Você já parou para pensar em você hoje?

Você já parou para pensar em você hoje?

Você já parou para pensar em você hoje? Você sabe de cor quais são seus anseios, receios e sonhos?

Há alguns anos um amigo me perguntou se eu sabia quem eu realmente era. E eu fiquei exaltada na época com a indagação. Retruquei-a com outra e depois respondi pronunciando meu nome.

Então esse amigo me disse que eu não podia ser apenas um nome, já que um nome era a chave para um mundo, mas não o mundo em si.

Mas eu não tinha a resposta para a pergunta dele, contudo, algo se acendeu em mim depois daquela conversa. Então, de noite, ao chegar em casa, me sentei no chão de pernas cruzadas e me perguntei: Quem é você?

A resposta que tive foi um silêncio longo e perturbador e naquele momento tive a certeza de que era minha a missão de descobrir quem eu realmente era.

Tocar em nossa essência é algo no mínimo desafiador, não vou mentir. Nosso caminho de autodescoberta é cheio de becos sem saídas, de íngremes subidas e ladeiras assustadoras. Alguns tropeços acontecem nesse processo, mas sabermos ao certo quem somos é deveras importante para que possamos trilhar nossos próprios caminhos e não aqueles que nos são tão prontamente sugeridos.

Na vida seremos inevitavelmente lançados em um mar de experiências compartilhadas. Seremos testados inúmeras vezes e teremos nossos valores e amor próprio colocados em xeque. Se não soubermos quem realmente somos podemos nos perder irremediavelmente.

Há algum tempo assisti ao filme “3096 dias” baseado na história real de Natascha Kampusch, uma garota austríaca raptada e mantida em cativeiro por quase dez anos. Sua própria mãe desistiu de procurar por ela em um tempo curto após seu desaparecimento e seu algoz tentou fazê-la esquecer de quem era repetidas vezes, contudo Natascha aproveitou todas suas poucas oportunidades de quase fuga para eloquente dizer seu nome, de onde vinha, e em qual situação vivia.

Por outro lado, houve nos EUA um caso similar no qual uma jovem, Jaycee Dugard, foi raptada e permaneceu no cativeiro por dezoito anos. No início ela era trancafiada, mas nos últimos anos ela morava no quintal do sequestrador. Quando a polícia descobriu Jaycee, por acaso, e a levou para a delegacia, ela afirmou repetidas vezes ser outra pessoa e deu aos agentes o nome falso que lhe fora ditado pelo sequestrador.

Esses dois últimos exemplos são bastante emblemáticos e apesar de semelhantes, distintos. Ambos delineiam de forma precisa a importância de nos lembrarmos e de lutarmos por nós. De sabermos precisamente quem somos. Jaycee teve muita sorte, pois é provável que permanecesse no cárcere por toda a vida se não tivesse sido encontrada por acaso. Já Natascha lutou com todas as forças para escapar e isso lhe trouxe a liberdade.

Essas duas jovens passaram por situações limites, contudo relações de controle podem permear a vida de todos nós, em maior ou menor grau e, permitir que continuem, nos deixando levar por elas, tem a ver com o que sabemos sobre nós.

Inevitavelmente seremos transformados na vida pela interação. Compartilharemos experiências, ensinaremos e aprenderemos muito. Contudo não sairemos secos após um banho de mar. Nem mesmo devemos ansiar por isso. A questão não é não se deixar molhar, mas sim não se deixar arrastar pela correnteza.

Muitas vezes agimos de forma temerosa acerca de nossas vontades, contudo o autoconhecimento nos é essencial para determinarmos quais lutas devemos travar.
Em diversos momentos pode nos parecer mais fácil e menos doloroso seguir um fluxo, mas quando esse impulso surgir é sempre bom corrermos para o espelho e nos olharmos com sinceridade.

Saber quem realmente somos, o que nos apetece ou não e quais nossas preferências é muito importante para nos tornarmos donos dos nossos próprios passos.

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Aposentadoria, o fim?

Aposentadoria, o fim?

Durante o decorrer de nossas vidas, geralmente a partir dos 18 anos, iniciamos uma
nova etapa: procurar um emprego!
E por que procuramos um emprego?
Porque sabemos que o trabalho nos trará uma identidade, nos trará a oportunidade de novas
amizades, nos distrairá – ninguém consegue “ver a banda passar” (salvo os impossibili-
tados por algum mal que os impeça de “seguir a banda”); e sobretudo, trabalhamos pa-
ra nos sustentar.
Bem, aí estudamos, procuramos em anúncios, fazemos concursos ou somos ajudados por um familiar, amigo, que nos proporciona um trabalho. E lá estamos: no nosso primeiro emprego!
Talvez, durante essa jornada, passemos por vários tipos de trabalho ou acabemos des –
cobrindo nossa real vocação. E partimos… em busca de nossa realização pessoal e pro –
fissional.
Mas, os anos passam – implacáveis!
E chega o momento da aposentadoria. Nova etapa, novo desafio!
Já estamos cansados, natural e humanamente, o cérebro e o corpo pedem pausa!
E agora?
Iremos atender ao apelo de nosso cérebro e corpo que clamam por sossego, descompro-
metimento com horários e regras, desejando curtir um bom tempo de vida que nos resta,
sem necessidade de “bater o ponto”, almoçar às pressas, acordar cedo (quando tudo que
queríamos era ficar mais 1 hora na cama)?
Conheço pessoas que dizem nunca se aposentar e conheço quem morreu meses depois de
deixar o emprego.
Eu sempre tive como lema que “nos empregamos para viver e não vivemos para ficarmos
eternamente empregados”.
Podemos administrar o tempo com sabedoria para que essa nova etapa, a da aposentadoria, nos traga mais benefícios e qualidade de vida, do que monotonia.
É chegado o momento de passear, viajar, criar círculos de amizades, conversar na praça,
aprender a tocar aquele instrumento que sempre sonhamos, mas não
tínhamos tempo, dançar, fazer academia – alongamento, natação…curtir mais a esposa, o marido, os filhos, os netos, e, se formos sozinhos, conhecer pessoas, cidades, abrir um leque de coisas por fazer…
A vida não acaba com a aposentadoria!
A aposentadoria chegou para nos mostrar que cumprimos uma etapa, teremos nosso neces-
sário salário garantido honradamente e que novas etapas surgirão – e com mais vantagem:
disponibilidade de tempo e com a possibilidade de novos caminhos que se abrirão, se não fi-
carmos apegados ao que já passou – como tudo na vida passa!
O que importa é sermos felizes, criativos e produtivos sempre!
Aposentadoria não é sinônimo de velhice.
Mas um dos sinônimos de velhice é: “caduquice”.
E “caducos” não estamos!
Portanto, “bola prá frente”!
Lu Prado

Não dê conselhos, apenas esteja lá- Cynthia de Almeida

Não dê conselhos, apenas esteja lá-  Cynthia de Almeida

Por Cynthia de Almeida

“A beleza da vida está igualmente em sua luz e sua escuridão.”
William Faulkner

Quando uma pessoa está devastada pela dor, a última coisa de que ela precisa são conselhos. O seu mundo foi destroçado e o ato de convidar alguém, quem quer que seja, para entrar nele é um grande risco. Tentar consertar, racionalizar ou eliminar a sua dor apenas aprofunda o terror. Em vez disso, a coisa mais poderosa que você pode fazer é reconhecer aquele sofrimento. Dizer, literalmente, as palavras: “Eu reconheço a sua dor. Eu estou aqui com você”.
(…) Note que eu disse com você, não por você. Por implica que você fará alguma coisa. E não é esperado que você faça nada a não ser ficar do lado de quem você ama, sofrer com ele, ouvi-lo.

