Educar nunca deixou de ser uma forma de amor explícito

A criança sofre um grande impacto em sua formação, que pode ser positivo ou negativo, a depender das atitudes e comportamentos dos adultos que a cercam.

Quando somos incoerentes, a criança fica muito confusa; não consegue decidir sobre o que é correto ou não.

Quando nosso comportamento é pautado pelo respeito, pela ética e coerência, ela tem a possibilidade de sentir-se segura e amparada; e, assim, terá bons modelos nos quais possa se espelhar e configurar sua maneira de agir.

Muitas vezes, pode-se pensar que pequenas concessões no dia a dia, a favor do conforto e satisfação imediata do desejo, não prejudicarão a formação do caráter e a maneira de atuar no e com o mundo.

Grave engano! Nossos deslizes ou “jeitinhos” são observados com curiosa atenção pelos pequenos. E, mesmo que eles não nos compreendam, ou não tenham ainda recursos para refletir a respeito, irão reproduzir o que fazemos e o que dizemos.

Quando a criança deixa de fazer a tarefa da escola porque ficou até tarde numa festa ou evento, às vezes exclusivamente porque estava acompanhando os responsáveis, estamos passando uma mensagem.

Quando provocamos uma falta às aulas para viajar mais cedo e não pegar trânsito (em várias sextas-feiras e vésperas de feriado), estamos passando uma mensagem.

Quando premiamos a criança por ela ter lido uma quantidade estipulada de livros, estamos passando uma mensagem.

Quando não fazemos questão de que a criança trate com gentileza a todas as pessoas, sob quaisquer circunstâncias ou não somos um exemplo do que preconizamos como regra, estamos passando uma mensagem.

Quando ficamos ausentes, ainda que estejamos presentes de corpo, estamos passando uma mensagem.

Quando somos inconstantes no que elegemos como prioridade na vida, estamos passando uma mensagem.

Portanto, é preciso que se faça uma reflexão profunda acerca de nossas atitudes, porque é por meio delas que os pequenos vão construir seu modo de se expressar e seu caráter.

Se optarmos por trazer as crianças para conviver conosco em nossas vidas, é necessário assumir a tarefa de educá-las integralmente, todos os segundos de todos os dias. Educar nunca deixou de ser uma forma de amor explícito.

As crianças são extremamente vulneráveis e observadoras. Vão aprender conosco sempre, seja o bem ou o mal feito, pensado, expressado, sentido e vivido.

De nada adiantará garantir a frequência em escolas caras, oferecer cursos de Língua Estrangeira, clubes selecionados, viagens extraordinárias, se deixarmos que lhes falte a força que move o mundo e que promove as reais transformações: educação, bons exemplos, ética e generosidade!

Criança aprende pelo exemplo, seja ele bom ou péssimo! Sendo assim, vale demais a pena economizar no discurso e investir nas atitudes verdadeiras. O mundo que receberá as gerações futuras só terá pelo que nos agradecer.

Imagem de capa meramente ilustrativa: cena do filme “Uma lição de amor”.

 







"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"