“Fiquei 2 dias no carro, me hidratei com refrigerante”, relata sobrevivente das chuvas no litoral de SP

Na noite de sábado (17), o produtor musical Helder Lucas deixou Maresias acompanhado pelos integrantes da banda Riva Decibéis para assistir ao show do grupo no centro de São Sebastião. Infelizmente, a apresentação teve que ser cancelada devido à forte chuva que se iniciou naquela noite, dando início a uma cena de terror, conforme relato do produtor.

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, o temporal que atingiu o litoral norte de São Paulo durante o final de semana foi o maior já registrado no Brasil, com um acumulado de 626 mm em São Sebastião, resultando em pelo menos 46 mortes na região, sendo 45 no município.

Helder escapou de um destino trágico, mas perdeu sua casa. “Na serra de Maresias, caiu um raio sobre meu carro. Passei debaixo do tronco de uma árvore imensa, e começou um mar de lama na minha frente. Dormi no meu carro, no pé da serra, sem água e internet. Fiquei dois dias no carro, me hidratei com um refrigerante que restava comigo, sem banho, sem comida”, conta.

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Helder Lucas chegou a entrar na lista de desaparecidos
ARQUIVO PESSOAL

Foi somente ao chegar ao centro da cidade que os amigos informaram ao produtor musical Helder Lucas que sua casa havia desabado devido à chuva. “Eu constava na lista de pessoas desaparecidas. Ainda penso como retomarei minha vida.” De acordo com o governo do estado, são 1.730 desalojados e 766 desabrigados atualmente.

Outros casos

Vanderlei Tavares, um motoboy nascido e criado em São Sebastião e residente em Camburi, trabalha em uma pizzaria e esteve na Vila Sahy pouco antes de um deslizamento que resultou na morte de dezenas de pessoas. O local se tornou o epicentro da tragédia no litoral norte. Aproximadamente 650 pessoas viviam no local.

“Por volta de 21h, peguei uma entrega para a Vila Sahy, rua 1. Quando cheguei lá, já não consegui entrar na rua porque estava alagada. Tive de dar a volta por uma outra travessa e fiz a entrega em cima do morro. Estava com muito medo, descia muita água pela rua”, conta.

Segundo o motoboy, às 22h30 já não era mais possível trabalhar, pois todos os lugares estavam inundados. “Cheguei em casa, nem dormi, fiquei acordado até 4 da manhã, vendo os pedidos de socorro sem poder fazer nada.”

O fornecimento de água no litoral norte também foi afetado pela chuva, resultando em várias regiões sem abastecimento, incluindo Camburi. “Minha casa tem um metro e meio de altura, e mesmo assim entrou água na garagem. Inundou o piso do carro, entrou em casa, na cisterna, e agora estamos sem água. O terreno inteiro foi devastado”, relata Edson Lobato, consultor e gestor ambiental.

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Redação Conti Outra, com informações do R7.







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