XXY, o filme que fala sobre identidade de gênero e sexualidade

XXY, o filme que fala sobre identidade de gênero e sexualidade

Por Bruna Arakaki e Karina Ishimori

XXY (2008) é um filme dirigido por Lucia Puenzo e que nos convida a refletir sobre identidade de gênero e sexualidade, temas estes que têm ganhado evidência graças às mudanças sociais e culturais na contemporaneidade. Hoje, mesmo que de maneira tênue, as questões da transexualidade e da intersexualidade são colocadas a postos e não mais escondidas e encalacradas nos fundos dos porões da humanidade. Oportunidade que temos para trazer à luz e consciência a diversidade e complexidade humana.

Alex, protagonista da trama, nasceu com a Síndrome de Klinefelter que lhe confere uma genitália ambígua devido a uma mutação genética. Essa síndrome ocoore quando uma pessoa do sexo masculino nasce com um comossomo X a mais. Por sua condição, Alex é considerada uma intersexo. Diferentemente de várias crianças que nascem com essa síndrome, seus pais optaram por não realizar a cirurgia de “redesignação de sexo”, que neste caso retiraria as características masculinas, transformando Alex em uma menina. Ao invés disso, decidiram-se mudar para um vilarejo no Uruguai mantendo a condição de Alex em segredo, mas a educando como se fosse uma menina.

Alex  está com 15 anos e como qualquer adolescente passa pelas inúmeras transformações biopsicossocias desta fase, acrescentando-se a questão da intersexualidade. Percebe-se que toma hormônios femininos e que tal fato lhe traz incômodo, pois não sabe se quer continuar a tomar os medicamentos. Concomitantemente a isso, a convite de sua mãe, sua família recebe em casa a família de um médico que quer estudar o caso de Alex a fundo para uma possível cirurgia de redesignação. Esse médico vem com sua mulher e filho (Álvaro) da mesma idade que Alex.

Alex vivencia um momento de descoberta não só de sua identidade, mas também de sua sexualidade. Esse processo torna-se angustiante principalmente por sua condição ser vivida em segredo, especialmente no ambiente extra-familiar. Para todos no vilarejo, Alex é uma menina. Aqui as questões se mostram bastante complexas por diversos motivos. A questão de gênero está intrinsecamente relacionada com a construção da identidade, isto é, da descoberta de “quem eu sou”. Apesar desse processo não se relacionar com a sexualidade, Alex também está se descobrindo nesse aspecto. Assim, possuir uma condição corporal ambígua, diante de uma sociedade que só engloba o sexo e gênero feminino ou masculino, faz com que a personagem se sinta bastante solitária e excluída no processo de definição de sua identidade.

Há uma pressão para que o indivíduo se defina homem ou mulher e nada mais além disso. Caso não se defina nessas duas condições, há grande probabilidade de viver sob o véu do preconceito. Assumir a ambiguidade é correr o risco de ser visto pelos outros como “freak”, uma aberração.

Por isso, a família de Alex foge para o vilarejo e mantém sua condição em segredo com intuito de protegê-la. Mas, como nos lembra Ana Maria Galrão Rios, os segredos têm grande poder emocional, são sempre revelados num discurso paralelo, por alterações do clima emocional, lapsos e evitações. Eles produzem uma linguagem estranha por mais que os silenciamos, pois fazemos com que as coisas falem sobre eles. Interessante é que aqueles em volta, geralmente, se asseguram de não ouvir nada. Essas pessoas possuem todo o necessário para entender, exceto o desejo de fazê-lo. Sendo assim, por um lado, Alex se protege ao não revelar o segredo (se protege dos outros), mas por outro, isso a torna estranha pra si mesma (tornando-a desprotegida de si). Este fato nos leva a compreender também a questão de Alex não querer mais tomar os hormônios femininos como uma tentativa de se encontrar, descobrir quem é verdadeiramente. Fazendo isso, parece ir em direção ao Self (centro regulador da personalidade total), o que lhe traria maior proteção, pois aí sim, habitaria seu próprio corpo e a si mesma. Uma vida dupla é, em última instância, exaustiva e trágica, porque não se pode ser amado se não se é conhecido.

A mãe de Alex chama o médico e sua família para passarem um tempo em sua casa, com o intuito de investigar melhor a possibilidade da cirurgia de resignação. Torna-se claro que para o médico, este procedimento era o mais acertado, pois embasava sua opinião a partir da perspectiva biológica/orgânica e da visão da necessidade de escolha entre os gêneros. Ele realmente acreditava que faria o bem dessa maneira, mas deixava de enxergar Alex em sua humanidade e complexidade emocional e subjetiva. Alex não dava o nome desse procedimento de cirurgia de resignação, mas de amputação, deixando claro esse procedimento como um ato de crueldade e mutilação. Por que ela não poderia ser inteira?

Vale aqui ressaltarmos como o corpo é visto na atualidade. Ana Galrão Rios pontua que o corpo é entendido como uma parte “maldita” da condição humana e por isso, a ciência e sua técnica concordam em remodelá-lo e refazê-lo para liberar o homem do seu embaraçoso enraizamento com a carne. Dessa maneira, o corpo se torna coisa em si e vira mercadoria, pois pode ser vendido em peças avulsas. O corpo, quando visto como uma coleção de órgãos fica dissociado do homem que ele encarna e deixa de ser identidade humana.

Alex percebia que seu problema não se resolveria cortando e remodelando seu corpo, pois o que se arranca ou acrescenta modifica uma existência inteira. O que mostra que corpo, homem e alma são indissociáveis. Assim, as questões apresentadas no filme nos convida a refletir, e ampliar nossa concepção de corpo, no sentido de percebermos seu inesgotável significado se olhado sob o aspecto simbólico, cultural e social.

Nesse jogo todo, a mãe de Alex apresenta-se muito perdida, não sabendo o que fazer. Chamar o médico foi uma tentativa de ter um aval técnico, um alicerce para resolver a questão. Isto é, a sua decisão será pautada numa entidade superior que sabe mais, assim, assegura-se que está fazendo o correto. Principalmente porque, sua decisão também será reconhecida socialmente.

Por outro lado, o pai de Alex se mostra bastante sensível, consegue enxergá-la de maneira mais profunda e por isso, compreendê-la. Sabe que a cirurgia não é só uma questão física, mas algo que definirá toda a vida e subjetividade de sua filha. Importante ressaltar que ele dizia que, desde o nascimento de Alex, sempre a achou perfeita, do jeito que ela era. Essa afirmação é o reconhecimento e aceitação incondicional à Alex, que pode ser o que é e o que desejar ser, dando-lhe liberdade e suporte para a sua construção pessoal.

