Começa como uma fuga combinada há anos: duas amigas que conseguiram encaixar um fim de semana “escapista” entre trabalho, casamento e maternidade.
Em Naquele Fim de Semana (thriller de 2022 na Netflix), essa tradição vira pesadelo quando a descontração vira relatório policial antes mesmo do café da manhã terminar.
Logo o filme apresenta Beth (Leighton Meester), ainda tentando reorganizar a vida depois de crises conjugais e noites mal dormidas com o bebê. A viagem era para recarregar a cabeça ao lado de Kate, amiga expansiva que empurra Beth para fora da zona confortável com drinques, passeios noturnos e conversas provocadoras.

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De repente, a rotina planejada desaba: Beth desperta confusa, casa temporária desarrumada, sinais de festa fragmentados e nenhuma pista clara de onde Kate passou a noite.
A ausência silenciosa inaugura uma sequência de buscas que vai de mensagens revisadas a percursos refeitos passo a passo.
Enquanto tenta reconstruir as últimas horas, Beth se depara com contradições em relatos de motoristas, funcionários de bar e conhecidos rápidos da noite anterior.
Cada depoimento entrega um fragmento, mas também levanta suspeita sobre intenções alheias — inclusive as de pessoas que se oferecem para “ajudar”.

O filme injeta tensão ao explorar a sensação de deslocamento: Beth lida com idioma local limitado, códigos sociais diferentes e burocracia policial cética diante de uma estrangeira nervosa.
Isso amplia a vulnerabilidade e força improvisação: mapear rostos, comparar horários, salvar recibos e prints antes que desapareçam.
A investigação pessoal obriga Beth a confrontar aquilo que evitava em casa: confiança abalada no casamento, dependência emocional de Kate e lacunas de memória produzidas por álcool e exaustão.

Esses elementos dão peso ao mistério — cada lembrança recuperada altera o quadro e redefine quem pode ser aliado ou ameaça.
O elenco reforça camadas de ambiguidade: Leighton Meester trabalha alternância entre contenção e explosões de ansiedade; a atriz que vive Kate (Christina Wolfe) projeta carisma e áreas de sombra em flashbacks e reconstruções; coadjuvantes masculinos orbitam entre cavalheirismo e oportunismo, mantendo o espectador em alerta sobre motivações.
Baseado no livro de Sarah Alderson, o longa adapta e condensa situações, mudando localidade em relação ao material literário original — que situava eventos em outra capital europeia — enquanto a versão filmada enfatiza paisagens costeiras ensolaradas contrastando com clima emocional denso.

Visualmente, a direção aposta em planos abertos que destacam Beth pequena em ruínas históricas ou ruelas, reforçando isolamento, alternando com close-ups instáveis que evidenciam respiração acelerada e percepção fragmentada.
A fotografia clara em exteriores confronta a crescente sensação de perigo, evitando clichés sombrios e dando ironia visual ao desaparecimento.
Com duração enxuta (cerca de 1h30), Naquele Fim de Semana avança sem gordura: cada nova pista desloca suspeitas e reposiciona o que o público julgava certo poucos minutos antes.
Resultado: um caso de amiga desaparecida que funciona tanto como quebra-cabeça quanto radiografia de vínculos frágeis sob pressão.
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