Há quem diz que tristeza é dor

Há quem diz que tristeza é dor

há quem ignore na dor a mais dolorosa tristeza
há quem confunde tristeza com falta de felicidade
e apesar de que rói
ignora, diz que a dor não dói

há quem diz que tristeza é mesmo
sentimento que sentimos
amor que amamos
na mentira que mentimos
dói a tristeza
triste alegria 
e magia da dor que nos faz querer

dor gostosa 
gostosa dor
que arranca tristeza nos becos de rugas 
que se formam no rosto
dói mesmo com gosto

sinto… 
Dor da saudade do passado que volta
Dor solta da ilusão que não se mostra 
Em tempos que jamais se encontram 
Apenas sofre de propósito o coração ferido
Lágrimas… que não são tristeza

há quem diz
e só diz por desconhecer
o amanhecer
de dores espontâneas
de sorrisos doridos
dor que leva a experimentar outras épocas
dor que traz felicidade

porém, ainda há quem diz que tristeza é dor

Énia Lipanga







Enia Lipanga, nasceu no dia 04 de Abril, é rapper, poetisa e activista social para a defesa dos Direitos humanos da Mulher e inclusão social. É mentora do Evento Palavras São Palavras, que há 12 anos, mensalmente, une a poesia e outras artes e promove novos talentos na área da poesia. Integra o grupo de RAP Revolução feminina, que insta as mulheres a se empoderarem bem como a lutarem pelos seus direitos, através da música e da poesia. Faz parte do Colectivo Uqhagamishelwano, um grupo de artistas e ativistas sociais do mundo que luta contra as práticas sociais nocivas. Énia lidera o movimento Incluarte que promove a inclusão das pessoas com deficiência através da arte. É embaixadora da Better World, uma agremiação de jovens e adolescentes que luta contra a violência sexual e busca soluções para mudanças de comportamento nas comunidades. É coordenadora e criadora do movimento Incluarte, que trabalha para conscientização social para uma arte mais inclusiva. Em 2019 Enia foi homenageada pela marca brasileira Gdarkestampas com a criação de uma linha de roupas inspiradas no poema Sou África. Foi nomeada como uma das 10 mulheres mais inspiradoras de Moçambique em 2018 pela Hamasa Magazine, uma revista tanzaniana. Tem dois livros publicados “Sonolência e Alguns Rabiscos” que é o primeiro livro de poesia em tinta e braille em Moçambique e Para Enxugar as Nódoas dos Meus Olhos publicado em 2020. Enia acredita numa juventude que luta pela igualdade e que entenda que o benefício é para a sociedade no geral pois uma sociedade precisa homens e mulheres para o seu desenvolvimento.