Do problema das comparações

Sou muito mais do que me reduzo. Não sei com que olhos me vejo, apenas sei que estão desajustados. Olho-me pequena. Pequena para cair e levantar, pequena para saltar, correr e tropeçar, pequena para voar para fora da gaiola dos meus medos. Mas não sou pequena e tenho de saber disso. Tenho de saber que já caí muitas vezes e estou aqui… tenho de me recordar que já escalei sem saber muito bem onde colocar os pés e onde poderia me agarrar…mas estou aqui.

Somos tão mais do que achamos. Somos únicos, caramba! E perdemos tempo a comparar o que não tem comparação possível. Devíamos orgulhar-nos da nossa individualidade, da nossa imperfeição, falhas, acertos e de tudo aquilo que faz de nós seres absoluta e inequivocamente especiais.

Hoje escrevia sobre o facto de ter um percurso incoerente, confuso e até mesmo irresponsável, “castigando-me” por isso. Para quê? Foi esse mesmo percurso que me permitiu ficar a olhar as estrelas em Chã das Caldeiras (Cabo Verde) um dia antes de subir o vulcão do Fogo… foi esse percurso que me permitiu fazer uma viagem extraordinária a Marrocos e estar de noite no deserto do Sahara com amigas maravilhosas!

Estive em muitos lugares, conheci pessoas para as quais meras palavras não bastam para descrever e por isso rotular o meu percurso de forma negativa seria diminuir tudo o que sou e tudo o que essas pessoas representaram na minha vida.

Sou mais do que privilegiada. E, por tantos motivos que disse e outros tantos que ficarão por dizer, tenho de reajustar a minha visão: não posso ver-me pequena. Mereço mais.

 







Ainda sonho em fazer a diferença no mundo, em deixá-lo um pouco melhor do que o que encontrei. Acredito que no fim do dia o que importa é o amor que sentimos e partilhámos.