Britânico de 15 anos cria teste que detecta Alzheimer 10 anos antes dos primeiros sintomas

Britânico de 15 anos cria teste que detecta Alzheimer 10 anos antes dos primeiros sintomas

O britânico Krtin Nithiyanandam, estudante da cidade de Epsom, Surrey, tem apenas 15 anos, mas já conseguiu criar um teste que consegue identificar a presença do Alzheimer no cérebro até 10 anos antes dos primeiros sintomas aparecerem.

O jovem criou um anticorpo que, ao ser injetado no sangue, funciona como cavalo de Tróia, que vai penetrando no cérebro e ligando-as às proteínas neurotóxicas que compõem o primeiro estágio da doença.

O grande trunfo é que esses anticorpos trazem consigo partículas fluorescentes, tornando possível enxergar a presença das proteínas ligadas ao Alzheimer mediante uma ressonância magnética. O mesmo estudo também traz uma alternativa terapêutica, já que o anticorpo tem a capacidade de combater a doença.

“As principais vantagens do meu teste estão relacionadas à possibilidade de ele ser usado para diagnosticar a doença de Alzheimer antes de os sintomas se manifestarem, focando-se nas mudanças patofisiológicas, algumas das quais podem ocorrer uma década antes dos sintomas”, afirmou Nithiyanandam ao Telegraph.

O projeto está concorrendo ao Google Science Fair Prize, um concurso mundial voltado a adolescentes de até 18 anos que desenvolvem projetos científicos inovadores.

90 países participam. O estudante Krtin Nithiyanandam é um dos finalistas e, se ganhar, receberá uma bolsa de estudos para dar continuidade ao teste.

Post originalmente publicado no Só Notícias Boas, via Razões para Acreditar.

10 filmes espiritualistas que vão te fazer sentir…e pensar.

10 filmes espiritualistas que vão te fazer sentir…e pensar.

Por Josie Conti

Será que existe algo além do que podemos ver?

Os filmes abaixo possuem conteúdo espiritualista e nos fazem pensar sobre o que existe para além da morte.

A lista, reforço, refere-se a filmes espiritualistas, e não espíritas. Todo filme espírita é espiritualista, mas nem todo filme espiritualista é espírita.

“Espiritualista como o próprio Allan Kardec nos ensina é quem quer que acredite haver em si alguma coisa mais do que matéria, como a alma por exemplo. Espírita é quem tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível.” O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.

No final do artigo deixo também algumas dicas de filmes com conteúdo espírita mais fiel.

1- Minha vida na outra vida (Marcus Cole, 2006)

Pela primeira vez na história, um filme retrata, com fidelidade, lógica e respeito, a reencarnação, tema de interesse de milhões de pessoas em todo o mundo. Baseado em fatos reais relatos no livro autobiográfico de Jenny Cockell, Minha Vida na Outra Vida conta a história de Jenny, uma mulher do interior dos Estados Unidos, que tem visões, sonhos e lembranças de sua última encarnação, como Mary, uma mulher irlandesa que faleceu na década de 30. Intrigada, Jenny sai em busca de seus filhos da vida passada. Tem início uma jornada emocionante. Jenny é magistralmente interpretada pela renomada atriz Jane Seymour, de Em Algum Lugar do Passado. Só, que desta vez, não se trata de ficção, mas de realidade.

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2- As cinco pessoas que você encontra no céu (2004)

Eddie era um jovem que cresceu em meio a guerras, trabalho árduo e uma educação rígida. No dia em que completa 83 anos, ele sofre um acidente no parque de diversões onde trabalhou a vida inteira. Quando ele se dá por si, tudo o que ele sente é que passou uma vida sem propósito, sem rumo….E o que se sucede é uma revisitação de sua vida por 5 pessoas, umas que ele conhece, outras que ele não tinha a menor ideia de quem eram, mas cujas vidas estavam de alguma forma ligadas à dele. Cada uma dessas pessoas revê com Eddie uma passagem de sua vida, resolvendo antigos mistérios, dissolvendo antigas mágoas, revivendo antigos amores. A cada experiência fica mais claro a grande importância de Eddie na vida de milhares de pessoas sem que ele se desse conta, provando que cada vida está ligada a outra de formas que muitas vezes não entendemos.

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3- Os outros (Alejandro Amenábar, 2001)

Durante a 2ª Guerra Mundial, Grace (Nicole Kidman) decide por se mudar, juntamente com seus dois filhos, para uma mansão isolada na ilha de Jersey, a fim de esperar que seu marido retorne da guerra. Como seus filhos possuem uma estranha doença que os impedem de receber diretamente a luz do sol, a casa onde vivem está sempre em total escuridão. Eles vivem sozinhos seguindo religiosamente certas regras, como nunca abrir uma porta sem fechar a anterior, mas quando eles contratam empregados para a casa eles terminam quebrando estas regras, fazendo com que imprevisíveis consequências ocorram.

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4- O Mistério da Libélula (Tom Shadyac, 2002)

Joe Darrow (Kevin Costner) é um médico que ficou viúvo recentemente e acredita que sua falecida esposa, Emily (Susana Thompson) esteja tentando falar com ele do mundo dos mortos, usando para isso pacientes que estejam à beira da morte. Além disto, Joe passa a ser perseguido por estranhas e misteriosas libélulas, que o fazem se lembrar cada vez mais da falecida esposa.

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5- A casa do lago (Alejandro Agresti, 2006)

Kate Forster (Sandra Bullock) é uma médica solitária, que morava em uma casa à beira de um lago. Hoje esta casa é ocupada por Alex Wyler (Keanu Reeves), um arquiteto frustrado. Kate passa a trocar cartas com Alex, com quem mantém um relacionamento à distância por 2 anos. É quando, ao se descobrirem apaixonados um pelo outro, eles buscam um meio de se encontrar.

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6- Amor além da vida

Em “Amor Além da Vida”, o céu não é simplesmente um espaço branco e cercado por nuvens. É, então, em um cenário que lembra os traços de uma pintura fresca para onde Chris Nielsen (Robin Williams) vai após sua morte. Tudo perfeito, até ficar sabendo que sua mulher, Annie (Annabella Sciorra), não aguentou a dor de ficar sozinha e se matou. Como suicida, ela é enviada a um local obscuro, distante dele, e não será mais capaz de reconhecê-lo caso o encontre. Mas isso não o impede de ir atrás de seu grande amor.

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7- Ghost – Do Outro Lado da Vida

“Ghost – Do Outro Lado da Vida”, que ganhou o Oscar de melhor roteiro original e melhor atriz coadjuvante, encanta até mesmo quem não é adepto do espiritismo. O longa conta a história de amor do casal Sam (Patrick Swayze) e Molly (Demi Moore) que vivem juntos na cidade de Nova Iorque. Após um assalto, Sam acaba morto, mas permanece como fantasma na terra e mantém contato com Molly através de uma falsa médium.