Esse pai que acolhe é de suma importância, pois como Ana Galrão Rios nos alerta, na adolescência, a imagem corporal é formada prioritariamente a partir do externo e o adolescente quer passar despercebido em suas diferenças, que são ameaçadoras. Dessa maneira, quando os pais criticam, rejeitam ou consertam um traço corporal é uma experiência emocional complicada para o adolescente porque é como se estes se mostrassem decepcionados com seu filho. Ele não possui defesas contra o olhar desses pais, sentindo-se assim com raiva e culpado. O adolescente passa a esconder, camuflar a parte do corpo que não corresponde ao esperado porque entende o próprio corpo como errado, e se não se intervém de alguma forma, este passa a se sentir responsável e culpado pela não correção.

Pode-se pensar que a pessoa transgênero ou intersexo suscita ainda mal-estar na sociedade porque não há clareza em sua definição, pois transgride a ideia habitual do que seja feminino ou masculino. Como aponta Luana Oliveira, a psique configurada de modo rígido, binário e polarizado acaba por se defender da diversidade e o faz a partir da exclusão e preconceito. Além disso, há na humanidade um espectro entre o masculino e feminino e ninguém deveria ser impelido a provar ser isso ou aquilo.

Em culturas distintas e de acordo com o momento histórico, as definições de gênero e de papéis atribuídos a eles também são singulares. Ou seja, o que define o gênero varia de cultura para cultura, e também pode se modificar ao longo do tempo. Além disso, uma pessoa pode também se identificar com um determinado gênero e não necessariamente cumprir todos os papéis designados culturalmente para aquele gênero, é o caso de uma mulher na nossa sociedade que decide permanecer solteira e não ter filhos, ou mesmo do homem que não deseja ser provedor da casa, embora tais papéis sejam esperados e cobrados social e culturalmente.

O que ocorre, contudo, é que não somos estimulados a questionar tais construções sociais e culturais sobre o mundo que nos cerca, e quando surge algo ou alguém que foge desses padrões, não somos capazes de entendê-los e aceitá-los.

Com aponta Marilena Dreyfuss, o resultado disso é a reprodução quase que automática de padrões que nos foram impostos, e no caso das questões de gênero, acontece uma naturalização, a necessidade de definir o indivíduo e sua sexualidade em categorias. Afinal, precisamos nos perguntar: De onde vêm, como foram criadas todas essas nossas concepções?

 Neste sentido, a psicóloga Luana Oliveira, que é especialista no assunto nos traz a importância do olhar e da escuta empática a esse “outro” que nos é desconhecido, mas que traz em si próprio as respostas para entendermos a dimensão humana na sua pluralidade de existência.

 Se pudermos integrar em nossas consciências esse leque todo de experiências entre o que seja gênero e sexualidade, e concomitantemente a variabilidade da expressão do humano possibilitaríamos maior mutabilidade de papéis e funções como também nos sentiríamos mais libertos, pois seríamos pessoas mais inteiras e realizadas. Esse é o caminho de Alex, nos mostrar a riqueza e possibilidades humanas sem a dogmatização do que seja certo ou errado, feminino ou masculino, bonito ou feio, do que deveria ou não ser feito.

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Este texto foi produzido pela Comissão Organizadora do Cine Sedes Jung e Corpo com base nas reflexões realizadas durante o evento realizado em Outubro de 2015, com os comentários da Professora e Psicóloga Junguiana Marilena Dreyfuss e das Psicólogas Luana Oliveira e Ana Maria Galrão Rios. A CONTI outra possui autorização para sua reprodução.

O Cine Sedes Jung e Corpo é uma atividade extracurricular do curso Jung e Corpo: Especialização em Psicoterapia Analítica e Abordagem Corporal do Instituto Sedes Sapientiae de São Paulo.

É um evento gratuito e aberto ao público geral organizado pelos professores do curso em conjunto com ex-alunos e ocorre todas as últimas sextas-feiras dos meses letivos do curso.

Para maiores informações acompanhe e assine no Blog do Cine Sedes Jung e Corpo

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Sobre mães que carregam ( ou não ) seus bebês

Sobre mães que carregam ( ou não ) seus bebês
Baby girl with mother smiling

Elas estão por toda parte.

Andam pelas ruas carregando suas pequenas crias. Em uma das mãos seguram com destreza o pequeno bebê e na outra abrem a carteira, pegam a fralda de pano, seguram no corrimão, empurram o carrinho do supermercado, pegam produtos, dão ao bebê a chupeta, ajeitam o cabelo, sobem e descem do ônibus, caminham debaixo do sol…

Vivo observando impressionada a capacidade de algumas mulheres, mães como eu, quando as vejo pelas ruas fazendo tudo que fariam sozinhas, porém com o bebê nos braços.

E de tanto observar criei dois tipos de mães: as que carregam os seus filhos por aí sem cuidado algum e as que carregam babás.

Surge então em minha mente a imagem um ringue de luta, como se eu pudesse transformar uma delas na heroína e a outra na vilã.

De um lado uma mãe superprotetora, cuja vida é abastada. Mãe que pôde deixar tudo para cuidar do filho, que mal saía de casa nos três primeiros meses de vida dele para que ele pudesse tomar grande parte das vacinas antes. Mãe que teve mãe e sogra para ajudar, que teve uma ajudante das boas em casa em tempo integral e que teve uma babá enfermeira para orientar sobre os cuidados com recém-nascidos. Mãe que leu a bíblia, a encantadora e tudo mais que estavam nas prateleiras da livraria, desde que o título terminasse com “do bebê”. Mãe que se preparou para a chegada do filho, que fez pilates, hidroginástica e drenagem, e que seguiu à risca as orientações médicas e nutricionais, que comprou todos os itens da lista do enxoval (comprou muito mais, na verdade). Mãe que tinha tudo, menos experiência.

Do outro lado, outra mãe, de vida menos abastada. Mãe que trabalhou até o nono mês de gestação e que levou o filho sozinha ao pediatra para a primeira consulta. Mãe que sozinha o levou também ao posto para que ele recebesse todas as vacinas e em todas essas vezes ela usou o transporte público. Ela já cuidou dos sobrinhos e dos irmãos mais novos e por isso ela carrega bebês, troca fraldas e dá banho com a mesma eficiência que têm as enfermeiras dos berçários. Ninguém a ajuda, nem com os afazeres da casa e ela nunca lê livro algum. A gravidez veio desejada como a da primeira mãe, afinal, as amigas dela, depois dos vinte costumam se casar e engravidar. Ela se casou para isso. O enxoval de bebê ela ganhou na pequena festa que fez e aceita todas as roupas de bebê que lhe derem. Ela dançou funk grávida, e para ela isso vale como a atividade física que orientam ser importante para as gestantes e para o bebê.

