Uma operação sigilosa da Polícia Civil do Rio de Janeiro evitou o que poderia ter sido uma das maiores tragédias em eventos musicais no Brasil. Batizada de Fake Monsters, a ação desarticulou um grupo extremista que planejava atentados a bomba durante o show da cantora Lady Gaga na praia de Copacabana, que reuniu 2,1 milhões de pessoas no último sábado (3).
De acordo com o secretário de Polícia Civil, Felipe Curi, o grupo investigado promovia discursos de ódio em redes sociais e tinha como alvo principal o público LGBTQIA+. “Foi uma operação que impediu que um mal muito maior fosse executado. Eles estavam se articulando para fazer esse ataque. O título da investigação é terrorismo”, afirmou o secretário.
Plano envolvia coquetéis molotov e “desafios” virtuais
As investigações revelaram que ao menos oito pessoas participavam do planejamento dos ataques. Coquetéis molotov e explosivos improvisados seriam usados durante o show de Lady Gaga. Dois membros do grupo se destacavam como líderes: um adolescente do Rio de Janeiro e um homem do Rio Grande do Sul, preso por porte ilegal de armas e liberado após pagamento de fiança.
O grupo agia principalmente pela plataforma Discord, onde promovia “desafios” para que seguidores realizassem atos violentos durante o show, em busca de notoriedade. Segundo a polícia, muitos dos envolvidos são adolescentes ou jovens com histórico de apologia à violência, crimes virtuais e armazenamento de conteúdo ilegal envolvendo crianças.
Operação foi articulada em silêncio com apoio internacional
A operação Fake Monsters teve nove alvos em quatro estados: Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso. Ao todo, foram cumpridos 15 mandados de busca e apreensão, com apreensão de dispositivos eletrônicos e materiais que ainda serão analisados. A investigação contou com o apoio do Ministério da Justiça e do Consulado dos Estados Unidos, que fez um alerta inicial sobre uma das ameaças.
“Desde a última segunda-feira, vínhamos monitorando o plano de atentado voltado à comunidade LGBTQIA+. Atuamos com discrição para não gerar pânico”, explicou Curi.
Homem planejava ritual com sacrifício humano
Paralelamente ao plano do grupo extremista, a Polícia Civil identificou outro caso alarmante: um homem de 44 anos, morador de Macaé (RJ), pretendia tirar a vida de uma criança e transmitir o crime ao vivo como forma de retaliação à cantora. Ele alegava que Lady Gaga seria adepta do satanismo e planejava realizar o “ritual” durante a apresentação. Apesar da gravidade da ameaça, a polícia informou que o homem não tinha ligação com o grupo que planejava os ataques com bombas.
O suspeito, que viveu por mais de 20 anos nos Estados Unidos antes de ser extraditado, teve seus dispositivos eletrônicos apreendidos e está sendo investigado por incitação ao crime e terrorismo.
Ação evitou massacre em evento com 2 milhões de pessoas
A atuação da polícia foi fundamental para garantir a segurança do show, que reuniu mais de 2 milhões de pessoas em Copacabana, segundo a Riotur. O delegado Luiz Lima, da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática, destacou que “foi uma ação integrada que salvou centenas de vidas”.
Já o delegado Carlos Oliveira ressaltou que os atos preparatórios também configuram crime, conforme a Lei Antiterrorismo: “Você não precisa esperar ele jogar o coquetel molotov. A partir do momento em que há articulação e intenção, o crime já está caracterizado.”
Lady Gaga se emociona e agradece aos fãs
Apesar das ameaças, o show ocorreu sem incidentes. Lady Gaga emocionou o público com um repertório de grandes sucessos como “Bad Romance” e “Shallow”, além de músicas do novo álbum, Mayhem. Em discurso no palco, a artista se declarou ao público brasileiro e à comunidade LGBTQIA+. No dia seguinte, ela publicou uma mensagem nas redes sociais: “Nada poderia ter me preparado para o sentimento que tive durante o show de ontem à noite. Jamais esquecerei esse momento.”