Em 48h, pesquisadores brasileiros sequenciam genoma do coronavírus presente no Brasil.

Apenas dois dias após o primeiro caso de coronavírus da América Latina ter sido confirmado na capital paulista, pesquisadores do Instituto Adolfo Lutz e das universidades de São Paulo (USP) e de Oxford (Reino Unido) publicaram a sequência completa do genoma viral, que recebeu o nome de SARS-CoV-2.

Esse tipo de informação, além de ajudar a entender como o vírus está se dispersando pelo mundo, também é útil para o desenvolvimento de vacinas e testes diagnósticos.

“Ao sequenciar o genoma do vírus, ficamos mais perto de saber a origem da epidemia. Sabemos que o único caso confirmado no Brasil veio da Itália, contudo, os italianos ainda não sabem a origem do surto na região da Lombardia, pois ainda não fizeram o sequenciamento de suas amostras. Não têm ideia de quem é o paciente zero e não sabem se ele veio diretamente da China ou passou por outro país antes”, disse Ester Sabino, diretora do Instituto de Medicina Tropical (IMT) da USP.

“Esse é um vírus que sofre poucas mutações, em média uma por mês. Por esse motivo não adianta sequenciar trecho pequenos do genoma. Para entender como está ocorrendo a disseminação e como o vírus está evoluindo é preciso mapear o genoma completo”, explicou.

Conhecer os genomas completos do vírus, que recebeu o nome de SARS-CoV-2, nos vários locais onde ele aparece, é importante para compreender como se dá sua dispersão e para detectar mutações que possam alterar a evolução da doença.

O sequenciamento do genoma viral foi conduzido por uma equipe coordenada por Claudio Tavares Sacchi, responsável pelo Laboratório Estratégico do Instituto Adolfo Lutz (LEIAL), e Jaqueline Goes de Jesus, pós-doutoranda na Faculdade de Medicina da USP e bolsista da FAPESP.

“Já estávamos prevendo a chegada do vírus no Estado de São Paulo e, assim que tivemos a confirmação, acionei os parceiros do Instituto de Medicina Tropical da USP. Já estávamos trabalhando juntos há alguns meses no uso da tecnologia MinION para monitoramento da dengue”, contou Saccchi à Agência FAPESP.

“Temos trabalhado para desenvolver uma tecnologia rápida e barata. Todos os casos que forem confirmados no Adolfo Lutz serão sequenciados. A ideia é fornecer informações que possam ser usada para entender a epidemia em curso, para que outros cientistas possam comparar os dados. Essa cadeia de informação de todo mundo junto é importante para o mundo poder responder à epidemia”, completa Ester Sabino.

Em média, no resto do mundo, os grupos de pesquisa estão levando cerca de 15 dias para conseguir fazer o sequenciamento. O projeto brasileiro foi lançado justamente com o objetivo de agilizar esse processo, para ajudar a fornecer informações com mais rapidez.

 

Com informações de USP e UOL







Ana, 20 anos, estudante de Artes Visuais na UNESP de Bauru. Trago aqui matérias que são boas de se ler.