Mulher já ajudou 600 pessoas a colocarem o nome do pai na certidão

Não ter o nome do pai na certidão de nascimento é uma questão para muitos brasileiros. Mas a nordestina de fibra Maria Barbosa resolveu se empenhar nessa causa e vêm fazendo a diferença na vida de muita gente. Ela criou o programa “DNA Já! Não Posso Esperar”, e já ajudou 600 pessoas a colocarem o nome do pai na certidão.

Ao site Universa, Maria Barbosa contou sua história de dedicação e comprometimento.

“Tudo começou em 2001, quando eu tentei apartar a briga entre dois alunos de uma escola em Escada, interior de Pernambuco, onde eu era professora. Perguntei ao menino que estava mais bravo qual era o motivo dele querer acabar com o colega por uma besteira enquanto jogavam futebol. Ser chamado de filho da puta para ele ia muito além de um xingamento comum, que acontece a todo o momento nas partidas. Ele começou a me explicar a situação com uma grande mágoa. Falou que não foi registrado no nome do pai, mas que nem por isso a sua mãe era puta. Juro que nunca vi tanto ódio no olhar de alguém. Fiquei impressionada como ele ficou tão magoado, como aquilo bateu fundo no coração dele…”

A partir daí, Maria resolveu fazer uma pesquisa nas escolas da região e constatou que — em cada turma — pelo menos 20% dos alunos viviam a mesma situação. O pior disso: os meninos sem o nome do pai na certidão, quase sempre eram agressivos e grande parte das meninas tinha problemas de autoestima e acabam se prostituindo. Ela então percebeu que precisava fazer alguma coisa para mudar, para ajudar.

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Maria Barbosa Imagem: Arquivo pessoal

“Eu sabia que a luta seria grande. Comecei a chamar as mães para conversar e encontrei diversos tipos de situação. Ou o pai era casado e não queria que a família descobrisse, outros não queriam nem escutar falar dos filhos e ainda tinha mulheres que agiam como se o filho fosse uma propriedade delas. Não queriam nada, não deixavam o pai se aproximar. Nesse caso, eu tinha que as fazer elas enxergarem que o reconhecimento da paternidade era um direito da criança, e não dela.” , relata Maria.

“Pensei nessa vitória na minha vida e isso também me deu forças para iniciar o projeto que seria batizado de DNA já. Eu saí em busca de apoiadores e enquanto não conseguia um número suficiente, cheguei a pagar exames do com o dinheiro do meu bolso.

Depois veio uma parceria com a Universidade Federal de Pernambuco e isso facilitou mais. Eu fiz um acordo com as mães que me procuraram: se o resultado desse positivo, o pai pagaria os custos do exame. Sendo o resultado negativo, o dinheiro sairia de bazares e rifas promovidos pelo projeto. Já na primeira rodada, com a participação de cinco crianças, o ‘DNA Já’ mostrou que podia dar certo: quatro das cinco crianças obtiveram reconhecimento paterno. Desde então, a procura aumentou muito e foi um caso atrás do outro.”

Maria coleciona histórias surpreendentes, como a do vereador que tentou adulterar o resultado de um teste de DNA, “…Um vereador, que eu admirava muito na minha cidade, me procurou e ofereceu R$ 20 mil para que o exame de seu filho desse negativo. Olhei para ele e falei: ‘o senhor está vendo aquele telefone ali? Se insistir com isso, vou ligar para a polícia’. Ele na mesma hora parou. A admiração que tinha por aquele homem, que parecia digno, acabou no mesmo momento.”

“E houve até o caso raríssimo de gêmeos. O pai suspeitava que não fosse dele e quis fazer o exame. Sabe o que descobriram? Que cada gêmeo tinha um genitor diferente. O fenômeno é conhecido como “superfecundação heteropaternal”. Lidei com homens honestíssimos, incapazes de fazerem mal a uma mosca, e que, no entanto, rejeitavam seus próprios filhos. Às vezes, por uma simples implicância com a mãe.
A fantástica história de Maria Barbosa deu origem ao livro “Em Nome dos Filhos”, novo trabalho do jornalista e roteirista Cleodon Coelho.

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Com informações de Universa

Photo by Juan Pablo Arenas from Pexels







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