Se você ama seus filhos diga NÃO a estes 5 pedidos deles

Se você ama seus filhos diga NÃO a estes 5 pedidos deles

Por Erika Strassburger

Por mais que doa dizer “não” a alguns pedidos de seus filhos, faça-o, principalmente em situações como as listadas abaixo:

1. Comprar tudo o que eles pedem ou repor o que eles deixam estragar por desleixo

Por um motivo ou outro, muitos pais dão tudo ou quase tudo o que seus filhos pedem (brinquedos, jogos, eletrônicos). Isso costuma acontecer mais com pais que trabalham demais ou pais separados, que tentam compensar sua ausência com presentes.

Há crianças e jovens que, por os pais darem tudo o que eles pedem, são desleixados com seus pertences, que vivem estragando. Eles sabem que se estragar, o pai ou a mãe fará a reposição.

Não importa o valor, evite comprar tudo o que eles querem ou repor o que eles costumam estragar. Eles precisam aprender o valor das coisas, o valor do trabalho. Precisam aprender a ser mais cuidadosos e a valorizar o sacrifício que vocês fazem para comprar suas coisas. Eles também precisam merecer o que ganham. E, de preferência, fazer pequenos trabalhos para comprar algo de mais valor.

2. Ir a atividades que oferecem riscos potenciais

Crianças e jovens costumam ser muito insistentes em se tratando de diversão. Quando a diversão é sadia, é muito bom que eles vão. Eles precisam de atividades desse tipo. O problema é quando eles querem ir a lugares potencialmente perigosos ou inadequados. Precisamos ter coragem de dizer não e estar prontos para resistir fortemente à pressão que eles certamente farão.

3. Assistir a filmes e jogar jogos censurados

A classificação indicativa em filmes e jogos deve ser observada com atenção. A censura existe para proteger nossos pequenos da violência, sexualização e de outros males. Não podemos pensar que eles assistirão e jogarão jogos censurados para a idade deles e não serão afetados de alguma maneira.

4. Usar roupas e acessórios inadequados para a idade deles

É algo que as meninas geralmente pedem mais. Muitas são tão novinhas ainda e já querem usar roupas sensuais, salto alto e maquiagem. Precisamos preservar sua inocência e pureza o máximo de tempo que conseguirmos.

5. Qualquer outra coisa que você sentir que não deve deixá-los fazer

Como pais e, principalmente, mães, temos a sensação de que nossa intuição ou, como dizem por aí, nosso sexto sentido, melhora muito depois que os filhos nascem. Devemos fazer o melhor uso possível desse dom, dando atenção aos nossos sentimentos, pois dessa forma podemos evitar que coisas ruins aconteçam a eles. Se você sentir que não é uma boa ideia atender aos pedidos de seus filhos, ainda que sejam coisas inocentes, siga sua intuição.

Ainda que seus filhos insistam, batam os pés, façam chantagem emocional, mantenham-se firme em sua decisão. Eles precisam de limite. Para que se tornem adultos mentalmente saudáveis, os limites são fundamentais. Você pode ficar com o coração partido em ter de dizer “não” a seus filhos hoje. Mas é preferível que seja assim, a ter de conviver com a culpa de algo ruim ter acontecido por você os ter deixado fazer o que desejaram.

Fonte indicada: Família

Imagem de capa: VGstockstudio/shutterstock

Viver é aprender a ter saudade

Viver é aprender a ter saudade

Quanto mais a gente vive, mais saudade a gente tem. O tempo passa e a memória se esparrama, se ajeita como pode aqui dentro. Vão-se os dias e as saudades ficam. E é saudade de tanta coisa! Do que já foi, de quem já foi e do que a gente vai deixando de ser.

Crescer talvez seja isso mesmo. Ora essa arte de deixar de ser uma coisa, ora o exercício de se tornar outra. Mas sempre, num caso e no outro, esse trabalho simples de tomar distância e aprender a ver de longe o que ficou lá atrás. Esse ofício de construir lembranças e o encargo de ampliar nosso mundo interior onde guardá-las. Essa tarefa sublime de reconhecer um canto de onde partir e para onde voltar. Esse empenho sem fim de lembrar quem já passou e de buscar o que ainda falta, quando a saudade que aperta é daquilo que a gente ainda nem viveu de verdade.

Você vai andando, segue em frente. E quanto mais longe vai, mais tem o que ver quando olha para trás. Fica tudo tão distante, tão pequeno que é preciso apertar os olhos para enxergar. Aí o coração acerta o foco e traz tudo de volta aqui dentro, em alta definição. Ontem, hoje e amanhã se reencontram em um só tempo, como colegas de ginásio que se festejam em seus aniversários e nem se dão conta do quanto mudaram, do quanto sumiram no caminho de cada um. Por um instante, olham para trás e a vista assusta. O que veem e o que sentem se juntam numa coisa só. Um sentimento bom, imenso e infinito de voltar para casa. E ao mesmo tempo de seguir em frente, com uma muda de esperanças na mala e uma intenção amorosa no coração.

Um dia a gente acorda depois de grande, olha para trás e está tudo lá. De volta. Ouve os recados doces de tanta alma boa. Vê nossos anos passando em festa, uma vida longa abraçando um futuro próspero sob um céu azul e aberto feito a esperança de um amigo otimista. Então percebe que ainda existe quem faça a vida valer todo o trabalho que dá.

Assim, de repente, a gente mira a vista dos anos e agradece. Ahh… que privilégio é viver ao lado de pessoas imperfeitas! Aquelas que têm um mundo vasto e inteiro no peito e ainda não o encontraram, ou que descobriram ser ele tão grande que se viram perdidas. Gente que erra, sim, mas erra honestamente, tentando acertar. Que se sabe imprecisa, abraça a dúvida, desconfia das certezas intocáveis, das verdades prontas e dos chavões alheios. Gente que vai em frente como pode, firme em seu jeito de respeitar o outro e a si mesma.

Por conta e risco de pessoas assim, a vida sempre há de valer a pena. Quando de qualquer sorte elas se vão, a gente sente a falta delas e do que deixa de ser sem elas. Depois encontra um lugar aqui dentro onde guardá-las para sempre. Até reencontrá-las no tempo-espaço que tiver de ser. Enquanto esse dia não chega, a gente aprende onde guardar nossas saudades.