Não existe uma ação maior do que o reconhecimento. E o reconhecimento não exige treino, nenhuma habilidade especial, nenhuma expertise. Somente a vontade de estar presente com uma alma ferida e permanecer presente pelo tempo que for necessário.

Esteja lá. Apenas esteja lá. Não vá embora quando se sentir desconfortável ou sentir que não está fazendo nada. Na verdade, é quando você se sente desconfortável e acha que não está fazendo nada que você deve ficar.

Porque é nesse lugares, nas sombras em que raramente nos permitimos entrar, que os princípios da cura são encontrados. A cura é fundada quando encontramos outros que desejam entrar naquele espaço conosco. Todas as pessoas enlutadas do mundo precisam de pessoas assim.

Estas palavras são poderosas porque miram diretamente as platitudes patéticas que nossa cultura construiu em torno das perdas: a perda de uma criança não pode ser resolvida, ser diagnosticado com uma doença debilitante não tem solução, encarar a traição de uma pessoa próxima não tem cura. Todas essas coisas podem apenas serem suportadas. E quem nos ajuda, os únicos que nos ajudam, são aqueles que ficam ao nosso lado. E não dizem nada. E nesse nada, fazem tudo.

Este texto foi extraído do blog de Tim Lawrence, músico erudito que sofre de paralisia cerebral, experimentou na pele muitas perdas e dificuldades e se dedica ao tema da adversidade e resiliência em seu blog The Adversity WithinLawrence usa sua experiência pessoal para ajudar as pessoas a sobreviverem ao luto e ao sofrimento. Ele acredita, como nós, que ninguém deveria enfrentar as adversidades sozinho.

Fonte indicada: Vamos falar sobre Luto

Aproxime-se com cuidado. Eu pego amor fácil.

Aproxime-se com cuidado. Eu pego amor fácil.

Sim, eu sou dessa gente que pega amor fácil. Pego mesmo. Aviso logo. Não é de propósito, não é por mal. Bobeou, estou gostando. Bem certo é que daqui a pouquinho eu posso gostar de você. Então, se tiver alguma ressalva, contraindicação, alergia e essas coisas, é melhor tomar distância.

Disfarce. Não olhe agora, mas tem um sentimento sapeca chegando ali. Vem cheio de coisas, carinhos, ternuras, cuidados. Pronto, eu peguei amor. Pego amor em gente, bicho, objeto, filme, série, lembrança, gesto. Qualquer coisa.

Agora mesmo, estou cheio de amores por um semáforo perto da minha casa que sempre acende o vermelho quando eu me aproximo. Sempre! Penso aqui comigo que ele tem um fraco por minha companhia. E eu aprendi a gostar dele. Se amanhã, quando eu passar, ele estiver verde, vou lhe dar um tchau e dizer: “até amanhã, meu amigo. Até amanhã…”.

Você pode achar que isso é carência, apego, essas coisas. Pode dizer! Eu não fico chateado, não. Vou até gostar da sua perspicácia, do seu empenho em entender e nomear o sentimento alheio. Mas eu prefiro achar que isso é só jeito de ser. E você sabe: jeito de ser, cada um tem o seu.

É que eu não vejo sentido em me aproximar de alguém por quem eu não posso sentir amor, sabe? Qual é a graça? Se entre nós não existe a possibilidade de haver apreço, eu deixo de lado e sigo em frente. Tudo bem, concordo que vez ou outra todo mundo é obrigado, por força das circunstâncias, a suportar quem não quer. Colegas de trabalho, cunhados, chefes, sogros. Tem sempre alguém que, apesar do seu esforço, não vai com a sua cara e você não pode simplesmente descartar. Sempre tem. Mas que seja a exceção. Onde couber amor, melhor! Porque com amor é mais gostoso.

Tantos gênios por aí tão cheios de teses! Já ouvi que quem pega amor fácil é gente grudenta, dependente. Para quem é afeito a confundir amor com grude e dependência, pode ser. Eu, não. Outra tese dá conta de que aqueles que se apegam com facilidade também desapegam sem mais. Pode ser. Mas e daí? Quem disse que o amor tem de durar para sempre? Qual é a duração ideal de uma relação amorosa? Ninguém sabe!

Além do mais, tem amor de todo jeito. Amor, amorzinho, amorzão. Amor de pai e mãe, amor de filho, amor de irmão, amor de amigo, amor de amante, amor de tudo quanto é jeito. Que história é essa de decretar que o amor só pode ser assim ou assado e se for diferente não é de verdade?

Pegar amor fácil não é coisa de gente volúvel e insegura, não. É coisa de gente. E gente precisa de amor. Eu preciso. Careço querer bem a mim mesmo, ao outro e ao que mais merecer um sentimento de apreço. Se não merece, eu não quero. Descarto. Afinal, pegar amor não é ter posse. Amar alguém não é trancafiá-lo para longe dos olhos alheios. É só um jeito de deixar a vida mais bonita.

Antes o mundo repleto de seres amorosos, ansiando por distribuir afeto a quem puder, do que entupido de almas aborrecidas, malquerendo e odiando quem passar perto. Se você discorda, respeito a sua opinião. Se concorda, vem já me dar um abraço. Mas cuidado: eu pego amor fácil.

Voce já se permitiu não pensar hoje?

Voce já se permitiu não pensar hoje?

De vez em quando precisamos parar, olhar pela janela e não pensar em absolutamente nada. É isso mesmo, é bom desligar por alguns momentos e só sentir. Sentir o cheiro da comida sendo feita no fogão, ou da marmita que você pediu no delivery online e acabou de chegar. Sentir a textura do pelo macio do seu cachorro, ou do seu gato, ou os dois, ou simplesmente um cobertor favorito. Ouvir uma música que te desperta uma boa lembrança, ou o silêncio da casa vazia, ou o barulho da casa cheia, ou carros passando na rua, não importa: ouvir.

Pensar é bom e todo mundo gosta, e acredito que o exercício do raciocínio é fundamental. Mas de vez em quando parar e não pensar, deixar-se levar pelo que seu corpo te traz de mensagens de fora, pode ser incrivelmente libertador. Sentir o prazer que os sentidos nos provocam, agradecer ao que nos cerca, viver pelo momento aqui e agora. Você já se permitiu hoje? Comer sentindo o gosto do alimento, ouvir sentindo o som reverberando, tocar sentindo a textura, olhar sentindo a luz entrar, cheirar sentindo o que cada nota do aroma tem a lhe dizer? Parece tão simples, mas parece que para algumas pessoas não é bem assim.

Dias atrás ouvi alguém me dizer que “não tinha tempo nem para sentir o gosto do suco que bebia”, e isso me deixou bastante perplexa. Não consegui me convencer da ideia de se beber um suco sem sentir seu gosto até conversar sobre isso com amigos e concluir que, de fato, muita gente não se preocupa com esses “meros detalhes” mesmo. Achei isso triste e preocupante ao mesmo tempo, e vez por outra ainda me lembro desse pensamento, que vem acompanhado de um Fernando Pessoa sussurrando ao meu ouvido, quase que querendo me acalmar:
“O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo…”

Esse trecho tão breve do “Guardador de Rebanhos” guarda algo lindo nele, que merecemos parar para refletir. Não busco uma reflexão extremista, de que devemos parar de pensar e simplesmente sentir. Não, nada disso! Ele me diz mais, e somente, para aproveitar o que o mundo tem a nos oferecer, estarmos de acordo com o que nossos sentidos nos dão, olhar cada paisagem, sentir cada gota de suco que bebemos. Viver sem precisar se explicar por isso.

