão sempre focadas no que aconteceu no passado, e isso se torna um fardo pesado que carregamos no presente.

Mesmo que seja doloroso, aceite, assuma o passado e aprenda a perdoar. Isso o fará se sentir mais livre e o ajudará a se concentrar no que realmente importa: “o aqui e agora”. Liberte-se!

3- Liberte-se e permita que os outros também sejam livres

  “Assuma que a liberdade é a forma mais plena, íntegra e saudável de aproveitar e compreender a vida em toda a sua imensidão”

Ser livre não nos impede de criar vínculos com os outros. Criar vínculos, amar e ser amado, fazem parte do nosso crescimento pessoal.

O desapego significa que você nunca deve assumir a responsabilidade pela vida dos outros, que eles não podem lhe impor seus princípios e nem tentar prendê-lo. É assim que surgem os problemas de relacionamento e o sofrimento.

Os apegos exagerados nunca são saudáveis. Temos como exemplo aqueles pais obcecados por proteger os filhos, que os impedem de crescer e avançar com confiança para explorar o mundo.

A necessidade de desapegar-se é fundamental nesses casos; cada um um deve sair dos seus limites de segurança para enfrentar o imprevisto e o desconhecido.

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4- As perdas irão acontecer mais cedo ou mais tarde

Devemos aceitar que, nesta vida, nada dura para sempre. A vida, os relacionamentos e até os bens materiais acabam desaparecendo como fumaça, escapando por uma janela aberta ou deslizando através dos nossos dedos.

As pessoas vão embora, as crianças crescem, alguns amigos somem e perdemos alguns amores… Tudo isso faz parte do desapego. Temos que aprender que isso é normal e enfrentar essa situação com tranquilidade e coragem.

O que nunca pode mudar é a sua capacidade de amar. Comece sempre por você mesmo.

Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Unesp oferece curso online grátis sobre História da Arte

Unesp oferece curso online grátis sobre História da Arte

A Unesp está oferecendo através do site da Univesp TV, um curso gratuito online sobre História da Arte. Ele é voltado a graduandos e pós-graduandos interessados nas áreas de arte, história, pesquisa, cultura e assuntos correlatos. Também é aberto a todos com formação superior em qualquer área do saber.

Este curso de História da Arte é apresentado gratuitamente, em forma de videoaulas online, que você pode assistir a hora que quiser. Há ainda a possibilidade de fazer anotações sobre questionamentos, opiniões e dúvidas enquanto assiste o vídeo, e receberá tudo em seu e-mail.

A Univesp TV é o canal de comunicação da Universidade Virtual do Estado de São Paulo, a quarta universidade pública paulista e visa ao incentivo à formação integral do cidadão.

O curso

São 09 aulas do curso regular de graduação, ministradas pelo docente José Leonardo do Nascimento do Instituto de Artes da Unesp (Universidade do Estado de São Paulo).

O objetivo do curso de História da Arte é apresentar movimentos artísticos locais dentro de uma perspectiva mais abrangente da história da arte. As aulas exploram a arte etrusca, o realismo da arte romana antiga e o diálogo com a Grécia, a arte cristã primitiva, a arte bizantina, as expressões artísticas medievais, como as Iluminuras, a arte Românica e o Gótico, até os primeiros momentos do Renascimento italiano. O professor José Leonardo do Nascimento também apresenta e analisa os principais monumentos artísticos de cada período histórico.

O curso não possui certificação. São apenas aulas online para complementação de estudos e pesquisas. É só acessar o site e começar a estudar.

Conteúdo programático

  • Escultura e pintura etruscas: vitalismo e arte tumular.
  • Roma antiga: realismo e diálogo com a Grécia.
  • Arte cristã primitiva: abstração e solenidade.
  • Iluminuras medievais: arte monástica.
  • Arte bizantina: espiritualidade e esplendor celestial.
  • Arte românica: arquitetura e relevo escultórico.
  • Arte gótica: verticalidade e luz.
  • Siena no século XIV: arte republicana e religião.
  • Florença no século XIV: da bidimensionalidade pictórica ao Renascimento.

O curso sobre História da Arte oferecido pela Unesp é mais uma dica gratuita que o Canal do Ensino trouxe para te ajudar a expandir a mente, pensar diferente e aumentar ainda mais seus conhecimentos. Quer outras dicas como essa? Acompanhe também o site Canal do Ensino.

Receita de ano novo- Carlos Drummond de Andrade

Receita de ano novo- Carlos Drummond de Andrade

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor do arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação com todo o tempo já vivido
(mal vivido talvez ou sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser;
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo, espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?)
Não precisa
fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto de esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um Ano Novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.  

Carlos Drummond de Andrade 

“Receita de Ano Novo”. Editora Record. 2008.

Um bilhete só de ida para o Ano Novo- Nadia Regina Stella

Um bilhete só de ida para o Ano Novo- Nadia Regina Stella

Por Nadia Regina Stella

Imagine se 2016 fosse um outro país, outro continente, outro planeta, sua passagem para o novo ano é um bilhete só de ida. E você precisa dizer Adeus para 2015, além de selecionar o que vai levar consigo. Hora de fazer a mala, escolher o que vai na sua bagagem de vida e desperdir-se do que fica.