Peço a Deus que olhe por essa gente. Os viciados em amor, os seres sensíveis que riem e choram numa canção, uma conversa amiga, uma lembrança. As criaturas que estremecem quando leem uma poesia, uma história bela, porque reencontram nelas o caminho das pracinhas de seus corações. Gente abençoada. Peço aqui comigo que em cada alma entristecida, cada mãe separada de seu filho há cinco minutos ou cinquenta anos, cada sujeito que cai, levanta e segue em frente, que em cada um deles sobreviva a impressão de que é preciso guardar as saudades no lugar certo e ir adiante. Que em cada coração sincero resista a esperança de que o amor nos encontre no caminho.

Hoje acordei atrasado, depois dos quarenta, tive saudade de tanta coisa que deixei de ser e agradeci por ter você aqui perto, em minha vista. Há vida esperando por nós! Os pobres e os ricos, os pretos e os brancos, os vermelhos, amarelos e multicoloridos. De toda gente há vida à espera, à espreita, tramando, acontecendo, ramificando e vicejando em seu tempo. É preciso tomá-la nas mãos e viver sem mais. Por você, por mim e por nós, livres e sãos, soltos e vãos, caminhando incompletos no espaço entre hoje e amanhã e depois e pra sempre.

Não é fácil, nunca foi e nem há de ser. Mas daqui eu vejo nossa gente de perto e o céu lá longe. Vejo nosso rumo surgindo num espaço mirrado, espremido entre tanta obrigação, tanta coisa por fazer. Nosso corredorzinho estreito se abrindo, nossas saídas improvisadas. É um caminho acanhado, mas apertando a gente passa. Você sabe: onde cabe um olhar de esperança o mundo inteiro passa.

Sem fogo na alma não há brilho nos olhos

Sem fogo na alma não há brilho nos olhos

A alma humana é alimentada por pequenas fagulhas de desejo. São essas fagulhas que fazem nascer e atiçam as chamas que nos impelem a descobrir caminhos; nos deixam encantados diante do desconhecido; nos fortalecem para enfrentar as dificuldades e receber com humildade nossas conquistas.

O mundo visualiza em nós a chama da alma, através do brilho que exibimos nos olhos a cada vez que ficamos despertos e interessados em alguma coisa que nos tira do conforto dos caminhos já trilhados; das tarefas concluídas; das vitórias saboreadas; das sensações já conhecidas. Os olhos brilham graças aos desafios.

Os desafios são o vento soprando diretamente nas chamas. Ainda que o que haja em nós seja nada mais do que uma pequena brasa incandescente, o sopro do desafio tem esse poder mágico e real de reacender em nós o gosto pelas coisas novas; pelo que ainda não temos, sabemos ou conhecemos.

É o desconhecido que nos chama para atravessar o limite que nossas certezas traçam para nos conter. Contidos em nossas confortáveis pseudoverdades, acabamos por acreditar que aquilo que é diferente nos coloca em risco. No entanto, é justamente o diferente que nos concede a liberdade da mudança, de trocar de lugar, de ideia, de vontade.

O diferente é o nosso outro lado, aquela nossa parte que conhecemos tão pouco a ponto de precisarmos ser apresentados a ela. O outro lado que habita em nós é feito de porções de sentimentos, pensamentos ou sonhos, que vamos guardando bem arrumadinhos em gavetas fechadas a chave, qual um diário de histórias secretas.

A chave para nossa vida secreta é exatamente a coragem de buscar conhecê-la. Pode ser, até, que ela esteja aí, nesse cantinho tão bem guardado, junto a todas as aventuras que não vivemos; das palavras atrevidas que calamos; dos desejos que não realizamos. A chave, a aventura, a palavra e o desejo são o combustível de que precisamos para que nossa alma mantenha alguma fagulha de vida.

E, no caso dessa fagulha estar em risco de virar uma pedrinha endurecida pelo fogo que deixou de arder há tanto tempo, cabe a nós buscar dentro do peito alguma força que nos ajude a pensar num jeito de idealizar uma nova fonte de calor, inquietação ou ousadia. Porque não há vida que permaneça fria diante de um coração determinado a redescobrir a luz.

Assim, é indispensável que nunca nos conformemos com uma vida sem calor; com dias sem brilho; com rotinas que congelam o desejo de viver. Quem está vivo, precisa honrar a sua história sobre o chão desse planeta. Quem está vivo, precisa contagiar de vida o seu semelhante e o seu diferente. Precisa desencavar de dentro do próprio peito aquela chama original que desconhece o medo e acredita que não há olho que brilhe se não houver uma alma em chamas.

Aperte ESC para não amar

Aperte ESC para não amar

Por esses dias tive a curiosidade de saber o que representa a tecla “ESC” do teclado, e em minha ignorância fiquei surpreso ao descobrir que significa “escape, sair, cancelar”. Devo ser o único a não saber. Apenas tinha conhecimento que em situações de conflito no sistema, servia para me livrar de uma surpresa operacional. Para alguns conflitos, faz-se útil pressionar esta tecla, mas quando somos embebidos de virtualidade, acreditamos que podemos tratar o outro como uma máquina sem sentimentos e descartá-lo com um único gesto.  Antigamente havia a exclamação: “Não bata o telefone na minha cara!!”, agora, fica o silêncio de uma mensagem não visualizada. Confuso? Explico.

As redes sociais e seus mecanismos de interação social, no que tange o “amor”, têm se tornado uma tragédia. Alguns amantes chegaram à conclusão que podem resolver seus problemas a partir de mensagens desconexas e parciais via “whatsapp” e afins, e desconsideram o fator presencial.

As trocas de mensagens permitem um verdadeiro conflito entre significados e significantes. De forma prática, pode-se dizer que o emissor tem a intenção de comunicar algo despretensioso e simples, e o receptor admite a mensagem como ofensiva e pretensiosa. Com o conflito instalado, o ideal seria a resolução a partir da presença dos interessados, mas a digitação apressada com pouca reflexão assume a posição mental e cerebral e se revela como única linguagem, acéfala, no momento.

