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“As muitas idades da alma”, um texto rejuvenescedor de Lúcia Azevedo

Vivemos todos em dois tempos: o tempo cronológico, e o tempo da alma, o tempo subjetivo.

O tempo cronológico é um só, e caminha em uma só direção: do passado para o futuro, inexoravelmente. Mas o tempo da alma circula; vai para trás, para frente, para os lados..

De manhã, acordando de uma noite mal dormida, tenho cem anos. Mais tarde, depois de um bom café, já remocei um pouco. Minha jovem vizinha comenta comigo no elevador que uma senhora amiga dela tem muita dificuldade com o computador, coitada, não é como “nós”! Pronto, já fiquei com quarenta anos. E um pouco culpada, pela falta de solidariedade com a senhora do computador.

Ouço uma música do “meu tempo”; tenho quinze anos. Brinco com a minha neta: oito anos. Um rapaz de cinquenta me pede um conselho: volto a ter uns sábios sessenta..

E assim vamos, dia a dia, passeando por todas essas idades. Ainda bem!

Mas não é fácil acostumar com a idade cronológica, em parte devido a essa grande variação nas idades da alma..

A pessoa que nos olha do espelho pode ter uma quantidade enorme de rugas e papadas e manchas num dia, e no outro ser uma jovem alegre e disposta. Fica difícil entender que a idade cronológica é sempre a mesma. Como assim? Eu ontem estava muito mais velha que hoje!

Há dez anos eu estava mais velha do que hoje!

Geralmente a gente sente a idade da alma “por dentro”: quando eu tinha dez anos, queria chegar logo aos quinze; “por dentro” eu já tinha quinze, e as constrições da minha parca idade me incomodavam demais!

Depois, quando fui chegando aos cinquenta, “por dentro” ainda era uma moça de trinta – e o número cinquenta me parecia incrivelmente excessivo!

Reconhecer que a alma tem muitas idades, poder passear por todas elas, pode nos libertar, dar bom humor e sabedoria para lidar com as limitações da idade cronológica.

Torna a vida muito mais rica e divertida, e pode nos ajudar a fazer como Mario Quintana:

“E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade,
eu nem olhava o relógio.
seguia sempre, sempre em frente …
E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas.”

Imagem de capa: George Rudy/shutterstock. Fonte indicada: 50 ou mais.

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