80% dos recuperados da Covid-19 tiveram perda de memória e dificuldade de concentração, aponta estudo

Os resultados de um estudo inédito apontam que 80% dos pacientes recuperados da Covid-19 apresentaram disfunções cognitivas, como perda de memória, dificuldade de concentração, problemas com compreensão ou entendimento e dificuldades com o julgamento e raciocínio.

O estudo, realizado pelo Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor), da Faculdade de Medicina da USP, em São Paulo, concluiu ainda que os pacientes tiveram também habilidades prejudicadas, problemas na execução de várias tarefas, mudanças comportamentais e emocionais, além de confusão mental. Um dos pacientes chegou a esquecer como pilotava sua moto. De acordo com os pesquisadores, as consequências da doença no cérebro podem ser tratadas se o diagnóstico for precoce.

Há pacientes que relatam ter esquecido o que almoçaram, ou ter dormido em pé, ou mesmo desaprendindo a pilotar moto, por falta de equilíbrio e coordenação. De acordo com a pesquisa, realizada pela neuropsicóloga Livia Stocco Sanches, até mesmo pacientes com quadros e sintomas leves ou assintomáticos tiveram sequelas neurológicas.

A pesquisadora alerta, com base no levantamento, sobre a necessidade de se incluir, após a recuperação, uma avaliação clínica dos pacientes, incluindo questões sobre sonolência diurna excessiva, fadiga, torpor e lapsos de memória.

Enmtre as consequências da Covid-19 identificadas a partir do estudo está a diminuição da capacidade visuoperceptiva.

“Muitas pessoas perderam a coordenação motora e caem muito”, diz Livia Stocco.

Livia explica que, segundo exames de ressonância magnética funcional, isso acontece porque a função executiva é afetada em pessoas que já contraíram o Sars-Cov-2.

“Em uma pessoa saudável, essa função faz com que ela planeje o dia e busque estratégias para atenuar problemas, por exemplo. Se a pessoa perde essa função ou se ela ficar comprometida, isso pode interferir no trabalho e nas relações sociais, e, com isso, levar à depressão, ansiedade, angústia e agressividade”, diz a psicóloga.

A pesquisadora do InCor detalha que as sequelas cognitivas acontecem porque o vírus entra pelas vias aéreas, compromete o pulmão e, com isso, baixa o nível de oxigênio.

De acordo com o Incor, a OMS (Organização Mundial da Saúde) aguarda os resultados finais do estudo para adotar a metodologia desenvolvida na pesquisa do InCor como padrão em âmbito mundial no diagnóstico e na reabilitação da disfunção cognitiva pós-Covid.

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Redação Conti Outra, com informações de G1.
Foto destacada: Pixabay.







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