A linguagem com interpretações parciais dos sujeitos envolvidos tem um componente perigoso: o ato impulsivo. A necessidade de solucionar os conflitos naquele momento a partir de fragmentos condena qualquer perspectiva de sobrevivência do sentimento real que nos faz amar. Confunde-se troca de mensagens por diálogo. Acredito que o segundo envolve humanidade e abertura para o sentimento, enquanto o primeiro é o espaço vazio com letras esparramadas, nascidas da pretensa compreensão do que o outro tentou afirmar.

Na indissolubilidade do conflito instalado a partir da incompreensão dos amantes, a angústia de não se chegar a lugar algum, nos faz teclar “SAIR” ou adotar a atitude de escapar (ESC). Trata-se a relação problemática como se fosse um sistema que apresenta falhas operacionais, e não restando alternativas, escapo. A escapada se agrava quando não há tentativa de aproximação real. O imaginário das trocas de mensagens assume a posição de real; realidade forjada e comprometida.

As tecnologias estão presentes e não se espera que retroajam, mas interessaria uma aproximação entre os dedos apressados que digitam solitários imersos na imaginação e o verdadeiro objeto de desejo e amor.

O conflito possui uma grande chance de solução quando ouço o tom de voz, percebo o brilho nos olhos do falante e acompanho seus gestos direcionados por uma linguagem abrangente. O calor não pode faltar quando trato do que representa o amor. Sentimentos que se estruturam nas mensagens fragmentadas, com elas se associam e tornam-se um amor em migalhas, ESCapado e perdido na virtualidade.

Ansiedade, a fome que não sacia

Ansiedade, a fome que não sacia

Não é possível esperar as notícias chegarem, não é cabível aguardar respostas e decisões, não é viável deixar simplesmente o tempo passar.

Aquela fome que vem repentina e cortante, insuportável, dominante. E com pressa. Se alimenta vorazmente de perguntas, de promessas, certezas, suores, bruxismos, caretas, suspiros…

A ansiedade é aquela fome que consome o bom humor, o bom senso, totalmente sem paladar, que nada sacia e volta sempre com mais fúria.

Algo vai acontecer, é uma certeza. É imperioso adivinhar, solucionar, remediar.

O tempo vai mudar, é preciso prevenir, se antecipar.

Fazer estoques, levantar muros, cavar trincheiras, comprar cadeados, correntes, munição, bombardear o coração com taquicardias insuportáveis.

– Respire, segure o ar, solte. Novamente! Está passando, não vê? Aliviando, te soltando, liberando…

É um conforto, como uma sopinha quente, mas lá vem a fome de novo. A sensação foi tão boa que, por medo de deixá-la passar, a ansiedade voltou correndo, como um bebê carente para o colo dos pais.

Ansiedade é fome mas também é alimento. Alimento para neuroses que nos empenhamos em engordar, alimento para paranoias que amamentamos com carinho, um doce fabuloso para oferecer ao medo de se colocar em equilíbrio perante os desafios da vida.

Ansiedade é veneno. Veneno que quando não mata, fragiliza cada fibra, contamina a alma, descompassa o corpo. Gera tiques, tremores, síndromes e consome a vida de uma forma nervosa e danosa.

E tudo um dia chega ao fim, e, se ainda não chegou é porque ainda não está no fim, a ansiedade ainda é uma grande mentirosa, pois que promete a adivinhação e prevenção do final.

Grande e voraz, essa fome insaciável necessita imediatamente de tratamento, de educação, de conhecer o seu lugar e somente atuar nos momentos inevitáveis.

Em todos os casos contrários, ela nos devorará, sem piedade.

O cinema e os filmes que não nos deixam sonhar

O cinema e os filmes que não nos deixam sonhar

Em 1985, nos subterrâneos do Grand Cafè de Paris, algumas dezenas de pessoas assistiam a primeira projeção pública paga da história do cinema. Cento e vinte anos depois, aquela que, segundo seus criadores, seria “uma invenção sem futuro”, se consolida como um dos maiores fenômenos culturais de todos tempos, desempenhando papel fundamental no imaginário coletivo. Criado com fins científicos e de entretenimento, é principalmente partir do momento em que o cinema adquire seu caráter artístico, tornando-se produto de reflexão e crítica e experimentação estética, que consegue estreitar sua relação com o espectador e desenvolver seu potencial enquanto experiência subjetiva. De frente para a tela, a diversão ganha uma nova dimensão, aquela na qual nos vemos implicados e tocados pela fantasia de um outro que cria.

A arte, nos diz a Psicanálise, “oferece satisfações substitutivas para as mais antigas e mais profundamente sentidas renúncias culturais.” Remexendo no desconhecido, no intocado, criando algo novo, o artista materializa suas fantasias de maneira disfarçada e universalizada, e ao usufruirmos destas conseguimos, indiretamente, ter contato com nosso próprio mundo interior. A satisfação aqui em jogo se aproxima daquela que experimentamos no sonho – nosso “cinema particular”. Essa possível analogia mostra como a atividade cinematográfica, mais do que qualquer outra forma de manifestação artística, se presta como alegoria da dinâmica psíquica, na sua relação com o inconsciente.

Freud fala dos sonhos como produções que, através da satisfação alucinatória, eliminam estímulos que perturbam o sono. Ou seja, sonhamos para não acordar. A ficção onírica trabalha, via de regra, a serviço do princípio do prazer, aquele que visa a satisfação em prol do equilíbrio e evita o desprazer. Porém, alguns sonhos fogem dessa finalidade, levando ao susto, a angústia, ou a qualquer sensação da ordem do insuportável, nos fazendo despertar. Afirma Freud, são justamente esses sonhos que podem nos ensinar mais sobre nós mesmos ao nos fazer deparar com nossos próprios enigmas.

Talvez possamos pensar que, assim como os sonhos que protegem o sono, alguns filmes nos permitem experienciar essa satisfação alucinatória visando nada mais que a manutenção de um estado de prazer. Filmes que servem não apenas como subterfúgio da realidade, como fuga psíquica, mas que nos oferecem uma maneira segura, sem compromisso de realizarmos desejos inconscientes. Por outro lado, existem aqueles filmes que nos tocam, incomodam, que causam desconforto, que angustiam, que nos remetem a nossas próprias questões e nos colocam perguntas sobre nós mesmos.

Seria essa uma das diferenças fundamentais entre o chamado cinema de entretenimento e o cinema de arte? Entre aquele que consola e conforta, e aquele que causa e questiona?