*”O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993) – 24.

“É difícil achar uma pessoa feliz entre os ricos”- Zygmunt Bauman

“É difícil achar uma pessoa feliz entre os ricos”-  Zygmunt Bauman

Por NÚRIA ESCUR

Se uma pessoa no alto dos seus 90 anos comparece a uma entrevista às 8h45, é porque está em forma. Longe do seu inseparável cachimbo, este extraordinário dissidente do capitalismo e hipercrítico com o comunismo, polonês com passaporte britânico, tem aspecto de homem que sabe mais pelo que não diz do que pelo que diz. E disse muito.

Nascido em Poznan em 1925, Zygmunt Bauman (foto) é um dos intelectuais europeus vivos mais importantes, Prêmio Príncipe das Astúrias de Comunicação e Humanidades 2010, junto com Alain Touraine. Acredita que a desigualdade se instalou entre nós para ficar e que a elite política há décadas não fala a mesma linguagem que as pessoas comuns. Essa chamada por ele “modernidade líquida” já é modernidade liquefeita e, se duvidar, evaporada…

De ascendência judaica, seus pais fugiram do país após a invasão alemã, em 1939, e se instalaram na União Soviética. Expulso em 1968 da Universidade de Varsóvia por razões políticas, Bauman retomou seu trabalho docente nas universidades de Tel Aviv e Haifa. Desde 1971 é professor emérito de Sociologia na Universidade de Leeds.

A lucidez, sua perspicácia e, talvez, acima de tudo, sua experiência de vida, fizeram-no ser uma referência mundial fundamental, um pensador a quem nada é alheio. Considera a nossa sociedade uma das mais desiguais desde que, um dia, os europeus, com o estado de bem-estar social, acreditaram ter resolvido tudo.

Gostaríamos de saber mais de você que de suas ideias, embora não sei se são indissociáveis. É muito ou pouco consumista?

Não se pode escapar do consumo: faz parte do seu metabolismo. O problema não é consumir; é o desejo insaciável de continuar consumindo… Desde o paleolítico os humanos perseguem a felicidade… mas os desejos são infinitos. As relações humanas são sequestradas por essa mania de apropriar-se do máximo possível de coisas.

Nas manhãs de domingo as famílias britânicas não vão à missa, mas ao shopping. É esse o nosso novo templo?

Sou muito cauto na hora de comparar consumismo e religião. A religião é uma transgressão, te leva para além da tua vida. Na América, antes, a tradição era que se reunisse a família ao redor da mesa para comer e conversar. Nos últimos anos, apenas 20% das famílias fazem isso.

Rompeu-se essa ideia nuclear de família?

Sim, era uma interação física. Agora, ao contrário, cada qual pega a sua comida, senta-se na frente do computador e come. O ser humano de hoje passa sete horas e meia diante de algum tipo de tela. Se a interação com alguém na rede não te interessa, aperta um botão e adeus.

Nas relações humanas não é tão fácil desconectar.

O corpo a corpo te obriga a te confrontar com a diferença. Administrá-la com os sentimentos, elaborá-la. Um efeito colateral dessa dissociação é que se perdeu a vontade do trabalho “bem feito” também nas relações. Perdemos a capacidade de nos relacionarmos com esmero.

Qualquer coisa que alguém escolhe modifica o contexto.

Porque resitua a liberdade de outros. O importante é ter a oportunidade de exercê-la. Neste momento, só há um grupo muito reduzido de homens livres e uma grande massa que fica fora do jogo.

As classes médias perdem terreno e parte delas estão se convertendo em proletariado, uma classe que você chamou de “precariado”.

Lamento não ter lido o último livro de Thomas Piketty antes de escrever o meu, porque cita coisas interessantes. Por exemplo, que os direitos humanos são algo que herdamos da Revolução Francesa. Nosso horizonte – que marca a distribuição da riqueza – deveria ser o bem comum. Os ricos agem com toda essa riqueza – a maioria a herdaram – com absoluta impunidade. Acreditam que eles nunca poderão falir.

As 85 pessoas mais ricas do mundo acumulam uma riqueza equivalente aos quatro bilhões de pessoas mais pobres. Qual é a pessoa pobre mais feliz que conheceu e a rica mais infeliz com que já se encontrou?

É muito difícil encontrar uma pessoa feliz entre os ricos.

Bom, então comecemos pelos que não têm nada.

Uma pessoa pobre que consegue tomar café da manhã, almoçar e, com sorte, jantar… é automaticamente feliz. Nesse dia conseguiu seu objetivo. O rico – cuja tendência obsessiva é enriquecer mais – costuma meter-se numa espiral de infelicidade enorme. A grande perversão do sistema dos ricos é que acabam sendo escravos. Nada os sacia, entram em colapso, uma catástrofe!

Você participou da Segunda Guerra Mundial, combateu com o Exército polonês, trabalhou para os serviços de informação militares… Qual foi o pior momento da sua vida e como conseguiu recuperar-se?

Ao final, a vida não é um campeonato de futebol, onde podes dizer “olha, aquele jogo foi o pior”. Mas lhe responderei com uma anedota que pode parecer evasiva, mas não é. Certa vez, o grande poeta Goethe – quando tinha quase a minha idade – foi entrevistado por Eckermann. “Diga-me, você teve uma vida feliz?”, perguntou-lhe. E Goethe respondeu: “Pois, olhe, sim, tive uma vida feliz. Mas não me pergunte se tive uma só semana feliz”.

Então, a felicidade não é a soma de momentos de felicidade, como dizem alguns?

Não, a felicidade é o gozo que dá ter superado os momentos de infelicidade. Ter conseguido transformar teus conflitos, porque sem conflitos as nossas vidas, a minha vida, teriam sido uma verdadeira chatice.

Terá visto tantas circunstâncias que se repetem ciclicamente – sociedades cheias de esperança, outras devastadas, as que ficam destruídas, as que logo se recuperam… Isso o tornou mais cético?

Eu prefiro identificar-me com o “homem esperançado”. Há uma dinâmica da história que te leva ao ceticismo como atitude, porque o otimista diz “estamos no melhor dos mundos” e o pessimista pensa “bom, tanto faz se o otimista tem razão”. Sobre isso, recomendo-lhes “Generativi di tutto il mondo, unitevi!”, de M. Magatti e Ch. Giaccardo, um manifesto publicado este ano e que nos apresenta um conceito novo: a sociedade generativa.

O que significa esse conceito que acaba de ser cunhado: sociedade generativa?

A sociedade de consumo é uma montagem que consiste em que colhas tudo o que há ao teu redor para te preencher. O manifesto gerador propõe o contrário: tudo o que tu podes dar à sociedade, é a única coisa que pode nos salvar.

Como explicaria sua “modernidade líquida” – definição perfeita da sociedade pós-moderna, consumista e banal – a uma criança?