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8- Passageiros (Rodrigo Garcia, 2009)

Claire Summers (Anne Hathaway) é uma jovem terapeuta designada por Perry (Andre Braugher), seu mentor, a dar orientação psicológica aos cinco sobreviventes de um terrível acidente aéreo. Ela enfrenta problemas ao ser confrontada por Eric (Patrick Wilson), que recusa sua ajuda e usa o acidente para tentar cortejá-la. Isto faz com que, paralelamente, Claire lute contra as iniciativas de Eric e os demais pacientes enfrentem dificuldades com as lembranças do acidente, distintas das explicações oficiais fornecidas pela companhia aérea.

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9-Um olhar do Paraíso (2009)

Após ser brutalmente assassinada aos 14 anos, Susie Salmon (Saoirse Ronan) continua preocupada em cuidar da sua família. Presa em um espaço entre o céu e o inferno, ela precisa lidar com um paradoxo de sentimentos: o desejo de vingança contra seu assassino e a vontade de ver sua família seguir com a vida em frente e superar sua morte traumática.

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10- Além da Eternidade (1989)

Neste filme de Steven Spielberg, Pete Sandich (Richard Dreysfuss) é um piloto que costuma abusar da sorte com manobras arriscadas. Em uma de suas missões, após salvar seu melhor amigo, seu avião pega fogo e explode. Morto, ele encontra um anjo, que explica que a sua função agora é justamente ajudar outros pilotos quando eles mais precisarem, como uma espécie de anjo da guarda.

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DICAS EXTRAS:

1- Na Netflix você encontrará “Os outros”, “O Mistério da libélula”, “Amor além da vida”, “Passageiros” e “Um olhar do Paraíso”.

2- Mais alguns filmes que poderiam ter entrado na lista acima são: Sexto Sentido, Cidade dos Anjos, A espera de um Milagre, A Casa dos Espíritos e “Encontro Marcado”.

3- Há também uma série com 5 temporadas chamada Ghost Whisperer com a atriz Jennifer Love Hewitt.

4-Abaixo, uma sequência de filmes com conteúdo Espírita mais fiel. Tenho certeza que os leitores poderão dar mais exemplos nos comentários.

São eles: Nosso Lar, Chico Xavier, Bezerra de Menezes: O Diário de um Espírito, E a vida continua, Causa e Efeito, O filme dos espíritos, JOELMA, 23º ANDAR.

Trocando de janela

Trocando de janela

por Fernanda Pompeu

A maioria de nós acredita que mudar é bom. Pois faz parte da dinâmica da própria vida. Somos uma sucessão de outros: a senhora é a outra da jovem que é a outra da menina. No entanto, tenho observado que a velocidade das mudanças varia. Sinto que mudamos antes que as pessoas a nossa volta percebam. Tanto que, algumas vezes, tenho que gritar: Mas eu mudei, não sou a mesma Fernanda que você conheceu!

Tenho um amigo que foi designer gráfico por mais de 20 anos. Uma manhã, ele despertou com a decisão de se tornar um iluminador. Queria trocar as formas no papel pelas formas de luz e sombra. Estudou, estagiou, foi ao mercado. Já iluminou algumas peças teatrais. Mas o celular dele continua tocando com gente atrás do diagramador de livros. Outro dia, ele ouviu a seguinte explicação: “É mesmo! Você disse que mudou de ramo. Mas estou tão acostumado com você designer, que é difícil vê-lo como iluminador”.

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imagem Régine Ferrandis

O que nos cega para o quanto o outro mudou é a mania de carimbarmos as pessoas. Fulano é assim. Sicrana é assado. Fulano é jardineiro. Sicrana é cozinheira. Se eles resolverem trocar de ofício terão que trabalhar dobrado. Primeiro: para conhecer e se adaptar à nova escolha. Segundo: para convencer amigos, familiares, clientes de que mudaram. E que podem ser eficientes, até excelentes, nas recentes atividades.

Mesmo os famosos – cujas vidas são monitoradas e publicitadas – são carimbados. É o caso do Chico Buarque escritor. Quantos, inclusive eu mesma, perguntam: Por que um músico e letrista maravilhoso se meteu a escrever romances? Por que o cara que fez clássicos do cancioneiro se aventura no fechado e maldoso mundo da literatura? Uma vez questionado, ele respondeu: “Porque eu quis mudar”.

Neste feriado prolongado, em que tive tempo para dar tratos à bola, resolvi refletir acerca da mania geral de pôr etiquetas nas pessoas, como se elas fossem fotografias legendadas. E o quanto tal prática é prejudicial a quem está mudando. E o quanto, também, faz a gente perder oportunidades.

Outro domingo fui furar a parede do meu banheiro para pregar um espelho. Desastre. Acertei um cano e a água esguichou como se o Cantareira estivesse com 100% da capacidade. Fechei o registro. Para quem ligar num domingo? Chequei minha agenda e só tinha o número do chaveiro. Telefonei na esperança que ele me desse uma indicação. Daí ouvi: “Eu posso ir. Deixei de ser chaveiro, hoje sou encanador. Aliás já havia avisado, mas a senhora na certa esqueceu”.

Blade Runner: o que é ser humano?

Blade Runner: o que é ser humano?

A poluição e o consumismo exacerbado criam uma sociedade com problemas climáticos, em que a chuva e o cinza se fazem presentes quase o tempo inteiro, superlotada, suja e com enormes discrepâncias sociais. Essa é a realidade projetada para o ano de 2019, pelo filme “Blade Runner”, de Ridley Scott, inspirado no livro “Do androids dream of electric sheep?”, do escritor americano Philip K. Dick.

Nesse futuro distópico, são criados robôs mais fortes e ágeis que os seres humanos e equiparados a estes em inteligência. Esses robôs são chamados de replicantes e eram utilizados em outros planetas para exploração ou povoamento. No entanto, quando um grupo de replicantes mais evoluídos provoca um motim, em uma colônia fora da Terra, eles se tornam ilegais no nosso planeta, sob pena de morte. A morte deles fica a cargo de uma força especial da polícia – os Blade Runners – na qual se encontra Rick Deckard (Harrison Ford).

A trama gira em torno da perseguição de Deckard a um grupo de replicantes, liderados por Roy Batty (Rutger Hauer). Todavia, o filme é muito mais do que uma perseguição entre Deckard e os replicantes ou uma luta entre homens e máquinas. A obra discute o que é ser humano, isto é, o que define o homem enquanto homem?