Adeus também é desapego! Adeus ano 2015! Adeus para o quê e  pra quem ficou no passado…

Um ano novo, só é mesmo um ano novinho em folha se a gente ressignificar dentro da gente o que nos fez mal, incomodou, fez sofrer, atrasou nossa vida! Senão, é só mais um ano no calendário que recomeça em 01 de janeiro! Nao adianta mudar de estado, de país, de ano, se você insiste em continuar a viver o que não te acrescenta, só te subtrai. Se você não pensou no quanto tem andado com  bagagem pesada, ainda dá tempo. A aeronave já está em solo, dentro de poucos minutos vai iniciar o embarque. O que vc vai levar pra 2016?

Vou levar comigo tudo o que foi bom e quero manter… Começando pelo que tenho de mais precioso: minha família. E isso inclui meus anjinhos de 4 patas. Vai também meu trabalho e, cá entre nós,  saiba que a gente pode amar o que faz, mas nem por isso está menos sujeito às vicissitudes. E tem ainda espaço para minhas amizades verdadeiras! Aquelas de uma vida, sabe? E aquelas mais recentes que diante de uma turbulência não tumultuam e não forçam o pouso.  Obrigada por me fazerem continuar acreditando que não somos descartáveis!

Vou levar meus sonhos, meus objetivos, minhas alegrias e, sim, minhas tristezas, dificuldades e decepções também irão comigo, porque ninguém é 100% feliz o tempo todo, a menos que viva de aparências -em plena era das aparências já ta virando clichê a felicidadepara justificar seus vazios.

Desapegar tabém é ientrega. A-Deus tudo o que já não nos cabe ou não podemos mais manter.  Sim eu disse Deus, porque vou levar comigo minha pouca fé dos últimos tempos e minha espiritualidade. Eu preciso aprimorar isso em 2016 deixando um espaço maior para ter fé!

Bagagem de mão: Em tempos de amores líquidos, de amizades tóxicas-  Deixa pra trás o que te envenena e quem na boca veneno tem. Líquidos são restritos,  leve só os pequenos frascos de doces perfumes.

Vale também reciclar o que ainda é passível de fazer sentido, porque também dos erros a gente extrai a aprendizagem.

E quem sabe você ainda consegue descer  lá no subsolo antes da  virada do ano e abrir
aquela caixinha chamada mágoa, retirar de dentro dela aquele acontecimento que tentouesquecer, mas que ficou mal resolvido. Isso aí menina,  sacode a poeira, limpa, dá uma polida, deixa brilhar novamente. Nos bastidores de algo que não saiu como a gente esperava pode ter alguém que a gente quer levar para 2016, 2106, se é que você me entende?! Então corre, ainda faltam alguns minutos pra virada e dá tempo de trazer para o novo ano algo ou alguém que vc nao quer deixar no porão.

Se alguma coisa entrou por engano na sua bagagem, tudo bem, desapegar é se livrar de pesos ao longo do caminho, trocar a mala pesada por uma uma mochila leve nas costas e se aventurar nesse mundo lindo, mas requer cuidado. Sair da zona de conforto é o que nos faz crescer, no entanto pode  nos deixar vulneráveis a outros apegos… Não,  não vai dar para carregar excessos que tudo tem limite, entao, somente o que cabe no bolso, na mochila e no coração. Não dá pra carregar mágoas, não dá pra carregar desrespeito, não dá pra carregar culpa, nem o fardo que não nos compete. Não esquece o teu RG, nem teu passaporte, você precisa sempre em terras estrangeiras, respeitar quem vc é e saber onde quer chegar. Mas nada de complicar na imigração, você não vai querer ser deportado, vai?

E, enfim, pra quem não vai embarcar aqui, nem decolar no mesmo vôo, nem pegar o mesmo trem, também para quem nem dentro do meu coração vai pousar, boa viagem também, tenha um novo ano bom, e nem vem que nao tem- to entrando o ano 100% blindada contra inveja, quebrante, olho grande e gordo, vírus, bactérias, gente chata, gente que se acha e que acha defeito em tudo e em todos.

Vem que tem um 2016 cheio de esperança, de desafios, de trabalho, no caminho a gente descobre as surpresas boas de cada viagem, a gente pega junto nas dificuldades, chora junto, acha graça junto, se abraça, comemora, viaja o mundo…Solta o combustível no mar pra aterrizar com leveza se a turbulência nos obrigar.  Você já se deu conta que a sua própria vida é o  bilhete só de ida? Cuide bem da sua. Cada vez que você cuida mais da vida do outro você perde a oportunidade de fazer um up grade no seu programa de milhagem.

Aperta o cinto. Respira fundo! Volte sua coluna para a posição vertical e seus olhos no horizonte. Vem , vem junto pra 2016. Vem,  no caminho eu te conto. Portas encerradas! Atenção Senhores passageiros, vai decolar.

Nadia Regina Stella é enfermeira, especialista em saúde mental e em linhas de cuidados – ênfase atenção psicossocial. Coordeno há 10 anos e 9 meses um CAPS

Quando faltarem palavras, use os braços

Quando faltarem palavras, use os braços

Faz parte da nossa natureza a falta de jeito para interpretar os sinais do outro. Até mesmo porque, muitas vezes, os sinais são confusos mesmo. Diante do enfrentamento de situações dolorosas podemos ficar arredios, agressivos e difíceis de conviver. Ou podemos optar pela quietude do isolamento, a fim de purgar o que dói, interpretar os sentimentos e buscar saídas. Ainda há aqueles que disfarçam tão bem, mas tão bem, que passam a impressão de serem insensíveis, donos de corações de pedra, verdadeiros icebergs humanos.