Não nos detendo nessa discussão, o fato é que quanto mais autêntica for a obra cinematográfica, ou seja, quanto menos produto de fórmulas prontas e mais da singularidade e da verdade daquele que cria, mais valor ela terá enquanto experiência subjetiva.

O valor dessa experiência, o que nos oferece esses filmes, é a possibilidade de sairmos da passividade e conforto do prazer e do gozo e nos colocarmos ativamente em uma troca com esse produto da fantasia alheia; onde assistimos e somos assistidos, olhamos e somos olhados, e travamos um diálogo silencioso que continua mesmo depois que as luzes acendem.

Dizia Jung, “Quem olha pra fora, sonha. Quem olha pra dentro, acorda.” Pois são esses os filmes que nos fazem tirar os olhos da tela e olhar para dentro… São esses os filmes que nos acordam, que não nos deixam sonhar.

Marca de canetas prova importância de acompanhar o filho na escola

Marca de canetas prova importância de acompanhar o filho na escola

Em uma campanha publicitária, a marca convidou pais e mães para participarem de uma reunião na escola e para a grande surpresa, não era uma reunião comum, esses pais teriam que fazer a mesma prova que seus filhos, alunos da 4ª série. No final, eles compartilharam seu desempenho e a experiência de estudar juntos.

Esse vídeo mostra que os pais  que acompanham os estudos  dos seus filhos, estão em sintonia com a educação proporcionada pela escola e mais que isso também fazem parte desse aprendizado, não só para a escola como para a vida. E como diz a minha avó, “é mais leve a caneta do que a que a enxada”!

O filme, que leva assinatura “Escrevendo e evoluindo junto com você“, foi gravado no Colégio Santo Amaro, no Rio de Janeiro, e dirigido por Paschoal Samora, da produtora Conspiração Filmes.

7 filmes obrigatórios para quem é apaixonado por Paris

7 filmes obrigatórios para quem é apaixonado por Paris

Mesmo com mais de 2 milhões de pessoas e trazendo em si muitas características de uma grande cidade, Paris ainda resguarda em sua essência tudo o que sempre ouvimos a seu respeito. É uma cidade belíssima, romântica e sofisticada. Andar por suas ruas é um exercício de encantamento e estímulo ao mundo dos sonhos.

Longas caminhadas com um cenário exuberante foram o cenário de filmes como Meia Noite em Paris (2011) de Woody Allen (maior sucesso de bilheteria do diretor) ou Antes do Por do Sol (2004), de  Richard Linklater.

A gastronomia foi comemorada em animações como Ratatouille dirigida por Brad Bird e lançada em 2007.

O romantismo deu formas ao clássico O Fabuloso Destino de Amélie Poulain (2002), dirigido por Jean-Pierre Jeunet e que retrata a vida de uma jovem sonhadora pelas ruas de Montmartre, o bairro mais charmoso da cidade.

Mas, seja de bicicleta, a bordo de um Mini Mark, como o do Mr. Bean, de metrô ou passendo em um Novo Ford, o que importa são os olhos perdidos no horizonte banhado por um mar de cultura, charme e história que a cidade proporciona. e, claro, se você precisar de ajuda pode contar com AutoPecasStore.pt.

Abaixo, veja a lista com alguns dos filmes mencionados acima e outros mais. Eles não estão em ordem de  gênero, preferência ou data, mas certamente são uma pequena amostra do que um amante da cidade deseja encontrar em Paris quando repousa seus olhos em filmes que, mesmo sem a intenção, a homenageiam.

1- O Fabuloso Destino de Amélie Poulain

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Título orginal: Le Fabuleux destin d’Amélie Poulain

Direção: Jean-Pierre Jeunet

Ano: 2002

Sobre: Amélie Poulain é a personagem central  que dá vida e encantamento à película. Sua história de vida é retratada da infância à idade adulta em uma história de solidão afetiva dentro do contexto famíliar, fuga para o mundo dos sonhos e busca de um sentido da vida. Amélie transforma sua vida enquanto promote ações para melhorar a vidas dos outros personagens que estão direta ou indiretamente envolvidos com ela na história. Mas ainda falta um amor…

2- Meia Noite em Paris

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Título orginal:Midnight in Paris

Direção: Woody Allen

Ano: 2011

Sobre: Meia Noite em Paris é um filme que leva o espectador ao encontro de suas próprias escolhas. Sua trama atrás do personagem Gil (Owen Wilson), mostra como nem sempre o sucesso e a realização financeira são o suficiente para uma vida plena. Paris é o palco onde seus sonhos são acordados. Talvez a vida de escritor tão sonhada no passado não seja mais um lugar tão distante…

3- Paris te amo

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Título orginal: Paris, je t’aime

Diretores:
Christopher Doyle (II), Richard LaGravenese, Vincenzo Natali, Alexander Payne, Bruno Podalydès, Walter Salles, Oliver Schmitz, Nobuhiro Suwa, Tom Tykwer, Gus Van Sant, Gurinder Chadha, Isabel Coixet, Daniela Thomas, Emmanuel Benbihy

Ano:2006

Sobre: diretores consagrados realizam 21 curtas de 5 minutos cada. Neles, sua visão da cidade Paris ganha novas formas e perspectivas.

4- Último Tango em Paris

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Título orginal: Ultimo Tango a Parigi

Direção: Bernardo Bertolucci

Ano: 1972

Sobre:

O inesquecível Marlon Brando interpreta um americano viúvo que conhece uma bela jovem interpretada por Maria Schneider. A paixão acontece imeditamente mas, entre eles, permanecem não revelados os detalhes de suas vidas pessoais. Será que eles terão verdadeiro controle sobre isso?

5- Piaf – Um Hino ao Amor

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Título orginal: La Môme

Direção: Olivier Dahan

Ano: 2007

Sobre: O filme mostra a trajetória da cantora filha de um pai alcoolatra e que, abandonada pela mãe, foi criada pela avó, dona de um bordel na Normandia. Do sucesso internacional surge a oportunidade de afastar as feridas do passado, mas haveria para ela esperança para uma vida mais tranquila?