Ensinaria isto (Bauman pega um biscoito em forma de estrela) e diria: “Se isto fosse uma pedra, mesmo que eu a girasse, a virasse… não seria afetada por nada. Depois lhe mostraria este copo cheio de água e lhe diria: “isto, simplesmente decantando, vês?, se modifica”. E se agora não estivéssemos no Hotel Majestic, além disso, derramaria a água sobre a mesa…

Adiante, adiante.

Bom, bastaria para explicar a essa criança que a sociedade onde vive é flexível e extraordinariamente móvel. Antes, se você dava um soco na realidade, a realidade não se movia. Tente fazê-lo agora! Antes se sonhava poder trabalhar durante décadas na mesma fábrica, agora a Meca dos jovens é trabalhar no Vale do Silício… E, quando muito, ficam oito meses.

Quando analisa dois totalitarismos – o nazismo e o comunismo – conclui que os nazistas eram criminosos, mas não hipócritas. Executavam o que proclamavam. “O comunismo, ao contrário – acrescenta –, foi uma fortaleza de hipocrisia”. Já não é comunista, segue sendo de esquerda?

Sou socialista. Efetivamente, os nazistas eram transparentes: queriam infligir o mal e o fizeram. Sem espaço para dúvidas. O comunismo foi uma grande farsa, nos enganou. Albert Camus já chamou a atenção para esse fato: o comunismo é o mal sob slogans de ‘buenismo’. Por isso, nas fileiras comunistas surgiu a real rebelião intelectual.

O desencanto, então, foi consequência dessa grande farsa comunista?

Absolutamente. Trouxe a decepção e a dissidência. Igualdade? Bem, foram alcançadas algumas cotas. Mas, e a liberdade? Nada. E a fraternidade? Ainda menos! Essa foi sua grande contradição.

Publicado originalmente no La Vanguardia, Via Sinal da Fenix.

Zuzu Angel e o regime militar

Zuzu Angel e o regime militar

Numa época em que várias pessoas defendem o retorno do regime militar, revisitar fatos cruéis da ditadura brasileira passa a ser uma necessidade.

Nada mais oportuno do que resgatar a história de Zuzu Angel. A mãe que travou uma guerra contra os militares para ter o corpo do seu filho, torturado e morto, embalado em seus braços. Que a lembrança desse episódio criminoso nos faça valorizar, cada dia mais, a democracia em nosso país.

A história da famosa estilista Zuleika Angel Jones e do seu filho Stuart Angel Jones é muito bem retratada no filme Zuzu Angel, dirigido por Sérgio Rezende, numa bela interpretação de Patrícia Pilar e de Daniel de Oliveira.

Personagem histórica do Brasil na época da ditadura, Zuzu foi uma empresária famosa do mundo da moda, reconhecida internacionalmente. Foi também mãe do militante de esquerda Stuart Angel Jones, preso, torturado e dado como desaparecido político no regime militar brasileiro.

Focada em sua vida profissional, a relação entre Zuzu e o filho era bastante conflituosa, pois Stuart rejeitava com ardor o fato de a mãe não se interessar por política, nem pela situação que vivia o país na época e, ainda, por ela costurar, até mesmo, para as mulheres dos generais.

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Em 1971, a vida de ambos dá uma guinada. Stuart desaparece e Zuzu se transmuta na voz da mãe desesperada que deseja encontrar seu filho e, consequentemente, em mais uma voz contra as atrocidades da ditadura militar.

Stuart foi preso em 28 de setembro, no Rio de Janeiro. As torturas sofridas por ele foram contadas, em carta a Zuzu, pelo preso político Alex Polari de Alverga, que esteve detido na mesma unidade da Aeronáutica, na Base Aérea do Galeão. A carta narrava o seguinte:

“Em um momento retiraram o capuz e pude vê-lo sendo espancado depois de descido do pau-de-arara. Antes, à tarde, ouvi durante muito tempo um alvoroço no pátio do CISA. Havia barulho de carros sendo ligados, acelerações, gritos, e uma tosse constante de engasgo e que pude notar que se sucedia sempre às acelerações. Consegui com muito esforço olhar pela janela que ficava a uns dois metros do chão e me deparei com algo difícil de esquecer: junto a um sem número de torturadores, oficiais e soldados, Stuart, já com a pele semi-esfolada, era arrastado de um lado para outro do pátio, amarrado a uma viatura e, de quando em quando, obrigado, com a boca quase colada a uma descarga aberta, a aspirar gases tóxicos que eram expelidos.”

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O filme mostra, de forma exemplar, a vida da personagem antes e depois do desaparecimento do filho. O desespero, mesclado com força e coragem, a fez enfrentar as autoridades da época com fúria, travando uma verdadeira batalha contra os militares em busca do paradeiro do filho. Batalha esta que cruzou as fronteiras e foi estampada em diversos jornais estrangeiros.

A luta de Zuzu terminou em 14 de abril de 1976, com sua morte em um “acidente” de carro. Uma semana antes, ela havia deixado com Chico Buarque um documento em que dizia: “se eu aparecer morta, por acidente ou outro meio, terá sido obra dos assassinos do meu amado filho”.

Na cena final do filme, pode-se ouvir do carro de Zuzu a música de Chico Buarque, “Apesar de Você”, feita para criticar a ditadura. Neste momento, o militar que vai se certificar da sua morte, incomodado com o som, tenta desligar o toca-fitas, mas a música continua: “apesar de você, amanhã há de ser outro dia…”

Zuzu morreu sem velar o corpo do seu filho, que nunca foi encontrado. Chico Buarque, posteriormente, compôs “Angélica”, uma triste música em sua homenagem:
“Quem é essa mulher / que canta sempre esse estribilho / só queria embalar meu filho / que mora na escuridão do mar / Quem é essa mulher / que canta sempre esse lamento / só queria lembrar o tormento / que fez o meu filho suspirar / Quem é essa mulher / que canta sempre o mesmo arranjo / só queria agasalhar meu anjo / e deixar seu corpo descansar / Quem é essa mulher / que canta como dobra um sino / queria cantar por meu menino / que ele já não pode mais cantar”
A música “Angélica” descreve bem quem foi essa grande mulher. Uma mãe que só queria agasalhar seu anjo e deixar seu corpo descansar em paz.

Atualmente, existem comissões de familiares dos mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar do Brasil, cujo objetivo é divulgar as investigações sobre as mortes, a localização dos restos mortais das vítimas e identificar os responsáveis pelos crimes de tortura, homicídio e ocultação dos cadáveres de centenas de pessoas durante o regime que durou de 1964 a 1985.

São mães, pais, filhos e irmãos que ainda possuem a esperança de velar os restos mortais dos seus entes queridos, vítimas de um regime cruel e implacável que deve permanecer nas páginas cinzentas da história do Brasil para, assim, ensinar à juventude os valores preciosos da liberdade e da democracia.

Diante de toda a história que envolveu a ditadura, é espantoso e inacreditável ver, na televisão ou nas redes sociais, pessoas defendendo uma época que foi de trevas para povo brasileiro. É lamentável!

O filme de Rezende é de 2006, mas, diante da atual conjuntura, deveria ser revisto por todos aqueles que têm o despudor de levantar um cartaz pedindo a volta do regime militar.

Quando saímos da caverna e caímos no mundo

Quando saímos da caverna e caímos no mundo

Platão foi um grande filósofo e é dele o mito da caverna. De acordo com seu pensamento, nessa alegoria, nós seríamos como prisioneiros olhando para as paredes no fundo de uma caverna – cujo interior é iluminado por uma fogueira. E como tais, veríamos nas sombras projetadas nas paredes formas que para nós seriam tomadas como reais. Sobre elas nos debruçaríamos e por lá ficaríamos entretidos por, talvez, toda uma vida, acreditando serem as projeções a mais pura realidade.

