ALZHEIMER, por Regiane Reis

À minha querida avó Emilia, a quem um dia eu não soube entender

 

Se você me abraça e eu não o reconheço,

Não faz mal,

Abrace-me mesmo assim,

Pois sou capaz de sentir a sua energia de amor a me envolver.

Se você conversa comigo e eu não entendo o que você diz,

Não faz mal,

Converse ainda assim,

Pois a sua expressão será capaz de me mostrar que tenho a sua atenção e o seu companheirismo.

Se ao me ver tendo comportamentos que, em público, eu jamais antes teria,

Não se envergonhe,

Nem desdenhe.

É apenas o meu inconsciente se libertando dos entraves da matéria.

Caso eu pareça indiferente e distante,

Não se engane, meu filho.

Estou próxima, bem próxima, clamando pelo seu carinho.

Se o meu sofrimento lhe entristece ou aborrece,

Não, não sinta pena e tampouco deseje a minha morte,

É o meu espírito que se aperfeiçoa, a cada dia e no tempo do Senhor, num salto notável a que poucos conseguem chegar…

Se minha aparência lhe causa repulsa,

Beije-me mesmo assim,

Afague os meus cabelos,

O seu carinho é um bálsamo ao meu espírito tão carente por seu amor.

Quando vir o meu corpo já desfalecido, pronto para o derradeiro adeus,

Oh, nesse momento, somente nesse momento, tenha a certeza de que já me fui…

Encontrar o Pai em esferas mais elevadas.

Antes disso, porém, não me negue o seu amor.

Eu estava em difícil prova, necessitando de sua ajuda, de sua compreensão, totalmente entregue ao seu livre arbítrio, mas com a forte expectativa de que seria capaz de me proteger.

 

contioutra.com - ALZHEIMER, por Regiane ReisRegiane Reis

“Com formação na área jurídica e buscando o autoconhecimento, entendi que precisava escrever sobre temas universais como a vida, o amor e a fé.”
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