6- Coco antes de Chanel

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Título orginal: Coco avant Chanel

Direção: Anne Fontaine

Sobre: 2008

Sobre: Criada em um orfanato junto com a irmã torna-se adulta e mantem o seu sustento revesando-se como cantora de cabaré e costureira. Pouco tradicional, ela se recusa a ser esposa de alguém e muda os conceitos da moda ao passar a se vestir com as roupas que antes eram aceitas apenas para o uso masculino.

7- Ratatouille

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Nota: Tenho certeza que o leitor terá inúmeras outras sugestões. Que tal registrá-las nos comentários?

Por que é fácil se apaixonar por uma amizade?

Por que é fácil se apaixonar por uma amizade?

Muitos de nós, em algum momento de nossas vidas, já nos apaixonamos por um amigo muito próximo. Trata-se de uma daquelas situações em que não conseguimos pensar com clareza, em que ficamos confusos sobre a natureza daquele sentimento, o que nos deixa intranquilos e sem saber o que fazer. Afinal, avançar o passo e declarar-se, em muitos casos, pode significar o distanciamento e a perda da amizade que nos é tão especial.

Talvez isso seja comum pelo fato de que com um amigo íntimo nós temos a liberdade de sermos naturais e verdadeiros, sem máscaras. É muito tranquilo abrirmos os nossos corações a um amigo, tornando-o alguém que nos conhece em tudo de bom e ruim que carregamos aqui dentro. Ao lado dele, festejamos nossas vitórias e amargamos nossas derrotas, descrevemos nossos sonhos mais absurdos e revelamos nossos medos mais bobos.

E não é exatamente essa liberdade e essa cumplicidade que se espera de um amor com quem compartilhar vidas? Quase tudo aquilo que uma amizade verdadeira nos oferece, como se vê, corresponde ao que desejamos obter junto aos nossos relacionamentos amorosos; daí ser frequente surgirem novos amores a partir de fortes laços fraternais. Lançar-se ao encontro da construção amorosa junto a um amigo, por isso mesmo, a muitos se torna inevitável.

No entanto, caso não haja reciprocidade de sentimentos entre ambos, tentarmos avançar no relacionamento poderá nos trazer tanto a decepção da rejeição, quanto a perda de uma amizade essencial em nossas vidas. Muito provavelmente, nesse caso, a relação entre os amigos não voltará a ser a mesma, uma vez que é preciso muita maturidade emocional para reatar o que já se tinha, após uma significativa mudança de direção emotiva na jornada. Poucos terão o equilíbrio necessário à retomada de tudo o que havia antes.

Nem sempre teremos a certeza de que o outro sente por nós a mesma coisa que por ele sentimos, ou seja, arriscarmo-nos será muitas vezes necessário, caso queiramos tentar partilhar mais do que amizade com aquela pessoa querida. No entanto, precisaremos ter a consciência de que estaremos sujeitos a obter de volta o vazio dolorido junto às lembranças do então ex-amigo. Da mesma forma, caso não nos arrisquemos, poderemos ter de carregar o peso da dúvida pelo resto de nossos dias. Trata-se, pois, de uma decisão pessoal e que necessita de cuidados e de ponderações.

Ninguém há de negar, contudo, que nos casarmos com alguém com quem cultivamos uma grande amizade vem a ser uma das mais prazerosas conquistas que poderemos obter, pois a união de corações que já são cúmplices há tempos só tende a tornar esse sentimento mais forte e duradouro. É um risco que talvez valha a pena correr. Porque o amor requer muito mais do que atração física, precisa de muito menos do que conforto material e, sem dúvida alguma, alimenta-se diariamente de reciprocidade afetiva, o que existe de sobra nas amizades verdadeiras.

 

5 filmes brasileiros subestimados

5 filmes brasileiros subestimados

A comédia domina as bilheterias nacionais já há algum tempo. Não faltam exemplos de sucesso, geralmente baseados em peças de teatro ou de programas de humor das TVs fechadas. Este bem sucedido nicho foi encontrado e é explorado a exaustão pela Globo Filmes, com distribuição similar aos blockbusters norte americanos.

Por causa disto, muitos filmes brasileiros acabam passando despercebidos do grande público, mesmo sendo verdadeiras obras primas de direção, roteiro ou performance dos atores. Conheça alguns deles e saia da mesmice, como quem troca a megasena pela lotofácil e é premiado logo na primeira vez!

Nina

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Um filme urbano, baseado na realidade clubber paulistana. Excelentes interpretações – com a presença de Wagner Moura e Lazaro Ramos, ainda em início de carreira, além de vários outras pontas de atores conhecidos – e boa trilha. Bem diferente do que se costuma ver no cinema nacional.

Estômago

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João Miguel, mais uma vez, dando um banho de interpretação, como o cozinheiro que aposta em ingredientes pra lá de inusitados. Um filme digno de prêmios, mas pouco falado.

Casa de Areia

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Com Fernanda Torres e Fernanda Montenegro se revezando no mesmo papel, na medida em que o tempo avança ou retrocede. Belíssima fotografia e baseado numa história real.

Depois da Chuva

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Filme baiano, que mostra uma Salvador sem os estereótipos de sempre. Urbana e classe média, ambientada na época do final da ditadura militar.

A festa da menina morta

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S11 ARQUIVO 29-09-2008 CADERNO2 OE – cena do filme A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtergaele. FOTO DIVULGAÇÃO

Primeiro longa dirigido pelo ator Mateus Nachtergaele, conta tudo o que está por trás de uma história de fé numa pequena cidade amazônica. Intenso, forte e até chocante, uma história quase Rodriguiana, com interpretações surpreendentes.

Alguns estão no Netflix, outros esporadicamente são exibidos pelos Canais fechados, mas nenhum é difícil de encontrar na internet. Quem gosta de cinema bem feito não terá nenhuma queixa a fazer. Aproveite e veja todos!

“Me chamem de velha”, por Eliane Brum

“Me chamem de velha”, por Eliane Brum

Na semana passada, sugeri a uma pessoa próxima que trocasse a palavra “idosas” por “velhas” em um texto. E fui informada de que era impossível, porque as pessoas sobre as quais ela escrevia se recusavam a ser chamadas de “velhas”: só aceitavam ser “idosas”. Pensei: “roubaram a velhice”. As palavras escolhidas – e mais ainda as que escapam – dizem muito, como Freud já nos alertou há mais de um século. Se testemunhamos uma epidemia de cirurgias plásticas na tentativa da juventude para sempre (até a morte), é óbvio esperar que a língua seja atingida pela mesma ânsia. Acho que “idoso” é uma palavra “fotoshopada” – ou talvez um lifting completo na palavra “velho”. E saio aqui em defesa do “velho” – a palavra e o ser/estar de um tempo que, se tivermos sorte, chegará para todos.