Contudo se um dia um de nós se libertasse e caminhasse para fora da caverna, veria que as sombras projetadas eram de estátuas e que o mundo lá fora guardava a verdade e não a caverna, como pensávamos. A luz do sol, a natureza e todos os seres vivos nos encantariam e assim, dispostos, voltaríamos para a caverna para dividir a verdade com os nossos amigos prisioneiros, que certamente nos tomariam como loucos.

E essa caverna hipotética pode falar diretamente da nossa percepção acerca da vida e do mundo que nos cerca hoje. Dessa forma, pode existir em nosso viver um dia em que as engrenagens das coisas não rodem do jeito que sempre rodaram. Um dia em que o trabalho tão almejado já não realize mais, ou que a nossa casa pareça pequena e apertada para nós ou que o curso de graduação que escolhemos não nos toque como gostaríamos. Pode acontecer de acordarmos um dia e o nosso relacionamento não nos completar como no passado. Pode acontecer de vivermos um dia no qual a sombra das coisas deixe de nos apetecer.

Nesse momento, depois de um passeio além-mundo de projeções, ao decidirmos retornar à caverna e lá gastarmos nossa retórica, tentando conversar acerca da verdade e não da ideia de verdade que nos ensinaram, muitos pedirão que nos calemos, que fiquemos em nosso canto, falando apenas da superfície das coisas, como antes.

E eu na minha percepção de mundo arrisco dizer que, a quem passeou pelo exterior da caverna, se torna impossível aceitá-la novamente. Quem sai da caverna não consegue mais voltar a ela. Para quem sai da caverna, o “ficar lá dentro” passa a ser algo deveras doloroso. Quem vê a luz intensa do sol e depois volta para a escuridão, nota que a nova escuridão parece muito maior que a anterior.

Quem já não ouviu alguém dizer que ciclano ou fulano enlouqueceu e jogou tudo para cima?

Todos nós já ouvimos e vimos muitas pessoas deixarem um emprego rentável, pelo qual tanto lutaram, por uma carreira incerta. Muitos de nós vimos namoros serem desfeitos, namoros que antes pareciam perfeitos, porque um dia um dos enamorados acordou e viu que não era aquilo que realmente queria. Todos já conversamos com alguém que decidiu que determinado curso universitário não lhe era mais agradável.

Sair da caverna não é algo sossegado. Sair da caverna implica ver as coisas de outra forma, implica deixar as certezas por caminhos quase sempre incertos. Sair da caverna implica, muitas vezes, sentir dor, mas mesmo assim ser incapaz de ficar.

É inegável dizer que ficar na caverna é mais fácil e rotineiro, que ela, apesar de seus ideais monótonos, é mais segura, contudo a caverna passa a ser claustrofóbica para quem um dia tocou a luz da verdade.

No filme “Carol” há uma passagem em que a personagem Carol Aird conversa com a amiga Abby sobre tentar voltar para o casamento, assim como para suas convenções, mas de, no entanto, ser incapaz de suportar os compromissos como antes. Nesse ponto ela menciona o fato de não aguentar os mesmos almoços com geleias de tomate. Como se lhe fosse impossível engolir tais refeições. Nesse caso a personagem demonstra, de forma inconsciente, o fato de ser incapaz de degustar as situações incômodas como antes, no tempo em que não tinha saído da caverna.

Sair da caverna não quer dizer encontrar a felicidade, ser recebido com júbilo pelo mundo, ser compreendido. Comumente acontece o oposto, ao sair da caverna muitas vezes o que mais se encontra são pessoas a julgar e a buscar razões que se encaixem nas projeções da caverna.

Então aos nossos ouvidos chegam perguntas como: Mas por que se divorciou, se o cônjuge tudo lhe dava? Mas por que abandonou a casa confortável dos pais por um apartamento apertado e alugado em algum canto insalubre da cidade? Mas por que resolveu que a orientação sexual era outra se parecia animado com os namoros? Mas por que trocou a faculdade concorrida para viajar de mochila pelo mundo? Mas por que abandonou o emprego dos sonhos para abrir um negócio pequeno e incerto? Mas por que decidiu ser ou fazer isso ou aquilo se o status das coisas morava em outra parte?

A resposta para tudo isso tem a ver com a saída da caverna. Tem a ver com a busca pela felicidade. Tem a ver com a incapacidade de engolir a mentira quando da verdade um dia se alimentou.

O mundo não guarda certezas concretas e fórmulas irrefutáveis. O que há nele é um leque de escolhas a serem experimentadas. A vontade de experimentar a vida por si só é uma característica inerente daqueles que um dia se libertaram das pesadas amarras do sistema.

Existe sofrimento em ficar na caverna? Sim. Existe sofrimento em sair dela? Sim, também. Contudo é impossível diminuir de tamanho quando se ganha 5 cm em altura.

Acompanhe a autora no Facebook pela sua comunidade Vanelli Doratioto – Alcova Moderna.

Os 14 preceitos do ser integrado

Os 14 preceitos do ser integrado

O mestre zen, vietnamita, Thich Nhat Hanh, trouxe para o ocidente o termo “budismo engajado”. O termo refere-se a uma prática socialmente comprometida somada à observância de preceitos básicos do budismo. Abaixo, a relação feita pelo mestre zen, para a ética, o ativismo e a ação social:
1. Não seja idólatra por nenhuma doutrina, teoria ou ideologia, mesmo as budistas. Os sistemas de pensamento são meios de orientação; eles não são a verdade absoluta.

2. Não pense que o conhecimento que possui no presente é imutável, ou que ele é a verdade absoluta. Evite ser fechado e estar preso a opiniões presentes. Aprenda a praticar o desligar de pontos de vista a fim de estar aberto a receber os pontos de vista de outros. A verdade é encontrada na vida e não simplesmente no conhecimento de conceitos.

3. Não force os outros – incluindo crianças, por nenhum meio, a adotar os seus pontos de vista. Seja por meio de autoridade, ameaça, dinheiro, propaganda ou mesmo educação. Entretanto, através do diálogo compassivo, ajude os outros a renunciarem o fanatismo e o estreitar das ideias.

4. Não evite o sofrimento, não feche os seus olhos ao sofrimento. Não perca a consciência da existência do sofrimento na vida do mundo. Encontre maneiras de estar com aqueles que estão sofrendo, incluindo contato pessoal, visitas, imagens e sons. Por tais meios, lembre a si mesmo e aos outros à realidade do sofrimento no mundo.

5. Não acumule riqueza enquanto milhões passam fome. Não faça o objetivo da sua vida adquirir fama, lucro ou prazer sexual. Viva simplesmente e compartilhe seu tempo, energia e recursos materiais com aqueles que estão passando necessidades.

6. Não mantenha a raiva ou o ódio. Aprenda a penetrá-los e transformá-los enquanto eles ainda só existem como sementes na sua consciência.

7. Não se perca nas distrações à sua volta, mas continue sempre em contato com tudo o que é maravilhoso, refrescante e curativo dentro de si e ao seu redor. Plante sementes de alegria, paz e entendimento em si mesmo, a fim de facilitar o trabalho de transformação nas profundezas da sua consciência.