Os replicantes são vistos como seres inferiores, incapazes de desenvolver suas próprias emoções e memórias. Essa visão pode ser alargada para a forma como o homem, ao longo da história, lida com a natureza, sempre a vendo como algo a ser explorado e dominado, como algo inferior. Assim, diante da sua suposta proeminência, o homem desrespeita a natureza, utilizando-a de forma gananciosa e estúpida, o que, por sua vez, gera suas consequências, como as demonstradas no filme, em que raramente vemos o sol ou algo limpo.

Sendo assim, já se torna questionável a superioridade do homem e aquilo que o define como sendo melhor que os replicantes. Essa incapacidade de desenvolverem emoções e memórias próprias e, por conseguinte, laços afetivos, é totalmente contraditória ao que percebemos no comportamento dos replicantes, a forma como se tratam e a relação de verdadeiro afeto que possuem. De forma oposta, não é perceptível essa humanidade nos próprios homens, que se comportam de forma fria e objetiva. Esse paralelo também faz parte da sociedade contemporânea, pois, na medida em que a tecnologia tem se humanizado, nós temos nos desumanizado.

Esse paradoxo entre seres humanos desumanizados e máquinas humanizadas, apresentado no filme, faz-nos refletir sobre a questão já mencionada, em relação ao que define o “ser” humano. A própria incógnita sobre a natureza de Deckard, ou seja, se ele é ou não um replicante, apresenta-se como uma metáfora para demonstrar a complexidade sobre a definição desse “ser” humano. Os replicantes demonstram sentimentos que não percebemos nos homens da trama, bem como dificilmente temos percebido na nossa sociedade.

Obviamente, hoje, ainda não possuímos máquinas como os replicantes, mas isso pouco importa em face da problemática desenvolvida, em que, ao compararmos o comportamento dos replicantes com os humanos, percebemos o quão distante estamos da essência que define algo como sendo humano. A falta de amor, de compaixão, de respeito, que se tornaram estandartes da sociedade contemporânea, faz-nos perceber que estamos muito mais próximos de autômatos, vivendo vidas robotizadas e controladas, sem a menor capacidade de olhar para o outro e com ele fincar raízes, do que humanos.

No filme, ao contrário disso, percebemos sentimentos vivos nos replicantes, sobretudo, quando Roy, tendo oportunidade de matar Deckard, que até ali o perseguia, em um ato de compaixão, deixa-o viver. Assim como, na mesma cena, Roy desabafa sobre a sua angústia em saber se o que vivera, tudo o que vira e sentira, seria apagado quando se fosse, como se fossem lágrimas na chuva, ou seja, urge a sua angústia diante da finitude da vida, que é um dos traços mais importantes do ser humano.

A obra cinematográfica traz várias discussões importantes, como a desorganização social, a poluição e o caos urbano, provocados pelo próprio homem, como já citei. Mas, acima de tudo, critica-se o modo como o homem tem lidado com ele mesmo, isto é, como nós, enquanto seres humanos, temos nos olhado e nos relacionado.

Perdemos a nossa subjetividade, comportamo-nos de forma padronizada, somos destituídos de amor e de qualquer capacidade de ter um relacionamento que vá além da página três, de modo que esquecemos o significado do que é ser humano. Ao esquecermos isso, também esquecemos, como bem lembra Roy, que, um dia, as nossas lembranças se esvairão como lágrimas na chuva e, quando isso acontecer, é bom que tenhamos lembranças bonitas como as de Roy, para que, como verdadeiramente humanos, possamos ter lágrimas para chorar, ao invés de ter apenas água caindo sobre corpos que, embora orgânicos, são totalmente ocos.

O olhar poético nos filmes de 2016

O olhar poético nos filmes de 2016

Este ano, ao acompanhar os filmes em cartaz nos cinemas, venho notando certos temas em alta nos roteiros. Num primeiro momento notei em comum temas como: discussão de gênero, abordagens sobre o posicionamento da mulher na família, sociedade, sobre a coragem feminina em romper culpas e deveres impostos por uma sociedade atrasada e masculina, e a força da mesma ao desconstruir valores (às vezes até dentro de si mesma) e procurar novas formas de expressão e atuação social. São filmes como ‘Carol’, ‘Joy’, ‘As Sulfragistas’, ‘Freeheld’

Mas, além do tema feminino/feminista, uma coisa que me chamou a atenção em muitos desses filmes que assisti foi a questão do olhar narrativo. E com isso quero dizer, a escolha dos diretores em abordarem as histórias por focos nada óbvios e convencionais e um tanto poéticos. Não quero generalizar, mas dois filmes que me emocionaram e que eu notei bem isso foram: ‘Carol’ e ‘O Quarto de Jack’.

Em ‘Carol’, o filme muito mais do que contar a história da mulher madura, rica, sofisticada, mãe de família que se apaixona por uma simples e jovem vendedora de uma loja de brinquedos e mostrar os acontecimentos e percalços de uma viagem que as duas empreendem juntas, talvez não como tentativa de fuga, mas de descoberta (cada uma de si mesma), e muito mais do que focar na questão da homossexualidade, e do feminismo; o filme, no meu entender, consegue fazer uma coisa muito mais humana, ele não explica, não politiza, ele nos faz experimentar, nos coloca na pele dessas mulheres, nos faz perceber os dramas e as dores e também o amor (que aliás surge de forma tão bonita e natural no filme) ao nos possibilitar cenas de silêncio, ao mostrar os olhares, ao escolher um ritmo narrativo e uma delicadeza de câmera, de foco, de toques e falas, ao deixar duas grandes atrizes expressarem esses sentimentos nas cenas.

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Cena do filme “Carol”.

Eu senti que o filme não quer colocar um tema importante e se fazer entender pela razão, ele quer nos fazer sentir. Me tirou lágrimas ao fazer o meu lado humano empatizar com o humano daquelas personagens.
E que riqueza é o cinema conseguir fazer isso!

O outro filme que mencionei, ‘O Quarto de Jack’, fui assistir com um pé atrás, pensando que seria um daqueles dramas policiais e familiares, já que a história em si me pareceu bem forte: uma mulher que foi sequestrada e viveu trancada em cativeiro por 7 anos com um filho de 5 anos que teve com o sequestrador.

A surpresa veio quando eu vi que a intenção do filme não era nada disso, e justamente era a questão do olhar. Desta vez o olhar de uma criança de 5 anos, um menino que nasceu num quartinho sem nunca sair dele (até os 5 anos), que apenas interagiu com sua mãe, com os objetos desse quarto sem janelas, com os programas de TV e com seus medos (principalmente de seu pai) e com sua imaginação.