Desde que a juventude virou não mais uma fase da vida, mas uma vida inteira, temos convivido com essas tentativas de tungar a velhice também no idioma. Vale tudo. Asilo virou casa de repouso, como se isso mudasse o significado do que é estar apartado do mundo. Velhice virou terceira idade e, a pior de todas, “melhor idade”. Tenho anunciado a amigos e familiares que, se alguém me disser, em um futuro não tão distante, que estou na “melhor idade”, vou romper meu pacto pessoal de não violência. O mesmo vale para o primeiro que ousar falar comigo no diminutivo, como se eu tivesse voltado a ser criança. Insuportável.

A velhice é o que é. É o que é para cada um, mas é o que é para todos, também. Ser velho é estar perto da morte. E essa é uma experiência dura, duríssima até, mas também profunda. Negá-la é não só inútil como uma escolha que nos rouba alguma coisa de vital. Semanas atrás, em um programa de TV, o entrevistador me perguntou sobre a morte. E eu disse que queria viver a minha morte. Ele talvez não tenha entendido, porque afirmou: “Você não quer morrer”. E eu insisti na resposta: “Eu quero viver a minha morte”.

Na adolescência, eu acalentava a sincera esperança de que algum vampiro achasse o meu pescoço interessante o suficiente para me garantir a imortalidade. Mas acabei aceitando que vampiros não existem, embora circulem muitos chupadores de sangue por aí. Isso só para dizer que é claro que, se pudesse escolher, eu não morreria. Mas essa é uma obviedade que não nos leva a lugar algum. Que ninguém quer morrer, todo mundo sabe. Mas negar o inevitável serve apenas para engordar o nosso medo sem que aprendamos nada que valha a pena.

A morte tem sido roubada de nós. E tenho tomado providências para que a minha não seja apartada de mim. A vida é incontrolável e posso morrer de repente. Mas há uma chance razoável de que eu morra numa cama e, nesse caso, tudo o que eu espero da medicina é que amenize a minha dor. Cada um sabe do tamanho de sua tragédia, então esse é apenas o meu querer, sem a pretensão de que a minha escolha seja melhor que a dos outros. Mas eu gostaria de estar consciente, sem dor e sem tubos, porque o morrer será minha última experiência vivida. Acharia frustrante perder esse derradeiro conhecimento sobre a existência humana. Minha última chance de ser curiosa.

Há uma bela expressão que precisamos resgatar, cujo autor não consegui localizar: “A morte não é o contrário da vida. A morte é o contrário do nascimento. A vida não tem contrários”. A vida, portanto, inclui a morte. Por que falo da morte aqui nesse texto? Porque a mesma lógica que nos roubou a morte sequestrou a velhice. A velhice nos lembra da proximidade do fim, portanto acharam por bem eliminá-la. Numa sociedade em que a juventude é não uma fase da vida, mas um valor, envelhecer é perder valor. Os eufemismos são a expressão dessa desvalorização na linguagem.
Não, eu não sou velho. Sou idoso. Não, eu não moro num asilo. Mas numa casa de repouso. Não, eu não estou na velhice. Faço parte da melhor idade. Tenho muito medo dos eufemismos, porque eles soam bem intencionados. São os bonitinhos mas ordinários da língua. O que fazem é arrancar o conteúdo das letras que expressam a nossa vida. Justo quando as pessoas têm mais experiências e mais o que dizer, a sociedade tenta confiná-las e esvaziá-las também no idioma.

Chamar de idoso aquele que viveu mais é arrancar seus dentes na linguagem. Velho é uma palavra com caninos afiados – idoso é uma palavra banguela. Velho é letra forte. Idoso é fisicamente débil, palavra que diz de um corpo, não de um espírito. Idoso fala de uma condição efêmera, velho reivindica memória acumulada. Idoso pode ser apenas “ido”, aquele que já foi. Velho é – e está. Alguém vê um Boris Schnaiderman, uma Fernanda Montenegro e até um Fernando Henrique Cardoso como idosos? Ou um Clint Eastwood? Não. Eles são velhos.

Idoso e palavras afins representam a domesticação da velhice pela língua, a domesticação que já se dá no lugar destinado a eles numa sociedade em que, como disse alguém, “nasce-se adolescente e morre-se adolescente”, mesmo que com 90 anos. Idosos são incômodos porque usam fraldas ou precisam de ajuda para andar. Velhos incomodam com suas ideias, mesmo que usem fraldas e precisem de ajuda para andar. Acredita-se que idosos necessitam de recreacionistas. Acredito que velhos desejam as recreacionistas. Idosos morrem de desistência, velhos morrem porque não desistiram de viver.

Basta evocar a literatura para perceber a diferença. Alguém leria um livro chamado “O idoso e o mar”? Não. Como idoso o pescador não lutaria com aquele peixe. Imagine então essa obra-prima de Guimarães Rosa, do conto “Fita Verde no Cabelo”, submetida ao termo “idoso”: “Havia uma aldeia em algum lugar, nem maior nem menor, com velhos e velhas que velhavam…”.

Velho é uma conquista. Idoso é uma rendição.
Como em 2012 passei a estar mais perto dos 50 do que dos 40, já começo a ouvir sobre mim mesma um outro tipo de bobagem. O tal do “espírito jovem”. Envelhecer não é fácil. Longe disso. Ainda estou me acostumando a ser chamada de senhora sem olhar para os lados para descobrir com quem estão falando. Mas se existe algo bom em envelhecer, como já disse em uma coluna anterior, é o “espírito velho”. Esse é grande.

