Ver um cara com só uma unha pintada pode parecer uma escolha estética aleatória, moda de internet ou até “piada interna” entre amigos.
Mas, em cada outubro, esse detalhe costuma carregar um recado bem sério: é o sinal de quem aderiu à campanha Polished Man, um movimento global que usa um único dedo colorido para chamar atenção para a violência contra crianças e, em muitos casos, também contra mulheres.
A ideia é simples e incômoda na medida certa: se uma unha representa uma criança, o esmalte em apenas um dedo lembra que 1 em cada 5 crianças no mundo sofre algum tipo de violência física ou sexual antes dos 18 anos.
As organizações por trás da campanha reforçam um dado ainda mais duro: em torno de 90% desses abusos são cometidos por homens.

O objetivo não é demonizar todos os homens, e sim provocar uma pergunta direta: que papel eles querem assumir diante desse cenário?
Por isso, em outubro, o convite é específico: homens são estimulados a pintar uma unha, tirar foto, postar, responder perguntas desconfortáveis e falar abertamente sobre violência contra crianças.
Essa conversa gera curiosidade, rende comentários, levanta debate em roda de amigos, na família e no trabalho.
A partir daí, vem o passo que sustenta a campanha: direcionar atenção, doações e engajamento para projetos que oferecem prevenção e acolhimento a vítimas de abuso infantil.
O símbolo nasceu da história de Elliot Costello, fundador da ONG australiana YGAP. Em uma viagem de trabalho ao Camboja, ele conheceu Thea, uma menina que havia sido violentamente abusada em um orfanato antes de ser resgatada.

Sem conseguir conversar pela língua, eles passaram horas brincando, até que ela desenhou um coração na mão dele e pintou as unhas do ativista.
Mais tarde, ao tomar conhecimento das estatísticas globais de violência contra crianças, Elliot decidiu adotar uma unha pintada como lembrete permanente de Thea — e transformar esse gesto em campanha.
Num cenário em que influenciadores digitais vendem de tudo, de maquiagem a casas de aposta, o Polished Man tenta empurrar o marketing de influência para outro lugar.
A proposta é simples: se você já tem público, use esse alcance para puxar conversa difícil, falar de abuso, proteção, denúncia, acolhimento.
Celebridades como Chris Hemsworth, Zac Efron e jogadores de esportes americanos já apareceram com uma unha pintada, usando a própria relevância para empurrar o tema para dentro do feed de milhões de pessoas.

O desconforto visual faz parte da estratégia. Pintar uma unha, sobretudo em contextos onde se cobra certo “padrão de masculinidade”, quebra expectativa, provoca piada, zoeira e, justamente por isso, abre espaço para explicar o motivo do esmalte.
A campanha insiste que homens precisam sair do papel de silêncio e assumir um lugar ativo na proteção de crianças — tanto como exemplos dentro de casa quanto como voz pública contra a violência.
Mulheres também são chamadas a participar, seja pintando a própria unha, seja apoiando quem decide entrar no movimento.
Para além da estética, o recado é sobre responsabilidade compartilhada: quem tem visibilidade, seja um grande influenciador ou alguém com poucos seguidores, pode usar uma unha colorida para puxar um assunto que muita gente evita.
A meta final é simples de dizer e complexa de construir: um mundo em que a infância não seja atravessada por agressões, e em que ver um homem com uma unha pintada signifique menos modinha e mais compromisso com esse objetivo.
Fonte: Uninter
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