A vítima oportuna é poderosa e perigosa!

Imagem de capa: Photosebia/shutterstock

A vítima é sempre credora de algo. Desde um pedido de perdão até mesmo uma reparação pública. Na maior parte das vezes é a justiça atuando para deixar tudo no zero a zero novamente.

Mas o hábito de se fazer vítima em qualquer situação é pra lá de diferente das vítimas alheias à sua própria vontade. A vítima oportuna quer a atenção, a piedade, a preocupação, e, se possível, todas as reparações imagináveis. Justas ou não.

A vítima oportuna se veste de humilhação, se cobre com melindres e caminha pela estrada de lamentos e ladainhas. Mas não é fraca, não é humilde, não é inocente.

É cheia de poder e acumula créditos. É intocável porque é vítima. É credora porque lhe devem. É manipuladora pela voz que invoca piedade.

E quando algo parece não funcionar, ainda restam as lágrimas. As lágrimas que desarmam muitos e bons argumentos, que lavam e levam embora boa parte da razão, que derretem decisões e deixam arrependimentos espalhados como poças depois da chuva.

A vítima oportuna atua com as ferramentas que possui e vai construindo suas muralhas, até o ponto de ficar totalmente inacessível. Ceder às suas queixas é conceder-lhe cada vez mais poder.

É importante ser sensível aos dramas alheios, é essencial praticar a empatia, mas é absolutamente imprescindível tomar posição firme junto às vítimas oportunas. Não há liberdade nessas relações, a vítima é quem comanda, ainda que aparentemente ferida ou paralisada.

Quem quer ter boa relação com o mundo, com as pessoas e com a vida, precisa ter os olhos abertos para as vítimas oportunas. Boas intenções são como iscas que as atraem. Elas sabem que boas intenções não apertam o botão da desconfiança com facilidade.

São vítimas de si mesmas, ardilosas, criativas, golpistas. Vítimas que não se comprometem com nada já que são vítimas e vivem passivamente, aguardando chances para se agarrarem.

Em todos os casos, ao reconhecer uma vítima oportuna, não dê a ela a oportunidade de fazer moradia nas suas ocupações.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.