Vem com toda a trajetória e é cumulativo. Sei muito mais do que sabia antes, o que significa que sei muito menos do que achava que sabia aos 20 e aos 30. Sou consciente de que tudo – fama ou fracasso – é efêmero. Me apavoro bem menos. Não embarco em qualquer papinho mole. Me estatelei de cara no chão um número de vezes suficiente para saber que acabo me levantando. Tento conviver bem com as minhas marcas. Conheço cada vez mais os meus limites e tenho me batido para aceitá-los. Continua doendo bastante, mas consigo lidar melhor com as minhas perdas. Troco com mais frequência o drama pelo humor nos comezinhos do cotidiano. Mantenho as memórias que me importam e jogo os entulhos fora. Torço para que as pessoas que amo envelheçam porque elas ficam menos vaidosas e mais divertidas. E espero que tenha tempo para envelhecer muito mais o meu espírito, porque ainda sofro à toa e tenho umas cracas grudadas à minha alma das quais preciso me livrar porque não me pertencem. Espero chegar aos 80 mais interessante, intensa e engraçada do que sou hoje.

Envelhecer o espírito é engrandecê-lo. Alargá-lo com experiências. Apalpar o tamanho cada vez maior do que não sabemos. Só somos sábios na juventude. Como disse Oscar Wilde, “não sou jovem o suficiente para saber tudo”. Na velhice havemos de ser ignorantes, fascinados pelas dimensões cada vez mais superlativas do que desconhecemos e queremos buscar. É essa a conquista. Espírito jovem? Nem tentem.

Acho que devíamos nos rebelar. E não permitir que nos roubem nem a velhice nem a morte, não deixar que nos reduzam a palavras bobas, à cosmética da linguagem. Nem consentir que calem o que temos a dizer e a viver nessa fase da vida que, se não chegou, ainda chegará. Pode parecer uma besteira, mas eu cometo minha pequena subversão jamais escrevendo a palavra “idoso”, “terceira idade” e afins. Exceto, claro, se for para arrancar seus laços de fita e revelar sua indigência.

Quando chegar a minha hora, por favor, me chamem de velha. Me sentirei honrada com o reconhecimento da minha força. Sei que estou envelhecendo, testemunho essa passagem no meu corpo e, para o futuro, espero contar com um espírito cada vez mais velho para ter a coragem de encerrar minha travessia com a graça de um espanto.

Texto de Eliane Brum

Fonte: El País

A vaidade que nos põe de joelhos diante do mundo

A vaidade que nos põe de joelhos diante do mundo

A vaidade não chega a ser assim um grande pecado. Será que não?! Em dupla com a arrogância, a vaidade compõe um dos Sete Pecados Capitais: a soberba! Segundo o filósofo Santo Tomás de Aquino, a soberba era um pecado tão grandioso que era fora de série, devendo ser tratado em separado do resto e merecedor de atenção especial. Aquino tratava em separado a questão da vaidade, como sendo também um pecado, mas a Igreja Católica decidiu atrelar a vaidade à soberba, acreditando que neles havia um mesmo componente de vanglória. Pecado, ou não, a verdade indiscutível é que a vaidade é um laço de armadilha extremamente poderoso que nos põe de joelhos diante do valor que os outros nos atribuem. Então… Você vai ficar aí ajoelhado ou vai se levantar e tentar descobrir se as suas ações e posturas são suas mesmo ou, não passam de representação para angariar adeptos?

Quanto mais vaidosos formos, maior será a nossa necessidade de atrair a admiração e a inveja dos demais. Ficamos retidos numa malha viscosa que nos impele a criar imagens admiráveis de nós mesmos. O aplauso alimenta em nosso íntimo esse desejo voraz pelo reconhecimento, por olhos vidrados em nosso sucesso. À medida que crescemos aos olhos de nossa apaixonada plateia, encolhemos dentro de nós mesmos. A imagem projetada já não nos satisfaz; queremos ser mais, ter mais, valer mais.

O impulso da vaidade é elétrico e constante, cria ondas alternadas de prazer e de sofrimento em nossa frágil percepção da realidade, e nos coloca reféns de mais um elemento além da plateia apaixonada: o espelho! O espelho, esse artefato mágico de metal e vidro que reflete o que somos, o que queremos e o que parecemos ser. O espelho, diferente da plateia, não é apaixonado por nós. O espelho é implacável. Podemos, até, evitar olhar para ele intencionalmente. Mas o mundo, sustentado pela vaidade humana, é cheio de superfícies polidas a atrair nossos incautos olhares para nossa desgastada figura. Corremos dois riscos opostos, mas igualmente perigosos, ao contemplarmos nossa imagem no espelho: podemos nos desapontar ou nos apaixonar pela efêmera figura que nos representa.

O reflexo, o aplauso, o olhar da plateia… Conjunto de elementos ilusórios aos quais podemos facilmente entregar as linhas que nos fazem agir ou reagir. Basta que optemos pela doce sensação de sermos admirados, queridos, desejados e invejados. Pronto! Uma vez transferido o poder da escolha para a mão do outro, ganhamos uma vida de faz de conta. Somos transformados em luxuosas marionetes de porcelana, vestidas em sedas e ornadas em ouro. Tudo uma linda fantasia. Agora, é só relaxar. A decisão foi transferida: aguardemos o movimento das cordinhas que, agora, têm as curvas e retas do nosso destino. É o outro, promovido a roteirista de nossas vidas quem decidirá quando devemos sorrir; ficar; partir ou chorar.

Refletindo sobre as dificuldades enfrentadas pelos inquietos seres humanos, em seguir modelos de virtude, Montaigne (filósofo francês do século XVI), apontou para a escolha menos doentia dos pressupostos de Demócrito. O grego considerava vã e ridícula nossa condição humana; e alegava que nossa única saída para enfrentar os embates da alma, seria sair em público com um semblante risonho e zombeteiro estampado no rosto. Não porque rir seja mais fácil que chorar; mas porque o lamento valoriza o objeto de sua consideração além do que merece, ao passo que as coisas das quais rimos são consideradas no pouco que valem. Há no homem mais variedade e tolice do que infelicidade e maldade: se a dor o atinge, se o infortúnio o surpreende, é mais sábio rir do que chorar, pois o riso tira o peso dos acontecimentos e desvia o espírito para pensamentos leves e propícios à distração. Nossa história é mais cômica do que trágica e é segundo seu caráter ridículo que merece ser narrada. Por isso, os elementos grotescos e disformes atravessam os Ensaios (obra de Montaigne), mesmo quando o assunto parece digno de lamento. Assim, o filósofo descreve sua própria experiência, esperando que o riso traga emenda à vaidade humana, fazendo-a ciente de sua futilidade e inconstância.