Uma mãe compra as fraldas importadas e a outra compra as mais baratas para que ambas tenham o mesmo fim: receber coco, xixi e ir para o lixo.

Uma mãe tem vinte e poucos anos e a outra quase quarenta.

Ambas amamentaram. A primeira porque amamentar é o melhor para o bebê, disse o pediatra renomado; a segunda porque não haveria como comprar outro leite.

Ambas saem à noite. A primeira deixa o bebê com a babá e vai jantar com o marido. A segunda deixa o bebê com a tia e vai ao baile funk com o marido.

São frutos da minha imaginação que naquele momento segrega e discrimina as mães baseadas em suas possibilidades financeiras, idade ou contexto sócio cultural e que imediatamente percebe o erro.

Não! Não é nada disso que faz de uma mãe uma mãe de verdade.

As mães de verdade carregam seus filhos!  Na Europa, todas as mães carregam seus bebês, a maioria preso aos “cangurus” e muitas delas tem uma boa vida financeira. Na Europa não existem babás salvo raras exceções como a da família real.

Não é a idade e nem as possibilidades financeiras de compra e contratação de serviços que separam essas duas mães em lados opostos. O que faz de uma mãe uma mãe é a capacidade de continuar fazendo tudo que fazia antes acolhendo e amando o seu bebê.

As duas mães que eu citei acima estão em dois extremos. Lados opostos de uma mesma moeda. Elas têm uma característica comum. A primeira terceirizou o colo e a segunda carrega sua cria como se carrega um saco de qualquer coisa, sem sequer olhar para ele.

Eu então destruo o ringue e as coloco juntas, do mesmo lado.

Ambas erram no que poderiam acertar.

Ambas deixam de fazer o que podem fazer: olhar, acolher, aconchegar e criar vínculo com o filho. Ver uma mãe que carrega uma babá em tempo integral deixando assim de carregar seu filho nos braços é como ver uma mãe que amamenta no meio da rua sem sequer olhar nos olhos daquela pequena criança que carregam debaixo do sol. Aquela fraldinha tapando o rosto da criança é horrível.

Não é o dinheiro ou a falta dele que faz de um bebê um ser humano amado, é exatamente o amor, ou a falta dele. Amor não se compra como enxoval em Miami e também não se distribui na fila do SUS. Amor exacerba os modelos de mãe facilmente vistos pelas ruas. Amor não é privilégio de ricos nem de pobres.

Seu bebê não precisa de uma babá, ele precisa que você o carregue no colo e o ame.

Seu bebê não pode ser carregado pelas ruas sem cuidado, ele precisa ser carregado com amor e atenção.

Adeus a um quase amor

Adeus a um quase amor

Hoje me vesti de preto.

Coloquei um chapéu com véu rendado em frente ao rosto e um vestido justo apertado.

Fui ao funeral do quase amor. Enterrei-o num café ou dois. Lá perto da esquina, em uma tarde mansa, calma, quase sombria.

Sentei-me calma, pedi um cappuccino e disse que não queria mais, que não seria de novo, que não receberia mensagens ou atenderia telefonemas.

Risquei das agendas o nome, da vida a presença. Traguei minha última paciência.

Ri ao dizer adeus para compensar o choro do passado, o choro que transborda de quem não se vê completo e se ressente disso.

Senti-me livre, esquecendo o peso de dançar um ritmo que não era meu.

Sai do café caminhando devagar para longe das vontades. Enterrar um quase amor é como estar de dieta. É tentador voltar atrás. É tentador cavar o buraco, no qual acabamos de enterrá-lo, e resgatá-lo pesarosos.

Enterrar um quase amor é ver-se chorar o milésimo choro sabendo que outros mil virão pela dor da perda e da saudade. É morrer em tudo que se é. É odiar-se por magoar, mas ter que tomar decidido a última palavra.

É sentir dores dilacerantes sem marcas no corpo. É conversar sozinho e encontrar em si mais perguntas que respostas. É dizer adeus a tudo que o outro construiu de você e a tudo que você construiu do outro. É ter no passado um estranho. Um alguém com quem um dia acreditou-se sonhar junto.

Ah, mas um punhado de terra e de coragem quase sempre resolve, enterra e apaga o que foi engano.

A chuva de verão lava a alma, derrete no corpo o calor mundano do que não é. A tempestade de negras nuvens arrasta a pele morta da vida para os bueiros do tempo.

Terminar um quase amor é levantar a mão para o alto, abri-la e deixar a poeira presa nos dedos ser levada para longe. É pedir conforto a si quando de si pouco se pode dar. É perdoar-se por sentir tanto por deixar o que é tão pouco.

Não há razão no amor, tão pouco no não amor. Não há certezas ou dúvidas exatas na vida. O outro é um mundo diferente. Uma incógnita. Nós somos incógnitas. Somos plenamente capazes do amor e do ódio e de uma gama de coisas entre um e outro. Amamos, nos entregamos, gritamos e sussurramos aos que estão ao lado, buscando encontrar razões no irracional. Buscando sentir na entrega a chama do grande amor.

Comumente suplicamos para que, em equívoco, nos convençamos que o coração está entendendo errado, que o caminho torto é uma reta plana, mas o amor verdadeiro não se vale de súplicas, ele é para os fortes, para aqueles que sabem ver além das miragens.

Os fracos aceitam o que não é amor e fingem acreditar, mas aos fortes cabe a coragem de se despedir do que pode ser amigável, desejoso, mas que não é verdadeiro.

Só os fortes se permitem a esperança do novo, tendo para si clara a ideia de que o quase não preenche, nem transborda o coração.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Musical infantil premiado no Brasil faz turnê em Portugal!

Musical infantil premiado no Brasil faz turnê em Portugal!


Nos próximos dias começa a digressão por Portugal do grupo brasileiro Núcleo Caboclinhas, especializado em teatro infanto-juvenil, com vários prêmios na carreira. Pela primeira vez no País, a companhia traz na mala o espetáculo Letras Perambulantes, um teatro-musical dedicado às crianças e jovens, que já recebeu diversos prêmios no Brasil e retrata uma das maiores expressões artísticas da cultura popular brasileira: a Literatura de Cordel.