O fato é que o sofrimento é algo extremamente pessoal. Não somos capazes de experimentar as sensações alheias. Podemos, no máximo, imaginá-las, supô-las ou fantasiá-las. No entanto, precisamos respeitá-las. Ainda que imaginemos ter o direito, não devemos julgá-las; não é lícito avaliar se a maneira do outro lidar com as mazelas da vida é exagerada, distante ou inadequada. O sofrimento do outro é sim da nossa conta, o que ele faz com ele não. Mas, como somos criaturas muito estranhas, fazemos tudo ao contrário: não movemos uma palha para atenuar a dor e, ainda, achamos que somos capacitados para criticar.

A perda de uma pessoa amada é das experiências mais dolorosas, significativas e transformadoras a que somos submetidos em nossa travessia pela vida; seja porque não fomos capazes de cultivar a reciprocidade do amor; seja porque ela optou por partir e ter uma vida longe de nós ou ainda, e mais definitivo, porque ela está perdendo a vida e a morte está prestes a visitá-la.

Diante da morte, vemo-nos confrontados com inúmeras certezas, incertezas e confusões particulares. Somos levados a questionar o que temos feito com o nosso tempo. Ficamos mais receptivos a demonstrações de interesse e afeto. Passamos a funcionar num modo de economia de energia; pequenos compromissos nos escapam; o mundo em volta parece girar em descompasso com o nosso ritmo. O que antes, nos parecia natural e tolerável, passa a incomodar. Estamos à flor da pele; tudo pesa mais; fere mais; e faz menos sentido. E, quando finalmente chegamos àquele momento do dia em que nos é permitido tomar um banho, cuidar das necessidades básicas pessoais e encontrar algum repouso, o corpo está exausto; mas a mente, triste e inquieta vem conversar conosco; e a conversa é longa, lenta e complexa.

Assistir alguém que amamos concluir sua trajetória, ou estar exposto ao risco iminente do fim, faz brotar de dentro da nossa alma uma versão de nós que parece ter sido esculpida e reservada para ocasiões especiais. É uma espécie de traje a rigor para eventos de grande importância. E, assim, como aquele traje que se usa em situações de festa e comemoração, a versão destinada a fases de risco, é desconfortável, incômoda e nada prática. O sofrimento, embora visceral, é extremamente complexo. Muitas vezes, a despeito de estarmos em carne viva por dentro, não conseguimos externar o que sentimos, até as lágrimas nos abandonam diante da secura que nos vai na alma. Viramos desertos, repletos de dunas mutantes a representar nossas ondulações de humor.

No fundo, nenhum de nós está pronto ou minimamente preparado para dizer adeus. Sonhamos com um até breve; alimentamos o desejo de que a vida possa continuar existindo em outro plano. Quem sabe assim possamos encontrar sentido quando alguém nos disser “partiu porque precisava descansar”; “parou de sofrer”; está melhor do que nós”. De verdade, quem está doendo de saudade, prévia ou consumada precisa muito menos de palavras do que de algo mais concreto e palpável. É difícil mesmo encontrar o que dizer quando o outro parece estar sendo tragado por um oceano de tristeza bem ali na nossa frente. Então, quando faltarem as palavras, use os braços. Aninhe, acolha, proteja, sirva de colo ou de escudo. Não há dor que não possa ser aliviada. Não há sofrimento que ignore a força de um afeto generoso e sincero. Ofereça o que você tem de mais bonito, a sua capacidade de diluir tristezas na bênção de um longo, amoroso e paciente abraço.

Jovem fotógrafa lança projeto que promete revolucionar o mundo!

Jovem fotógrafa lança projeto que promete revolucionar o mundo!

“Espalhar amor pelo mundo”. Essa foi a frase escrita em um diário por Nataly Motta aos 12 anos. Hoje, aos 18, a fotógrafa de casamentos realizará esse sonho de menina através do projeto “Assinado, AMOR”, que visa disseminar mensagens a favor do amor por meio de fotografias. Para ela, o ato de abraçar é a principal forma de espalhar amor, pois ao abrir os braços os corações se encostam!

Após meses de preparação, Nataly lança nesta quinta-feira (24) o “Assinado, AMOR”. “Nada melhor do que a véspera de Natal para compartilhar abraços e muito amor”, afirma a fotógrafa. Para divulgar a proposta, Nataly e sua equipe prepararam uma ação de abraços coletivos no Parque da Redenção, em Porto Alegre, que se transformou no vídeo “O Melhor Presente do Mundo” lançado hoje no site e nas redes sociais do projeto. “Todos precisamos de mais amor e nós acreditamos que somos capazes de espalhá-lo”, afirma a fotógrafa. Para ela, cada pessoa tem o potencial de melhorar a vida de alguém e se cada um fizer a sua contribuição será possível construir um mundo inteiro de boas atitudes.

“Eu posso ser sentido de diferentes formas: em um olhar, em um abraço, em lágrimas e sorrisos, em gestos, nas palavras e na ausência delas também. Dizem que o mundo precisa de mim, mas na verdade sou eu quem precisa dele. Preciso que as pessoas me espalhem por aí…” 

 

Conheça mais sobre o trabalho de Nataly nos links abaixo

www.facebook.com/assinadoamor

www.instagram.com/assinadoamor

www.assinadoamor.com

 

Cartas de gratidão a Deus

Cartas de gratidão a Deus

S.P., 25 de dezembro de 2015

Deus,

Sou uma dessas pessoas que reclama, exaustivamente, de tudo e de todos o tempo todo. Sim, queixo-me de tudo…Hoje, queria fazer algo diferente. Parece clichê, né? É que precisa te agradecer, do meu jeito torto.
Sabe, Deus, uma vez peguei carona com um dos meus cunhados e me surpreendeu a compreensão que ele tinha sobre a minha irmã. Ele a descreveu como eu a conhece. Simplesmente disse: Sua irmã reclama, mas tem um coração enorme e se preocupada com todo mundo. É assim que eu a vejo. Como uma pessoa de coração grande! Fiquei feliz com o que ele disse. Reconheci que ele a amava. Acho que precisava agradecer por eles!
Obrigada.