O filme não se propõe a contar apenas os dramas da mãe e do filho tentando escapara do cativeiro, nem da felicidade ao conseguirem e terem uma nova chance de viver em sociedade. Pelo contrário, o filme mostra as dores e descobertas desse garoto, o seu processo de adaptação em uma realidade muito mais ampla, rápida, cheia de estímulos sensitivos, histórias e acontecimentos.

O filme mostra o apego deste menino ao quarto, pois lá era o seu mundo, lá ele se reconhecia, lá ele tinha uma rotina e construiu sua realidade. Foi tão interessante ver o que se passa no psicológico e nas sensações desse menino, que não se sente super feliz por estar livre, mas se sente estranho, estrangeiro, deslocado, diferente, sente falta de viver em seu universo palpável.

E também foi lindo acompanhar as falas de Jack, as percepções desse mundo novo, que parece tão grande, tão rico, tão cheio de espaços e liberdades, mas que na verdade também nos aprisiona de tantas maneiras: nas relações pessoais, nos deveres sociais (como por exemplo de dar entrevista – no caso deles), nas obrigações a serem cumpridas num curto intervalo de tempo, que fazem a vida, que poderia ser realmente tão ampla, se tornar restrita.

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Foi surpreendente viajar na poesia do olhar de Jack, aliás, o ator dá um show de interpretação e faz tudo ficar mais genuíno. E o filme me fez pensar filosoficamente sobre como vivemos: será que nós também não estamos, muitas vezes, vivendo num quarto de Jack?

Não vou entrar nessa interpretação agora, mas termino dizendo que andei me encantando bastante nas visitas ao cinema este ano, ao descobrir que a sétima arte anda vasculhando almas e olhares e desenhando o modo de narrar de forma a nos extrair a nossa sensibilidades.

Felicidade é ver o cinema sendo arte.

Sonhos

Sonhos

Em certos momentos tudo que desejamos é um pouco de sossego e calmaria, mas, nesse turbilhão que é a vida, nem sempre é possível tê-los.

É nessa hora que entram alguns dos meus sonhos. Eles não diferem de tantos outros, alguns são piegas, utópicos e comuns, mas não abro mão deles.

Sonho com uma casinha na beira da praia em que vejo o sol nascer ao som das ondas.

Sonho com um balanço sobre o mar, pés na água, me trazendo a paz necessária para que eu possa compreender todas as inquietações da minha alma.

Sonho com um campo verdejante, sol brando na pele, ouvindo a suave melodia do vento. As vezes só quero paz, bem longe do burburinho da cidade.

Sonho com o frio da montanha e com o barulho do fogo da lareira que aquece os corpos dos enamorados.

Sonho que as minhas preocupações e ansiedades me abandonarão e, de tão leve, criarei asas e com elas não terei medo de voar.

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Sonho que na minha cidade não há o som perturbador das buzinas, nem o som das histerias cotidianas, mas o doce som do sussurrar dos amantes, das risadas dos amigos e das vozes das crianças brincando nas ruas.

Sonho com o silêncio que traz a paz interior dos monastérios e não com aquele silêncio que mantido por fora grita por dentro, que perturba, angustia e faz sofrer.

Sonho com cavalos a galope, sem rumo, cuja imagem me permite apreciar o significado da palavra liberdade.

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Sonho com uma vida com menos ambições desenfreadas, comparações vazias, competições desnecessárias e vaidades tolas.

Sonho com um lugar mais selvagem em que as luzes artificiais não me impeçam de ver as estrelas e que, assim, eu possa me conectar mais à natureza.

Sonho que estou numa das paisagens dos quadros de Monet ou do filme “Dreams” de Akira Kurosawa, com mais cores, poesia e beleza.

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Então, eu desperto.

Alguns sonhos posso realizar, alguns são utópicos, outros não, mas e daí? A beleza da vida está justamente em não nos permitir jamais deixar de sonhar.

Meu parente está com depressão, como posso ajudá-lo?

Meu parente está com depressão, como posso ajudá-lo?

Previsões realizadas pela Organização Mundial da Saúde no século passado apontavam que em 2030 a depressão seria responsável por 9,8% do total de anos de vida saudáveis perdidos para doenças, porém, em 2010 o índice já havia sido atingido.

Atualmente sabemos que as doenças mentais, em especial a depressão, contribuem mais para uma piora significativa na qualidade de vida do que outros quadros médicos, além de provocar maiores prejuízos em tarefas diárias do que doenças cardíacas, artrite, diabetes e hipertensão. Portanto, ter consciência que a depressão não tem relação alguma com “vagabundagem” é parte importantíssima do processo.

Três coisas são cruciais quando se pretende auxiliar alguém com esse diagnóstico, sendo elas: Amor, paciência e conhecimentos. O foco primordial deste texto é fornecer conhecimentos, já que muitos dos comportamentos de um indivíduo depressivo podem tornar difícil a convivência, reduzindo tanto a paciência quanto o amor a este destinado.

O indivíduo não quer mais fazer nada!

A falta de motivação é um sintoma típico de pessoas com depressão. Qualquer atividade torna-se extremamente difícil, já que além de não haver energias para iniciá-la, agora ela lhe custa muito mais esforço. Se anteriormente levantar da cama e ir até a padaria era algo completamente normal, agora tornou-se uma tarefa tão árdua quanto correr a maratona sem haver se preparado nem ao menos por um dia.

Ele não escuta mais nada do que falo, desistirei de dialogar!

Muita calma nessa hora, afinal, trata-se de outra expressão da doença. A capacidade de concentrar-se e manter a atenção em algo agora está prejudicada. Existem muitos pensamentos catastróficos rodeando a mente dessa pessoa: “Só dou trabalho à minha família”; “Nunca conseguirei ser feliz de novo”, e daí por diante. Imagine só como deve ser difícil se manter focado em algo!

O convido para fazer várias coisas que sempre gostou, e mesmo assim nada parece bom!

Sim, como é de se imaginar pela linhagem descrita até o momento, também há uma correlação entre prazer e depressão. Por sinal um dos aspectos mais importantes da depressão é o de que o indivíduo deixa de sentir prazer em atividades que até então lhe eram prazerosas. Ou seja, não significa que sua companhia ficou desagradável, mas sim que há um prejuízo na própria capacidade de sentir (alta sensibilidade para circunstâncias desagradáveis; baixa sensibilidade para as agradáveis).

Ele deixa toda a comida no prato, mal está comendo!

Na depressão há uma alteração significativa no apetite. O mais comum é que o indivíduo não sinta fome, comendo muito menos do que o habitual, porém, existem muitos casos nos quais – em uma possível tentativa de preencher o vazio interior que anda sentindo – acaba por comer demais (Os manuais apontam uma alteração de cerca 5% no peso do indivíduo em apenas um mês!).
Portanto, não! Sua comida não se tornou péssima do dia para a noite!

Vive dizendo que é feio e não serve para nada!

