Quando ciência digital encontra um dos artefatos religiosos mais famosos do planeta, o debate reacende com força. Foi o que aconteceu após o brasileiro Cicero Moraes publicar, na revista científica Archaeometry, uma análise que tenta esclarecer como surgiu a imagem do Santo Sudário de Turim — o tecido associado ao corpo de Jesus após a crucificação.
Em menos de uma semana, o artigo entrou no top 10 dos mais comentados da história do periódico, segundo a Altmetric, e virou assunto no mundo todo.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2025/Y/1/hj7utMSw25tOAYZC1G1w/blog-turin.jpg)
Leia também: 9 hábitos que pessoas felizes após os 60 anos deixam para trás – e que você deveria adotar enquanto é jovem!
No trabalho, batizado de “Formação de imagens no Santo Sudário — Uma abordagem digital 3D”, Moraes usa simulações tridimensionais para testar hipóteses de formação da imagem. Ele compara dois cenários: a projeção direta de um corpo humano tridimensional sobre o tecido e a impressão por contato com um modelo em baixo-relevo.
Os resultados favorecem o baixo-relevo. O padrão de contato gerado por essa técnica reproduz a figura do Sudário com menos distorções anatômicas, enquanto a projeção de um corpo 3D produz deformações que não batem com o que se observa no pano. A conclusão aponta que a imagem pode ter sido criada por meios artísticos, hipótese que dialoga com a possibilidade de uma produção medieval.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2025/Q/8/ifHvE2RO6FECg5Rwa0LA/blog-turin-3.jpg)
Um ponto central do estudo é a reprodutibilidade: todas as etapas foram executadas com softwares livres e procedimentos detalhados, permitindo que outros pesquisadores repitam — ou contestem — o método. Moraes ressalta que a proposta é testar mecanismos de formação, não decretar veredictos de fé; o trabalho, diz ele, vê a peça como uma obra de arte cristã que cumpriu seu papel devocional com enorme eficácia.
O autor também responde a uma objeção recorrente, citada em discussões como as do historiador da arte Thomas de Wesselow: a suposta inexistência, na Idade Média, de domínio técnico para gerar uma imagem “negativa”.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_1f551ea7087a47f39ead75f64041559a/internal_photos/bs/2025/K/p/eObfUfSoWr8Dw3IMWAKg/blog-turin-4.jpg)
Para Moraes, artistas de diferentes períodos tinham alto nível de habilidade, e o efeito negativo pode ser obtido por procedimentos simples fora do ambiente digital — por exemplo, explorando contrastes de luz e percepção visual que qualquer observador reconhece ao olhar fixamente uma imagem e, em seguida, fechar os olhos.
Leia também: Registro inédito mostra como começou o tsunami que matou 220 mil pessoas – veja o vídeo
Compartilhe o post com seus amigos! 😉