Eu amo muito essa minha irmã! Aliás, amo todas elas. É que essa é especial. Ela é uma grande amiga e reza muito por mim. Talvez eu precise muito de orações….
Obrigada, Deus, Todo-poderoso, senhor do Universo ou Divindade. Não sei como te chamar. Mas precisava agradecer por tanta amizade e amor. Inclusive, queria que você soubesse que foi graças a ela e ao meu cunhado que convivi com meus sobrinhos. Apesar de todo o trabalho (tem dias que é difícil), agradeço por todos os momentos que vivi ao lado deles. Cada gracinha, cada malcriação marcaram a minha vida.

Tenho outros cunhados também! Agradeço, em especial, a esse outro pela alegria que trouxe à minha família quando se unia a essa outra irmã. Agradeço o carinho, o cuidado de irmão e as risadas. Foram tantas! Gratidão.

Minha irmã, aquela que é casada com ele, é muito calma. Agradeço, Deus, por ela e pelas duas filhas que tem. Agradeço o cuidado, as conversas, os conselhos e os momentos que compartilhamos, principalmente na praia.

Sabe, as vezes penso que são os momentos bons fazem que fazem a vida valer a pena. Obrigada. Gratidão pelas sobrinhas Alice e Helena que trouxeram flores e alegrias para a vida de cada um de nós.

São quatro irmãs. Preciso que você tenha paciência. Inclusive, a outra irmã, eu amo muito também. Sempre vou lembrar dela usando tênis e de cabelo enroladinho. Minha mãe brigava muito com essa guria. Eu a observava de longe e sentia uma profunda compaixão. Ela me comovia. Obrigada, Deus, porque eu acho que você, como meu amigo que é, permitiu que eu tivesse longas conversas, trocasse conselhos, desse risadas e até brigasse com ela. Gratidão.

Minha última irmã também é especial. Eu irei defendê-la sempre, até quando estiver errada. Será sempre a irmã que tem medo de lagartixa e que me escuta, incansavelmente, 70 vezes 7 se for preciso. Sim, eu agradeço de novo, Deus. Obrigada pela amizade e pelo amor. Obrigada também por esse último cunhado, que eu amo por tabela, exclusivamente porque a faz feliz.

Por último, serei grata ao meu pai e minha mãe. Aos dois, porque souberam me amar em momentos que eu não me amava, tiveram paciência quando eu não me suportava e nunca desistiram de mim, quando eu já tinha desistido.

Sinto muito, Deus, pelas vezes que eu não correspondi a altura desse amor tão genuíno, pelas vezes que faltou paciência e reconhecimento. Sinto muito pelos momentos que culpei os dois pelos meus erros ou indecisões, pelos momentos que frustrei expectativas e falhei.

Sei que ainda continuarei falhando, mas meu coração sente uma profunda gratidão por compartilhar esses momentos com todos.
Eu só queria dar boa noite e dizer que sigo feliz em mais um Natal!

Neste fim de ano trago votos de simplicidade

Neste fim de ano trago votos de simplicidade

Você vai me desculpar, mas nesse ano novo não lhe desejo muitas conquistas. Lhe desejo apenas o aprendizado diário da apreciação do caminho, e que mesmo que as conquistas sejam poucas, isso não importe muito, pois o caminho por si só já é um presente.

Além disso não lhe desejo grandes realizações. Essas coisas grandes demais que para serem atingidas demandam uma ralação da pele, um engrossamento do couro, um esquecimento de si mesmo, uma robotização dos ritmos humanos. Lhe desejo apenas olhos atentos para ver as pequenas conquistas diárias: um sol que nasceu, um amigo que (re)apareceu, um bicho que lhe sorriu.

Também não desejo que todos os seus sonhos se realizem. Desejo sim que você não desaprenda a cultivar sonhos e não interdite a fábrica que os produz dentro de você. Desejo que você saiba que o sonho em si já é suficiente para inundar um coração. E que uma vida com muitas realizações e poucos sonhos não tem graça nenhuma.

Não desejo também para o seu ano novo muita paz. Essa paz mansa, de quem consegue descansar a cabeça, ligar a televisão, se cercar de tudo que é fácil e próximo da mão e achar que o mundo está resolvido. Não lhe desejo essa paz que pode ser a morte em vida, que é uma redoma feita de medos lhe salvaguardando do mundo.

Também não lhe desejo amor. Esse amor que seca, que lhe faz sedento, que é uma busca de algo ou de alguém que lhe sacie, complete, ou que lhe traga vantagens. Não desejo amor para quem ainda não sabe amar, desejo antes outras coisas.

Como por exemplo, lhe desejo individualidade. Que você tenha ou crie tempos para se desenvolver enquanto pessoa, para enriquecer a própria alma. Que você encare a busca do autoconhecimento, sozinho. Porque é a partir do conhecimento profundo de si mesmo que nasce a compreensão profunda do outro. E o mundo parece estar precisando tanto de pessoas que se compreendam.

E por isso também lhe desejo solidão. Porque essa é a nossa condição natural, somos antes de tudo um universo em si. Então desejo que você saiba colorir o seu próprio universo e tenha momentos de profundo prazer na companhia de si mesmo.
Desejo finalmente que você sinta muita paixão, que seu sangue borbulhe, seus sentidos agucem, sua temperatura suba. Mas desejo que você sinta essa paixão avassaladora não por pessoas, mas pela própria vida.