A autoestima sofre um dos maiores abalos trazidos pela depressão. Não se diz essas coisas simplesmente por dizer, de fato o indivíduo sente-se esse lixo que relata. Não consegue mais perceber o que há de belo em suas feições, além de também não encontrar utilidade alguma em sua existência. “Deixo de tentar não só pela falta de energias, mas também pela certeza do fracasso!”

Em resumo, o que espero que se apreenda com esta leitura?

Como em todo processo de mudança, há a necessidade de perceber que as melhoras irão ocorrer de modo gradual. Não se pode comparar constantemente o indivíduo com aquilo que ele era anteriormente à depressão, mas sim com a forma como esteve no pior momento da doença, deste modo, haverá a oportunidade de reconhecer cada pequeno progresso, fator que tem extrema importância no trajeto rumo ao restabelecimento.

Saber que as alterações citadas acima são produzidas pela depressão tende a melhorar o prognóstico da doença, haja vista que muitas vezes os familiares “desistem” daquele indivíduo, isolando-o no lar. Cogitar que todo seu esforço não está sendo reconhecido pode produzir raiva, criando circunstâncias nas quais você acabará confirmando todos aqueles pensamentos destrutivos que o indivíduo anda tendo sobre si.

Procurar ajuda especializada é crucial. O acompanhamento psicológico tende a reduzir a duração e intensidade dos sintomas depressivos, além, é claro, de viabilizar a prevenção à recaída e o regresso do indivíduo àquelas atividades que a depressão o fez abandonar.

Diego Caroli atende em São Bernardo do Campo e São Paulo. Para mais informações e agendamentos entre em contato pelo email: [email protected]

Excesso de excessos

Excesso de excessos

Estava escrevendo um artigo para uma coluna a respeito de excessos dentro das relações. De repente me veio em mente os meus mais de 100 pares de sapatos. Depois lembrei do quarto cheio de roupas. Algumas peças ou pares têm mais de 20 anos, outras não me servem mais. Por que ainda as tenho?

Pensei no carro que eu dirijo e que ele poderia custar menos, ser menor, consumir menos gasolina; no excesso de espaço da minha casa e que poderia viver em algo menor; no tumulto causado pelo meu zilhão de livros que nunca li, porque tudo está online; no número sem fim de copos e taças no armário e o fato que uso sempre aquela meia dúzia colorida da minha cromoterapia; em como pagamos 10 reais por um café com leite depois que passaram a chamá-lo de cappuccino.

De repente o tempo em que tudo o que me pertencia cabia numa mala ganhou um enorme sentido. Um tempo em que cada esterlina que eu ganhava tinha um destino, um valor e por isso, não aceitava um café com leite por mais do que valia, mesmo que alguém o chamasse de “cafè au lait”. Era um tempo em que para voar, bastava enfiar tudo na mala e partir. Nesse momento, senti meus pés plantados no chão e um incômodo inexplicável.

Percebi que a evolução nos torna vaidosos e passamos a viver acima de nossos meios, a ponto de parcelar coisas a perder de vista simplesmente porque não nos reconhecemos sem elas.

Pensei nos vaidosos que roubam, corrompem e são corrompidos para se atolarem em excessos. Excesso de coisas materiais e escassez de si mesmos, impossível de se suprir.

Concluí que vivemos de excesso de excessos, impedindo o livre fluir da vida. Sim, evoluir é preciso e poder se dar mimos é terapêutico. Contudo, ao ponto que viver com tudo que nos desperta desejo pode ser bom, saber viver sem, é poder.

O “bom” vizinho é aquele que…

O “bom” vizinho é aquele que…

– Aquele que chega todo alegre quando precisa de alguma coisa;

– Empresta seu dinheiro e acha que não precisa devolvê-lo;

– Coloca o carro em frente a sua garagem e acha ruim quando você pede para tirá-lo;

– Ganha um pedaço de bolo e “esquece” de devolver o prato;

– Joga bomba em seu cachorro para que ele se assuste e pare de latir;

– Toca música bem alto na madrugada e acha que todos têm obrigaçaõ de ouvir;

– Coloca o lixo em frente à sua casa porque a calçada dele tem que ter boa aparência;

– Sobe em cima do telhado de sua residência para pegar a pipa do filho que enroscou na antena;

– Fala mal de você para o outro vizinho que corre para contar.

Fala a verdade! Ninguém merece um “bom” vizinho como esse!

Enide Niero Conti

Orfanato procura doadores de cafuné, carinho e amor para crianças que esperam adoção

Orfanato procura doadores de cafuné, carinho e amor para crianças que esperam adoção

Por Vicente Carvalho

Toda e qualquer iniciativa que possa melhorar o dia a dia de crianças que vivem em orfanatos é válida.

E recentemente um pedido da agência norte-americana Spence-Chapin vem chamado a atenção, e vejam a delicadeza do pedido que o site GreenMe publicou:

Procura-se doadores de afago a bebês ou pessoas que queiram dedicar um pouco de seu tempo às crianças que aguardam adoção ou que foram temporariamente distanciadas de seus pais.

A agência trabalha há muito tempo para encontrar famílias para as crianças carentes, e o pedido é uma forma muito simples de qualquer um poder desprender um pouco de amor e solidariedade aos pequenos, pois não se pede nada além de mimá-los, de acordo com a disponibilidade de tempo de cada um.

Os voluntários podem cuidar de recém-nascidos de 2 a 6 semanas de vida, depois de terem participado de um minicurso de formação oferecido pela ONG.

Segundo o Greenme, Os “doadores de afeto” devem fazer um diário e tirar algumas fotos para mostrar às crianças quando elas forem mais velhas e deverão desempenhar um papel fundamental (que faz parte crucial do projeto) que consiste em estar presente durante a inserção da criança na família adotiva ou durante a sua reintegração na família biológica, de modo a não perturbar o equilíbrio dos pequenos.

Fonte sempre indicada: Razões para Acreditar

Nota da Conti outra: Esse é um projeto internacional, entretanto, temos a certeza de que vocês acharão maneiras de doar afeto em instituições próximas de sua casa.

