Não tenho medo de altura. Tenho medo é de cair!

Imagem de capa: Orla/shutterstock

Tenho medo de altura porque tenho medo de cair, mas subir é ótimo! Encantar-se com a paisagem sob uma perspectiva ampla e livre, respirar ares diferentes, sentir o vento mais fresco.

Mas, por medo de cair, atribuo a responsabilidade à altura que ainda me brinda com uma louca vertigem.

Na vida, tenho medo da rejeição, então, muitas vezes nem me arrisco. Não subo mais do que dois degraus e fico aguardando a mão que pode me segurar e amparar. Essa queda, não vou sofrer, nem tampouco saber como seria o horizonte de um ponto de vista mais alto.

Trazemos conosco muitos medos de cair, sem nos darmos conta de que caímos mesmo quando estamos no chão, pisando nas sólidas certezas que carregamos.

Arriscar é enfrentar a vertigem, ignorar o labirinto, dar um voto de confiança à curiosidade que fica lá no final da escada. Tentar chegar em algum lugar diferente do habitual, subir conceitos, escalar relações que ofereçam outra perspectiva, outro olhar, outro horizonte.

Cair é sempre uma possibilidade, mas não por responsabilidade da altura, não pela vontade de subir, de convidar a vida a apreciar outro cenário. O que provoca a queda é o medo de cair.

E o medo desequilibra. O medo faz vacilar, desacreditar, não tirar os pés do lugar. O medo balança estruturas, faz escorregar, fechar os olhos, encolher movimentos, ímpetos e vontades.

Toda escalada oferece perigos, mas também nos presenteia com momentos únicos e eternos. A vida chama a todo instante, através de encontros e descobertas.

Da próxima vez que a vida me convidar a subir um pouco mais, não tornarei a repetir que tenho medo de altura. Sequer mencionarei o medo de cair. Abrirei bem os olhos, segurarei firme na vontade de ser ainda mais feliz, e subirei sem medo, até onde a coragem me sustentar.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.