Confiança é um cheque em branco ao portador

Confiança é uma entrega, um compartilhamento, um passe livre.

Confiança é uma cerca derrubada, acesso liberado, um cheque em branco ao portador.

Onde a confiança mora não há vaga para o ciúme. Na casa da confiança não há trancas nem grades. A luz é farta e explicações não são necessárias para iluminar dúvidas ou incertezas.

A confiança sempre busca por outra igual. Quando se engana, lamenta, sofre, quebra em mil pedacinhos. E só se cura e se renova por meio outra prova de confiança.

A confiança é boa mas não é boba. Ela segue dando a corda necessária pelo caminho, mas, se em algum instante a corda se rompe, também ela se rompe e fecha acessos com as mais variadas restrições.

O cheque em branco pode se transformar em prejuízo, mas, de onde saiu o primeiro, dificilmente virá um segundo. Não é de bom gosto brincar com a confiança alheia.

Quem não é de confiança, desconfia até dos próprios pensamentos.

Confiar é se jogar de olhos fechados. O contrário disso é tensão, é medo. É entregar uma chave mas não largar o chaveiro.
A vida sem confiança é um jogo perdido. As bolas para fora sempre serão em maior número, e a verdade desconfiará dos pontos ganhos.

Se na vida está faltando a companhia da confiança, é tempo de convidá-la a entrar, ainda que, para que ela de fato entre e se instale, seja preciso pedir que alguém saia e não volte mais.

De todas as formas de se relacionar consigo mesmo, com as pessoas e com o mundo, se há uma companhia que não pode ser dispensada, é da confiança.
Ela sozinha despeja incertezas, ciúmes, paranóias, neuroses, desculpas e decepções.

Ainda que novas chances possam ser dadas, só terão valor se vierem acompanhadas de uma dose generosa de confiança. Na dúvida, não assine o cheque.







Administradora, dona de casa e da própria vida, gateira, escreve com muito prazer e pretende somente se (des)cobrir com palavras. As ditas, as escritas, as cantadas e até as caladas.