A primeira apresentação acontece em Lisboa, no domingo,14, às 16h, na livraria Ler Devagar, na LX Factory. Depois, o grupo segue para Coimbra, Mangualde, Viseu, Mêda, Oliveira de Azeméis, Matosinhos e Setúbal.

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Fotografia Arô Ribeiro – Okê

A ideia de realizar essas apresentações em Portugal tem um grande motivo. Foi pelas mãos dos portugueses que essa arte chegou ao Brasil ainda no início de sua colonização e influenciou a cultura brasileira com uma obra altamente questionadora, impactante e bela.

Baseado na obra de Patativa do Assaré, um dos seus maiores representantes, o espetáculo propõe uma aproximação com o jogo das palavras, através das rimas dos cordéis, destacando a importância das palavras e aguçando a criatividade de quem as ouve. A crianças são convidadas a partilhar seus poemas, interagir em algumas ações dramáticas da encenação e cantar versos de cantigas populares brasileiras executadas ao vivo pelas atrizes em cena.

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Fotografia Arô Ribeiro – Okê

Literatura de Cordel:

A literatura de cordel é assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos, dependurados em barbantes (cordão), nas feiras, mercados, praças e bancas de jornal, principalmente das cidades do interior do Brasil. A tradição dessas publicações populares, geralmente em versos, vem da Europa. No século XVIII, já era comum entre os portugueses a expressão literatura de cego, por causa da lei promulgada por Dom João V, em 1789, permitindo à Irmandade dos Homens Cegos de Lisboa negociar com esse tipo de publicação.

17 frases que você NUNCA vai ouvir de um ansioso

17 frases que você NUNCA vai ouvir de um ansioso

Depois da publicação do artigo 15 frases que todo ansioso já disse um milhão de vezes, segue uma versão mencionando frases que um ansioso dificilmente dirá. Lembra-mos, entretanto, que esse tipo de sintomatologia, quando atrapalha o bem estar e a vida da pessoa, merece atenção especial e tratamento.

1. “Vamo, vai estar lotado, vai ser legal”.

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2. “Nossa, ando com a cabeça tão tranquila”.

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Pode acontecer, mas é tão raro que provavelmente a pessoa nunca vai verbalizar.

3. “Não precisa fazer massagem aí não, eu não tenho dor nas costas”.

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Se um ansioso te falar isso provavelmente é porque sofre mais com a gastrite do que com a tensão.

4. “É só uma preocupaçãozinha boba, logo passa”.

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Hahahahah, preocupaçãozinha é uma palavra inexistente no vocabulário de um ansioso.

5. “Magina chefe, podemos conversar sobre isso amanhã”.

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Te garanto que o ansioso passaria uma noite em claro se dissesse isso.

6. “Nossa, acordei muito bem disposto”.

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UM SONHO: ACORDAR FELIZ E BEM DISPOSTO.

7. “Nossa tive uma noite de sono não tranquila”.

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Vida ansiosa = sono ansioso.

8. “Não tá perfeito, mas dá pro gasto”.

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IMPOSSÍVEL.

9. “Estou aproveitando o momento, sabe?”

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Se você soubesse o esforço que é não ficar se preocupando com todos os problemas do mundo saberia que um ansioso nunca falaria essa frase.

10. “Nossa, o dia rendeu muito, eu estava super concentrado”.

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DU-VI-DO.

11. “Foi a escolha mais fácil que eu fiz na vida”.

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Nenhum ansioso tomou uma decisão rapidamente.

12. “Ela não me respondeu mas tudo bem, quem sabe um dia”.

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Além de nada ansiosa, essa pessoa é também desapegada.

13. “Consigo fazer tudo porque faço uma coisa de cada vez”.

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Até parece.

14. “Acho que minha principal característica é a espontaneidade”.

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Um legítimo ansioso que é espontâneo sempre = difícil.

15. “Acho tão tranquilo esperar, não sei porque as pessoas reclamam tanto”.

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Quanto mais tempo esperando, mais tempo para pensar nos problemas.

16. “Acho que esqueci a janela aberta, mas dá nada, depois é só secar”.

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Tal situação acabaria com o dia de um ansioso, pode ter certeza.

17. “Nossa, nada melhor do que estabelecer prazos rígidos e uma pressãozinha para eu funcionar”.

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Vai nada, vou chegar em casa e vai ter um mar de água para secar.

Fonte indicada: Buzz Feed

Homem mantém seu cão-guia que ficou cego e agora os dois compartilham um cão-guia

Homem mantém seu cão-guia que ficou cego e agora os dois compartilham um cão-guia

Que os cães são os melhores amigos do homem, isso nunca foi segredo para ninguém. Mas para algumas pessoas, os cães além de melhores amigos cumprem a incrível missão de fazer o papel dos olhos de seus donos.

É o caso de Edward, cão guia de Graham Waspe. Durante seis anos, Edward foi os olhos que faltavam para Waspe. Até que por uma reviravolta do destino, Edward adquire catarata e acaba cego, como seu tutor.

As pessoas mais sem coração diriam: “Troca de cão guia, esse daí não serve mais para nada!”

Mas quem escolhe dividir a vida com um cão, seja por mera vontade, ou necessidade como é o caso das pessoas cegas, é contagiada com o amor mais puro e gracioso deste mundo. E Waspe diante deste novo obstáculo de Edward, seu fiel companheiro e literalmente escudeiro, não hesitou em passar por cima deste obstáculo.

E foi aí que a Opal entrou na vida desses dois companheiros. Opal é uma cadelinha de dois anos de idade e agora guia tanto de Graham quanto de Edward, sendo a peça que faltava nessa parceria onde o essencial é invisível aos olhos.

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Fonte indicada: Awebic

15 frases que todo ansioso já disse um milhão de vezes

15 frases que todo ansioso já disse um milhão de vezes

“O termo “ansiedade” tem várias definições nos dicionários não técnicos: aflição, angústia, perturbação do espírito causada pela incerteza, relação com qualquer contexto de perigo, entre outros.

Levando-se em conta o aspecto técnico, devemos entender ansiedade como um fenômeno que ora nos beneficia, ora nos prejudica, dependendo das circunstâncias ou intensidade, e que tornar-se patológico, isto é, prejudicial ao nosso funcionamento psíquico (mental) e somático (corporal).

