Não confunda minha gentileza com interesse por você

Quando lhe enviei aquele vídeo, era só para dizer que achei a música linda e a melodia contagiante; não precisava sumir achando que o foco era você e sua aura radiante.

Quando deixei de curtir sua foto do carnaval não foi porque estava “de mal”, muito menos porque não gostei da sua fantasia; simplesmente não tive tempo de apreciar a alegoria.

Quando te cumprimentei com dois beijinhos foi porque quis ser cordial, não sabia que meu gesto pegaria tão mal.

Quando você cria histórias na sua mente e me coloca no seu enredo, qualquer gesto meu vira dança ou cobrança. Mas existe uma grande diferença entre ser gentil e estar interessado. Uma grande distância entre minha falta de tempo e qualquer descaso.

Não crie romances onde não tem. Não construa pontes para quem não vem. Não alimente expectativas em cima de sinais vagos e semblantes incertos. Não se ofenda com demoras de quem nunca deu certeza de estar por perto.

Você sumiu por achar que eu corria atrás de você. Mas meu bem, veja bem, eu só quis ser gentil encaminhando aquela mensagem, e você se assustou por não entender minha abordagem. Não se confunda com a realidade, nem fuja de situações que não são verdade.

Nem sempre meus sinais são de interesse. Não é porque te mando um “bom dia” pela manhã ou curto sua foto no Instagram que desejo me casar com você. Não confunda carinho sincero com amor eterno. Não se assuste nem faça pactos com o silêncio só porque elogiei sua imagem ou encaminhei uma mensagem.

Não se ressinta da ausência de quem nunca disse que viria. Não julgue o silêncio de quem nunca disse que falaria. Não se magoe por tão pouco, nem se alegre demasiadamente por uns poucos e rasos “likes”.

É preciso contar com aquilo que tem consistência em nossa vida. Com afetos declarados, convite para jantar, beijo correspondido. Não viver se vangloriando por suposições vagas nem se lamuriando por respostas escassas.

A vida, ainda que pareça ter muitos filtros, pode e deve ser medida pela realidade, seja ela qual for. Se eu quiser te conquistar, não terei receio de me declarar. Se eu quiser me afastar, terei coragem de me retirar. Porém, se minha intenção não for me declarar nem me afastar, continuarei seguindo com minha vida, sem iniciar ou desfazer “romances” só porque na sua imaginação de alguma forma estamos juntos.

Não confunda minha gentileza com interesse por você. Não se gabe nem se torture com meus sinais, pois pouco ou nada significam nos dias atuais. Gostar de você é fato, mas esperar que nossas vidas se tornem um romance, é boato.

Imagem de capa: AstroStar / Shutterstock

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Escritora mineira de hábitos simples, é colecionadora de diários, álbuns de fotografia e cartas escritas à mão. Tem memória seletiva, adora dedicatórias em livros, curte marchinhas de carnaval antigas e lamenta não ter tido chance de ir a um show de Renato Russo. Casada há dezessete anos e mãe de um menino que está crescendo rápido demais, Fabíola gosta de café sem açúcar, doce de leite com queijo e livros com frases que merecem ser sublinhadas. “Anos incríveis” está entre suas séries preferidas, e acredita que mais vale uma toalha de mesa repleta de manchas após uma noite feliz do que guardanapos imaculadamente alvejados guardados no fundo de uma gaveta.