Luto na música: morre Jimmy Cliff, o artista que levou o reggae ao mundo antes mesmo de Bob Marley

A música jamaicana perdeu uma das suas vozes mais reconhecíveis. Jimmy Cliff, lenda do reggae e figura central na expansão do gênero pelo mundo, morreu aos 81 anos nesta segunda-feira (24).

A notícia foi confirmada pela esposa, Latifa Chambers, em um comunicado emocionado nas redes sociais oficiais do artista, em que contou que o músico sofreu uma convulsão seguida de pneumonia e não resistiu.

Na mensagem, Latifa agradece à família, amigos, colegas de estrada e aos fãs espalhados pelo planeta, ressaltando que o carinho do público foi uma das grandes fontes de força de Jimmy ao longo de toda a carreira.

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Ela também fez questão de citar a dedicação da equipe médica que acompanhou os últimos dias do cantor e pediu respeito à privacidade da família nesse momento de luto.

Nascido James Chambers em 30 de julho de 1944, no distrito de St. James, na Jamaica, Jimmy Cliff começou a cantar muito cedo e ainda adolescente já emplacava o primeiro sucesso, “Hurricane Hattie”, em 1962.

A partir daí, sua trajetória cruzou o ska, o rocksteady e o reggae, ajudando a construir o som que sairia das ilhas caribenhas para o resto do mundo.

Ao longo das décadas, ele se tornou sinônimo de clássicos como “Many Rivers to Cross”, “You Can Get It If You Really Want” e “The Harder They Come”, canções que atravessaram gerações e seguem presentes em trilhas sonoras, releituras e repertórios de shows pelo mundo afora.

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Sua versão de “I Can See Clearly Now”, lançada nos anos 1990 e usada no filme Cool Runnings, reacendeu o interesse de uma nova geração pelo trabalho do artista.
Jimmy Cliff também marcou o cinema.

Em 1972, ele estrelou o filme The Harder They Come, interpretando Ivanhoe Martin, jovem cantor que tenta sobreviver à indústria musical jamaicana e acaba se envolvendo com o crime.

O longa, além de projetar o ator e cantor, virou peça-chave para apresentar a cultura reggae ao público internacional, misturando crítica social, música e a realidade dura de muitos jamaicanos da época.

O reconhecimento oficial veio em várias frentes. Cliff ganhou dois prêmios Grammy ao longo da carreira, foi indicado outras vezes e, em 2010, entrou para o Rock & Roll Hall of Fame, sendo descrito como um dos primeiros grandes embaixadores do reggae fora da Jamaica.

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Em seu país natal, recebeu a Order of Merit, uma das maiores honrarias concedidas pelo governo jamaicano a figuras que marcaram a história nas artes e na ciência.

Mesmo com o status de lenda, Jimmy Cliff seguiu ativo por décadas: lançou mais de 30 álbuns de estúdio, fez parcerias com nomes como Rolling Stones, Wyclef Jean, Paul Simon e Bruce Springsteen, e continuou subindo aos palcos ao redor do mundo, mantendo o mesmo tipo de presença calorosa que conquistou fãs desde os anos 1960.

Seu trabalho recente inclui o álbum Refugees, de 2022, prova de que a criatividade seguia em movimento até o fim da vida.

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Além da carreira, amigos e familiares sempre destacaram o lado afetivo do artista: um homem que conciliava agenda lotada com a vontade de estar perto dos filhos, apoiar novos talentos e manter o diálogo com o público que o acompanhou por tantas décadas.

Com sua morte, o reggae perde uma das figuras que ajudaram a abrir caminho para tudo o que veio depois – e boa parte da trilha sonora de quem cresceu ouvindo esse som ganha, hoje, um tom a mais de saudade.

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