A ansiedade estimula o indivíduo a entrar em ação, porém, em excesso, faz exatamente o contrário, impedindo reações.” (fonte- Minha Vida)

Abaixo, uma listab de 15 frases que todo ansioso já disse um milhão de vezes. Será que você vai se reconhecer?

1. “Será que a cabeça de alguém já explodiu de tanto pensar?”

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Se não, grandes chances da minha ser a primeira.

2. “Me mata mas não fala que precisa conversar mais tarde.”

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Enquanto se segura para não fazer xixi nas calças.

3. “Mandei mensagem tem quinze minutos e ela não me respondeu. Será que aconteceu alguma coisa?”.

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“Foi roubada? Desmaiou na rua? Sequestro?”

4. “Mas tá certinho, né? Precisa mudar alguma coisa? Refazer algo?”

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Já sentindo um suador danado com medo de pedirem para refazer algo.

5. “Vou terminar aqui, aí vou ali fazer aquilo e depois vou fazer aquelas três coisas e depois…”

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Completamente sem ar.

6. “Nossa, mas não vou chegar em 20 minutos NUNCA.”

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E já começa a sentir uma palpitação.

7. “Minha cabeça vai explodir de tanto que pensei naquilo.”

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Enquanto coça o olho meio confuso.

8. “Eu queria tanto ser daquelas pessoas que não planejam nada e deixam a vida levar.”

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Sempre quando você terminou de falar todos os seus planos para o final de semana.

9. “Mas nem a pau que eu vou ficar uma hora na sala de espera do médico para que ele me examine.”

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á sentindo a pálpebra direita tremer.

10. “Mas como foi? Quando foi? Como aconteceu? Como assim, você ainda não sabe?”

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Sempre revirando os olhos.

11. “Será que eu tranquei a porta? E se eu não tranquei?”

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Já se imaginando entrando em casa e encontrando tudo revirado.

12. “Se minha vida dependesse de ter que dormir cedo eu já estaria morta.”

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Muitas noites sem sono pensando que teria que estar dormindo para acordar dali algumas horas.

13. “Realmente não funciono sobre pressão”, já sentindo o braço formigar.

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14. “Como que pode dormir doze horas e acordar completamente cansado?”.

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Uma vida toda fazendo cosplay de zumbi.

15. “Tô tranquilo. Sério, tô tranquilo MESMO. Sério, dessa vez vai ser diferente. Tranquilão aqui”.

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Também conhecido como autoenganação eterna.

Fonte indicada: Buzz feed

Imagem de capa:Nicoleta Ionescu/shutterstock

O que há por trás da irritação frequente?

O que há por trás da irritação frequente?

Por trás de toda irritação há algum grau de frustração. Nós nos irritamos porque nos sentimos incapazes de controlar alguma situação ou pessoa. Isso é claro. Também é claro que todos nós, absolutamente todos, temos momentos de mau humor de vez em quando. Pequenas explosões de caráter que podem ser muito saudáveis quando são originadas por uma causa razoável.

Mas o que acontece quando a irritação não acaba? Quando permanecemos quase todo o tempo com a testa franzida, os olhos entreabertos e procurando alguma briga? Será que pertencemos a esse grupo de “resmungões por natureza” ou há algo mais aí?

Por trás de uma irritação frequente, pode haver mais do que uma frustração passageira; o que pode estar escondido é uma depressão encoberta.

A irritação crônica

Em algumas ocasiões, o mau humor não é algo de momento, mas se estende por semanas, meses ou anos. Às vezes, o incomum não é que tenhamos esses incêndios repentinos em nosso caráter, mas sim que consigamos manter a serenidade. A irritação vai se transformando em nossa maneira normal de ser diante da vida. Tudo nos incomoda, ficamos irritáveis e perder a calma é o que acontece com mais frequência.

Nesse caso, a irritação não está direcionada contra uma pessoa ou uma situação em particular. A pessoa simplesmente sente tudo o tempo todo, experimentando intolerância, aborrecimento e tédio.

Por sua vez, expressa-se por meio das atitudes clássicas: gritar, permanecer inquieto, tenso, ter sempre à mão um comentário de auto-desqualificação ou de crítica para os demais. Fisicamente, manifesta-se por meio do cenho franzido permanentemente, problemas digestivos e, muito provavelmente, dificuldades para dormir adequadamente.

Se esse é o seu caso, o mais provável é que não esteja irritado com o mundo: na realidade, está irritado consigo mesmo.

As razões que lhe impulsionaram a criar inimizade internamente com o que você é certamente tem a ver com os modelos mentais que gerencia inconscientemente. Há parâmetros que você escolheu para avaliar a si mesmo, sem ter muito claro o porquê, e que só estão servindo para reprovar a si mesmo mais uma vez. Também há experiências não resolvidas em seu passado. Por isso você se irrita, mas não sabe.

O fogo e a chama

Não é o caso de entrar e analisar aqui todas as possíveis razões pelas quais você decidiu se transformar em um dos seus piores inimigos. Está na profundidade da sua mente, no mais remoto da sua história. Mas o que, sim, podemos esboçar é pelo menos uma pergunta “por que são tão válidas as razões que o levam a manter-se irritado?”

Esqueça os demais, porque eles nunca vão se comportar exatamente como você quer ou pensa que devem se comportar. Os outros são somente uma desculpa que você utilizou para poder expressar a sua irritação. Não são as suas falhas, nem a crise econômica, nem a tensão bélica na Coréia que lhe deixam irritado.

Simplesmente, você tem uma ideia do “dever ser” na vida e não consegue se ajustar a ela. Isso faz com que se sinta terrivelmente mal; você não só se julga severamente, mas também se culpa e se atormenta. Paradoxalmente, seu ego gigantesco não o permite que se compreenda, nem que se perdoe.

A ira é como um fogo interno que arde. Um elemento capaz de dar calor ou de arrastar o que se encontre pelo seu caminho. Essa raiva indefinida é também uma força interna da qual não conseguiu se apropriar. Pode ser o motor de grandes ações, mas também a brasa onde se consomem os melhores momentos da sua vida.

Há um assunto que está pendente com você mesmo, não com os demais. Você deve resolvê-lo e, provavelmente, precisará de ajuda para isso. O que está esperando?

