Menino de 8 anos tem reação comovente ao saber que o irmão mais velho é gay

Foi em seu livro de memórias, ‘Long Walk to Freedom’, publicado em 1995, que Nelson Mandela escreveu a frase que se tornaria célebre: “Ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”. Mais de vinte e cinco anos depois, as sábias palavras de Mandela ainda se fazem necessárias em uma sociedade ensinada a odiar tudo aquilo que difere do seu conceito estreito de “normalidade”. O ódio ainda é o maior de todos os algozes, e o amor é deixado de lado, como um artigo de menor importância.

Em tempos sombrios como este que vivemos, faz bem lembrar que nem tudo está perdido. Ainda há esperança para a humanidade, e ela talvez esteja na pureza e no cristalino amor que nasce com as crianças. Um bom exemplo disso é a história contada por um jovem brasileiro de 23 anos chamado Lucas Vasconcellos. Recentemente, ele resolveu revelar ao seu irmão de 8 anos sobre a sua orientação sexual. A reação do menino é o sopro de esperança que precisávamos para seguir em frente nesta cruzada contra o preconceito.

Confira, na íntegra, o relato de Lucas Vasconcellos:

“Hoje eu contei para o meu irmãozinho que eu era gay.

Após muitos anos desde que descobri a respeito da minha sexualidade, sobre o gênero que desperta uma paixão realmente autêntica em mim, finalmente cheguei a decisão de confiar a minha realidade a essa pessoinha com quem mais me importo na vida.

Dividi isso de maneira bem pedagógica, tentando criar uma analogia sobre as pessoas e suas cores favoritas. Dizendo que têm pessoas que gostam mais de preto, ou branco, ou azul, ou amarelo, ou vermelho; explicando sobre o quão legal isso fazia do mundo. Que todos podemos gostar de cores diferentes, e ainda assim sermos felizes e respeitados ao colorir nosso mundo com elas.

Ele parecia saber que eu ia confessar algo. Mergulhou num estado quieto e pensativo durante a explicação inteira, e então, por fim, resolvi assumir minha sexualidade. Ele continuou me olhando, bem calmo e sorrindo, tão natural, e eu o questionei:

“Tu sabe o nome que se dá a quem gosta de pessoas iguais, John? Homens que gostam de outros homens, e mulheres que gostam de outras mulheres?”

Eu estava preparado para soltar a palavra “gay”, já na ponta da língua quando ele simplesmente me escancara a verdadeira resposta:

“Amor?”

E então eu chorei.

“Não chora”, ele disse, me abraçando.

Ele me olhou com aqueles olhos, cheios de inocência e de mesmo tons que os meus, e eu senti que pela primeira vez ele me enxergava como eu realmente era. Um irmão que ele amava, um amigo que ele jamais perderia e, mesmo uma pessoa qualquer com uma preferência diferente por quem se apaixonar, ainda assim uma pessoa igual a qualquer outra.

Eu soube disso pela resposta dele. Pela bondade em cada palavra. Uma criança de oito anos de idade soube encarar algo tão natural com mais maturidade que muito adulto. Mais que meus próprios pais, inclusive, que sempre me negaram o direito de confidenciar isso ao meu irmão.

Aproveitem pra aprender da pureza deles, que a maioria esquece ao crescer, pois eu acho que as maiores verdades dessa vida estão no coração dos pequenos.

E a vida continua como se nada tivesse mudado.

E do fundo do coração, eu agradeço por isso.”

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Redação Conti Outra, com informações de Pragmatismo Político.
Foto destacada: Divulgação.







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