Na própria pele- Ana Jácomo

Na própria pele- Ana Jácomo

Por Ana Jácomo

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo convivendo com tantas perguntas que o tempo não respondeu e com a ausência de qualquer garantia de que ele ainda responda. É me sentir confortável, mesmo entendendo que as respostas que tenho mudarão, como tantas já mudaram, e que também mudarei, como eu tanto já mudei.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo sentindo que cada vez mais eu sei cada vez menos, e não saber, ao contrário do que já acreditei, pode nos fazer vislumbrar uma liberdade incrível, às vezes. Tem saber que é nítida sabedoria, que fortalece, que faz clarear, mas tem saber que é apenas controle disfarçado, artifício do medo, armadilha da dona autosabotagem.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo percebendo que a minha vida não tem lá tanta semelhança com o enredo que eu imaginei para ela na maior parte da jornada e que nem por isso é menos preciosa. É me sentir confortável, cabendo sem esforço e com a fluidez que eu souber, na única história que me é disponível, que é feita de capítulos inéditos, e que não está concluída: esta que me foi ofertada e que, da forma que sei e não sei, eu vivo.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável, mesmo acessando, vez ou outra, lugares da memória que eu adoraria inacessíveis, tristezas que não cicatrizaram, padrões que eu ainda não soube transformar, embora continue me empenhando para conseguir. É me sentir confortável, mesmo sentindo uma saudade imensa de uma pátria, aparentemente utópica, onde os seus cidadãos tenham ternura, respeito e bondade, suficientes, para ajudar uns aos outros na tecelagem da paz e no desenho do caminho.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. Estarmos na nossa própria pele não é fácil e essa percepção é capaz de nos humanizar o bastante para nos aproximarmos com o coração do entendimento do quanto também não seria fácil estarmos na pele de nenhum outro. Por maiores que sejam as diferenças, as singularidades de enredo, as particularidades de cenário, não nos enganemos: toda gente é bem parecida com toda gente. Toda gente é promessa de florescimento, anseia por amor, costuma ter um medo absurdo e se atrapalhar à beça nessa vida sem ensaio.

Depois de tantas buscas, encontros, desencontros, acho que a minha mais sincera intenção é me sentir confortável, o máximo que eu puder, estando na minha própria pele. É me sentir confortável o suficiente para cada vez mais encarar os desconfortos todos fugindo cada vez menos, sabendo que algumas coisas simplesmente são como são, e que eu não tenho nenhuma espécie de controle com relação ao que acontecerá comigo no tempo do parágrafo seguinte, da frase seguinte, da palavra seguinte. É me sentir confortável o suficiente para caminhar pela vida com um olhar que não envelhece, por mais que eu envelheça, e um coração corajoso, carregado de brotos de amor.

O nosso passado me mudou e de hoje em diante só te desejo o melhor

O nosso passado me mudou e de hoje em diante só te desejo o melhor

Eu só sabia o que sentia por você no calor do momento. Não dava pra saber o que eu sentiria em um mês ou um ano. Mas eu sentia que as coisas iam mudar. Os ares, os rumos, os objetivos e até a nossa cabeça. Quando somos muito novos pensamos que não, mas mudamos o tempo todo. Não sei você, mas eu olho um pouco pra trás e penso “santo cristo, que anta eu fui!”. Mas isso acabou sendo necessário para eu chegar até aqui como eu sou hoje. E uma coisa eu posso dizer: hoje eu sou uma pessoa muito melhor do que eu já fui e devo isso a todas as experiências que vivi, sejam elas negativas ou positivas. E devo muito da minha mudança ao que a gente teve, a tudo que rolou. No calor do momento eu só via os contras, mas hoje em dia os prós falam muito mais alto que todos os atritos. Obrigada. Eu não entendia na época que os rompimentos podem nos trazer mais benefícios do que dor. Mas isso é porque quando estamos vivendo a dor da separação é difícil ter uma perspectiva de melhora. Eu te considerava muito, mesmo não sendo a pessoa mais coerente do mundo, nem a mais correta. Mas ninguém é perfeito, você também teve os seus momentos. Até que o barco furou e a gente sumiu da vista um do outro. A vida é assim: nos acostumamos com a ausência, preenchemos algumas lacunas. Uns com vícios, outros com hobbies, alguns com outras pessoas. Vale usar música, poesia, arte. Cinema. Seriados. Eu vi Sense8 e lembrei de você, falando nisso. Sabia? Fiz uma playlist cheia de música que eu queria te mandar mas não mandei. Se quiser eu posso te mandar um dia. No dia em que eu percebi que a gente não tinha mais nada a ver eu senti um ressentimento que me fez muito mal. Mas essa intensidade toda foi substituída por doses de sentir que as coisas estavam ok. Mesmo sentindo absurdamente a sua falta e vontade de estar perto. Mas passou. Foi difícil pra você também? Pra mim demorou um pouco, mas eu aceitei. Significamos algo um pro outro, você sabe bem o que a gente foi. Eu achei que as coisas duravam a eternidade, mas aí veio o tempo e me provou o contrário. Mas eu gostaria que você soubesse que se fosse comigo por perto talvez você não tivesse tantas conquistas. E eu espero que a falta que fizemos um para o outro tenha se transformado em algo mais bonito. E que você tenha sentido por outras pessoas coisas muito mais intensas do que a gente viveu. E que a sua vivência sem a minha presença tenha contribuído para que você se tornasse alguém melhor também. Porque a vida é assim mesmo. A gente se sente menos devastado com as perdas e vai entendendo que o que vem dos outros é lucro. O que importa é como nos sentimos em relação a nós mesmos. Desejo do fundo do coração que você se realize e seja uma pessoa completa. Cheia de amigos, cheia de vida e de vontades. Que um dia possa lembrar da gente com algum carinho (mesmo que não me conte). Que as mágoas não sejam os motivos das suas ações (nem das minhas). Que quando a gente olhar para o lado, não sinta a falta do outro e entenda que os caminhos foram diferentes mesmo. E que ao olharmos para o lado e não nos encontrarmos, possamos apenas compreender, aceitar e deixar ir.

