Bagagem intelectual não necessariamente implica em sabedoria!

Imagem de capa: Lia Koltyrina/shutterstock

Esses dias ouvi, sem querer, a seguinte “pérola” de um professor de Filosofia de uma escola das redondezas:

“Pois é. A falta de estudos… De um curso superior, por exemplo, deixa as pessoas ignorantes, tanto no sentido intelectual e de consciência crítica quanto no sentido de brutalidade.”

Fiquei tão abismada com o fato de uma fala como essas sair da boca de um professor de Filosofia que nem soube reagir. Apesar disso, é possível tirar uma reflexão da situação, não é?

Não moço, não é bem assim… É bem provável que algum professor tenha lhe dito durante seu curso que existem quatro tipos de conhecimento. O senso comum (conhecimento empírico), o conhecimento filosófico, o teológico e o científico. Cada um tem sua relevância, porém nenhum, NENHUM deles é sinônimo de ignorância, brutalidade, sensibilidade ou falta de consciência crítica.

Pelo pouco que vi, vivi e convivi, às vezes, a experiência de vida conta muito mais que qualquer teoria que você tenha visto na universidade.

Já conheci pessoas que viveram a vida toda na roça e tinham mais sabedoria e consciência política que boa parte de meus professores universitários. Crianças que questionavam mais as injustiças do mundo que muitos estudantes universitários que conheço. Gente que viveu anos a fio na rua ou dentro de uma igreja e é mais bem informado que metade das pessoas que convivo.

Por outro lado, já conheci professores de insensibilidade preocupante, mestrandos e especialistas cheios de brutalidade e estudantes – aos montes – que se acham superiores por terem uma “bagagem intelectual” qualquer.

Conhecimento científico não é, afinal, sinônimo de sabedoria. Bagagem intelectual não pressupõe de modo algum sensibilidade. A humildade, em contrapartida, é parceira tanto da sabedoria quanto da sensibilidade. E é esta que nos falta quando caímos na tola ilusão de superioridade baseada no número livros que lemos, de anos que estudamos ou de diplomas que temos.

Já dizia Paulo Freire, pensador influente no que diz respeito a sua profissão: “Ensinar exige humildade”. É preciso usá-la para que possamos trocar conhecimento com quem está ao nosso redor e tenhamos a habilidade de tocar uns aos outros.







Paraibana (Campinense) estudante de Psicologia que tem a cabeça nas nuvens, pés no chão e um fraco por causas perdidas.