Falar de clima espacial costuma soar distante do cotidiano, até que alguém projeta impacto direto em energia, água, transporte e alimentos.
Foi nessa chave que Ben Davidson, fundador do Space Weather News, descreveu no podcast Matt Beall Limitless um cenário em que a Terra atravessa um ciclo de desastres que se repetiria a cada cerca de 6 mil anos, com potencial para derrubar infraestrutura crítica e acelerar extinções.

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No núcleo da tese está a combinação entre um campo magnético terrestre em enfraquecimento e um gatilho solar extremo, apelidado por ele de “micronova”. A sequência seria mais ou menos assim: o Sol liberaria uma explosão capaz de bagunçar o ambiente eletromagnético do planeta, e a baixa resistência do nosso “escudo” facilitaria tempestades geomagnéticas de grande escala. O resultado, segundo Davidson, incluiria tsunamis, mudanças abruptas no clima e perdas massivas de biodiversidade.
Ele sustenta que não fala ao acaso e aponta um indicador-chave: desde o século XIX, o campo magnético teria perdido algo em torno de 15% de sua intensidade. Para embasar a leitura, menciona o aumento de registros de auroras em latitudes onde elas eram raras — um sinal, na visão dele, de que partículas solares estão conseguindo provocar efeitos visíveis com menor “força” do que antes, justamente porque a proteção magnética estaria mais frágil.
O argumento segue com um paralelo histórico. Em 1859, o chamado Evento Carrington queimou linhas de telégrafo e causou panes no sistema de comunicação da época.

Se algo do mesmo porte ocorresse hoje, a lista de vulnerabilidades seria muito maior: redes elétricas interligadas, estações de bombeamento de água, cadeias de suprimentos baseadas em logística eletrônica e comunicação por satélite.
Davidson usa esse panorama para fazer uma projeção incômoda: bastariam poucos dias de apagão para desabastecer postos de gasolina e esvaziar prateleiras.
Mais que discutir a probabilidade exata, ele chama atenção para o ponto fraco global — a baixa preparação para eventos geomagnéticos severos, que poderiam escalar de incômodo técnico a crise humanitária.
Outro componente da narrativa é a periodicidade. Segundo o pesquisador, estaríamos no “meio” de um ciclo de cerca de 6 mil anos. A janela temporal proposta para um episódio de grande impacto vai de 10 a 25 anos.
Ele reconhece que a hipótese da “micronova” não é consenso na comunidade científica, mas afirma que os sinais atuais caminham no sentido previsto por seus estudos.
No debate público, o ceticismo aparece. Mesmo assim, Davidson sustenta que parte do risco seria subcomunicado para evitar pânico e insiste em um recado prático: discutir protocolos de resiliência para infraestrutura essencial não deve esperar.
Na leitura dele, o ciclo de desastres da Terra já estaria em curso; ignorá-lo seria contar com a sorte em um tabuleiro que envolve Sol, magnetosfera e sistemas humanos altamente dependentes de eletricidade e dados.
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