8. Não pronuncie palavras que podem criar discórdia e causar a quebra da comunidade. Faça todos os esforços para reconciliar as pessoas e resolver todos os conflitos, nem que sejam pequenos.

9. Não diga coisas falsas nem por interesse pessoal, nem para impressionar as pessoas. Não diga palavras que causam divisão e ódio. Não espalhe notícias que não sabe se são verdadeiras. Não critique ou condene coisas das quais não tem certeza. Fale sempre a verdade, de maneira construtiva. Tenha a coragem de levantar sua voz quando vir uma situação injusta, mesmo quando ao fazer coloca sua segurança em perigo.

10. Não use a comunidade religiosa para ganho ou lucro pessoal, e não transforme-a em um partido político. Uma comunidade religiosa, no entanto, deve tomar uma atitude clara contra a opressão e injustiça, e deve tentar mudar a situação sem se envolver em política partidária.

11. Não viva com uma vocação que é nociva aos seres humanos e à natureza. Não invista em companhias que privam outras pessoas da sua chance de viver. Selecione uma vocação que o ajude a realizar seu ideal de compaixão.

12. Não mate. Não deixe que outras pessoas matem. Encontre todos os meios possíveis de proteger a vida e impedir a guerra.

13. Não possua nada que deveria pertencer a outras pessoas. Respeite a propriedade dos outros, mas impeça os outros de lucrarem do sofrimento humano ou do sofrimento de outras espécies na Terra.

14. Não maltrate seu corpo. Aprenda a cuidar dele com respeito. Para preservar a felicidade, respeite os direitos e os compromissos dos outros. Preserve suas energias vitais (sexual, espiritual, respiração) para a realização de seu Caminho.

Por: Thich Nhat Hanh

Xampu para lavar almas

Xampu para lavar almas

Definitivamente seria uma invenção fantástica! Alma lavada, quem não gosta?

De alma lavada tudo fica leve, colorido, suave!

Justiça feita, um reconhecimento merecido, uma boa notícia, um pedido de desculpas aceito, notícias de alguém bem longe, um presente inesperado…

Para quem não espera mas aceita de bom grado, já é uma enorme lavada de alma. As ditas e esforçadas almas que tentam se manter normais.

Já as mais exigentes, as que enxergam o mundo como um servo cumpridor de suas vontades e caprichos, nada passa de simples obrigação. Nada toca, contagia, entusiasma.

Almas oleosas, sebosas, grudentas, seborreicas. Vivem se esgueirando nas lamentações e reclamações. Nada nunca estará bom ou agradável ou até mesmo aceitável.

Almas secas, ásperas, sem vida. Já tiveram seus dias sedosos, mas de tão maltratadas, amarradas e puxadas, resolveram deixar para trás o brilho da vida.

Almas escamosas, com caspas e feridas. Não conseguem se manter mais em unidade, se desfazem a cada mudança de tempo, de humor, de clima, de intenção.

Basta tocá-las para ficar com um pouco do que lhes cai, por todos os lados.

Almas calvas, esvaziadas, com profundos sulcos e vazios. Que não sabem quando tudo começou, mas que foram perdendo e perdendo, até que já não importa mais.

Para todo tipo de almas, um xampu que as lavasse. Mas não, não existe isso.

Mas é preciso lavar de algum jeito, para mudar, para limpar, para não deixar estragar, para salvar.

É preciso dar um jeito de higienizar a alma, desinfetar as lembranças, devolver a elasticidade às sensações, às esperanças, à vida que não quer se entregar.

Todo mundo merece, em algum momento da vida, uma boa lavada na alma. Aquele grito preso, aquela risada guardada, o alívio que arrepia, o soco no ar!

E se esse xampu não existe e jamais irá existir, que tratemos de arranjar uma solução para isso.

Que saibamos, com honestidade e clareza, classificar que tipo de alma estamos e o que conseguimos fazer para limpar e embelezar.

Sem essa de olhar para a alma do vizinho. A nossa própria já é motivo de muito trabalho e muita persistência para mantê-la tão limpa quanto queremos e podemos.

Alma é um negócio muito particular, cada um cuida da sua.

Não tem como emprestar o xampu.

NEURAS… aquilo que priorizamos, mas não deveriamos

NEURAS… aquilo que priorizamos, mas não deveriamos

No século VIII, um homem notável introduziu o budismo no Tibete. Seu nome era Padmasambhava, o Nascido do Lótus. Era também chamado de Guru Rinpoche. A lenda conta que, certa manhã, ele simplesmente apareceu sentado em um lótus, no meio de um lago. Diz-se que essa criança incomum nasceu totalmente desperta, sabendo, desde o primeiro momento, que os fenômenos — exteriores e interiores — não possuem nenhuma realidade. O que ele não sabia era como funcionavam os fatos da vida cotidiana. Era um menino muito curioso. Percebeu, desde o primeiro dia, que atraía a todos com seu brilho e beleza. Notou também que, quando estava alegre e bem-humorado, as pessoas ficam felizes e o cobriam de elogios. O rei desse país ficou tão cativado por essa criança que levou Guru Rinpoche para viver em seu palácio e o tratava como filho.

Então, um dia, o menino foi brincar no alto do palácio, levando consigo os instrumentos rituais do rei: um sino e um cetro de metal chamado vajra. Feliz, dançava por ali, fazendo soar o sino e girando o vajra. Então, como grande curiosidade, atirou-os no espaço. Eles caíram rua abaixo, sobre a cabeça de duas pessoas que passavam, matando-as imediatamente. O povo daquele país sentiu-se tão ultrajado que exigiu que o rei expulsasse Guru Rinpoche. Nesse mesmo dia, sem bagagem ou alimento, ele saiu sozinho para a floresta.

Essa criança curiosa havia aprendido uma poderosa lição sobre o funcionamento do mundo. A história conta que esse breve mas vívido encontro com o elogio e a culpa era tudo de que precisava para compreender o movimento do samsara( ilusão) na vida cotidiana. A partir desse momento, abandonou a esperança e o medo, e trabalhou com entusiasmo para despertar os outros.

Também podemos viver assim. Em tudo que fazemos, podemos explorar esses pares opostos tão familiares. Em vez de cair automaticamente nos padrões habituais, podemos começar a perceber como reagimos quando alguém nos faz um elogio. Como reagimos quando alguém nos culpa? Como reagimos quando perdemos alguma coisa? E quando achamos que ganhamos algo? Quando sentimos prazer ou dor, isso é simples? Apenas sentimos prazer ou dor? Ou existe todo um roteiro que se desenrola paralelamente?

Em primeiro lugar, gostamos do prazer e somos apegados a ele. Ao contrário, não gostamos da dor. Em segundo lugar, gostamos de louvores e somos atraídos por eles. Tentamos evitar a crítica e a culpa. Em terceiro, gostamos de prestígio e damos valor a ele. Não gostamos da desonra e tentamos evitá-la. Finalmente, somos apegados ao ganho, a conseguir aquilo que desejamos. Não gostamos de perder o que possuímos.

De acordo com esse ensinamento muito simples, estar imerso nesses quatro pares de opostos — prazer e dor, perda e ganho, prestígio e desonra, louvor e culpa — é o que nos mantém presos ao sofrimento do samsara (ilusão).

Sempre que nos sentimos bem, nossos pensamentos são geralmente sobre os aspectos de que gostamos — louvor, ganho, prazer e prestígio. Quando nos sentimos insatisfeitos, irritados e fartos, nossos pensamentos e emoções estão, provavelmente, girando em torno de algo como dor, perda, desonra e culpa.