Não sei se pulo a janela ou se saio pela porta dos fundos.

Não sei se pulo a janela ou se saio pela porta dos fundos.

Estar na janela é ver de longe, protegido, amparado por paredes, teto, vidros, móveis, cortina fácil de fechar – esconder-se para espiar. É de onde se vê o que não quer se mostrar, o escondido, o que não se sabe olhado, vigiado. É um olhar surdo, sem diálogo, uma relação unilateral com o mundo. Estar na janela é como olhar pelas grades de uma prisão, ou ver o infinito através de um telescópio. É estar distante.É não se envolver.

Pela janela é possível assistir ao espetáculo do mundo: uma festa na rua – rir para o nada com todos, que observados, desconhecem quer olhar ou sorriso; uma confusão noquarteirão – sem torcida, “graças a deus” não estar por ali, mas os olhos estão ali aflitos de alívio; o delicado vagar das nuvens, ora figuras, ora abstratas, outras delírio – ninguém se contagiará com a loucura do seu olhar parado e da sua mente fluida para, curioso, parar e olhar também o magnífico slowmotion dos melhores momentos celestes.

Da janela não se pede licença, pode-se invadir todos os espaços sem tropeços, mas também não se chega a lugar nenhum. Todos os gatos são pardos, todos os rostos opacos, as luzes tremeluzentes, a vida passa, a janela fica – aberta ou fechada – inacessível. Esconderijo de quem quer viver e não encontra coragem. Coragem? Palavras de Rosa: é tudo o que a vida quer da gente.

Janelas digitais, plasmas, HDs, de onde é tudo tão fácil, degradação ou virtude, tudo o que nos passa diante dos olhos, não importa quantas imagens árduas ou comoventes, se a pele intacta, o rosto escondido não queimará vergonha, nem colorirá rubor de emoção capaz de engatar experiências, tudo isso que nos faz parecer impotentes – poderíamos nós? Suportar essas dores, encarar essas frustrações, alcançar esses patamares, hastear nossa bandeira na lua?

É que a vida é bela quando olhamos pela janela, mas na janela vida nossa não há. Viver é sair do quadrado vazado, fazer parte da paisagem antes admirada. Beleza sim, riscos mais, desafios infinitos, cansaço, medo, dor. Estar sujeito a tornados e tempestades, sem controle, sem visão panorâmica de nada. Dos limites do frame vácuo protegido, o olhar de águia precisa se habituar a ser pombo de voo desvairado entre a multidão. Comer farelos com gosto, desviar dos apressados, cagar nas cabeças erradas, deixar penas no caminho.

De tudo o mais, no risco do descontrole primordial de viver, estar sujeito à gentileza desconhecida, aos abraços e encontrões que se tornam encontros, a achar petróleo no esgoto, ganhar chocolates suíços, um ombro amigo, uma cerveja colega, um acaso para eternidade de instantes ou de uma vida, amor – por que não?, afetos infantes, você mesmo ali, surpreso: “e eu achando que estava na janela”, sua alma já havia pulado dela há tempos, só te faltava humildade para sair pela porta dos fundos e encontrá-la, afinal, que importa? Toda saída leva à vida… leva a vida…

Amor sem esforço- Ana Jácomo

Amor sem esforço- Ana Jácomo

Por Ana Jácomo

Seria bacana se a gente pudesse dissolver a ilusão de que para sermos amados temos que ser outros que não nos habitam. Outros que não somos. Outros que, no fundo, não podemos ser, mas também não precisamos. Ter outras caras. Outros corpos. Outros gostos. Outros sonhos. Outros jeitos. É inútil qualquer esforço de tentar caber onde o nosso coração não está. Onde ele não pode nadar livremente, no tempo e no ritmo das próprias braçadas, aproveitando, feliz, o contato com a vida. Há um desperdício imenso de energia nessa história. É tenso demais viver para agradar, em troca de pertencimento, reconhecimento, alguma afeição. Maquiar as emoções, boicotar a própria essência, trocar a luz natural por luminárias artificiais, bolar planos fantásticos para chegar ao coração de quem quer que seja. Cansa, só de imaginar.

Além de inútil, é perigoso. Perigoso porque dói, mesmo quando faz aumentar nossos índices de popularidade. Nosso catálogo de endereços eletrônicos. Nossas referências no caderno de telefones. Nossa lista de contatos do celular. Perigoso porque requer de nós muito malabarismo emocional para não trairmos as personagens que criamos para atender as demandas alheias. É trabalhoso demais tentar ser o que não se é. Exaustivo. Drenagem pura. E, no fim das contas, o que buscam essas pessoas que queremos que nos amem? Procuram por nós ou pelas pessoas que tentamos parecer? Por nós ou pelas pessoas que querem que sejamos? Se não for por nós, não tem importância alguma. A leveza escoa, assustada, ralo afora. Se não for por nós, não é de verdade.

