A razão diz não, mas eu digo sim!

A razão e a emoção são irmãs gêmeas, separadas na maternidade. A razão foi criada por uma governanta alemã. A emoção, por uma atriz mexicana. Ambas têm em comum a tagarelice. Enquanto a emoção é loquaz e eufórica, a razão sussurra reflexões cobertas de censura e recheadas de cautela.

Tem horas que chega a dar um nó na cabeça. A gente não sabe se o melhor é mandar a razão calar a boca e se lançar de uma vez, ou dar um chá de camomila para a emoção e embarcar num “papo cabeça” com a razão. Mas… Sabe, aquela história de ser melhor se arrepender do que fez do que daquilo que não fez?! Então…

Acontece que algumas situações pedem é exatamente isso da gente. Que experimentemos sabores desconhecidos. Ouvi outro dia de um Nutrólogo – estão super em moda os Nutrólogos -, pois então… O cara disse que nascemos com capacidade para sentir 40 mil tipos diferentes de sabor. Caramba! É uma possibilidade infinita de coisas doces, cítricas, salgadas e por que não, até as amarguinhas têm lá o seu charme.

O caso é que essa maravilhosa capacidade de sentir na língua essas inquietantes experiências vai diminuindo ao longo da vida – garantiu o especialista. De acordo com esse mesmo cara, aos 70 anos só conseguimos diferenciar uma variação de 4 mil sabores. Olha só que absurdo!

Imagine então, que falta de bom-senso passar anos da sua vida mastigando, sorvendo e engolindo sempre as mesmas coisas! Nem que seja por uma questão de otimização – otimizar também está super em moda -, que sejamos menos econômicos na hora de variar, certo?

Quer saber? Quebrar a cara faz parte do enredo. Mil vezes viver ralada pelos inevitáveis capotes da vida do que ficar olhando esse parque de diversões de inúmeras possibilidades do lado de fora. Eu quero mais é provar o mundo girando, e escorregando e “gangorreando” e “pula-pulando”.

Pés descalços, afundando na areia úmida e salgada da praia, fazem muito mais sentido do que apertados em sapatos de verniz, com salto agulha e bico fino – pelo menos para mim. Eu, definitivamente não vim ao mundo para fazer uso dessas contenções de livre e espontânea vontade.

Este aqui é um texto de libertação! Só por hoje, eu vou trancar a razão em casa, guardar a chave no decote do meu vestido mais bonito, que eu vou vestir com gosto e ficar bem bonita, para mim mesma. Só por hoje, essa senhora carrancuda não vai me alcançar com seus murmúrios repressores e suas rédeas curtas.

Hoje a emoção me veste, me envolve e me despe. Hoje eu vou dançar na chuva, rir até perder o fôlego e dormir sob as estrelas. Que a vida me encontre assim, sem medo de abraçar as coisas sem cabimento. E que eu faça desse encontro o primeiro de infinitos outros. Dorme em paz senhora razão, a casa é sua! Hoje eu não volto, não! Amanhã… Quem sabe.







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"