Onde mora o amor?

Pergunta fácil? Responda você…

Se o amor mora nos sonhos e devaneios, as vertigens podem ser intensas.

Se se aloja no desejo de sempre agradar e nunca decepcionar, já nasceu fadado a perder o desafio.

Se escolheu viver à sombra de outro amor, recolhendo sobras e raras oportunidades, viverá mendigando o mínimo para não perecer.

Se nenhuma outra alternativa lhe restou a não ser viver escondido, platônico, camuflado, então nem de amor poderá ser chamado, já que lhe falta coragem para assinar seu nome no coração de outro amor, temendo a rejeição que jamais saberá o poder que exerceu.

O amor não pode morar em locais sombrios. O amor não cabe em becos sem saída, em servidões que não levam a lugar algum. Um movimento em falso e já se perdeu o amor.

O amor precisa de claridade, de espaço, de muito ar, de perfume, de portas abertas, janelas escancaradas, caminhos e trilhas, curvas e ladeiras, uma cadeirinha de balanço na entrada.

O amor que mora dentro de corações corajosos, encontra facilmente as luzes para seguir caminho. Se uma porta lhe é fechada, ele segue adiante e não se detém tentando forçar passagem onde não é bem-vindo.

O amor generoso mora em vários lugares e deixa um pouco de si por onde pousa. É o amor de quem deixa saudades.

A moradia do amor é onde ele guarda seus pertences, seus desejos e anseios. O amor que mora sozinho, acaba por se tornar egoísta e cheio de manias. Já mostra dificuldades em compartilhar a casa e as emoções.

O amor da gente sempre escolhe um lugar para morar, e, mesmo que vá mudando e se adaptando ao longo da vida, é importante nunca perde-lo de vista, saber seu endereço, e lembrá-lo sempre e sempre de que vez ou outra não há mal algum em passar um tempinho na casa onde nasceu, só para descansar, se curar, ou planejar a próxima viagem.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.