A menina que mora em mim

Por Adriane Sabroza

Essa é a menina que mora em mim. Olhar doce, sorriso tímido, muitos sonhos e alguns medos.

Essa é a menina que mora em mim. A fila andou, o tempo passou, mas ela ainda está aqui. E faz questão de me lembrar disso, sempre, a todo momento, na risada fora de hora, no medo da solidão, na interminável vontade de aprender, na sensação de que há tanto ainda por saber,  no desejo , quase desesperado, que ao raiar do dia venha a confirmação de que os monstros debaixo da cama não passam de ilusão.

Essa é a menina que mora em mim. Companheira de longa data, a única que sabe como tudo se deu. Somente ela me conhece, sabe minhas dores e alegrias, medos e fantasias.

Essa é a menina que mora em mim. Apesar de todo o caminho percorrido, às vezes não acredita no que eu mesma digo e ao hesitar, me faz pensar, por vezes, mudar.

Essa é a menina que mora em mim. Carinha de criança, expressão de esperança, mas com uma alma velha, de quem também conhece o peso da vida. Talvez, por isso, mantenha o sorriso, não um sorriso inocente, mas de cumplicidade, típico entre aqueles que se conhecem não só pela metade.

Essa é a menina que mora em mim. Escondida atrás de algumas linhas de expressão, que guarda como troféus das suas pequenas batalhas. Sabe , como ninguém, o que me faz ir além, reconhece meus medos e é capaz de guardar segredos.  Sabe que o tempo é curto e que por isso, não se deve perdê-lo,  mas há momentos em que desiste, seja por dor, preguiça ou medo.

Essa é a menina que mora em mim. Enfrenta lutas diárias entre a alegria e a dor, a sabedoria e o rancor, a maturidade e o frescor. Já pensou em desistir, mas no fundo, deseja mesmo é seguir, seja lá pra onde for.

Essa é a menina que mora em mim. Nos conhecemos há tanto tempo, mas ela ainda me surpreende e faz questão de deixar claro que nem ela mesmo, me entende.







Psicoterapeuta por paixão e opção, mãe de três meninas lindas, minha maior realização e, nas horas vagas, aprendiz de escritora, sem nenhuma pretensão.