Não queira saber quem eu sou. Hoje eu sou novidade!

Imagem de capa: Masson/shutterstock

Coisa chata é passar a vida atendendo às necessidades de se contextualizar. Para impressionar, muitas vezes a verdade passa longe e a gente apela para uma multidão de personagens e sonhos ocultos do que gostaria de ser.

Essa compulsão em se apresentar por completo, em se virar do avesso para que o outro conheça, avalie e julgue, em detalhes enfadonhos e desnecessários…

Eu, particularmente cansei de andar com a plaquinha de identificação. Agora me interessa ser novidade! Novidade para quem chega, para quem já achava que conhecia, novidade para mim!

A vida exige uma dinâmica onde não cabem mais formatos duros e embalagens que não sejam flexíveis. Eu até acho que sei quem sou, mas depende do contexto, sempre.
E não dá para apresentar o pacote completo o tempo todo, entubar no outro toda uma construção de experiências, certezas, senões e pensamentos.

Quando a gente conhece alguém, geralmente sente algo próximo de prazer, indiferença ou antipatia, respeitadas as variações de intensidade de cada encontro. É a sensação que abre as portas para uma relação, ou não. Adiante virão as descobertas, não é preciso apressar. Até o que gente tenta seconder, aparece. Não há nenhuma necessidade de fazer uma longa e detalhada exposição, de se contextualizar no mundo e no tempo, de encher o potinho de paciência do outro.

É bom ser novidade, carregar pouca coisa, caprichar no sorriso e na boa conversa como cartão de visita. É bom deixar a bagagem guardada, para ser usada no momento necessário e não viver arrastando e colocando no colo dos outros a todo instante.

As pessoas esperam de nós o que esperamos delas. A leveza de um encontro está diretamente ligada ao que se troca nele. Se entregamos uma carga de informações gigante, cansamos e entediamos quem nos ouve.

De vez em quando é bom experimentar a sensação de novidade!
Hoje eu acordei em branco e pronta para voar como uma folha de papel ao vento!







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.