Ela é o caos

Ela é o caos. Ela é a tempestade disfarçada de calmaria. Ela é a dúvida disfarçada de certeza. Ela é tristeza no carnaval, ela é alegria nos dias de chuva. Ela se perde em multidões e ela se encontra ouvindo Los Hermanos. Ela gosta de silêncio porque sua mente a ensurdece. Ela aparenta ser gelada porque não quer que todos saibam dos vulcões que habitam sua alma. Ela é estranha. Ela entende os outros e muitas vezes não se entende. Ela é impulsiva, ela faz planos mas geralmente é o acaso que a guia.

Sua vida nunca foi cor-de-rosa, ela nunca foi chamada de meiga e nunca ficou calada ao ouvir absurdos. Ela é, ela ri, ela chora, ela briga e ela transborda. Ela não conhece o meio-termo. Ela é dos extremos opostos, ela é da corda bamba. Ela não troca o preto pelo rosa. Ela odeia e ela ama. Ela é açúcar e ela é sal. Parece ter coragens inesperadas mas seus medos existem e estão guardados a sete chaves. Ela prefere a determinação da segunda-feira ao tédio de um domingo. Ela prefere a dor da certeza ao incômodo do talvez. Ela é sim e ela é não. Ela tem as perguntas e ela tem as respostas. Ela possui mente forte e coração mole. Ela parece ser durona mas por dentro ela não é.

Ela sabe ser companhia mas ela também sabe ser solidão. Ela gosta da paz do seu quarto mas ela também ama a fúria do mar. Ela valoriza começos mas sabe que alguns fins são necessários. Ela se diverte muito mais em casa ou na sala de aula do que indo a festas.Ela fala muito e se arrepende. Ela se cala e se arrepende mais. Ela é coragem quando desgosta de alguém, ela é o medo quando gosta.

Ela não se ajusta ao comum e não atende às expectativas alheias. Ela chora quando esperam que ela sorria. Ela reage quando a dão por vencida. Ela revida após o último golpe. Ela se torna cinzas pra renascer depois. Ela vai ao inferno das emoções e volta ainda mais forte e brilhante.

Quando ela cala, sua mente fala e ela joga tudo em um papel. Ela é inverno e ela é verão. A estação das flores não é pra ela. Ela prefere a beleza do cacto, tão rústico e resistente. Ela é tudo ou nada. O meio-termo a desconcerta, terremotos a reconstroem. Ela até parece ser calmaria mas no fundo ela é o caos.







“Sou personagem de uma comédia dramática, de um romance que ainda não aconteceu. Uma desconselheira amorosa, protagonista de desventuras do coração, algumas tristes, outras, engraçadas. Mas todas elas me trouxeram alguma lição. Confesso que a minha vida amorosa não seguiu as histórias dos contos de fada, tampouco os planos de adolescência. Os caminhos foram tortos, íngremes, com muitos altos e baixos e consequentemente com muita emoção. Eu vivo em uma montanha-russa de sentimentos. E creio que é aí que reside o meu entendimento sobre os relacionamentos. Estou em transição: uma jovem se tornando mulher experiente, uma legítima sonhadora se adaptando a um mundo cada vez mais virtual. Sou apenas uma mas poderia ser tantas que posso afirmar que igual a mim no mundo existem muitas e é para elas que escrevo: para as doces mulheres que se tornaram modernas mas que ainda acreditam nas histórias de amor.”