Detox emocional: uma limpeza da alma

Imagem de capa: Maridav, Shutterstock

Todo fim de ano é aquela velha história: o ano que vem será diferente. E, então, o novo ano surge e tudo continua completamente igual, inclusive, a sua promessa de que no próximo ano tudo será diferente (embora, bem lá no fundo, você saiba que não será).

A resposta para esse insucesso, na maior parte dos casos, não está no outro, na crise, ou na eleição do novo presidente da Indochina. A resposta está em você, em mim, em nós. Está na manutenção dos nossos velhos hábitos em uma vida que se pretende nova, na acomodação em tempos que dizermos ser de mudanças.

Assim, talvez o que estejamos precisando para que o ano seja realmente novo, seja um detox emocional, para tornar a nossa alma livre de todos os grilhões que a impedem de voar.

Para começar, uma coisa óbvia: a vida é curta e é uma só. Essa constatação, apesar de evidente, parece nos passar despercebida, afinal, vivemos de maneira degradante, como se a finitude não fosse motivo suficiente para buscarmos ser felizes por nós mesmos verdadeiramente.

Por falar em felicidade, uma das principais fontes de felicidade que existe (ou deveria existir) é o nosso trabalho. Entretanto, quantos de nós realmente gostam do que fazem? A maior parte das pessoas passam pela semana de forma avassaladora, se pudessem, viveriam em um eterno “FDS”, regado a belos anestésicos que os façam esquecer da vida de merda que levam e de que segunda-feira, o dia maldito, está chegando e terão que mais uma vez passar pela horrível semana de trabalho.

Confesso que viver assim beira a idiotice, mas é assim que vivemos. Poucos possuem a coragem de trabalhar com o que realmente gostam, de viver seu sonho, ao invés de passar os dias, as semanas e os anos desnutrindo a sua alma. A vida precisa de coragem, portanto, saia da zona de conforto e se arrisque. Se não gosta do seu emprego, procure outro, volte a estudar, revisite os seus sonhos juvenis, às vezes precisamos desse frescor para renovar os ânimos e espantar o medo.

Não deixe que os olhares acusadores de uma sociedade hipócrita e triste te impeçam de correr atrás daquilo que arde em você, seja você jovem ou mais velho, pois todos nós somos constituídos das mesmas coisas: sonhos.

Muito embora, sejamos acomodados na vida profissional, parece-me, que somos ainda mais nas relações interpessoais. Quantas vezes nos submetemos a relacionamentos que em nada nos agregam somente por preguiça de buscar novos ambientes, conhecer novas pessoas e iniciar novos relacionamentos (em que sentido for)?

Preferimos ficar com aquela ideia prisioneira de que todo mundo é igual, de que vamos apenas nos desgastar e no fim das contas tudo será como antes, etc. Entretanto, isso não é verdade, uma vez que nada na vida pode ser determinado com exatidão axiomática.

A vida é composta de vivências e experiências, de modo que só saberemos se será diferente, se tentarmos. Do contrário, continuaremos presos em relacionamentos superficiais, usurpadores, degradantes, por acreditar na ideia simplista e cômoda de que todo mundo é igual, o que, trocando em miúdos, quer dizer que nós não somos merecedores de amizades e amores que nos façam crescer e nos sentir infinitos.

A conversa está muito bonita e tudo mais, entretanto, é preciso ressaltar que nós somos os vetores da mudança, de modo que detectar os problemas é fácil (todo ano nós fazemos), difícil mesmo é arregaçar as mangas e tomar as rédeas da própria vida. É deixar de viver conforme o padrão e a vontade alheia, para ser o que você é, sem máscaras e fingimentos.

Quebrando a cara, mas vivendo, afinal, triste é chegar ao fim da vida e descobrir que não viveu. Deixe tudo que te faz mal de lado: seja o trabalho, pessoas, opiniões, a bela, recatada e do lar chamada “sociedade”; e viva a sua vida do seu jeito, trilhando o seu próprio caminho, já que o caminho certo é o que te leva para junto de você e, consequentemente, te faz feliz.

Livre-se da preguiça, do comodismo, da insegurança e do medo infernal de falhar, porque é muitas vezes na queda que enxergamos a vida de um jeito diferente e passamos a nos “rebuscar”.

Como disse o velho Bukowski: “A vida pode ser boa em certos momentos; mas, às vezes, isso depende de nós”.

Sendo assim, mais do que prometer um ano diferente, devemos pensar no quanto concorremos para o que queremos mudar. Então, perceberemos que a chave da mudança está dentro de nós, e que somente buscando-a conseguiremos abrir a porta da felicidade.

No fim das contas, a grande pergunta que devíamos fazer é se no ano que se encerra, fizemos de tudo para alcançar a felicidade, porque é a resposta a essa pergunta que sintetiza o tamanho da mudança que devemos fazer para que o novo ano, enfim, seja diferente.







"Um menestrel caminhando pelas ruas solitárias da vida." Contato: [email protected]