Vamos tomar o louvor e a culpa. Alguém chega até nós e diz: “Você está velho”. Se acontece de querermos ser velhos, vamos nos sentir muito bem. Ouvimos isso como elogio, sentimos grande prazer e um sentimento de ganho e prestígio. Entretanto, imagine que passamos o ano inteiro obcecados pela idéia de nos livramos de nossas rugas e de termos uma linha do queixo mais firme. Quando alguém diz “Você está velho”, encaramos isso como um insulto. Acabamos de ser criticados e experimentamos um sentimento de dor correspondente.

Mesmo se pararmos agora de falar sobre esse ensinamento específico, já é possível perceber que muitas de nossas variações de humor estão relacionadas com a maneira pela qual interpretamos o que acontece. Se olharmos atentamente para as alterações de nossos estados de espírito, veremos que sempre existe algo que as desencadeia. Carregamos uma realidade subjetiva que está continuamente fazendo disparar reações emocionais. Alguém diz “você está velho” e entramos em um estado mental específico — de alegria ou tristeza, de encanto ou aborrecimento. Para outra pessoa, a mesma experiência pode ser completamente neutra.

Palavras são faladas, cartas são recebidas, telefonemas são dados, o alimento é ingerido, as coisas acontecem ou não acontecem. Acordamos pela manhã, abrimos os olhos e as situações sucedem-se o dia todo, até que vamos dormir novamente. Mesmo durante o sono, muita coisa acontece. Durante toda a noite, encontramos as pessoas e situações de nossos sonhos. Como reagimos ao que ocorre? Somos apegados a determinadas experiências? Rejeitamos ou evitamos outras? Quanto somos fisgados pelos oito dharmas materiais?

A ironia está no fato de que somos nós mesmos que os construímos, por meio de reações ao que nos acontece. Eles não são concretos em si mesmos. Mais estranho ainda é o fato de também não sermos tão sólidos assim. Temos um conceito a respeito de nós mesmos que reconstruímos momento a momento e tentamos proteger por reflexo. Entretanto, esse conceito que estamos protegendo é questionável. É tudo “muito barulho por nada” — como empurrar e puxar uma ilusão que se desfaz.

Podemos achar que, de algum modo, devemos tentar erradicar esses sentimentos de prazer e dor, perda e ganho, louvor e culpa, prestígio e desonra. Entretanto, seria uma abordagem mais realista tentar conhecê-los, ver como eles nos fisgam, observar como colorem nossa percepção da realidade, perceber que não são assim tão sólidos. Então, os oito dharmas materiais se transformariam em meios para nos tornarmos mais sábios, bondosos e felizes.

Quando nos tornamos inquisitivos sobre esses fatos, olhamos para eles, vemos quem somos e o que fazemos com a curiosidade de uma criança, aquilo que parecia um problema transforma-se em fonte de sabedoria. Estranhamente, essa curiosidade começa a cortar pela raiz o que chamamos de sofrimento do ego ou egocentrismo e enxergamos com mais clareza. Normalmente, somos levados por eles em qualquer dessas direções, reagimos com nosso estilo habitual e nem ao menos percebemos o que está acontecendo. Antes de nos darmos conta, já escrevemos uma novela sobre os grandes erros de alguém, sobre nossos grandes acertos, ou sobre nossas justas razões para conseguir isso ou aquilo. Quando começarmos a compreender esse processo como um todo, ele se torna muito mais leve.

Somos como crianças construindo um castelo de areia. Nós o enfeitamos com lindas conchas, pedaços de madeira e caquinhos de vidro colorido. O castelo é nosso, sabemos que, inevitavelmente, ele será levado pela maré. O truque está em desfrutar dele ao máximo, sem se apegar e, quando chegar uma onda, deixar que ele se dissolva no mar.

Permitir que as coisas se dissolvam é, às vezes, chamado de desapego, mas sem a qualidade fria e distante que freqüentemente se associa a essa palavra. Neste caso, o desapego inclui mais bondade e profunda intimidade. Na verdade, é um desejo de conhecer semelhante à curiosidade de uma criança de três anos. Queremos conhecer nossa dor para podermos parar de fugir interminavelmente. Querer conhecer nosso prazer para podermos parar de agarrar continuamente. Então, de algum modo, nossas perguntas tornam-se mais amplas e nossa curiosidade, mais vasta. Queremos entender a perda, de modo que possamos compreender os demais quando sua vida desmorona. Queremos entender o ganho, para que possamos compreender outras pessoas quando estão encantadas ou quando se tornam arrogantes, empolgadas e envaidecidas.

Quando nos tornamos mais perspicazes e compassivos diante de nossas próprias dificuldades, espontaneamente sentimos mais ternura pelos outros seres humanos. Ao conhecer nossa própria confusão, ficamos mais dispostos e capazes para colocar a mão na massa e tentar aliviar a confusão dos outros. Se não olharmos para a esperança e o medo, observarmos os pensamentos que surgem e a reação em cadeia que se segue — se não nos treinarmos para ficar sentados, unidos a essa energia, sem sermos tomados pelo drama —, vamos sempre sentir medo. O mundo em que vivemos, as pessoas que encontramos, os seres que surgem no vão da porta — tudo vai se tornar cada vez mais ameaçador. Portanto, começamos simplesmente olhando para nossos próprios corações e mentes. Provavelmente, começamos a olhar porque nos sentimos inadequados ou estamos sofrendo e queremos entrar nos eixos. Gradualmente, entretanto, nossa prática evolui. Começamos a compreender que, assim como nós, outras pessoas estão também sendo fisgadas pela esperança e medo. Por toda parte, vemos a angústia causada pela crença nos oito dharmas materiais. Fica também bastante óbvio que as pessoas precisam de ajuda e que não há como ajudar alguém sem antes começar consigo mesmo.

Nossa motivação para a prática começa a mudar e desejamos nos tornar mais suaves e sensatos pelo bem de outras pessoas. Ainda desejamos ver como nossa mente funciona e como somos seduzidos pelo samsara( ilusão), mas não mais apenas por nós mesmos. Passa a ser por nossos companheiros, filhos, chefes — pelo dilema humano em sua totalidade.

Pema Chödrön, no livro “Quando tudo se desfaz”. Via Sinal da Fenix

É impossível evoluir com os olhos vendados

É impossível evoluir com os olhos vendados

Não há nenhuma facilidade para quem se atreve a questionar o que pensa; o que veste; o que fala; o que omite; o que consome; o que oferece. Refletir é, por si só, um ato de coragem. Ir vivendo e tocando a vida, deixando a correnteza fazer suas escolhas aleatórias é demasiado tentador. Sobretudo porque, o simples ato de pensar tira de nós a anestesia tão bem-vinda nesse mundo turbulento. Pensar é para quem tem coragem de cutucar com vara curta e frágil a sedutora comodidade de não se comprometer.

Compromisso é o nome que se dá ao ato de assumir a responsabilidade pelas escolhas feitas. E, é bom que tenhamos sempre em mente que, mesmo quando não escolhemos (ou, principalmente quando não escolhemos), estamos firmando uma posição. Afinal, o que pode ser mais arriscado que permitir a alguém ou a qualquer circunstância que faça escolhas em nosso nome?

