Nova técnica criada no Brasil contra o câncer de mama, que congela tumor com nitrogênio líquido, atinge 100% de eficácia

Quando a gente fala em tratamento de câncer de mama em fase inicial, a conversa quase sempre cai no mesmo ponto: tirar o tumor com cirurgia e, dependendo do caso, complementar com outros cuidados.

Só que uma linha de pesquisa vem tentando resolver uma dor bem prática do dia a dia hospitalar: tratar tumores pequenos com um procedimento rápido, ambulatorial e com corte mínimo — e foi aí que a crioablação ganhou espaço no debate.

Na prática, crioablação é “matar” o tumor pelo frio. No protocolo testado pela Unifesp no Hospital São Paulo (HSP/Unifesp), o médico introduz uma agulha na lesão e injeta nitrogênio líquido a cerca de -140 °C, criando uma “bola” de gelo que destrói as células do tumor. No procedimento descrito pela equipe, foram feitos três ciclos de 10 minutos, alternando congelamento e descongelamento.

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O resultado que chamou atenção veio da fase inicial do estudo: aproximadamente 60 casos em que a crioablação foi seguida de cirurgia para conferir se o tumor tinha sido eliminado.

Nessa etapa, a Unifesp relata 100% de eficácia para tumores menores que 2 cm. Importante: esse “100%” é o recorte desse grupo e desse tamanho de tumor — não significa que a técnica funcione do mesmo jeito para qualquer caso ou estágio.

Além do número, o “como” também pesa. A própria Unifesp aponta que o procedimento pode ser feito em ambulatório, com anestesia local, sem necessidade de internação, e com incisão tão pequena quanto (ou menor que) a de uma biópsia.

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Quem entra no perfil indicado hoje é um público bem específico: pacientes com tumores pequenos (no protocolo, menores que 2,5 cm) e que, de qualquer forma, teriam indicação primária de cirurgia.

Ou seja, não é uma promessa “para todo mundo”; é uma alternativa em avaliação para um cenário bem delimitado.

O estudo também não parou na fase “piloto”. A fase atual foi desenhada para comparar dois grupos: um em que se faz crioablação sem operar e outro com a cirurgia tradicional.

A previsão divulgada é de mais de 700 pacientes em 15 centros de saúde no estado de São Paulo. Esse tipo de comparação é o que costuma destravar decisões maiores em sistema público e cobertura privada.

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Quando chega ao Brasil?

Ela já chegou — só não chegou “para geral”. A crioablação de mama com nitrogênio líquido já foi realizada em hospital público brasileiro pela Unifesp e está rodando como protocolo de pesquisa.

O gargalo agora é acesso amplo. Segundo a própria publicação do governo, a técnica já tem aprovação da Anvisa, mas ainda não consta no rol da ANS para tratamento do câncer de mama, o que ajuda a explicar por que planos costumam não oferecer como regra (e por que ainda fica muito concentrado em centros e estudos).

Em resumo bem direto: no Brasil, hoje, a crioablação para câncer de mama está em fase de validação clínica em larga escala; virar rotina no SUS e nos planos depende do que esses estudos vão confirmar e de como isso vai caminhar nas etapas de incorporação e cobertura.

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Fonte: SUS (Gov.br)

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