 
 Fonte indicada: A mente é maravilhosa

Se você ama seus filhos diga NÃO a estes 5 pedidos deles

Se você ama seus filhos diga NÃO a estes 5 pedidos deles

Por Erika Strassburger

Por mais que doa dizer “não” a alguns pedidos de seus filhos, faça-o, principalmente em situações como as listadas abaixo:

1. Comprar tudo o que eles pedem ou repor o que eles deixam estragar por desleixo

Por um motivo ou outro, muitos pais dão tudo ou quase tudo o que seus filhos pedem (brinquedos, jogos, eletrônicos). Isso costuma acontecer mais com pais que trabalham demais ou pais separados, que tentam compensar sua ausência com presentes.

Há crianças e jovens que, por os pais darem tudo o que eles pedem, são desleixados com seus pertences, que vivem estragando. Eles sabem que se estragar, o pai ou a mãe fará a reposição.

Não importa o valor, evite comprar tudo o que eles querem ou repor o que eles costumam estragar. Eles precisam aprender o valor das coisas, o valor do trabalho. Precisam aprender a ser mais cuidadosos e a valorizar o sacrifício que vocês fazem para comprar suas coisas. Eles também precisam merecer o que ganham. E, de preferência, fazer pequenos trabalhos para comprar algo de mais valor.

2. Ir a atividades que oferecem riscos potenciais

Crianças e jovens costumam ser muito insistentes em se tratando de diversão. Quando a diversão é sadia, é muito bom que eles vão. Eles precisam de atividades desse tipo. O problema é quando eles querem ir a lugares potencialmente perigosos ou inadequados. Precisamos ter coragem de dizer não e estar prontos para resistir fortemente à pressão que eles certamente farão.

3. Assistir a filmes e jogar jogos censurados

A classificação indicativa em filmes e jogos deve ser observada com atenção. A censura existe para proteger nossos pequenos da violência, sexualização e de outros males. Não podemos pensar que eles assistirão e jogarão jogos censurados para a idade deles e não serão afetados de alguma maneira.

4. Usar roupas e acessórios inadequados para a idade deles

É algo que as meninas geralmente pedem mais. Muitas são tão novinhas ainda e já querem usar roupas sensuais, salto alto e maquiagem. Precisamos preservar sua inocência e pureza o máximo de tempo que conseguirmos.

5. Qualquer outra coisa que você sentir que não deve deixá-los fazer

Como pais e, principalmente, mães, temos a sensação de que nossa intuição ou, como dizem por aí, nosso sexto sentido, melhora muito depois que os filhos nascem. Devemos fazer o melhor uso possível desse dom, dando atenção aos nossos sentimentos, pois dessa forma podemos evitar que coisas ruins aconteçam a eles. Se você sentir que não é uma boa ideia atender aos pedidos de seus filhos, ainda que sejam coisas inocentes, siga sua intuição.

Ainda que seus filhos insistam, batam os pés, façam chantagem emocional, mantenham-se firme em sua decisão. Eles precisam de limite. Para que se tornem adultos mentalmente saudáveis, os limites são fundamentais. Você pode ficar com o coração partido em ter de dizer “não” a seus filhos hoje. Mas é preferível que seja assim, a ter de conviver com a culpa de algo ruim ter acontecido por você os ter deixado fazer o que desejaram.

Fonte indicada: Família

Imagem de capa: VGstockstudio/shutterstock

Viver é aprender a ter saudade

Viver é aprender a ter saudade

Quanto mais a gente vive, mais saudade a gente tem. O tempo passa e a memória se esparrama, se ajeita como pode aqui dentro. Vão-se os dias e as saudades ficam. E é saudade de tanta coisa! Do que já foi, de quem já foi e do que a gente vai deixando de ser.

Crescer talvez seja isso mesmo. Ora essa arte de deixar de ser uma coisa, ora o exercício de se tornar outra. Mas sempre, num caso e no outro, esse trabalho simples de tomar distância e aprender a ver de longe o que ficou lá atrás. Esse ofício de construir lembranças e o encargo de ampliar nosso mundo interior onde guardá-las. Essa tarefa sublime de reconhecer um canto de onde partir e para onde voltar. Esse empenho sem fim de lembrar quem já passou e de buscar o que ainda falta, quando a saudade que aperta é daquilo que a gente ainda nem viveu de verdade.

Você vai andando, segue em frente. E quanto mais longe vai, mais tem o que ver quando olha para trás. Fica tudo tão distante, tão pequeno que é preciso apertar os olhos para enxergar. Aí o coração acerta o foco e traz tudo de volta aqui dentro, em alta definição. Ontem, hoje e amanhã se reencontram em um só tempo, como colegas de ginásio que se festejam em seus aniversários e nem se dão conta do quanto mudaram, do quanto sumiram no caminho de cada um. Por um instante, olham para trás e a vista assusta. O que veem e o que sentem se juntam numa coisa só. Um sentimento bom, imenso e infinito de voltar para casa. E ao mesmo tempo de seguir em frente, com uma muda de esperanças na mala e uma intenção amorosa no coração.

Um dia a gente acorda depois de grande, olha para trás e está tudo lá. De volta. Ouve os recados doces de tanta alma boa. Vê nossos anos passando em festa, uma vida longa abraçando um futuro próspero sob um céu azul e aberto feito a esperança de um amigo otimista. Então percebe que ainda existe quem faça a vida valer todo o trabalho que dá.

Assim, de repente, a gente mira a vista dos anos e agradece. Ahh… que privilégio é viver ao lado de pessoas imperfeitas! Aquelas que têm um mundo vasto e inteiro no peito e ainda não o encontraram, ou que descobriram ser ele tão grande que se viram perdidas. Gente que erra, sim, mas erra honestamente, tentando acertar. Que se sabe imprecisa, abraça a dúvida, desconfia das certezas intocáveis, das verdades prontas e dos chavões alheios. Gente que vai em frente como pode, firme em seu jeito de respeitar o outro e a si mesma.

Por conta e risco de pessoas assim, a vida sempre há de valer a pena. Quando de qualquer sorte elas se vão, a gente sente a falta delas e do que deixa de ser sem elas. Depois encontra um lugar aqui dentro onde guardá-las para sempre. Até reencontrá-las no tempo-espaço que tiver de ser. Enquanto esse dia não chega, a gente aprende onde guardar nossas saudades.

Peço a Deus que olhe por essa gente. Os viciados em amor, os seres sensíveis que riem e choram numa canção, uma conversa amiga, uma lembrança. As criaturas que estremecem quando leem uma poesia, uma história bela, porque reencontram nelas o caminho das pracinhas de seus corações. Gente abençoada. Peço aqui comigo que em cada alma entristecida, cada mãe separada de seu filho há cinco minutos ou cinquenta anos, cada sujeito que cai, levanta e segue em frente, que em cada um deles sobreviva a impressão de que é preciso guardar as saudades no lugar certo e ir adiante. Que em cada coração sincero resista a esperança de que o amor nos encontre no caminho.

