Caso de Vini Jr evidencia necessidade de combate pesado ao racismo

O principal assunto dos programas e jornais esportivos espanhóis no começo da temporada 2022/23 é a ‘dancinha’ de Vinícius Júnior, sua comemoração após marcar gols pela equipe do Real Madrid.

Os comentaristas falavam sobre o desempenho de cada equipe no Campeonato Espanhol, uma das competições mais visadas por apostadores em todo mundo – confira os jogos nas melhores casas de apostas – quando surgiu a polêmica após as declarações desastrosas feitas pelo presidente da Associação Espanhola de Empresários de Jogadores, Pedro Bravo.

Ele disse durante um programa esportivo muito popular que Vini Jr, como o jogador é chamado carinhosamente pelos torcedores merengues, ao fazer essas “macaquices” após marcar os gols desrespeita os seus adversários. “Se deseja dançar, que vá ao sambódromo”, afirmou.

A repercussão da declaração pífia foi imediata não só nas redes sociais, como também dos colegas jogadores, inclusive da seleção brasileira, que aconselharam Vinicius Jr a continuar a fazer suas dancinhas após os gols.

Os torcedores também reagiram lembrando que quando Griezmann, o atacante francês que defende o Atlético de Madrid faz suas dancinhas após marcar seus gols nada acontece, ninguém o critica.

No fim de semana seguinte no jogo entre Atlético de Madrid x Real Madrid, Vini Jr foi provocado desde a chegada ao estádio Wanda Metropolitano e torcedores foram flagrados tendo ações claramente racistas. Contudo, o atleta não se intimidou e na vitória do Real Madrid por 2 a 1 sobre o Atlético, os dois brasileiros – Rodrygo e Vini Jr – comemoraram o primeiro gol com mais uma dança.

O Real Madrid após as declarações feitas na televisão na semana passada soltou um comunicado oficial alertando que não admitirá qualquer palavra ou ato racista aos seus jogadores e que tomará medidas legais nesses casos.

No jogo após alguns torcedores do Atlético terem um comportamento racista, ofendendo a Vinicius Junior a “La Liga”, organizadora da competição deu uma resposta imediata e denunciará os torcedores a Comissão Antiviolência do Conselho Superior de Esportes.

O próprio Atlético de Madrid emitiu um comunicado de que expulsará do clube todos os torcedores envolvidos em atos racistas, que a músicas cantadas causam repulsa e indignação e de que não irão permitir que nenhum torcedor do clube profira insultos racistas ou xenófobos. O Ccube terá tolerância zero em casos de racismo.

Na verdade, todo esse problema não nasceu simplesmente por uma declaração na televisão: o racismo infelizmente sempre existiu o futebol europeu. Quem não se lembra do caso ocorrido no estádio do Villarreal em 2014, quando foi jogada uma banana para Daniel Alves que atuava no Barcelona.

Por isso mesmo a reação de Daniel Alves foi dura em relação aos problemas enfrentados por Vinicius Junior. Ele declarou que “o verdadeiro problema é que a Europa está cheia de racistas e eles simplesmente não aceitam que pessoas de outras nacionalidades se destaquem mais do que eles”.

Na Espanha esses atos racistas no futebol são penalizados com multas, mas de maneira ainda muito leve, ao contrário do que ocorre nas competições europeias e na Premier League. Na Premier League desde 2021 as regras foram alteradas e se tornaram muito mais severas para casos de racismo.

A UEFA também tem sido dura nessa questão, principalmente depois do caso ocorrido em pleno Parque dos Príncipes, em uma partida entre o Paris Saint-Germain e o Istanbul Basaksehir da Turquia. Quando o quarto árbitro fez uma ofensa racista contra o ex-atacante camaronês Pierre Webó, que pertencia à comissão técnica da equipe turca. A revolta das duas equipes foi tanta que acabaram se retirando de campo em protesto e a partida teve de ser remarcada.

Não será a primeira vez que o clube de Madrid sofre punições por racismo. Um grupo de torcedores radicais do Atlético de Madrid já causou muitos prejuízos ao clube, sempre por cânticos ou ofensas racistas aos jogadores rivais.

Infelizmente o racismo está enraizado na sociedade e também no futebol em todo o mundo, inclusive no Brasil, onde os casos de racismo aumentam a cada ano. As punições exemplares e a educação da sociedade são primordiais para superarmos esse problema histórico.

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Imagem de capa: https://unsplash.com/photos/qCrKTET_09o







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