4 ótimos motivos maratonar ‘Sintonia’, nova série brasileira da Netflix

A Netflix adicionou recentemente ao seu catálogo mais uma produção nacional, a série Sintonia, idealizada por Kondzilla e produzida por Los Bragas. A série o cotidiano de três jovens amigos, moradores de uma mesma favela em São Paulo, que trilham caminhos diferentes conquistar seus sonhos.

Sintonia estreou fazendo barulho e nós te apresentamos 4 bons motivos para iniciar agora mesmo a sua maratona.

1- A periferia retratada com honestidade e sem estereótipos

Muitas produções do audiovisual brasileiro já usaram favelas como cenário, mas poucas vezes isso foi feito com tanta fidelidade e dignidade quanto na série da Netflix. Passando longe do tom farsesco usado em telenovelas, e desviando do tom didático e professoral empregado em grande parte dos filmes nacionais sobre o tema, Sintonia nos apresenta com impressionante fidelidade o cotidiano de seus personagens. A construção deste universo passa pelo vocabulário repleto de gírias usados pelos atores em cena; pelo figurino, que foge da caricatura do “morador de comunidade” visto “pelos olhos” de uma pessoa que não vive essa realidade; pela trilha sonora, composta de funks já conhecidos, e outros criados especialmente para a série; e pela assustadora – no bom sentido da palavra – reprodução dos cenários internos. Da igreja evangélica às casas dos personagens, tudo soa muito real, o que proporciona uma imersão quase total ao universo que Sintonia nos apresenta. Boa parte desse bom resultado pode ser creditado ao papel desempenhado por Kondzilla na concepção da série. Hoje conhecido como produtor musical e dono do maior canal de música do mundo no Youtube, ele traçou sua história profissional “traduzindo” em clipes os sonhos e aspirações de jovens promessas do funk. Os clipes produzidos por ele inauguraram o estilo chamado “funk ostentação”, que ainda hoje se pratica no mercado. Então ninguém mais indicado do que ele para reproduzir a realidade vivida no berço no funk paulista.

2- Temas espinhosos tratados sem romantização ou julgamentos

No enredo da série, os jovens Doni, Rita e Nando são amigos de infância que, cada um ao seu modo, procuram seu lugar no mundo. O primeiro aspira fazer sucesso como cantor de funk, a segunda trilha uma jornada em busca de propósito e acaba encontrando conforto e terreno fértil para as suas ambições pessoais na religião, e o último encontra pertencimento no mundo do crime. São três personagens perseguindo seus sonhos e a série acerta ao não glamourizar ou fazer julgamento de valor sobre nenhuma destas escolhas. Ao assistir os episódios de Sintonia, você estará acompanhando a gradual caminhada destes personagens rumo ao seu objetivo final, com todos as dores e renúncias que isso traz, mas sem que isso implique em didatismo ou lições de moral.

3- O talento e o carisma dos atores protagonistas.

Bruna Mascarenhas, Christian Malheiros e MC Jottapê, a quem couberam os papéis principais da nova série da Netflix, são rostos relativamente desconhecidos do grande público, e fizeram um trabalho incrível na construção de seus personagens. Eles convencem, cativam e emocionam ao retratar uma juventude que, apesar do difícil contexto social, não deixa de cultivar sonhos. Além do mais, é nítida a sintonia – com perdão do trocadilho – entre eles. Não estranhe se você se pegar torcendo por essa amizade ao assistir à série.

4- Enredo envolvente

Todos os argumentos elencados acima são muito importantes, mas pouco contariam ao resultado final do produto se não se somasse a isso o fato de que o enredo da série é muito envolvente. Com 6 episódios de aproximadamente 40 minutos cada, Sintonia consegue prender o telespectador do início ao fim com uma trama cheia de ação e repleta de bons ganchos. Ao final da maratona, é bem provável que você tenha a sensação de ter visto um filme um pouco mais longo do que o habitual, e já comece a roer as unhas de ansiedade esperando por uma possível segunda temporada.







Felipe Souza é escritor, jornalista, editor de conteúdo para a internet e agora também podcaster. E, além disso, um leitor voraz e um curioso sobre os mais diversos assuntos.