Ana Macarini

Tem pessoas que são verdadeiros buracos negros

Ahhhh, sim, é verdade que ninguém é perfeito, que tem dias que a gente acorda de “ovo virado” e nem a gente se aguenta. Também é verdade que a gente costuma ser mais benevolente em relação aos próprios defeitos e muito mais críticos com os outros. Inclusive, não deixa de ser verdade que cada um é que sabe onde é que aperta o próprio sapato e que é muito fácil cair na tentação de sair julgando os outros por aí.

Mas, tirando de lado o fato de que somos todos imperfeitos e cheios de manias e chatices, existe um tipo de pessoa que capricha na necessidade de se sentir sempre o pior, o mais injustiçado, o pobre coitado, a eterna vítima do destino. E é claro que eu não estou falando aqui de nenhuma patologia ou transtorno de humor, caso contrário estaria obviamente sendo irresponsável, injusta e desumana.

O que proponho aqui é uma reflexão acerca dos comportamentos de queixa eterna, que se não houver algum cuidado ou vigilância, acabam virando uma coisa crônica. A pessoa simplesmente adquire uma espécie de postura rebaixada diante da vida e termina se acostumando a ficar nesse lugar, onde o risco de ser exigido é menor; mas também é menor a chance de viver coisas maravilhosas e novas, e diferentes, e desafiadoras.

O “coitado de mim” crônico, tem dificuldades para perceber quando a tragédia atinge outro lugar que não seja o buraco do seu umbigo, ou o topo da sua cabeça que vive coroada com uma nuvem escura de propriedade particular. O queixoso contumaz vê maldade onde não tem, não suporta deixar de ser o centro das atenções e tem absoluta certeza que você tem obrigação de estar disponível para ele no exato momento em que ele acha correto e justo.

Gente que vive de cultuar a própria vida como se fosse um drama eterno, como se tudo nesse mundo conspirasse secretamente para sacaneá-lo, como se as dificuldades fossem apenas direcionadas a ele, como se ninguém nesse imenso mundo fosse capaz de entendê-lo, nunca, e o fizesse de propósito, gente assim é, na verdade, um verdadeiro buraco negro que vai sugar você dia após dia, até que não sobre nada entre vocês.

E no fundo, a gente percebe quando está embarcando numa relação que de saudável não tem nada. A gente sabe quando está sendo usado, abusado e explorado. A gente sabe que vem sucumbindo a pequenas e mesquinhas chantagens emocionais e que o único jeito de acabar com isso é colocando um definitivo e explícito ponto final. E, a gente precisa parar de carregar para dentro da gente o peso do outro, como se isso fosse normal, ou esperado ou fosse desumano não o fazer.

Se você estiver lidando com “gente buraco negro”, é preciso saber, quanto mais tempo você demorar para colocar limites, mais difícil será ter a sua vida de volta. Sim, porque quando menos você esperar, estará no fundo do buraco junto com o vampiro de emoções. E, claro que vai chover gente esperneando e dizendo que eu estou incentivando as pessoas a serem egoístas, individualistas e sabe-se lá mais o quê. Paciência!

Esse texto aqui, especificamente, é uma licença de alforria àqueles que vem sendo feitos de depósito de lixo mental e emocional alheios, àqueles que estão exaustos porque por mais que façam, nunca é o suficiente. Esse texto é para dizer o seguinte: essa situação só vai continuar se você permitir. Quer esteja você no lado do que abusa ou no lado de quem é abusado, quem tem que assumir a gravidade da situação e agir para transformá-la é você!

Ana Macarini

"Ana Macarini é Psicopedagoga e Mestre em Disfunções de Leitura e Escrita. Acredita que todas as palavras têm vida e, exatamente por isso, possuem a capacidade mágica de serem ressignificadas a partir dos olhos de quem as lê!"

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