Tendo em mente que nossas estreias na vida, nunca serão precedidas de ensaios; tentemos atribuir maior leveza às nossas posições, decisões e inevitáveis julgamentos. Estamos todos nós tentando nos equilibrar sobre um mar inconstante; teimando em manter cada uma das pernas em um barquinho. Uma hora dessas vamos ter de escolher. Uma hora dessas vamos ter de criar coragem para ver além do que parecemos ser. Uma hora dessas, vamos ter de entender que dar de cara com a verdade, pode ser muito melhor do que viver enganado. Vamos ter de abrir mão do falso calor do amor do outro, quando se baseia numa imagem de fumaça de nós mesmos, criada para nos garantir uma certeza definitiva que nunca ninguém terá.

Ignore certas pessoas e seja feliz

Ignore certas pessoas e seja feliz

Quanto mais vivemos, mais percebemos que a arte de ignorar certas pessoas é capaz de nos poupar de muitos dissabores, aumentando a qualidade de nosso dia-a-dia. Com o tempo, vamos aprendendo que gastar energia com pessoas e coisas que não merecem um mínimo de consideração é atraso de vida, e que só serve para aumentar a quantidade de nossos cabelos brancos e de nossas decepções acumuladas.

Não dê ouvidos a quem está sempre dizendo que nada vai dar certo, que você não vai conseguir, ou que seus sonhos são utópicos demais. Ninguém nos conhece melhor do que nós mesmos e ninguém tem o direito de nos determinar qual é o real alcance de nosso potencial. Nossos ideais é que alimentam as nossas esperanças, as nossas certezas de que o amanhã virá mais belo e pleno de realizações.

Passe por cima, com dignidade e elegância, das opiniões contrárias, dos pontos de vista que denigrem e diminuem tudo aquilo em que acredita. Poderemos nem sempre estar com a razão, mas jamais deveremos abrir mão do pulsar de nossos sentidos, das crenças que nos sustentam o olhar adiante e que nos impulsionam a seguir sempre em frente, a despeito das adversidades e dos tombos que a vida nos dá.

Atropele seus medos, os temores que emperram os seus passos, que tolhem o seu caminhar da liberdade da qual deve se revestir. Não se contamine pelas negatividades alheias, de gente que nunca ousou desvencilhar-se das amarras das convenções sociais, de gente que nunca saiu do lugar, iludindo-se pela comodidade desconfortante da ilusória zona de conforto em que se amotina.

Não ligue para aqueles que desacreditam de seus empreendimentos, de suas idéias, dos sonhos que embasam a sua busca pela felicidade, em casa, no trabalho, onde for. Mantenha firme o seu propósito de encontrar o amor verdadeiro, o amigo leal, o emprego perfeito, a carreira naquilo em que você é melhor. Nada nem ninguém nos impedirá a construção de um caminho de sonhos palpáveis, caso acreditemos em nós mesmos.

Esqueça as palavras de desânimo e de desmotivação que ouvir pelo caminho, enquanto tenta seguir a luz que ilumina a sua jornada. Lembre-se de que ouvir a voz que vem do seu coração lhe abrirá muitas portas que estarão prontas para recebê-lo diariamente, bem como lhe levará ao encontro de pessoas que o acompanharão com apoio sincero, amando tudo o que em você é digno de admiração verdadeira. Não guarde dentro de si lixo emocional que os desavisados tentam lhe empurrar, tentando atraí-lo para dentro de suas próprias escuridões.

Ignorarmos aqueles que nos ferem gratuitamente, que querem tão somente nos paralisar, para que estagnemos ao nível da miséria emocional em que se encontram, será uma das atitudes mais sábias e úteis que tomaremos ao longo de nossas vidas. Porque ninguém é capaz de acabar com a grandeza que possuímos aqui dentro, nem ninguém tem poder algum sobre as nossas verdades, a não ser que deixemos. No mais, o que importa é ser feliz, e bem longe de gente chata.

 

 

 

Deixei de ser satélite pra virar planeta!

Deixei de ser satélite pra virar planeta!

 

Antes eu orbitava os outros planetas, aqui e ali, totalmente entregue às forças de atração, e me chocava, me machucava, esbarrava, perdia a rota e a linha.

Manter uma órbita é coisa complicada se isso depende de órbitas alheias e fenômenos que não nos cabe explicar ou entender. É íntimo, é particular, não é da conta de ninguém. Ser satélite é ser coadjuvante de uma trajetória já plena e autônoma, é apertar o passo para acompanhar um ritmo indiferente, é frequentar uma estrada como presença convidada mas não essencial.

E se isso não for um problema e não trouxer outras ânsias ou frustrações, que seja assim por muito tempo.

Desse jeito eu escolhi ser por uma boa porção da vida, mas, como todo mistério da vida e dos aprendizados, em algum momento achei que ser satélite era pouco. Achei até que era cruel. Orbitei por tempo demais em planetas egoístas e narcisos; escolhi a luz alheia para iluminar o caminho, pensando ser seguro e confortável; entreguei decisões e direções a interesses que afinal não me incluíam, apenas me permitiam andar por perto.

E um dia, um ano, um momento do tempo que não se prende a nada nem ninguém, escolhi sofrer a dura e penosa transformação, a morte do que era para o nascimento do que queria ser. E por vezes voltei às órbitas antigas e conhecidas, já sem desenvoltura e cada vez trombando mais e mais com a realidade que nunca me apoderei.

Por fim, e ainda bem, aquela transformação sonhada e ensaiada um sem número de vezes aconteceu, e, alegremente deixei de ser satélite para me tornar um planeta.

Os desafios são outros agora, assustadores e de tirar muitas noites de sono:

Definir uma órbita própria; não criar dependências nocivas; ter o tempo como aliado e não como inimigo; valorizar e cuidar de cada conquista particular; ser um lugar confortável para quem quiser se chegar e somar; e, gerar a própria luz, sem descuidar dos ciclos de sombras e escuridões necessárias.

Agora, como planeta, é possível ver com clareza as estrelas e luas que sempre estiveram por perto, embelezando o céu de quem escolhe a sua própria órbita.

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