Precisamos falar sobre a loucura

Precisamos falar sobre a loucura

Precisamos falar de loucura, não no seu sentido metafórico, mas em seu sentido literal – não se trata da escolha de um indivíduo por comportamentos fora do padrão, mas de uma condição involuntária quanto a qual não há possibilidade de escolher. Essa loucura é a que formalmente chamamos psicose, ou psicoses, considerando que são muitas. Elementos dessas psicoses fazem parte do vocabulário cotidiano sem que a maioria das pessoas tenham consciência de onde tais palavras vêm e o que realmente querem dizer: esquizofrenia, paranoia, melancolia, megalomania…

Não pretendo dar aqui nenhum curso sobre nomenclaturas, muito, ao contrário, pretendo mesmo é desconstruí-las. É que tenho observado com muito incomodo o quanto as pessoas, de um modo geral, morrem de medo da loucura – das pessoas chamadas loucas. São muitos os equívocos que acompanham esse medo que vem principalmente da falta de conhecimento do que a loucura realmente é. Que primeiro se esclareça que uma pessoa com psicose não é psicopata e são duas coisas absolutamente distintas – Dexter não é psicótico, é psicopata, entendeu? Nem mesmo existe um “padrão” para a loucura (não é atoa que dizem que cada louco tem a sua mania…), mas é possível afirmar que não há nada na natureza da loucura que esteja associado à maldade e  violência que a ela atribuem, mais do que em qualquer outra natureza considerada normal.

Há ainda a falsa crença de que o louco está o tempo inteiro e irremediavelmente fora do mundo, de modo que não existe um diálogo possível, de que nunca há intenção em suas ações, de que ele é absolutamente ingênuo. Ouvi, certa vez, que uma pessoa com esquizofrenia, por exemplo, nunca poderia ser considerada artista, pois não estava consciente da execução da sua obra. Chamaria de “um erro comum de interpretação” se, na realidade, não fosse um preconceito corriqueiro e nocivo que o louco carrega consigo nas costas diante das mais diversas situações da sua vida. Pior que isso é ver pessoas que conversam com um psicótico como se ele fosse uma criança de 2 anos de idade. Cabe aqui outra distinção: uma pessoa de estrutura mental psicótica não tem deficiência mental, a inteligência dela e o seu desenvolvimento cognitivo como um todo podem ser iguais ou até superiores ao de uma pessoa considerada normal, por que trata-se de uma pessoa fisiologicamente saudável – e se não o for, não será devido a psicose, embora o contrário seja possível.

O que acontece é que da mesma forma que um tanto de “gente normal”, os chamados neuróticos, podem vir a ter sintomas depressivos que os visitem de tempos em tempos, ou a síndrome do pânico, a ansiedade e outros sintomas que dizem respeito ao seu caos interior, assim também acontece com o psicótico, mas os seus sintomas são outros: alucinações, paranoia, etc. E se cada um carrega o seu fardo de uma forma diferente, assim também existe a diferença na diferença – as alucinações não são iguais, as formas de uma pessoa em surto se manifestar também não são iguais, assim como as tristezas não são iguais, nem as manifestações de alegria. Não podemos apagar a singularidade das pessoas em detrimento de sua estrutura mental ou da doença que advém dela. E todas as estruturas mentais podem vir a adoecer, particularmente em um mundo tão tóxico e imunologicamente frágil.

É perfeitamente possível conviver e conversar com um louco quando ele não está em surto. Pode ser que ele veja o mundo de uma forma diferente da sua e se comunique de forma, também, diferente, pode ser que ele tenha alguma dificuldade em se localizar no tempo e no espaço da mesma forma em que você se localiza, mas é fato que a grande maioria dos ditos loucos dariam conta disso se os demais estivessem dispostos a se empenhar nessa comunicação. Quando uma pessoa está assistindo um filme de fantasia, por exemplo, ela conversa com personagens, consegue raciocinar dentro de uma lógica que é fictícia e se imaginar nela, decora nomes de objetos e ações que só existem naquele universo fantasioso, e nada disso parece absurdo. Da mesma forma acontece nos jogos, na apreciação artística, na paixão… Recebemos a linguagem que estamos abertos a receber e, assim, nos comunicamos. Há aqueles que conseguem se comunicar até mesmo com animais. Por que parece tão mais inviável, então, comunicar-se com uma pessoa psicótica?

São pessoas capazes sim, conscientes sempre que estão saudáveis, isto é, quando não estão em surto. Podem perfeitamente encontrar formas de organização – que apenas não condizem com as formas de organização mais convencionais. Podem viver normalmente, podem se comunicar se alguém puder ouvir, podem estabelecer laços e compromissos à sua maneira, podem ser felizes. Podem tudo isso e podem mais. São raros os casos em que estas capacidades estão realmente comprometidas de forma crônica. O que cronifica a loucura enquanto uma condição de dependência e incapacidade, o que a isola e marginaliza enquanto ativa e participante do cotidiano é a forma em que a sociedade a trata. Há e houveram lugares que consideravam os seus loucos seres superiores e capazes de se comunicar com os deuses, e há outros onde essas pessoas são aceitas socialmente e todos conversam com elas com a mesma atenção e respeito com que conversam com qualquer outra pessoa. A loucura não é marginal por si mesma, ela é marginalizada por uma estrutura social que, neste caso, esta sim é perigosa, diria, até, perversa.

Freud mesmo indicou a falência da nossa civilização em atender às condições essenciais do ser humano em sua diversidade subjetiva em “O mal estar na civilização”, com humor sagaz Erasmo “desenha” para os leigos porque a loucura é mais uma questão de fora para dentro do que de dentro para fora. Nós mesmos adoramos falar de loucura, adoramos falar que somos loucos, adoramos falar que gostamos de pessoas loucas quando isso diz respeito a uma fugidinha dos padrões. Esse gosto descompromissado com a diferença só precisa estender-se um pouco mais e ser protagonista, para dar conta de bater um papo com um esquizofrênico, tentar entender suas alucinações e como ele vive todas aquelas coisas em lugar de simplesmente duvidar e desprezar. Muitas das características “perigosas” que os loucos apresentam no imaginário social são resultado da marginalidade que lhe é atribuída. Que pessoa que nunca recebe amor, gentileza e atenção das outras, que nunca é levada a sério ou em consideração, comporta-se de forma agradável e madura diante do outro? Que pessoa que, sendo a todo instante tratada enquanto incapaz, se perceberá capaz em algum momento? Que pessoa que nunca é ouvida aprenderá a se comunicar?

Precisamos ser menos ingênuos em relação à nossa visão da loucura. Há muito a se aprender com os loucos, todos eles, os loucos loucos e os loucos normais. Não deveríamos nem romantizar a loucura, nem subestimá-la ou desprezá-la. O louco pode ser bom ou mal, criativo ou medíocre, carismático ou apático, como qualquer pessoa pode ser uma e outra e tantas outras coisas ao mesmo tempo. O louco não é “O louco”, ele tem a loucura enquanto uma condição para existir, e isso pode ser limitação e potência – muito depende das possibilidades que o meio oferece. Há muita riqueza de história e de vivência que perdemos na recusa da escuta ou de uma escuta passiva da pessoa considerada louca. Esse medo de conhecer algo em vez de simplesmente acatar o que foi previamente estabelecido sobre o mesmo é uma debilidade que custa caro, tanto para quem a cultiva quanto para quem é alvo dela. A loucura não morde, mas a ignorância, o preconceito e a solidão que estes impõem à pessoa psicótica sim. Mordem muito. Mordem tanto que podem até matar.

