Faleceu Lya Luft, a grande autora brasileira que entendia a alma humana

Natural de Santa Cruz do Sul, município do Rio Grande do Sul. Descendente de alemães, a escritora de 83 anos deixa uma ampla obra com 31 livros publicados, dentre eles “As Parceiras” e “Perdas e Ganhos”.

Uma das mais importantes escritoras da literatura brasileira, Lya faleceu nesta quinta-feira (30), em sua casa, como desejava, em Porto Alegre, enquanto dormia. Há 7 meses a autora recebera o diagnostico de um câncer de pele agressivo, chamado melanoma, e que já estava com metástases.

Lya Luft transitou por vários gêneros: romances, poemas, contos, crônicas, ensaios. Foi cronistas de jornais, tradutora, escritora. Dentre seus trabalhos, foi responsável pela versão em português de mais de cem livros de autores internacionais como Virginia Woolf, Rainer Maria Rilke, Hermann Hesse, Doris Lessing, Günter Grass, Botho Strauss e Thomas Mann.

Ela deixa o marido, o engenheiro e escritor Vicente de Britto Pereira, os filhos Susana e Eduardo, professor de Filosofia, além de sete netos e netas. Também foi mãe de André, engenheiro agrônomo, falecido em 2017.

Escreveu o seu primeiro romance, As Parceiras, que teve repercussão nacional, aos 40 anos.

Em 1996, foi eleita patrona da Feira do Livro de Porto Alegre. Em 2001, recebeu o Prêmio União Latina de Melhor Tradução Técnica e Científica, pela obra Lete: Arte e Crítica do Esquecimento, de Harald Weinrich.

Apesar de uma carreira premiada, Lya Luft se tornou famosa entre o grande público após o lançamento de Perdas & Ganhos, em 2003. Considerada um best-seller, a obra chegou em sua 40ª edição, com mais de 600 mil exemplares vendidos, de acordo com a Editora Record. No livro, a escritora apresentou reflexões sobre temas do cotidiano, como relações familiares e amorosas, solidão, velhice e luto. Perdas & Ganhos ganhou edições em inglês, alemão, espanhol, francês e italiano, entre outros idiomas.

Em 2013, recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo livro O Tigre na Sombra (2012), eleita a melhor obra de ficção do ano na categoria romance. Nos anos seguintes, a autora ainda lançou O Tempo é um Rio que Corre (2013), Paisagem Brasileira (2015) e A Casa Inventada (2017).

Em 2020, chegou às livrarias As Coisas Humanas, lançado em homenagem ao filho André. Na obra, Lya se propôs a uma conversa “ao pé do ouvido” com o leitor, em que ela contempla o lado belo e o feio da existência, abordando infância e velhice, alegria e terrores, família, solidão e amor, trabalhos e luta, beleza, mistério e morte.

Em uma coluna recente em GZH, Lya também falou sobre a morte: “Não quero brincar de morrer, como em criança fazia, me deitava na cama, no assoalho, tentando ficar assim por um pouco de tempo que fosse: não conseguia muita coisa. Achava morrer muito ameaçador, e se nunca mais eu conseguir acordar desse sono maluco? Melhor pegar um dos meus amados livros, e entrar naquelas histórias”.

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Texto com informações e fragmentos de texto de LARISSA ROSO E
CARLOS REDEL do Zero Hora







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