Joelhos machucados, por Patrícia Pinheiro

Por Patrícia Pinheiro

Andei sem inspiração para escrever. Pedi uma sugestão ao meu namorado e ele, rindo, respondeu: “Escreve sobre o teu joelho machucado”.

Escorreguei em uma rampa molhada e estou há mais de uma semana soltando “ais” a cada subida de escada. E quando eu esqueço que dói e faço movimentos bruscos? Socorro!

Pensando bem, acho que todos nós vivemos com joelhos machucados.

Somos obrigados a realizar nossas atividades rotineiras mesmo que a dor esteja lá, mesmo com a ferida, visível ou invisível.

Escorregamos, caímos e, ainda que seja necessário que alguém nos puxe, nos levantamos. Mas restam muitas pessoas carregando joelhos machucados por aí.

Muitos corações partidos bombeando sangue.

Muitos pés descalços correndo maratonas.

Muitos ombros pesados servindo de ombro alheio.

Vivemos na constante tentativa de esquecer da dor dos joelhos machucados, de mascará-la, postergá-la , até que venha a vida e os bata com força, escancarando-a.

E, assim, entre tapas e subidas, entre dias melhores e piores, entre gritos e lágrimas, algumas dores, eventualmente, vão embora.

Ao menos até que surjam outras rampas molhadas.

Abaixo, o texto na interpretação da escritora:







Patrícia Pinheiro tem 25 anos, é natural de Santa Maria - RS, morando em Florianópolis -SC. É formada em Psicologia e amante das palavras. Poeta e escritora, compartilha seu trabalho em suas redes sociais e é colunista do site Conti outra.