O caro e controverso procedimento de clonagem de animais de estimação

Quando John Mendola, policial aposentado de Nova York John, descobriu que Princesa, sua amada cachorrinha de estimação, estava com câncer terminal, ele resolveu cloná-la.

Ele relatou à BBC que soube do processo após assistir a um documentário sul-coreano sobre o tema. O país asiático é líder na área e produziu o primeiro cão clonado em 2005.

Mendola contratou a ‘Viagen Pets and Equine’, empresa sediada no Texas, que se encarregou de fazer uma biópsia e retirar uma amostra de tecido de Princesa antes de ela falecer em 2017. O material genético foi usado para dar origem a dois clones da cachorrinha, que nasceram de uma mãe de aluguel aproximadamente um ano depois.

Os filhotes vieram ao mundo geneticamente idênticos à Princesa. O policial batizou as duas cachorras de Ariel e Jasmine, homenageando os filmes da Disney, como fizera antes com a doadora do material genético.

“As manchas, os pelos, tudo é mais ou menos igual, até os gestos”, diz. “Você sabe como os cachorros às vezes se levantam e sacodem o corpo inteiro? Ambas fazem isso ao mesmo tempo, como a Princesa fazia.”

Um procedimento cada vez mais popular

Apesar de seu alto custo e de toda a controvésia que causa, a clonagem de animais de estimação cada vez se populariza mais. A Viagen Pets and Equine diz que agora está clonando “mais e mais animais de estimação a cada ano” e clonou “centenas” desde que iniciou seus serviços em 2015.

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Quem quer clonar seu cão de estimação pela empresa, tem que desembolsar US$ 50 mil (R$ 230 mil). Já para a clonagem de gatos, o custo é de US$ 30 mil (R$ 140 mil). Para cavalos, o valor cobrado é de US$ 85 mil (R$ 400 mil).

Atualmente, há várias técnicas específicas de clonagem, mas geralmente um núcleo de célula do animal a ser clonado é injetado em um óvulo doador que teve seu material genético removido.

A partir daí, o óvulo é cultivado em laboratório até se tornar um embrião, e então o embrião é implantado no útero de uma mãe de aluguel que dá à luz um filhote.

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Segundo Blake Russell, presidente da Viagen, o material genético do animal a ser clonado pode ser armazenado quase indefinidamente antes do processo de clonagem. Isso é possível graças ao uso de temperaturas de congelamento muito baixas ou criopreservação.

“Um animal de estimação clonado é, simplesmente, um gêmeo genético idêntico, separado por anos, décadas e talvez séculos”, acrescenta.

Sua empresa diz que “está comprometida com a saúde e o bem-estar de todos os cães e gatos com quem trabalhamos” e adere a todos os regulamentos dos EUA.

Polêmicas

Organizações engajadas na luta pelo bem-estar animal levantaram preocupações sobre a clonagem de animais. Vários estudos científicos, por exemplo, apontam que os animais clonados são mais propensos a doenças.

Há ainda os que criticam o alto índice de insucesso da indústria: há grande número de clones que não nascem aptos e saudáveis.

De acordo com um relatório de 2018 da Universidade de Columbia em Nova York, a taxa média de sucesso das clonagens se restringe a 20%. Isso significa que são necessárias várias mães de aluguel para permitir várias tentativas.

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Segundo Penny Hawkins, especialista em bem-estar animal da Royal Society for the Prevention of Cruelty to Animals do Reino Unido, do processo de recuperação de óvulos femininos para doação e preparação para barriga de aluguel pode ser doloroso e angustiante.

O comportamento de um animal não pode ser clonado

Hawkins explica ainda que um animal clonado nunca será uma cópia exata do animal de estimação original, principalmente quando se trata de comportamento. “Há muito mais em um animal do que seu DNA, e animais clonados inevitavelmente terão experiências de vida diferentes, resultando em animais com personalidades diferentes”.

Um funcionário da própria Viagen afirmou no ano passado que 25% da personalidade de um animal vem de sua criação.

“Recomendamos que qualquer pessoa que esteja procurando um novo animal de estimação para se tornar parte de sua família adote um dos milhares de animais em centros de resgate em busca de lares”, diz Hawkins.

Elisa Allen, diretora do grupo de direitos animais People for the Ethical Treatment of Animals (Peta), endossou a recomendação de que as pessoas adotem animais resgatados ao invés de criarem clones.

“As personalidades, as peculiaridades e a própria essência dos animais simplesmente não podem ser replicadas”, explica ela.

“E quando você considera que milhões de cães e gatos maravilhosos e adotáveis definham em abrigos de animais a cada ano ou falecem de maneiras terríveis depois de serem abandonados, você percebe que a clonagem aumenta a crise de superpopulação de animais sem-teto”.

“A Peta incentiva qualquer pessoa que queira trazer outro animal de estimação para suas vidas a adotar em seu abrigo local, em vez de incentivar a clonagem, uma moda cruel para ganhar dinheiro”.

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Para o geneticista Andrew Hessel, a clonagem de animais de estimação traz muito poucas preocupações éticas, se feita com responsabilidade.

“Alguém pode dizer ‘por que clonar animais, quando existem todos esses outros animais disponíveis para adoção?'”, diz ele. “No entanto, você pode usar o mesmo argumento com crianças.”

“Por que ter seu próprio filho quando há todas essas crianças disponíveis para adoção? E os animais de estimação também se tornam membros da família.”

Saudáveis e felizes

De volta a Long Island, Mendola diz que Ariel e Jasmine estão saudáveis e felizes.

Antes da Princesa original falecer, ela adotou outro cão resgatado chamado Bebe. “Quando eu trouxe os novos filhotes para casa, Bebe imediatamente os acolheu”, diz ele.

“Ele sentiu falta da Princesa. Ele sentiu o cheiro delas e ficou feliz. Elas são Princesas.”

Bebe faleceu inesperadamente este ano, mas Mendola já estava preparado: tem parte de seu material genético armazenado para uma possível clonagem futura.

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Redação Conti Outra, com informações de BBC.
Fotos: Reprodução.







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