Hoje acordei atrasado, depois dos quarenta, tive saudade de tanta coisa que deixei de ser e agradeci por ter você aqui perto, em minha vista. Há vida esperando por nós! Os pobres e os ricos, os pretos e os brancos, os vermelhos, amarelos e multicoloridos. De toda gente há vida à espera, à espreita, tramando, acontecendo, ramificando e vicejando em seu tempo. É preciso tomá-la nas mãos e viver sem mais. Por você, por mim e por nós, livres e sãos, soltos e vãos, caminhando incompletos no espaço entre hoje e amanhã e depois e pra sempre.

Não é fácil, nunca foi e nem há de ser. Mas daqui eu vejo nossa gente de perto e o céu lá longe. Vejo nosso rumo surgindo num espaço mirrado, espremido entre tanta obrigação, tanta coisa por fazer. Nosso corredorzinho estreito se abrindo, nossas saídas improvisadas. É um caminho acanhado, mas apertando a gente passa. Você sabe: onde cabe um olhar de esperança o mundo inteiro passa.

Sem fogo na alma não há brilho nos olhos

Sem fogo na alma não há brilho nos olhos

A alma humana é alimentada por pequenas fagulhas de desejo. São essas fagulhas que fazem nascer e atiçam as chamas que nos impelem a descobrir caminhos; nos deixam encantados diante do desconhecido; nos fortalecem para enfrentar as dificuldades e receber com humildade nossas conquistas.

O mundo visualiza em nós a chama da alma, através do brilho que exibimos nos olhos a cada vez que ficamos despertos e interessados em alguma coisa que nos tira do conforto dos caminhos já trilhados; das tarefas concluídas; das vitórias saboreadas; das sensações já conhecidas. Os olhos brilham graças aos desafios.

Os desafios são o vento soprando diretamente nas chamas. Ainda que o que haja em nós seja nada mais do que uma pequena brasa incandescente, o sopro do desafio tem esse poder mágico e real de reacender em nós o gosto pelas coisas novas; pelo que ainda não temos, sabemos ou conhecemos.

É o desconhecido que nos chama para atravessar o limite que nossas certezas traçam para nos conter. Contidos em nossas confortáveis pseudoverdades, acabamos por acreditar que aquilo que é diferente nos coloca em risco. No entanto, é justamente o diferente que nos concede a liberdade da mudança, de trocar de lugar, de ideia, de vontade.

O diferente é o nosso outro lado, aquela nossa parte que conhecemos tão pouco a ponto de precisarmos ser apresentados a ela. O outro lado que habita em nós é feito de porções de sentimentos, pensamentos ou sonhos, que vamos guardando bem arrumadinhos em gavetas fechadas a chave, qual um diário de histórias secretas.

A chave para nossa vida secreta é exatamente a coragem de buscar conhecê-la. Pode ser, até, que ela esteja aí, nesse cantinho tão bem guardado, junto a todas as aventuras que não vivemos; das palavras atrevidas que calamos; dos desejos que não realizamos. A chave, a aventura, a palavra e o desejo são o combustível de que precisamos para que nossa alma mantenha alguma fagulha de vida.

E, no caso dessa fagulha estar em risco de virar uma pedrinha endurecida pelo fogo que deixou de arder há tanto tempo, cabe a nós buscar dentro do peito alguma força que nos ajude a pensar num jeito de idealizar uma nova fonte de calor, inquietação ou ousadia. Porque não há vida que permaneça fria diante de um coração determinado a redescobrir a luz.

Assim, é indispensável que nunca nos conformemos com uma vida sem calor; com dias sem brilho; com rotinas que congelam o desejo de viver. Quem está vivo, precisa honrar a sua história sobre o chão desse planeta. Quem está vivo, precisa contagiar de vida o seu semelhante e o seu diferente. Precisa desencavar de dentro do próprio peito aquela chama original que desconhece o medo e acredita que não há olho que brilhe se não houver uma alma em chamas.

Aperte ESC para não amar

Aperte ESC para não amar

Por esses dias tive a curiosidade de saber o que representa a tecla “ESC” do teclado, e em minha ignorância fiquei surpreso ao descobrir que significa “escape, sair, cancelar”. Devo ser o único a não saber. Apenas tinha conhecimento que em situações de conflito no sistema, servia para me livrar de uma surpresa operacional. Para alguns conflitos, faz-se útil pressionar esta tecla, mas quando somos embebidos de virtualidade, acreditamos que podemos tratar o outro como uma máquina sem sentimentos e descartá-lo com um único gesto.  Antigamente havia a exclamação: “Não bata o telefone na minha cara!!”, agora, fica o silêncio de uma mensagem não visualizada. Confuso? Explico.

As redes sociais e seus mecanismos de interação social, no que tange o “amor”, têm se tornado uma tragédia. Alguns amantes chegaram à conclusão que podem resolver seus problemas a partir de mensagens desconexas e parciais via “whatsapp” e afins, e desconsideram o fator presencial.

As trocas de mensagens permitem um verdadeiro conflito entre significados e significantes. De forma prática, pode-se dizer que o emissor tem a intenção de comunicar algo despretensioso e simples, e o receptor admite a mensagem como ofensiva e pretensiosa. Com o conflito instalado, o ideal seria a resolução a partir da presença dos interessados, mas a digitação apressada com pouca reflexão assume a posição mental e cerebral e se revela como única linguagem, acéfala, no momento.

A linguagem com interpretações parciais dos sujeitos envolvidos tem um componente perigoso: o ato impulsivo. A necessidade de solucionar os conflitos naquele momento a partir de fragmentos condena qualquer perspectiva de sobrevivência do sentimento real que nos faz amar. Confunde-se troca de mensagens por diálogo. Acredito que o segundo envolve humanidade e abertura para o sentimento, enquanto o primeiro é o espaço vazio com letras esparramadas, nascidas da pretensa compreensão do que o outro tentou afirmar.

Na indissolubilidade do conflito instalado a partir da incompreensão dos amantes, a angústia de não se chegar a lugar algum, nos faz teclar “SAIR” ou adotar a atitude de escapar (ESC). Trata-se a relação problemática como se fosse um sistema que apresenta falhas operacionais, e não restando alternativas, escapo. A escapada se agrava quando não há tentativa de aproximação real. O imaginário das trocas de mensagens assume a posição de real; realidade forjada e comprometida.

