Não fique contando com o que ainda nem aconteceu

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Nem sempre o chefe poderá dar o aumento prometido. Nem sempre o parceiro conseguirá mudar de atitudes. Nem sempre o dinheiro guardado para aquela sonhada viagem estará disponível. Nem nós próprios, inclusive, seremos os mesmos ao longo do tempo, pois ninguém consegue prever os imprevistos que aparecem pelo caminho.

Que todos precisamos de esperança, de sonhos, mantendo uma mente positiva e uma atitude otimista, ninguém nega. No entanto, é preciso cautela ao depositarmos expectativas demasiadas no que ainda não aconteceu de fato, no que ainda se encontra no nível das ideias, das palavras, das promessas, ou estaremos sujeitos a consecutivas decepções e frustrações, uma vez que quase nada é certo nesta vida.

Se as coisas dependessem somente de nós mesmos, seria diferente, mas não é assim que o mundo gira. Dependemos, em muitos aspectos, de que outras pessoas também façam a sua parte, cumpram o prometido, honrem as próprias palavras. Infelizmente, muita gente costuma dizer o que lhes vem à cabeça, de forma descompromissada e sem analisar o impacto do que dizem na vida dos outros.

Nem sempre o chefe poderá dar o aumento prometido. Nem sempre o parceiro conseguirá mudar de atitudes. Nem sempre o dinheiro guardado para aquela sonhada viagem estará disponível. Nem nós próprios, inclusive, seremos os mesmos ao longo do tempo, pois ninguém consegue prever os imprevistos que aparecem pelo caminho. Há muitas surpresas boas na vida, entretanto, como tão bem disse Forrest Gump, merdas acontecem.

Gastos inesperados, crise econômica, problemas de saúde, mudança de mentalidade, enfim, muitas coisas podem se colocar entre nós e nossos planos, eis uma verdade sofrida. Por mais que soe a pessimismo, manter os sonhos acesos, de forma ponderada e realista, sem fantasiar um mundo reto e previsível, acabará nos poupando de frustrações excessivas. Não se trata de esperar pelo pior, mas tão somente de esperar pelo palpável, pelo mais próximo ao previsível – isso é maturidade.

Lutemos, haja o que houver, mesmo que tudo concorra contra a realização de nossos sonhos, pois teremos de mantê-los vivos dentro de nós, de forma realista, sem fantasias, mesmo que adormecidos pelo tempo que a vida pedir, enquanto buscamos novas formas de chegar até eles. A gente cai, leva porrada, chora, a gente se quebra, mas aquilo que tiver de ser, encontrará um jeito de chegar, de nos encontrar. Ainda que demore, que se alongue por uma vida, mesmo que tivermos de aparar a dimensão do que queremos, para tornar os planos mais palpáveis, seremos felizes de fato, pois então teremos conquistado exatamente o que era para ser nosso.







"Escrever é como compartilhar olhares, tão vital quanto respirar". É colunista da CONTI outra desde outubro de 2015.