Rompimentos não me assustam mais. Sou muito boa com finais.

Imagem de capa: Vagengeim/shutterstock

Não se trata de ser volúvel ou inconstante, mas sim de perder o medo de perder. Nada nem ninguém é posse de outra pessoa. Há começos e finais.

A grande dor é passar o tempo prevendo ou tentando adiar um final. Na tentativa de manter uma vontade viva, contorna-se o muro à frente e abre-se um caminho alternativo, mas certamente a chegada será em outro ponto. O plano inicial de fato chegou ao fim, e outro nasceu a partir desse final.

Eu já alimentei fartamente o medo dos finais. Não conseguia aprender e ver vantagens nas etapas que se concluíam. Lamentava cada final de ciclo como se fossem perdas, e, na verdade, ninguém perde nada do que não possui.

Também tive muito receio da vida que corria bem, pois que em algum momento a calmaria haveria de ter um final. E ele sempre chegava. E ele também passava, se transformava, virava outro começo.

E em algum momento, todo esse medo se transformou, ainda com muita resistência e apego, mas se foi. Agora, sou muito boa com finais. Não os provoco, não os procuro, mas os respeito e aceito sempre que consigo entender que são o caminho mais saudável e portas para os recomeços.

Rompimentos são tão dolorosos quanto os começos, mas não percebemos por conta da excitação inicial… e da mágica alegria que só se apresenta nesses momentos. Mas os começos são povoados de dúvidas e ansiedades. E, creia ou não, isso também dói.

Rompimentos são conclusões argumentadas, são respostas que preenchem as lacunas. Não exatamente o que gostaríamos, mas o golpe de misericórdia para acabar com situações arrastadas, vidas finalizadas, energias esgotadas, vontades desencontradas.

Os finais sempre levam alguma coisa de nós. Já me levaram amores, amigos, saudades, arrependimentos, desejos. E deixei que levassem tudo, sem muita briga nem revolta.

A cada final que se aproxima, me preparo, me despeço, me desculpo, desapego do que será levado e só o que peço em troca é coragem.
Coragem para abrir bem os olhos e enxergar claramente o que começa a partir desse final, que já não ameaça mais.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.