As tecnologias estão presentes e não se espera que retroajam, mas interessaria uma aproximação entre os dedos apressados que digitam solitários imersos na imaginação e o verdadeiro objeto de desejo e amor.

O conflito possui uma grande chance de solução quando ouço o tom de voz, percebo o brilho nos olhos do falante e acompanho seus gestos direcionados por uma linguagem abrangente. O calor não pode faltar quando trato do que representa o amor. Sentimentos que se estruturam nas mensagens fragmentadas, com elas se associam e tornam-se um amor em migalhas, ESCapado e perdido na virtualidade.

Ansiedade, a fome que não sacia

Ansiedade, a fome que não sacia

Não é possível esperar as notícias chegarem, não é cabível aguardar respostas e decisões, não é viável deixar simplesmente o tempo passar.

Aquela fome que vem repentina e cortante, insuportável, dominante. E com pressa. Se alimenta vorazmente de perguntas, de promessas, certezas, suores, bruxismos, caretas, suspiros…

A ansiedade é aquela fome que consome o bom humor, o bom senso, totalmente sem paladar, que nada sacia e volta sempre com mais fúria.

Algo vai acontecer, é uma certeza. É imperioso adivinhar, solucionar, remediar.

O tempo vai mudar, é preciso prevenir, se antecipar.

Fazer estoques, levantar muros, cavar trincheiras, comprar cadeados, correntes, munição, bombardear o coração com taquicardias insuportáveis.

– Respire, segure o ar, solte. Novamente! Está passando, não vê? Aliviando, te soltando, liberando…

É um conforto, como uma sopinha quente, mas lá vem a fome de novo. A sensação foi tão boa que, por medo de deixá-la passar, a ansiedade voltou correndo, como um bebê carente para o colo dos pais.

Ansiedade é fome mas também é alimento. Alimento para neuroses que nos empenhamos em engordar, alimento para paranoias que amamentamos com carinho, um doce fabuloso para oferecer ao medo de se colocar em equilíbrio perante os desafios da vida.

Ansiedade é veneno. Veneno que quando não mata, fragiliza cada fibra, contamina a alma, descompassa o corpo. Gera tiques, tremores, síndromes e consome a vida de uma forma nervosa e danosa.

E tudo um dia chega ao fim, e, se ainda não chegou é porque ainda não está no fim, a ansiedade ainda é uma grande mentirosa, pois que promete a adivinhação e prevenção do final.

Grande e voraz, essa fome insaciável necessita imediatamente de tratamento, de educação, de conhecer o seu lugar e somente atuar nos momentos inevitáveis.

Em todos os casos contrários, ela nos devorará, sem piedade.

O cinema e os filmes que não nos deixam sonhar

O cinema e os filmes que não nos deixam sonhar

Em 1985, nos subterrâneos do Grand Cafè de Paris, algumas dezenas de pessoas assistiam a primeira projeção pública paga da história do cinema. Cento e vinte anos depois, aquela que, segundo seus criadores, seria “uma invenção sem futuro”, se consolida como um dos maiores fenômenos culturais de todos tempos, desempenhando papel fundamental no imaginário coletivo. Criado com fins científicos e de entretenimento, é principalmente partir do momento em que o cinema adquire seu caráter artístico, tornando-se produto de reflexão e crítica e experimentação estética, que consegue estreitar sua relação com o espectador e desenvolver seu potencial enquanto experiência subjetiva. De frente para a tela, a diversão ganha uma nova dimensão, aquela na qual nos vemos implicados e tocados pela fantasia de um outro que cria.

A arte, nos diz a Psicanálise, “oferece satisfações substitutivas para as mais antigas e mais profundamente sentidas renúncias culturais.” Remexendo no desconhecido, no intocado, criando algo novo, o artista materializa suas fantasias de maneira disfarçada e universalizada, e ao usufruirmos destas conseguimos, indiretamente, ter contato com nosso próprio mundo interior. A satisfação aqui em jogo se aproxima daquela que experimentamos no sonho – nosso “cinema particular”. Essa possível analogia mostra como a atividade cinematográfica, mais do que qualquer outra forma de manifestação artística, se presta como alegoria da dinâmica psíquica, na sua relação com o inconsciente.

Freud fala dos sonhos como produções que, através da satisfação alucinatória, eliminam estímulos que perturbam o sono. Ou seja, sonhamos para não acordar. A ficção onírica trabalha, via de regra, a serviço do princípio do prazer, aquele que visa a satisfação em prol do equilíbrio e evita o desprazer. Porém, alguns sonhos fogem dessa finalidade, levando ao susto, a angústia, ou a qualquer sensação da ordem do insuportável, nos fazendo despertar. Afirma Freud, são justamente esses sonhos que podem nos ensinar mais sobre nós mesmos ao nos fazer deparar com nossos próprios enigmas.

Talvez possamos pensar que, assim como os sonhos que protegem o sono, alguns filmes nos permitem experienciar essa satisfação alucinatória visando nada mais que a manutenção de um estado de prazer. Filmes que servem não apenas como subterfúgio da realidade, como fuga psíquica, mas que nos oferecem uma maneira segura, sem compromisso de realizarmos desejos inconscientes. Por outro lado, existem aqueles filmes que nos tocam, incomodam, que causam desconforto, que angustiam, que nos remetem a nossas próprias questões e nos colocam perguntas sobre nós mesmos.

Seria essa uma das diferenças fundamentais entre o chamado cinema de entretenimento e o cinema de arte? Entre aquele que consola e conforta, e aquele que causa e questiona?

Não nos detendo nessa discussão, o fato é que quanto mais autêntica for a obra cinematográfica, ou seja, quanto menos produto de fórmulas prontas e mais da singularidade e da verdade daquele que cria, mais valor ela terá enquanto experiência subjetiva.

O valor dessa experiência, o que nos oferece esses filmes, é a possibilidade de sairmos da passividade e conforto do prazer e do gozo e nos colocarmos ativamente em uma troca com esse produto da fantasia alheia; onde assistimos e somos assistidos, olhamos e somos olhados, e travamos um diálogo silencioso que continua mesmo depois que as luzes acendem.

Dizia Jung, “Quem olha pra fora, sonha. Quem olha pra dentro, acorda.” Pois são esses os filmes que nos fazem tirar os olhos da tela e olhar para dentro… São esses os filmes que nos acordam, que não nos deixam sonhar.

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