Ciência explica por que reclamar altera negativamente o cérebro

Ciência explica por que reclamar altera negativamente o cérebro

Ouvir alguém reclamar, mesmo que seja você mesmo, nunca fez bem. Algumas pessoas dizem que reclamar pode agir como uma catarse, uma maneira de descarregar emoções e experiências negativas. Mas olhar com mais atenção ao que o ato de reclamar realmente faz para o cérebro nos dá motivos reais para lutar por um estado de espírito mais positivo e eliminar o mimimi de nossas vidas.

O cérebro é um órgão complexo que, de alguma forma, funciona em conjunto com a consciência para criar a personalidade de um ser humano, sempre aprendendo, sempre recriando e se regenerando. É ao mesmo tempo o produto da realidade e o criador da realidade, e a ciência está finalmente começando a entender como o cérebro cria a realidade.

Autor, cientista da computação e filósofo, Steven Parton examinou como as emoções negativas na forma de reclamações, tanto expressas por você mesmo ou vindas de outros, afetam o cérebro e o corpo, nos ajudando a entender por que algumas pessoas parecem não conseguir sair de um estado negativo.

Sua teoria sugere que a negatividade e a reclamação realmente alteram fisicamente a estrutura e função da mente e do corpo.

contioutra.com - Ciência explica por que reclamar altera negativamente o cérebro“Sinapses que disparam juntas, se mantém juntas”, diz Donald Hebb, que é uma maneira concisa de compreender a essência da neuroplasticidade, a ciência de como o cérebro constrói suas conexões com base em tudo a que é repetidamente exposto. Negatividade e reclamações irão reproduzir mais do mesmo, como essa teoria destaca.

Donald Hebb explica ainda:

O princípio é simples: em todo o seu cérebro há uma coleção de sinapses (responsáveis por transmitir as informações de uma célula para outra) separadas por espaços vazios chamados de fenda sináptica. Sempre que você tem um pensamento, uma sinapse dispara uma reação química através da fenda para outra sinapse, construindo assim uma ponte por onde um sinal elétrico pode atravessar, carregando a informação relevante do seu pensamento durante a descarga.
… toda vez que essa descarga elétrica é acionada, as sinapses se aproximam mais, a fim de diminuir a distância que a descarga elétrica precisa percorrer (…). O cérebro irá refazer seus próprios circuitos, alterando-se fisicamente para facilitar que as sinapses adequadas compartilhem a reação química e tornando mais fácil para o pensamento se propagar.”

Além disso, a compreensão desse processo inclui a ideia de que as ligações elétricas mais utilizadas pelo cérebro se tornarão mais curtas, portanto, escolhidas mais frequentemente pelo cérebro. Isso explica como a personalidade é alterada.

No entanto, como seres conscientes, temos o poder de modificar esse processo, simplesmente ao nos tornarmos conscientes de como o jogo universal da dualidade atua no momento em que surgem os pensamentos. Nós temos o poder de escolher criar pensamentos conscientes de amor e harmonia, garantindo, assim, que o cérebro e a personalidade sejam positivamente alterados.

A empatia e o efeito em grupo
Vamos além do efeito que a reclamação tem sobre o próprio indivíduo. Essa linha de raciocínio científico se estende até a dinâmica entre duas pessoas, explicando cientificamente como a reclamação joga outras pessoas para baixo.

Assim, quando alguém derrama um caminhão de fofocas, de negatividade e drama em cima de você, você pode ter certeza que está sendo afetado bioquimicamente, diminuindo as suas chances ser feliz. A exposição a esse tipo de explosão emocional realmente provoca estresse. E já sabemos que o estresse mata. Portanto, reclamação e negatividade podem contribuir seriamente para a sua morte precoce.

Parton refere-se a essa perspectiva como “a ciência da felicidade”, e este comportamento de reclamação contínua oferece um estudo propício para a ligação entre o poder do pensamento e a capacidade de controle que uma pessoa pode ter sobre a criação de sua realidade tridimensional.

“… Se você está sempre reclamando e menospreza o seu próprio poder sobre a realidade, você não pensa que tem o poder de mudar. E assim, você nunca vai mudar. “

Artigo extraído do site Terapeutas Quânticos e Holísticos , adaptado por WaysUP.

7 motivos pelos quais ser altamente sensível é um dom

7 motivos pelos quais ser altamente sensível é um dom

Certamente você sabe, assim como eu, que ser uma pessoa altamente sensível ou PAS tem seus prós e contras. É hora de mudar a eterna visão que geralmente temos de que a sensibilidade não é algo bom na hora de administrar as nossas experiências.

Precisamos entender que ser sensível só quer dizer que você está conectado de uma forma muito mais ativa e produtiva consigo mesmo.

Se você continua pensando que depois de toda uma vida percebendo até o mínimo detalhe, isso não é algo positivo, eu gostaria de convidá-lo a ler estes 7 motivos pelos quais ser altamente sensível é um presente.

“A verdade é para o sábio; a beleza, para o coração sensível.”
-Friedrich Schiller-

Porque faz com que você seja mais honesto/a

Ser altamente sensível o empurra a ser mais coerente com aquilo que sente por dentro, caso contrário você fica preso emocionalmente. Isso quer dizer que compartilhamos facilmente aquilo que sentimos, demonstrando por cada poro da nossa pele a emoção que estamos desfrutando, por muito positiva ou negativa que possa ser.

Nos permitimos ser autênticos e sermos o que verdadeiramente somos, sem rodeios ou bloqueios. Muitas pessoas poderão pensar que esta forma de perceber a vida denota certa estridência, mas na realidade o que vale é o que o seu coração sente. Aquilo que os outros jamais poderão calar. E quanto mais forte for, mais fará com que você seja livre para viver como quiser.

A intensidade reina nas suas emoções

Quando você sente a dor do outro, a intensidade se converte na melhor amiga das suas emoções: o amor, a dor, a decepção e a alegria.

A sociedade nos faz perceber a intensidade como algo ruim, já que se não soubermos gerenciá-la podemos perder o controle e não conseguir fazer nada do que desejamos ou precisamos.

Mas, é aí que eu me pergunto: O que há de errado em não deixar nada pendente na sua vida? Aprenda a gerir a sua intensidade em cada emoção, em cada palavra, em cada momento da sua vida e então a sua existência será incrivelmente maravilhosa.

