“Em caso de excesso de lucidez, loucure-se.”(Heduardo Kiesse)
Cansei de conter aquilo que não se pode domar. Quero jorrar palavras e poesia mundo afora sem a preocupação iminente dos juízes de plantão. Já passou da hora de permitir que as amarras comportamentais ditem o ritmo da minha loucura. Afinal, quem fincou os parâmetros da loucura? Quem, no excesso de lucidez, bloqueou vozes, estrofes e gestos, liberados apenas, diante da recepção estratégica do outro?
Não quero saber disso e custo a entender quem compactua com metades e regras há muito, repetidas. É um vício do qual necessito me livrar. Para poder tatear superfícies e formas diversas sem nenhuma preocupação limitadora. Chega da carência que almeja eliminar lacunas. Quero criar novos espaços, verbos e complementos.
Hoje, nasce um novo palavrão; loucure-se. Rabisco, grito e depois canto alto. Sacolejo estruturas, desfazendo métricas, golpeando os ares em busca de fôlego, inspiração. Transbordo sensações, mas sem deixar cair uma única gota, pois, entorpecido de mim, faço crescer a loucura que trará equilíbrio, amor e conhecimento.
Se algum dia desses cruzares comigo, reconheça que aqui, reside um poço de instantes e conflitos. Não ouse calar-me. Não seja usuário da vil ignorância de querer valer somente a sua voz. Não me prive, atormente, ou quem sabe, tente entrar sem pedir licença. Eu sou loucura e, para fazer morada, é bom que estenda uma boa dose de insanidade compartilhada.
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