Verdade seja dita, é muito mais fácil e seguro pegar emprestadas ideologias e discursos alheios; passar por sobre eles uma boa maquiagem; remodelar a formatação e sair por aí defendendo ideias prontas que parecem ter algum sentido ou vir ao encontro daquilo que nos parece familiar. Ouvir da boca do outro, palavras que parecem fazer coro com nossas necessidades, fornecem uma ilusão morna e acolhedora que nos faz relaxar por alguns instantes; que nos tira do sobressalto da urgência de tomar uma atitude, qualquer atitude.

Atitude é aquela ação mais agressiva e bem menos protegida que exige de nós que mostremos afinal a nossa cara; que coloquemos em cima da mesa apenas as cartas que temos, mesmo que sejam cartas repetidas, sem valor para virar o jogo. Atitude requer de nós a hombridade de só transformar em verbo o que formos capazes de honrar em ações. Atitude é, também, admitir que não se sabe tudo; que se tem mais perguntas que respostas; que estamos tão perplexos diante do cenário que se apresenta, que será preciso algum tempo, até que nos tornemos capazes de apresentar alguma alternativa, proposta ou sugestão. Ter atitude exige de nós algo muito mais profundo e orgânico do que simplesmente criticar.

O mundo é esse lugar aqui, não é lá fora, nem lá longe. O mundo é antes desenhado dentro de cada um de nós. Parte das nossas mais recolhidas esperanças e desejos é a sua manifestação. O mundo, é esse chão que você pisa. E que muitas vezes, nem é o chão que se projeta sob os seus pés; é o corpo, a alma e a vida de um irmão; que, de tão esquecido e invisível, misturou-se com a poeira que você carrega debaixo do seu sapato. O mundo é esse ar que nos envolve e que nos falta, na hora do medo; na hora da dor e na hora do prazer. O mundo é a minha, a sua, a nossa cara de paisagem diante das inúmeras contradições que nos assolam a cada instante. Porque se a gente for pensar, de verdade, com a crueza necessária para nos fazer sair dessa poltrona fofa e confortável que é a nossa vida, talvez o que nos reste seja ser tragado pela loucura.

O mundo é a montanha que virou buraco e a cidade que virou lama em Minas Gerais. O mundo é a incongruência de ter de admitir que sem a indústria que explora e destrói, a cidade destruída não consegue se reerguer. Porque a mesma mão que alimenta e sustenta, bate com força na cara daqueles que não têm a moeda do poder. O mundo é essa maravilhosa discrepância graças à qual ainda há milhares de nós que não se conformam, não ficam lambendo os próprios umbigos e arregaçam as mangas para agir segundo um pensamento tão inusitado quanto lógico: assumir que errar é coisa de todo dia; acertar é só para quem se arrisca e o risco só vale à pena se não for apenas uma manobra de vaidade e exposição.

É a nossa insignificante existência e pequenez diante do universo que há de nos colocar de joelhos diante da nossa imensa falta de integridade; e há de nos colocar de pé, diante da audaciosa decisão de romper o ciclo. É a nossa consciência há tanto adormecida que há de nos despertar e de nos fazer gritar, mais com paixão do que com barulho um sonoro “BASTA”! Basta de fazer de conta que não somos sustentados por um modelo ultrapassado de consumo predatório. Basta de fechar os olhos às “pequenas irregularidades” que nos favorecem porque “não é isso que vai mudar o mundo”. Basta de clamar pelo fim da impunidade e parar o carro na fila dupla, torcendo para não ser pego pelo agente de trânsito. Basta de aceitar como fatalidade as consequências de modelos administrativos historicamente corruptos. Basta de assumir a simples e patética postura de se embrulhar numa bandeira e achar que isso vai resolver alguma coisa. O mundo é como é e está como está porque nós estamos muito mal-acostumados a abrir os olhos apenas para aquilo que nos interessa, nos dá notoriedade ou afeta diretamente. O fato é que corremos o risco de uma hora dessas abrirmos os olhos e não termos mais absolutamente nada para ver.

Estudar filosofia faz com que o desempenho escolar das crianças melhore, sugere pesquisa

Estudar filosofia faz com que o desempenho escolar das crianças melhore, sugere pesquisa

Filosofia é o tipo de matéria com a qual a maioria de nós só entra em contato na faculdade. No entanto, um estudo realizado por uma entidade britânica revela que, quanto antes tivermos aulas de filosofia, melhor. Isso porque tais ensinamentos podem fazer com que o desempenho das crianças na escola melhore.

O estudo conduzido pela Education Endowment Foundation (EEF) avaliou os resultados do Philosophy for Children (P4C), um programa cujo objetivo é ensinar o básico de filosofia às crianças. O projeto é utilizado por algumas escolas da Inglaterra e, sua implementação, segundo o The Conversation, tem relação com a melhora do desempenho dos alunos em matérias como matemática e leitura.

O programa foca menos em filósofos específicos e mais na capacidade das crianças de realizarem questionamentos. Elas são estimuladas a participar de discussões, levantando questões como “Será que um coração saudável deveria ser doado para uma pessoa que não cuida de si mesma?” e “É aceitável que as pessoas usem símbolos religiosos no ambiente de trabalho?”.

A EEF analisou os dados de 48 escolas primárias e 1,5 mil estudantes que tiveram as aulas de filosofia, além de outros 1,5 mil que não receberam as aulas no mesmo período, mas no ano seguinte. De acordo com a pesquisa, as crianças que tiveram as aulas primeiro mostraram uma melhora em seus desempenhos quando comparadas às que ainda não tinham contato com filosofia na época.

Os professores também perceberam essa melhora. “O feedback dos professores ao longo dos testes sugere que as sessões de filosofia criaram uma oportunidade de fazer com que os alunos se engajassem e desenvolvessem uma nova forma de pensar, ouvir, falar e argumentar na escola”, explicam os pesquisadores. Eles afirmam que perceberam que as crianças se tornaram mais confiantes e pacientes ao participar dessas atividades.

Os dados indicam ainda que os estudantes mais pobres foram os que mostraram maior progresso durante esse processo. A implementação do programa custa cerca de 30 libras (R$ 156) por criança, com benefícios incríveis.

Fonte indicada: Galileu

10 das melhores frases de Jorge Luis Borges

10 das melhores frases de Jorge Luis Borges

“Não fale a menos que possa melhorar o silêncio.”

“Sempre imaginei que o paraíso fosse uma espécie de biblioteca.”

“Quando nossas ideias se chocam com a realidade, o que tem de ser revisado são as ideias.”

“Não odeies o teu inimigo, porque, se o fazes, és de algum modo o seu escravo. O teu ódio nunca será melhor do que a tua paz.”

“Felizes os valentes, os que aceitam com mesmo ânimo a derrota ou os aplausos.”

“Publicamos para não passar a vida a corrigir rascunhos. Quer dizer, a gente publica um livro para livrar-se dele.”

“Sem leitura não se pode escrever. Tampouco sem emoção, pois a literatura não é, certamente, um jogo de palavras. É muito mais. Eu diria que a literatura existe através da linguagem, ou melhor, apesar da linguagem.”

“Assinei tantos exemplares de meus livros que, no dia em que eu morrer, o que não tiver a minha assinatura terá um grande valor.”

“O casamento é um destino pobre para uma mulher.”

“Quando penso no que eu perdi, eu pergunto: Quem se conhece melhor do que o cego?”

“Somos todos semelhantes à imagem que os outros têm de nós.”

INDICADOS