De vez em quando nós lembramos para, em geral, esquecer outra vez pouco depois: o amor não pede esforço. O amor acontece. Somos amados assim do nosso jeito. Assim do nosso tamanho. Assim do nosso lugar. Somos amados como somos, já preciosos. Isso é de uma liberdade que raramente sentimos ser capazes. As pessoas mais interessantes que conheço não fazem sacrifícios para ser amadas. São do jeito delas. Se são amadas, maravilha. Se não, vida que segue, mais a frente os encontros virão e é bem provável que tenham mais a ver com elas. A diferença que conta é que, à parte o amor que possam receber, elas são amadas por elas mesmas. Estão confortáveis por ser como dá pra ser a cada instante.

São pessoas que não querem mostrar nada além da espontaneidade que já conseguem. Não querem caber onde lhes falta espaço. Não têm a pretensão de ter montes de amigos: se tiverem um, capaz de amá-las, de verdade, já estão no lucro. Querem amar e ser amadas, sim, desde que cada pessoa tenha liberdade para ser. Nadam no ritmo delas, no tempo delas, nesse mar de águas tantas vezes turbulentas da vida. E consideram cada braçada uma vitória. Uma possibilidade de encontro. Se não acontecer, vez ou outra, continuam contando com o próprio pertencimento. O próprio reconhecimento. A própria afeição.

Carta de Ano Novo para um filho que aprendeu a ler

Carta de Ano Novo para um filho que aprendeu a ler

Querido João,

Já é quase final de ano. Pela primeira vez, você e eu não estaremos juntos na virada, tapando as orelhas na hora dos rojões, olhando o céu riscado de fogos, enchendo a pança de maionese, farofa, arroz com uva passa. Este ano, como acontece a muitas das crianças quando os pais tomam caminhos diferentes na vida, você passou o Natal comigo e, nada mais justo, no réveillon vai estar com a mamãe.

Então, como eu sei que a saudade vai bater violenta quando der meia-noite e você não vai estar por perto para me mostrar bagunceiro os quatro zeros no relógio do celular, eu resolvi escrever esta cartinha a você. Porque assim, desde já, é como se você estivesse aqui pulando, derrubando a casa, irritando a vizinha infeliz do andar de baixo, fazendo todas aquelas perguntas que eu nem imagino de onde surgem. E eu tentasse respondê-las enquanto a gente luta contra o sono e sente o maior dó dos cachorros torturados pela barulheira dos fogos. Cada um tem um jeito de lidar com as coisas da vida, meu filho. O meu é este. Batucando para fora o que passa aqui dentro.

Aliás, escrever-lhe esta cartinha ganhou um novo e maravilhoso sentido agora que você se tornou um leitor tão curioso e voraz. E apesar da minha pacholice de ver meu pequeno deslumbrado com a própria capacidade recente de compreender e reproduzir palavras, palavrinhas e palavrões por escrito, eu sei que esta cartinha você só irá ler mais tarde, daqui a um monte de anos. Porque o conteúdo dela é aborrecido e profundo demais para dias de muita festa e pouca idade. Longo o bastante para um leitor iniciante e inocente como você é hoje.

No entanto, mesmo sabendo que não vai ler isso agora, aí vão duas ou três observações para o meu homenzinho na manhã da vida, se alfabetizando das coisas do mundo, encantado com a descoberta das letras que formam sílabas e compõem palavras. E que juntas dizem frases e contam histórias como a nossa.

Um dia, no futuro, quando ler estas bobagens você vai saber que, lá atrás, este seu quase velho pai já o amava de toda a vida e passava mais tempo pensando em você do que ele mesmo imaginava. Entre todos os seus afazeres de criança, adolescente ou quase adulto, talvez você pare um segundo e pense “é, acho que o velho gostava mesmo de mim”. E vai me ligar do seu iPhone 21, com comando de pensamento, me convidando para assistir ao seu lado a um velho e riscado blu-ray do Homem de Ferro.

Mas enquanto espera ser encontrada por você, que esta meia dúzia de palavras seja vista pelos amigos. Afinal, testemunhas valem ouro. Tanto nos juramentos de quem se casa quanto nesta declaração de amor de um pai por seu único e mais que amado filho.

Tudo isso é para dizer a você que o mundo é um jardim de rodas gigantes, meu filho. Sabe aquela roda gigante do parquinho? Cada um de nós é uma delas. Somos todos rodas, rodinhas e rodonas rodando pela vida, revezando instantes lá em cima e lá embaixo, embarcando nas outras pessoas, em seus grandes círculos iluminados e em movimento, subindo e descendo.

Vez ou outra, estamos lá no topo da roda. No lugar mais alto, de onde dá pra sentir o sol mais perto, queimando nossa testa com o fogo de existir. Dali de cima dá pra ver a cidade inteira, as casas e os prédios como miniaturas de um brinquedo e as pessoas pequenininhas lá embaixo. Às vezes a roda para justo quando a gente está lá no alto. E isso é um presente. Tudo fica suspenso, o mundo congela no instante supremo, você segura o xixi e não pensa em mais nada. Porque tudo se resume àquele momento de grandeza, que, aliás, muita gente adora chamar de “paz”.

É quando sobra tempo de olhar devagar o céu e as nuvens. Dá tempo de procurar lá embaixo a direção da nossa casa. Tempo de curtir a paisagem como se o mundo todo fosse aquela sensação de desprendimento absoluto. Quando esse instante chegar, meu filho, aproveite!

