A hora de consertar o telhado é quando não está chovendo

A escola ensina uma porção de coisas inúteis para a gente. Quer ver só? Quando foi que você usou aqueles cálculos de graus, minutos e segundos que aprendeu na aula de Geometria na vida prática? Quando foi que você usou uma batata para produzir energia? Para que serve saber a classificação dos Platelmintos? Quando foi que você usou Bhaskara? Pois é…

O que é que custava então, a escola parar um pouquinho… Só um pouquinho… Para rever seus conceitos medievais e pensar em coisas realmente úteis para se ensinar à molecada?

Por exemplo, quem é que aprendeu a calcular o valor da mesada na escola, nem que fosse para saber quantas figurinhas, balas ou pirulitos seria possível comprar com nosso rico dinheirinho?

E o que é que custava a escola ensinar que inveja é uma coisa que todo mundo se vê como vítima, mas ninguém admite sentir?

Outra coisa… Por que diabos não ensinam os pequenos que o amiguinho quieto demais pode ter tantos problemas – ou mais até -, do que aquele endiabrado que distribui socos, mordidas, beliscões e pontapés?

Que a gente não nasce sabendo, todo mundo já descobriu… Acho…

No entanto, de todas as nossas maiores dificuldades, mais difícil ainda do que aprender a ficar de pé em cima das próprias pernas, ou amarrar o cadarço do tênis de um jeito que não viva desamarrando, ou ainda, fazer perguntas certas nas horar certas… o que nos transtorna mesmo a vida é não saber olhar além.

Temos olhos interiores atrofiados. Às vezes, nos custa enxergar o óbvio, o que está bem na frente do nosso nariz ou em cima de nossas cabeças. Que dirá, ver o oculto, ler nas entrelinhas ou vislumbrar o perigo.

Seguimos trôpegos, exatamente como seguíamos lá atrás na época dos primeiros passinhos. Vamos tropeçando em nossa própria falta de jeito para entender os intrincados meandros de nossas vidas e – muito mais -, tropeçamos na intersecção de nossas vidas com outras vidas.

Lembramos do quanto é bom um leitinho gelado quando nos deparamos com NENHUM frasco de leite na geladeira, nos damos conta de que o papel higiênico não é eterno da pior maneira possível e achamos (de verdade) que a casa vai se manter limpa, organizada e com a manutenção em dia como se tivéssemos – todos nós -, eficientes fadas-madrinhas.

Tsc tsc tsc! Como somos tolos! Ninguém nos ensinou a planejar um futuro melhor com o qual apenas vivemos sonhando. Eu não quero acabar com esse seu sorriso aí de alegria, mas… Nunca é demais lembrar que pelo andar da carruagem não haverá mais brasileiros aposentados num futuro próximo… Confere?!

A hora de consertar o telhado é quando não está chovendo. Depois, meu amigo, minha amiga… Inês estará morta! E se não tiver feito um bom seguro funerário, corre o risco de não ter onde repousar para todo o sempre.







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"