Acorda, menina!

Não vai à praia e recusa convites porque está acima do peso? Não usa aquele esmalte azul maravilhoso porque o namorado não gosta? Não viaja sozinha porque tem medo de que pensem que você é uma coitada abandonada? Não coloca limites porque tem pavor de ser rejeitada? Não começa aquele curso de dança porque acha que não tem talento? Não canta porque é desafinada? Foge das fotos porque se acha feia, gorda, esquisita? Não usa aquela roupa porque vão te achar ridícula?

Ahhhhh… minha linda, minha querida, minha menina… Você não está sozinha! Infelizmente. Poderíamos formar um exército de garotas, jovens e mulheres maduras maravilhosas que não são capazes de ver em si mesmas essa beleza toda.

Crescemos acreditando que nossos defeitos são tantos, que o nosso tamanho é inadequado, que a boca poderia ser mais carnuda, que as coxas poderiam ser menos roliças, que a cintura podia ser mais fina, que o bumbum podia ser mais definido, que a pele… Virgem Maria Santa! Será que já não passou da hora de dar um “CALA A BOCA” nessas vozes externas que gritam dentro da gente; e que tiram da gente a alegria de viver?!

Até quando vamos nos submeter a tanta regra ridícula de uma suposta adequação a sei lá que tipo de padrão inatingível, que nunca vamos alcançar?! Até quando vamos murchar por dentro, para conquistar a aprovação de um suposto júri que também vive atormentado e desesperado por um selo de qualidade estética, laboral, comportamental, amoroso e blá, blá, blá…?!

De minha parte, digo que estou farta de assistir a meninas adoecidas, maltratadas por disfunções alimentares, submetendo seus corpos a uma tirania sem limites, só para serem admiradas, só para não se sentirem feito lixo, num mundo cada vez mais excludente e cruel.

É assustador demais! Em vez de mulheres reais, estamos criando meninas fabricadas em série, numa linha de montagem que reproduz modelos pré-estabelecidos e nega o direito às lindas formas diferentes e únicas de cada uma.

Acorda, menina!!! Não há príncipe nenhum que tenha o poder de despertá-la deste pesadelo. Não há bruxa nenhuma, que responda pela sua falta de amor próprio. A libertação é sua! A chave da cela está exatamente naquele esconderijo que só você conhece. Tome posse da sua vida! Quebre as correntes! Dê um grito de liberdade, nem que seja diante do espelho do seu banheiro… só para começar!

Escolhe um esmalte caprichado, pinta as unhas e a alma… pisa com esses pezinhos coloridos naquela areia da praia que anda com saudades de você! Dance, cante, ouse sair dessa casquinha de falsa proteção. Cada dia de silêncio, é um dia de vida desperdiçada. E a sua vida, minha linda, vale muito mais do que um dia você se atreveu a supor!







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"