Porque, claro, também há dias em que a roda gigante para com a gente lá embaixo, ou lá no meio. É quando a gente parece não ter muita importância. Quando estamos “em baixa”. Acontece. Assim como também chega a hora em que a gente deve desembarcar da roda e dar o lugar a outros passageiros.

É da vida, meu pequenino viajante. De todas as rodas gigantes do mundo, em pouquíssimas delas a gente tem cadeira cativa, perpétua, vitalícia. Quando isso acontece, a gente valoriza o quanto pode. E, olha, às vezes até esses lugares a gente perde.

Agora, tão importante quanto tudo isso é você dar valor às rodas em que embarcar. E nunca esquecer de que na sua roda gigante entra só quem você quiser. E fica só quem você escolher. Portanto, escolha direitinho e cuide bem dos seus passageiros.

Daqui, resta dizer que você é o meu passageiro preferido. É por pessoas como você que esta roda segue rodando.

Já é quase fim de ano. Divirta-se por aí e volte logo para me contar como estava a praia. Por aqui, nossa roda gigante continua esperando por você.

Feliz Ano Novo, meu filho. Um beijo e até já!

Com amor, papai.

Carta ao Tempo

Carta ao Tempo

Querido tempo:

Assim como a letra de Maria Gadú, quero fazer um acordo contigo.

Nosso vínculo não tem sido o dos melhores, e cansei de ser submetida ao seu domínio. Como já disse anteriormente, não desejo mais corridas em minha vida. E por mais que resista, você me faz correr. Por mais que declare independência, você insiste em me submeter.

Já não quero mais ser controlada por você. O tempo dos relógios me cansa. E me faz perder tempo _ o velho paradoxo em que a vida dos ponteiros nos faz perder tempo na vida…

Meu cotidiano foi invadido por compromissos, responsabilidades, horários. Tudo isso faz parte, você dirá, e até posso concordar com você _ é assim que educamos nossas crianças, não é? Desde muito cedo com um relógio no pulso e regras rígidas que compõem o que chamamos rotina.

Mas se damos a mão, você quer o braço. Por isso sinto-me sugada por você, “senhor tão bonito”. Não deveria ser assim.

As regras não deveriam valer para mães, por exemplo _ mães de meninos que crescem depressa, enquanto cumprimos a aceleração dos ponteiros fora de seus horizontes.

Também não deveriam valer para almoços de família com netos reunidos em volta de uma mesa barulhenta.

Quebraria suas regras todo e qualquer pai que trabalhasse fora e só lhe restasse a noite para estar com sua família _ o tempo das estrelas poderia durar muito mais, antes dos pijamas chamarem para o sono…

O senhor tem me feito uma pessoa diferente daquela que planejei. Tenho andado ansiosa, falando rápido e comendo apressada. Me enervo com o motorista lento à minha frente e peço para meu filho não enrolar diante da tv na hora de ir para a escola. Beijo meu marido sem olhar-lhe nos olhos e fico impaciente com as filosofias de minha mãe ao telefone. Aliás, parei de gostar de telefone por sua culpa ( acho que esse foi um ganho… ou não?).

Mas o pior é constatar que poderia andar mais devagar, não fosse o senhor me empurrando pra todo canto. Eu poderia escolher um CD bem bacana pra ouvir no carro enquanto o motorista vagaroso desfila à minha frente; poderia assistir ao Tom & Jerry com meu filho antes da escola e rir ao seu lado descontraidamente. Poderia agradar meu marido com uma presença simples, de semblante apaziguador; poderia conversar com minha mãe sem pressa e até gostar de um telefonemazinho de vez em quando.

Mas sabe? O senhor está me esgotando. Pensando que é dono de meus caminhos e senhor do meu pulso, me conduz sem negociada compaixão. Porém, minhas pulsações cansaram de seguir o tic tac dos segundos em sua cadência compassada e ritmada.

Meu compasso é outro, e mesmo que minhas obrigações determinem certas programações, hoje peço-lhe alforria. Quero a paz dos libertos e a serenidade dos escolhidos.
Não quero o tempo de Benjamim Zambraia _ da obra de Chico Buarque _ cujo prazo se esgotou no momento em que percebeu que poderia ter se detido ‘nos momentos que lhe pertenciam, e que antes não soubera apreciar.’ Ou que poderia, tarde demais, ‘penetrar em espaços que não conhecera, em tempos que não eram o seu, com o senso de outras pessoas’.

O tempo é relativo, dirão os físicos. Pra mim tem se tornado escasso onde quero demorar-me. E escolhi demorar-me no cheiro de canela, nas páginas de Phillip Roth, no cafezinho cara a cara com minha mãe, nos lençóis com meu marido, na bola rolando despretensiosa com meu filho. Longe dos relógios burocratas e compromissos agudamente pontuais.

Por isso peço-lhe tempo. Sim, o tempo dos amantes quando se desentendem. Me dê um tempo. Tenho que repensar nossa relação tumultuada, nosso pouco entendimento, meu receio de tornar-me ‘Benjamim Zambraia’.

Pode ser que daqui a algum tempo eu me reconcilie contigo. Mas no momento presente, a pressa me desafia e não desejo afrontá-la.
Quero apenas os momentos que me pertencem _ todos eles _ inteiros, sugados até o fim. Sem pulsações apressadas que me indiquem que é hora de partir.
Quero ser dona de minha hora, senhora de meus minutos, consciente de minhas pausas.
E aí então, pronta para o desfecho final, olhar satisfeita para a existência projetada do começo ao fim e constatar:
Fui, vi e vivi. Realizada e feliz.

Apesar do tempo, nesse tempo:
Fim.

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