Você se conecta com a vida 

Para mim, um dos imensos dons que envolvem ser uma pessoa altamente sensível ou PAS é que você se conecta com a vida. Os seus dias, absolutamente todos, têm um sentido enorme. Tudo vale, porque tudo tem um porquê. Ser assim lhe permite ver a magia de tudo ao seu redor e compreender por que você é quem é. Permite compreender o porquê da sua pessoa e daquelas que você ama.

As ações deixam de ser algo comum, estereotipado. Você aceita que a vida está fluindo, que as coisas mudam, que você aprecia o que sente e desfruta. E sobretudo você se permite “deixar levar” e, portanto, ser livre. Livre para ter a consciência de que tudo, absolutamente tudo tem o seu porquê.

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Seu coração brilha para você e para quem você ama

Ser sensível lhe faz sentir qualquer emoção a um nível imensamente excepcional. Por isso, a sua empatia se desenvolve a níveis inesperados, fazendo com que você seja muito mais compassivo se decidir usar esse dom positivamente.

Você pode tornar sua qualquer sensação alheia, porque a vida lhe entrega a missão de escutar e ajudar incondicionalmente. Você aprende que está autorizado a dizer não, mas sempre irá adorar oferecer a sua ajuda àquela pessoa que merece seu amor incondicional e seu coração de ouro.

Sua intuição é como uma estrela cadente

Você tem um nível de sensibilidade tão alto que pode se permitir sentir mais além do que o estabelecido. Saiba que quando você flui e ignora as coisas mais fúteis, a sua intuição desperta de uma forma sobrenatural. E você a converte em uma ferramenta potente para se sentir pleno e feliz.

Você se permite pressentir situações e sentimentos, tanto seus quanto dos outros. Desta forma, você gere o seu próprio EU, a sua essência e, o mais importante, seu amor por si mesmo e pela vida por aqueles que você ama. Você permite-lhes uma ajuda eficaz inconscientemente, algo que amplia seu coração e lhe faz uma pessoa ainda melhor.

Você sabe se relacionar com os outros 

Contarei para você o que está acontecendo atualmente comigo e com o meu parceiro. Acontece que quando você é uma pessoa altamente sensível, você percebe os pequenos brilhos das pessoas com quem está se relacionando, como se se tratasse de um mapa do tesouro. Esses brilhos o guiam até onde se encontra o verdadeiro potencial dessa pessoa, suas necessidades, segredos inconfessáveis…

Você é alguém muito perspicaz, o que lhe permite saber muito mais e adiantar o que as outras pessoas querem de forma muito mais intensa do que o habitual. Tudo isso lhe permite criar vínculos inconscientes cheios de intensidade com seus entes queridos e com o meio ambiente.

Ser altamente sensível constitui a sua verdadeira essência

Haverá muitas pessoas que não irão entendê-lo, algumas poderão até desencorajá-lo em uma tentativa de subestimar o fato de que ser sensível implica algo maravilhosamente bom.

Lembre-se de que quando algo nos dá medo, nós seres humanos temos uma tendência a subestimar e rejeitar isso diretamente, sem pararmos para pensar se isso pode ou não ajudar a pessoa em questão.

Provavelmente, como aconteceu na minha vida, você já se sentiu incompreendido milhões de vezes ou sentiu que “algo não ia bem” na sua vida. Espero que com estes 7 motivos você compreenda o imenso potencial e dom vital que você pode e tem direito a desfrutar como o ser humano que é.

“A sensibilidade constitui o próprio egoísmo do eu. Trata-se do senciente e não do sentido. O homem como medida de todas as coisas — isto é, não medido por nada —, que compara todas as coisas, é incomparável; ele se afirma no sentir da sensação.”
-Emmanuel Lévinas-
Fonte indicada: A Mente é Maravilhosa

Ela diz a sua avó que o marido a traiu…Aqui está a resposta da velha senhora

Ela diz a sua avó que o marido a traiu…Aqui está a resposta da velha senhora

Esta é uma boa lição para todos nós, não importa em que fase da vida…

Uma jovem foi conversar com sua avó, e contou sobre o quanto as coisas estavam difíceis na sua vida – o marido a havia traído e ela estava arrasada. Ela não sabia o que ia fazer e queria desistir. Ela estava cansada de lutar e brigar. Parecia que assim que um problema estava resolvido, um outro surgia.

Sua avó a levou para a cozinha. Encheu três panelas com água e colocou cada uma delas no fogão. Assim que a água começou a ferver, colocou em uma das panelas cenouras, em outra colocou ovos, e na última colocou café, sem dizer uma palavra.

Cerca de vinte minutos depois, ela desligou o fogão, colocou as cenouras em uma tigela e os ovos em outra. Então pegou o café e derramou o líquido em uma terceira tigela.

Virando-se para a neta, ela disse: “Diga-me o que você vê.”

“Cenouras, ovos e café,” ela respondeu.

Sua avó trouxe as tigelas para mais perto e pediu que a neta experimentasse as cenouras. Ela obedeceu e notou que as cenouras estavam macias. A avó então pediu que ela pegasse um ovo e o quebrasse. Depois de retirar a casca, ela observou o ovo cozido.

Finalmente, pediu que a neta saboreasse o café. A neta sorriu ao provar seu aroma delicioso, e perguntou: “O que significa isso, vovó?”

Sua avó explicou que cada um deles havia enfrentado a mesma adversidade: água fervente. E cada um reagiu de forma diferente. A cenoura era forte, firme e inflexível. No entanto, após ter sido submetida à água fervente, amoleceu e se tornou frágil. Os ovos eram frágeis – sua casca fina protegia o líquido no interior, mas depois de colocados na água fervendo, seu interior se tornou mais rijo. No entanto, o pó de café foi o único que, depois de colocado na água, mudou a água.

“Qual deles é você?”, perguntou a avó. “Quando a adversidade bate à sua porta, como você responde? Você é uma cenoura, um ovo ou o café?”

Pense nisso: Quem sou eu? Sou como a cenoura que parece forte, mas murcho com a dor e a adversidade? Fico frágil e perco a força?

Será que sou o ovo, que começa com um interior maleável, mas muda com o calor? Será que eu tenho um espírito maleável, mas depois de uma morte, uma separação, uma dificuldade financeira ou algum outro julgamento, eu me torno mais difícil e dura? Será que minha casca parece a mesma por fora, mas no interior estou mais amarga, com o espírito e coração endurecidos?

Ou eu sou como o pó de café, que muda a água quente – a própria circunstância que traz a dor? Quando a água fica quente, ele libera a fragrância e o sabor. Se você é como o café, quando as coisas estão no seu pior, você melhora e muda a situação em torno de você. Quando o momento é de escuridão e os obstáculos são mais difíceis, você se eleva a um outro nível?”

Como você lida com a adversidade? Você é uma cenoura, um ovo ou o café?

autor desconhecido

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