O cachorro deixa na calçada o que o seu dono tem na cabeça

Hoje fui caminhar na rua, perto da minha casa que fica num bairro bem legal. O lugar é cheio de árvores, temos ruas asfaltadas, água encanada, rede de esgoto, bons colégios, um shopping, muitos supermercados, padarias maravilhosas, clubes, praças floridas, um parque… Enfim, um lugar onde se paga altos IPTUS, altos valores pelo metro quadrado e altas taxas de condomínio.

Ocorre que nesta minha caminhada vi muito “lixo rico” no chão: rótulos de chocolate belga, cerveja importada, caixas de pizzaria de grife… até uma garrafa vazia de Champagne daquela que custa um rim, sabe qual é? Pois é…

Vi também muito cocô de cachorro! Muuuuuito cocô de cachorro! E esses moradores desses prédios com varanda gourmet costumam ter pets de grife também. Logo, o cachorro deve fazer um “cocô rico” também. Procede?

É claro que felizmente tenho também vizinhos cujo bom senso os faz sair de casa com seus melhores amigos do homem, portando um saquinho para recolher seus dejetos caninos. Entretanto, pasmem! Também vi pelo chão cocô de cachorro dentro de saquinhos customizados com “patinhas estampadas”! Qual é a lógica disso?

Ahhhhh… eu não vi nenhum ser humano ou cachorro em situação de rua.

Logo, meus lindos e queridos colegas, espero que tirem suas próprias conclusões.

E, só para lembrar, teremos eleições em outubro… será que colocaremos “corruptos ricos” no poder? Outra vez?

O fato é que essa minha singela caminhada dominical, além de cumprir a tarefa do meu exercício físico diário, me deu de presente uma importante reflexão: é óbvio que gente que tem fezes humanas na cabeça, não vê nenhum problema em deixar um rastro de fezes de cachorro pelas ruas! Isso sim faz sentido! Faz sentido e explica…

Explica a falta de respeito pelo espaço público, explica a postura egoísta que não vai além do orifício umbilical, explica o raciocínio tosco de que se ninguém estiver vendo, o malfeito deixa de ser malfeito.

Explica a nossa obsessão pelas aparências e a nossa falta de interesse pela dor do outro.

Eu desejo, como todas as minhas forças, que aqueles que dedicaram alguns minutos a ler este pequeno manifesto, não façam parte desta “seleta classe” de pessoas que tratam o espaço comum como se fosse a privada da sua casa.

E desejo, com todo amor do meu coração, uma feliz vida pra você que não joga lixo nas ruas, recolhe o cocô do seu cachorro e conhece o poder das suas atitudes pra mudar o mundo!

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Imagem meramente ilustrativa: cena do filme “Legalmente Loira”







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"